segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Efeméride 8 de Agosto – Morre Fernão Mendes Pinto

A 8 de Agosto de 1583 - Morre Fernão Mendes Pinto,  (Monte mor-o-Velho 1510-, Almada, 8 de Julho de 1583)  aventureiro, combatente, viajante, autor de "Peregrinação".

Sabe-se hoje que não fez realmente parte da primeira expedição portuguesa que logrou alcançar o Japão, em 1542, mas sim duma das primeiras. Acontece que os governantes locais que o receberam não tinham ainda visto outros ocidentais e por isso reagiram dizendo-lhe que tinha sido o primeiro a chegar àquelas paragens. A chegada dos portugueses ao Japão foi muito celebrado, e perdura ainda na memória cultural japonesa, porque foi o episódio que permitiu a introdução das armas de fogo naquele país. O próprio Fernão Mendes Pinto insere-se nesse papel, descrevendo o espanto e o interesse do dito rei local quando viu um dos seus companheiros disparar uma arma enquanto caçava.
Ainda pequeno, um seu tio levou-o para Lisboa onde o pôs ao serviço na casa de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro, filho do rei D. João II. Manteve-se aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço de câmara do próprio D. Jorge, facto importante para a comprovação da sua descendência duma classe social que contradizia a precária situação económica que a família então detinha.
Em 1537, parte para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De acordo com os relatos da sua obra Peregrinação, foi durante uma expedição ao mar Vermelho em 1538, Mendes Pinto participou num combate naval com os otomanos, onde foi feito prisioneiro e vendido a um grego e por este a um judeu que o levou para Ormuz, onde foi resgatado por portugueses.

Acompanhou a Malaca Pedro de Faria, donde fez o ponto de partida para as suas aventuras, tendo percorrido, durante 21 acidentados anos, as costas da Birmânia, Sião, arquipélago de Sunda, Molucas, China e Japão, grande parte desse tempo ao lado do pirata António de Faria. Numa das suas viagens a este país conheceu S. Francisco Xavier e, influenciado pela personalidade, decidiu entrar para a Companhia de Jesus e promover uma missão jesuíta no Japão.
Em 1554, depois de libertar os seus escravos, vai para o Japão como noviço da Companhia de Jesus e como embaixador do vice-rei D. Afonso de Noronha junto do daimyo de Bungo. Esta viagem constituiu um desencanto para ele, quer no que se refere ao comportamento do seu companheiro, quer no que respeita ao comportamento da própria Companhia. Desgostoso, abandona o noviciado e regressa a Portugal.
Com a ajuda do ex-governador da Índia Francisco Barreto, conseguiu arranjar documentos comprovativos dos sacrifícios realizados pela pátria, que lhe deram direito a uma tença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para a sua Quinta de Palença, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1570 e 1578, a obra que nos legou, a sua inimitável Peregrinação. Esta só viria a ser publicada 20 anos após a morte do autor, receando-se que o original tenha sofrido alterações às quais não seriam alheios os Jesuítas.
Deixou-nos um relato tão fantástico do que viveu (a Peregrinação, publicada postumamente em 1614), que durante muito tempo não se acreditou na sua veracidade; de tal modo que até se fazia um jocoso dito com o seu nome: Fernão Mendes Minto, ou então ainda:  Fernão, mentes? Minto!
Esta ideia de que o que contava era demasiado fantasioso para poder ter-lhe realmente acontecido parte do princípio que se pode julgar um texto do séc. XVI com os critérios de hoje, mas na verdade o texto é uma inestimável fonte de informação para conhecermos o que sucedia aos navegadores e aventureiros que iam a caminho do extremo-oriente nas caravelas portuguesas, mesmo que nem todas essas coisas tenham acontecido realmente a Fernão Mendes Pinto..


domingo, 7 de agosto de 2016

Efemérides - Dia 7 de Agosto - Último auto-de-fé em Lisboa


Efemérides - Dia 7 de Agosto - Último auto-de-fé em Lisboa

 
A 7 de Agosto de 1794 - Tem lugar em Lisboa o último Auto-de-fé ou auto-da-fé refere-se a eventos de penitência realizados publicamente (ou em espaços reservados para isso) com humilhação de heréticos e apóstatas bem como punição aos cristãos-novos pelo não cumprimento ou vigilância da nova fé lhes outorgada, postos em prática pela Inquisição, principalmente em Portugal e Espanha.
As punições para os condenados pela Inquisição iam da obrigação de envergar um sambenito (espécie de capa ou tabardo penitencial), passando por ordens de prisão e, finalmente, em jeito de eufemismo, o condenado era relaxado à justiça secular, isto é, entregue aos carrascos da Coroa (poder secular, em oposição ao poder sagrado do clero). O estado secular procedia às execuções como punição a uma ofensa herética repetida, em consequência da condenação pelo tribunal religioso. Se os prisioneiros desta categoria continuassem a defender a heresia e repudiar a Igreja Católica, eram queimados vivos. Contudo, se mostrassem arrependimento e se decidissem reconciliar com o catolicismo, os carrascos procederiam ao "piedoso" acto de os estrangular antes de acenderem a pira de lenha.

Os autos de fé decorriam em praças públicas e outros locais muito frequentados, tendo como assistência regular representantes da autoridade eclesiástica e civil.

 O último auto-de-fé, após uma condenação pela Inquisição espanhola, envolveu o professor Cayetano Ripoll e decorreu a 26 de Julho de 1826. Seu julgamento, sob a acusação de deísmo, durou cerca de dois anos. Morreu pelo garrote no pelourinho, após dizer as palavras: "Morro reconciliado com Deus e com o Homem".
A Inquisição, ou Santa Inquisição foi uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos aqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica.

Fundado pelo Papa Gregório IX, em 1231, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas que eram consideradas hereges (praticante de heresias; doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido pela Igreja Católica) por praticarem actos considerados bruxaria, heresia ou simplesmente por serem praticantes de outra religião que não o catolicismo.

A verdade é que embora o apogeu da Inquisição tenha se dado no século XVIII, as perseguições aos hereges pelos católicos, têm registros bem mais antigos. No século XII os “albigenses” foram massacrados a mando do Papa Inocêncio III que liderou uma cruzada contra aqueles que eram considerados os “hereges do sul da França” por pregarem a volta da Igreja às suas origens e a rejeição a opulência da Igreja da época.

Em 1252, a situação que já era ruim, piora. O Papa Inocêncio IV publica um documento, o “Ad Exstirpanda”, onde autoriza o uso da tortura como forma de conseguir a conversão. O documento é renovado pelos papas seguintes reforçando o poder da Igreja e a perseguição.

A Inquisição tomou tamanha força que mesmo os soberanos e os nobres temiam a perseguição pelo Tribunal e, por isso, eram obrigados a ser condizentes. Até porque, naquela época, o poder da Igreja estava intimamente ligado ao do estado.

Mais terrível que qualquer episódio da história humana até então, a Inquisição enterrou a Europa sob um milênio de trevas deixando um saldo de incontáveis vítimas de torturas e perseguições que eram condenadas pelos chamados “autos de fé” – ocasião em que é lida a sentença em praça pública.

Galileu Galilei foi um exemplo bastante famoso da insanidade cristã na Idade Média: perseguido por afirmar através de suas teorias que a terra girava em torno do sol e não o contrário. Mas, para ele o episódio não teve mais implicações. Já outros como Giordano Bruno, o pai da filosofia moderna, e Joana D’Arc, que afirmava ser uma enviada de Deus para libertar a França e utilizava roupas masculinas, foram mortos pelo Tribunal do Santo Ofício.

Uma lista de livros proibidos foi publicada, o ”Index Librorum Prohibitorum” através da qual diversos livros foram queimados ou proibidos pela Igreja.

O Tribunal era bastante rigoroso quanto à condenação. O réu não tinha direito à saber o porquê e nem por quem havia sido condenado, não tinha direito a defesa e bastavam apenas duas testemunhas como prova.

O pior período da Inquisição foi durante a chamada Inquisição Espanhola (Século XV ao Século XIX). De caráter político, alguns historiadores afirmam que a Inquisição Espanhola foi uma forma que Fernando de Aragão encontrou de perseguir seus opositores, conseguir o poder total sobre os reinos de Castela e Aragão (Espanha) e ainda expulsar os judeus e muçulmanos.

O primeiro Auto-de-Fé ocorreu em Sevilha, durante o ano de 1481, com a execução de seis homens e mulheres. A Inquisição teve um pouco menos de poder em Portugal, tendo sido estabelecida em 23 de Maio 1536, pelo Papa Paulo III. Tendo a sua primeira sede em Évora, onde se achava a corte. Tal como nos demais reinos ibéricos, tornou-se um tribunal ao serviço da Coroa durando oficialmente até 1821, se bem que tenha sido muito debilitada com o regime do Marquês de Pombal na segunda metade do século XVIII.

O último Auto-de-Fé em Portugal ocorreu no dia 7 de Agosto de 1794, contrariando as tradicionais sentenças de centenas de inocentes, sendo apenas condenado a prisão um homem que teria insultado a Igreja.

A Inquisição foi extinta gradualmente ao longo do século XVIII, embora só em 1821 se dê a extinção formal em Portugal numa sessão das Cortes Gerais. Porém, para alguns estudiosos, a essência da Inquisição original, permaneceu na Igreja Católica através de uma nova congregação: A Congregação para a Doutrina da Fé.

Actualmente, o Vaticano já condenou estes actos, pedindo desculpas por os ter executado.


sábado, 6 de agosto de 2016

Efeméride de 6 de Agosto – Inauguração da Ponte 25 de Abril


Efeméride de 6 de Agosto – Inauguração da Ponte 25 de Abril



A Ponte 25 de Abril foi inaugurada a 6 de Agosto de 1966, celebrando este ano meio século. “Era a maior ponte da Europa e a quinta maior ponte do mundo”.



A construção da Ponte 25 de Abril, que tornou a travessia entre as duas margens do rio Tejo mais fácil e rápida, envolveu cerca de três mil trabalhadores e teve uma “grande inovação técnica” para a época.

Segundo o arquitecto e autor do livro “A Ponte Inevitável”, Luís F. Rodrigues, a criação da estrutura custou “cerca de dois milhões de contos (cerca de dez milhões de euros)”, um investimento “bastante elevado” para a época, mas que foi “essencialmente financiado pela banca estrangeira”, nomeadamente norte-americana.

“Salazar não tinha a intenção de financiar com receitas do Estado a Ponte 25 de Abril, portanto, Marcello Caetano, através do Segundo Plano de Fomento, propôs que esta obra fosse financiada por crédito externo norte-americano e foi isso que aconteceu”, disse à agência Lusa o arquitecto.


“Era a maior ponte da Europa e a quinta maior ponte do mundo”, reforçou Luís F. Rodrigues, explicando que a obra envolveu “muitos recursos técnicos, muitos recursos humanos, congregou operários, congregou engenheiros de diferentes nacionalidades, essencialmente norte-americanos, e constituiu quase uma escola da engenharia”.


Inspirada na Ponte Golden Gate, nos Estados Unidos, tinha “especificidades muito próprias” e “um design muito mais leve e muito mais dinâmico” do que a ponte suspensa norte-americana.

As obras começaram a dia 5 de Novembro de 1962 e, passados quase quatro anos - seis meses antes do prazo previsto -, a ponte, inicialmente designada como Ponte sobre o Tejo, foi inaugurada com o nome de Ponte Salazar a 6 de Agosto de 1966, celebrando este ano meio século.


A Ponte 25 de Abril (nome que só ganhou depois da Revolução dos Cravos) tem mais de dois mil metros de comprimento, entre as margens de Lisboa e de Almada, e o tabuleiro fica a 70 metros de altura acima do nível da água do rio.


“A criação de novas faixas rodoviárias aconteceu em 1998, com o objectivo de responder ao elevado volume de tráfego, mas já em 1990 tinha sido aberta uma quinta faixa, designada como “a noiva”, por ser pintada de branco, e que funcionava como via reversível, aberta para norte de manhã e para sul ao fim da tarde.

Já a intenção de instalar um comboio na ponte “esteve sempre presente nos planos dos projectistas, que desde cedo idealizaram e conceberam a travessia do Tejo.


A travessia só passou a ter um tabuleiro ferroviário em 1999. Actualmente, atravessam a ponte todos os dias úteis 143 comboios da Fertagus, que circulam em intervalos de dez minutos nas horas de ponta, segundo informação da empresa.

É por baixo da Ponte que nos afastamos de quem mais gostamos e é também ela que nos recebe no regresso. Perdi a conta das vezes que isso me aconteceu.



Nome: Ponte 25 de Abril, Lisboa

Inauguração: 6 de agosto de 1966

Altura: 190 m


Início da construção: 5 de novembro de 1962




Efeméride de 6 de Agosto – Bombardeamento de Hiroxima e Nagasaki


Efeméride de 6 de Agosto – Bombardeamento de Hiroxima e Nagasaki


Os bombardeamentos atômicos das cidades de Hiroxima e Nagasaki foram realizados pelos Estados Unidos contra o Império Japonês durante os finais da Segunda Guerra Mundial, em Agosto de 1945. Foi o primeiro e único momento na história em que armas nucleares foram usadas e contra alvos civis.

Depois de uma campanha de bombardeamentos que destruiu grandemente várias cidades japonesas, os Aliados preparavam-se para uma invasão do Japão. A guerra na Europa tinha terminado com a Alemanha nazi a assinar o acordo de rendição a 8 de Maio de 1945, mas a Guerra do Pacífico continuava. Juntamente com o Reino Unido e a China, os Estados Unidos exigiram a rendição incondicional das forças armadas japonesas na Declaração de Potsdam em 26 de julho de 1945, ameaçando uma "destruição rápida e total".

Em agosto de 1945, o Projeto Manhattan[i] tinha testado com sucesso um engenho atômico e produzidas armas com base em dois projetos alternativos.

A primeira bomba atômica de urânio designada por “Little Boy” foi lançada, a 6 de agosto de 1945 sobre a cidade de Hiroxima, seguido por uma explosão de uma bomba nuclear de plutônio, designada por “Fat Man”, sobre a cidade de Nagasaki em 9 de Agosto. Durante os primeiros 2-4 meses após os rebentamentos atômicos, os efeitos das explosões provocaram a morte entre 90 mil e 166 mil pessoas em Hiroxima e 60 mil e 80 mil em Nagasaki; sendo que cerca de metade das mortes em cada cidade ocorreu no primeiro dia. Durante os meses seguintes, várias pessoas morreram devido a queimaduras, envenenamento radioativo e outras lesões, que foram agravadas pelos efeitos da radiação. Em ambas as cidades, a maioria dos mortos fossem civis, embora em Hiroshima estivessem estacionados muitos militares.

Em 15 de agosto, poucos dias depois do bombardeamento de Nagasaki e da declaração de guerra da União Soviética, o Japão anunciou sua rendição aos Aliados. Em 2 de setembro, o governo japonês assinou o acordo de rendição, pondo fim à Segunda Guerra Mundial. O papel dos bombardeamentos na rendição do Japão e a sua justificação ética continuam a merecer grandes debates entre acadêmicos, militares e sociedade civil.

O uso de armas atómicas durante o conflito justifica que entendamos o que foi a Segunda Guerra Mundial e, em que enquadramento ocorreu.

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo — incluindo todas as grandes potências — organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de "guerra total", os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica ao serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais mortal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes.

Geralmente considera-se o início da guerra como sendo a invasão da Polónia pela Alemanha Názi em 1 de setembro de 1939 e subsequentes declarações de guerra contra a Alemanha pela França e pela maioria dos países do Império Britânico e da Commonwealth.

A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alterando significativamente o alinhamento político e a estrutura social mundial. Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) era estabelecida para estimular a cooperação global e evitar futuros conflitos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiam como superpotências rivais, iniciando uma Guerra Fria que se estenderia pelos próximos quarenta e seis anos (1945-1991). Nesse intervalo, a aceitação do princípio de autodeterminação acelerou movimentos de descolonização na Ásia e na África, enquanto a Europa ocidental dava início a um movimento de recuperação económica e integração política.



[i] Ver Efeméride de 16 de Julho – Inicio da Era Nuclear

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Efeméride de 5 de Agosto – Entra em Lisboa o NRP Espadarte


Efeméride de 5 de Agosto – Entra em Lisboa o NRP Espadarte

A 5 de Agosto de 1913, entrava pela primeira vez em Lisboa, o NRP Espadarte, o primeiro submersível português.

O NRP Espadarte foi o primeiro submersível a entrar ao serviço activo da Marinha Portuguesa.

Tendo sido encomendado em 1907, durante o reinado de D. Carlos I. Foi construído nos Estaleiros La Spezia em Itália, entrando ao serviço no dia 15 de Abril de 1913, o que tornou a Marinha Portuguesa numa das primeiras do mundo a ser equipada com este tipo de plataforma de armas. O seu primeiro comandante foi o primeiro-tenente Joaquim de Almeida Henriques.

O NRP Espadarte estava armado com quatro torpedos.

Juntamente os submersíveis da classe Foca, de caraterísticas semelhantes mas mais aperfeiçoados, adquiridos em 1917, o Espadarte formou a 1ª esquadrilha de submarinos da Marinha Portuguesa. Esta esquadrilha serviu durante a 1ª Guerra Mundial sendo desactivada com a entrada ao serviço de novos submarinos em 1934, apesar do Espadarte ter sido desarmado ainda antes, em 1928.

Em 1934 o nome "Espadarte" foi novamente atribuído a um dos submarinos da nova classe Delfim, dando origem à 2ª Esquadrilha composta pelos, Delfim, Espadarte e Golfinho

Produzidos nos estaleiro da Fiat – Em San Giorgio, Spezia, Itália, derivaram directamente do Modelo Laurenti, sendo conhecidos como Classe F.  Foi o modelo base de submersível utilizado pela marinha italiana na I Grande Guerra, tendo ganho prestígio e reconhecimento de fiabilidade, tendo sido vendido não só para Portugal, mas também para o Brasil, Espanha, Suécia e Rússia.

Face aos excelentes resultados obtidos com o NRP Espadarte, no final de 1915 o Governo Português encomendou em Itália mais três submersíveis da Classe F: o “Foca”, o “Golfinho” e o “Hidra”, os quais largaram do porto de La Spezia em Dezembro 1917 em direcção a Lisboa.

Com estes quatro Submersíveis dá-se início à arma submarina em Portugal e forma-se a 1ª Esquadrilha (1913 a 1934) 

 Em pleno conflito mundial os três submersíveis cruzaram o Mediterrâneo, em formação com o NRP Patrão Lopes e outras unidades aliadas (primeiro italiana e posteriormente francesas). Num percurso onde encontraram fortes intempéries  e zonas assoladas por submarinos inimigos, chegaram a presenciar o torpedeamento de navios mercantes nas suas proximidades. Após a longa viagem de oito etapas chegaram a Lisboa em Fevereiro de 1918.

A Base operacional da Esquadrilha ficou instalada na Doca de Belém até ao final da guerra. 

A principal missão táctica dos submersíveis da 1ª Esquadrilha foi a de vigilância costeira e guerra anti-submarina, o que levou à definição de uma zona de operações compreendida entre as Berlengas e Sines.  

A presença dos submersíveis nacionais à entrada do Tejo e o conhecimento deste facto por parte do inimigo, reforçava o poder dissuasor destas unidades navais, obrigando o inimigo a restrições tácticas, como a necessidade de navegarem nas zonas patrulhadas preferencialmente em imersão, diminuindo-lhes o campo de visão e por conseguinte a capacidade de detecção de alvos.

Características:

Deslocamento: 245 t (à superfície)

                            300 t (em imersão)

Comprimento: 45 m

Velocidade: 14 nós (à superfície)

                       8 nós (em imersão)

Autonomia: 1500 milhas

Tripulação: 21 oficiais, sargentos e praças.

                           




quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Efeméride de 4 de Agosto - Batalha de Alcácer Quibir

 Efeméride de 4 de Agosto - Batalha de Alcácer Quibir

O dia 4 de Agosto de 1578 ficou na nossa memória como o maior desastre da história militar portuguesa, não só pela quantidade de combatentes envolvidos mas também pelas consequências trágicas que daí resultou.

A batalha de Alcácer Quibir (ou batalha dos três reis) marca o inicio do fim da II dinastia portuguesa e do período do império português da Índia e é o prenúncio de um período de 60 anos em que o reino de Portugal foi governado por monarcas estrangeiros.

Após ser tomada a decisão de atacar o norte de África para tentar aliviar a pressão que se fazia sentir sobre as fortalezas portuguesas, deu-se inicio à formação de um grande exército, com um total de 17.000 homens, dos quais 5.000 eram mercenários estrangeiros.

Quando zarpa de Lisboa, a 25 de Junho de 1578 a armada portuguesa é composta por cerca de 800 embarcações e contaria com um valor ligeiramente superior a 20 000 homens, entre os quais 5000 estrangeiros, 12 000 dos terços portugueses, 1400 do esquadrão dos aventureiros e ainda 500 homens do esquadrão castelhano, faz escala em Cadiz e aporta a Tanger, seguindo depois para Arzila.

Aqui toma-se uma decisão, os combatentes são enviados a pé de Arzila para Larache[1], corresponde ao primeiro erro crasso, já que o percurso poderia e deveria ter sido feito por via marítima.

A partir de Larache, a força portuguesa afasta-se da costa em direcção a Alcácer Quibir.

Há que notar que no século XVI, grande parte das vitórias portuguesas dão-se na zona costeira, onde é possível utilizar a enorme vantagem do poder de fogo dos navios de guerra portugueses. Longe dos navios e enfrentando no calor de uma zona quase desértica um exército superior em numero e combatendo no seu território, as cautelas deveriam ter sido muito maiores do que realmente foram.

O rei recusou-se terminantemente a ouvir os conselhos dos capitães mais experientes, que achavam que o exército devia manter-se na proximidade e ao alcance dos canhões dos navios, alguns dos comandantes perante o absurdo da decisão chegam a falar em prender o rei, para o impedir de cometer tal loucura.

As forças muçulmanas, perceberam perfeitamente que não poderiam enfrentar os portugueses próximo da costa, e não avançaram em direcção a norte, preferindo que fossem os portugueses a tomar a iniciativa.

Por decisão do rei, o exército parte finalmente em direcção a sul afastando-se da costa.

Quando a 4 de Agosto as forças portuguesas encontram o exército mouro, encontram-se desgastados pela marcha de sete dias, pelo calor desértico e perante eles está um enorme exército de forças muçulmanas que segundo algumas referências atinge 60.000 homens ultrapassando os portugueses numa proporção de quatro para um.

Na primeira fase dá-se um ataque de arcabuzeiros seguido de uma carga de cavalaria ligeira moura, forçando logo as primeiras linhas portuguesas a recuar de forma desordenada. O exército cansado e extenuado reagiu mal ao um recuo inesperado gerando-se uma enorme confusão quando a primeira linha recua e se funde com as tropas na retaguarda.

A resposta portuguesa foi rápida mas pouco eficiente. No que parece ter sido uma tentativa para desarticular o ímpeto do ataque muçulmano, uma força portuguesa, aparentemente de cavalaria penetra as linhas das forças muçulmanas, mas são subjugados pelos números, e completamente cercados.

Metade do efectivo das forças portuguesas morre na batalha e a outra metade é feita prisioneira. Muito poucos voltam.

O rei, Dom Sebastião, terá alegadamente morrido na batalha, e a sua morte ficou envolvida num mistério que perdura, mesmo passados todos estes séculos.

A morte do rei, sem herdeiros, levou a uma crise dinástica, em que o trono foi ocupado pelo cardeal D. Henrique. Durante o período de dois anos até à morte de D. Henrique, o monarca reinante da Casa de Áustria, o Habsburgo Filipe II, gastou enormes quantias de dinheiro subornando parte da nobreza portuguesa para apoiar as suas pretensões ao trono de Portugal tendo finalmente - em nome dos seus direitos como neto do rei D. Manuel I - sido declarado rei de Portugal pelo colégio de cinco governadores instituído pelo Cardeal-rei após a sua morte em 1580.

Portugal, embora mantendo a sua independência formal dentro dos vários reinos da Casa de Áustria, entregava a sua política externa nas mãos de um rei estrangeiro. A decadência que já se fazia sentir em meados do século XVI não foi interrompida, e em 1640 o reino voltaria a separar-se da dinastia austríaca.

[1] Em Larache será erguida uma fortaleza, cuja construção é iniciada em 1578, utilizando-se o trabalho dos prisioneiros portugueses




Efeméride 4 de Agosto – Criação da Academia Real da Marinha

Efeméride 4 de Agosto – Criação da Academia Real da Marinha

A  Academia Real da Marinha foi uma instituição de ensino superior portuguesa criada em Lisboa, por Lei de 5 de Agosto de 1779, pela Rainha D. Maria I e na dependência da Secretaria de Estado da Marinha. Direccionada para o ensino das ciências exactas e para o aperfeiçoamento da arte da navegação, ministrava um curso de matemática, destinado à formação dos oficiais e pilotos da Marinha Real e da marinha mercante, bem como à preparação científica para o acesso ao curso de engenharia militar.
Nos Estatutos da Academia Real da Marinha publicada na lei supracitada encontrava-se designada a sua composição: três lentes e três substitutos, um guarda-livros, um secretário e um guarda dos instrumentos “astronómicos e marítimos”. Para a inspecção da actividade da academia foi criado o cargo de Inspector-geral da Marinha.
A Academia foi uma das instituições que esteve na génese da Universidade de Lisboa.
A fundação da Academia Real da Marinha - e, mais tarde, da Academia Real dos Guarda-Marinhas - foi impulsionada por Martinho de Melo, que com o Marquês de Pombal colaborara e com ele aprendera.
A Academia manteve-se em funcionamento até 1837. Nesse ano, foi suprimida pelo Decreto dos ministérios da Guerra e da Marinha, de 11 de Janeiro de 1837, juntamente com o então extinto Real Colégio dos Nobres, dando origem à Escola Politécnica de Lisboa, a qual viria a tornar-se na actual Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Academia Real da Marinha preparava para a carreira náutica e ainda para diversas carreiras militares e civis. Nela ensinavam-se, em cursos de três anos, as matemáticas puras e aplicadas e a arte de navegar.
Para o acesso à carreira de oficial ou de piloto da Marinha Real era necessária a habilitação com a totalidade do curso matemático da Academia Real da Marinha.
Alguns cursos da Escola Politécnica de Lisboa que lhe sucedeu eram vocacionados para a Marinha, tais como o 3.º curso para oficiais da marinha ou o 4.º curso para engenheiros construtores navais. Existia também uma cadeira de Navegação, que anteriormente pertencia ao terceiro ano do curso na Academia Real da Marinha e que continuaria a ser ministrada na Escola Politécnica de Lisboa até à instituição da Escola Naval, em 1845.
Referências
1.      Projeto de Lei 58-A, apresentado à Câmara Eletiva em 6 de Agosto de 1840, relativo à Proposta de revogação do Decreto que suprimira o Colégio dos Nobres e os de criação e dotação da Escola Politécnica
2.      FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA - passado-presente: perspectivas futuras. Coordenação Fernando Bragança Gil, Maria da Graça Salvado Canelhas. Lisboa: Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, 1987