sábado, 30 de junho de 2018

Efeméride 30 Junho - Primeiro livro impresso em Portugal há 531 anos


Em 1487 - Em Portugal, publica-se o primeiro livro impresso[i] no país, intitulado em hebraico "Pentateuco",[ii] cujo original encontra-se no museu britânico, em Londres (Inglaterra), existindo uma cópia em microfilme, na biblioteca municipal de Faro.
Em 1487, em Faro, o judeu Samuel Gacon, termina o primeiro livro impresso em Portugal com os caracteres inventados por Gutenberg: o Pentateuco.

Trata-se de uma obra em hebraico, impressa por Samuel Gacon, um impressor algarvio de origem judaica.
O único exemplar da primeira edição deste livro encontra-se em Inglaterra, depois de ter sido roubado por Francis Drake, quando este atacou e saqueou a capital do Algarve em 1587.
O segundo livro impresso em Portugal terá surgido em 1489, em Chaves. Trata-se d’ “O Tratado de Confissom”, o primeiro livro cristão impresso utilizando o sistema de Gutenberg.


[i] Em 1455 o inventor alemão Johannes Gutemberg criou uma das maiores contribuições para o mundo moderno. A tipografia permitiu que os textos, antes manuscritos, fossem impressos a partir da elaboração dos tipos, letras móveis produzidas em cobre e alocadas em uma base de chumbo onde recebiam a tinta e eram prensadas no papel.
Dessa maneira, a “imprensa”, como ficou conhecida a invenção de Gutembgerg, passou a influenciar a produção e divulgação de conhecimento, contribuindo para um maior desenvolvimento não apenas da produção literária na Europa, mas da metalurgia e da produção de papel.

[ii] O Pentateuco, do grego, "os cinco rolos", é composto pelos cinco primeiros livros da Bíblia. Entre os judeus é chamado de Torá, uma palavra da língua hebraica com significado associado ao ensinamento, instrução, ou literalmente Lei, uma referência à primeira secção do Tanakh, os primeiros cinco livros da Bíblia Hebraica, cuja autoria é atribuída a Moisés. Os judeus também usam a palavra Torá num sentido mais amplo, para referir o ensinamento judeu através da história como um todo. Neste sentido, o termo abrange todo o Tanakh, o Mishnah, o Talmud e a literatura midrash. Em seu sentido mais amplo, os judeus usam a palavra Torá para referir-se a todo e qualquer tipo de ensino ou filosofia.


sexta-feira, 29 de junho de 2018

Efeméride de 29 de Junho – O apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma


Efeméride de 29 de Junho – O apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma


São Pedro ou São Pedro Apóstolo,

 
De seu nome Pedro - Petros, "Rocha", segundo a interpretação católica e ortodoxa,  

(Betsaida, século I a.C., —  Roma, cerca de 67 d.C.)  foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, segundo o Novo Testamento e, mais especificamente, os quatro Evangelhos.

A Igreja Católica considera Pedro como o primeiro bispo de Roma e, por isso, o seu primeiro papa.

Segundo a Bíblia, o seu nome original não seria Pedro, mas sim Simão. Aparece ainda uma variante do seu nome original, Simão Pedro, no livro dos Atos dos Apóstolos (Atos 10:18) e na II Epístola de Pedro (II Pedro 1:1).

No Evangelho de João (João 1:42), Jesus ter-lhe-á mudado o nome para Pedro.

Antes de se tornar um dos doze discípulos de Jesus, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum. Era filho de um homem chamado João ou Jonas e tinha por irmão o também apóstolo André. Simão e André eram "empresários" da pesca e tinham sua própria frota de barcos, em sociedade com Tiago, João e o pai destes, Zebedeu.

Parece que Pedro era casado e tinha pelo menos um filho.  A sua mulher era de uma família abastada e moravam em casa própria, semelhante a uma vila romana na cidade de Cafarnaum.


Segundo Lucas 5:1-11, no episódio conhecido como "Pesca milagrosa", Pedro teria conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse um dos seus barcos, de forma a poder pregar a uma multidão que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com Tiago e João, seus sócios e filhos de Zebedeu, anuiu, afastando o barco um pouco da margem.

No final da pregação, Jesus disse a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro ajoelhou-se perante Jesus e disse para que se afastasse dele, já que era um pecador. Jesus encorajou-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornaria "pescador de homens".

 Nos evangelhos sinóticos, o nome de Pedro sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, o que na interpretação da Igreja Católica Romana deixa transparecer um lugar de primazia sobre o Colégio Apostólico. Não se descarta a possibilidade que Pedro, assim como seu irmão André, antes de seguir Jesus, tenha sido discípulo de João Batista.

Segundo a tradição defendida pela Igreja Católica Romana e pela Igreja Ortodoxa, o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado em Antioquia, ter-se-ia tornado o primeiro Bispo de Roma.

A tradição da Igreja Católica Romana afirma que depois de passar por várias cidades, Pedro terá sido martirizado em Roma entre 64 e 67 d.C. 

Alguns pesquisadores acreditam que, assim como Judas Iscariotes, Pedro terá pertencido à seita dos Zelotas, grupo que teria surgido dos Fariseus e era constituído por pequenos camponeses e membros das camadas mais pobres da sociedade.


 O apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma

A comunidade de Roma terá sido fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade a comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); nessa visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma (segundo o catolicismo romano), assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio episcopal. A sucessão papal (de Pedro) começou com São Lino  (67 d.C.) e, atualmente é exercida pelo Papa Francisco, eleito em 13 de Março de 2013.

São Pedro é supostamente o autor de duas epístolas, dois dos 27 livros que compõem o Novo Testamento.

É vulgarmente representado como homem robusto, de meia-idade, de barba curta, vestido de apóstolo ou de papa. Múltiplos são os seus atributos: as chaves do Céu, em número de uma, duas ou três (que Cristo lhe terá confiado, dizendo: “Dar-te-ei a chave do Reino dos Céus: àqueles a que tu as abrires, as portas franquear-se-ão, e àqueles a quem as cerrares, ser-lhes-ão cerradas); a barca e o peixe (alusão ao seu mester de pescador); o galo sobre uma coluna (a lembrar a sua traição a Cristo: “Antes que o galo cante me negarás três vezes”); as cadeias (referência à sua prisão em Antioquia e Roma); a cruz de três ramos (atributo dos Papas), a cruz invertida (símbolo do seu martírio) e um livro (é um dos autores do Novo Testamento).

São Pedro é o Padroeiro de Papas e pescadores. A sua evocação ocorre a 29 de Junho. Os festejos populares de São Pedro, ocorrem de 28 para 29 de Junho, em terras como Seixal, Alverca do Ribatejo, Câmara de Lobos, Montijo, Nisa, Póvoa de Varzim, Ribeira Brava, Ribeira Grande, Ribeira Seca, São Pedro do Campo e Viana do Castelo.


A mais antiga imagem conhecida do apóstolo Pedro foi descoberta em 2010 em catacumbas sob a cidade de Roma, e data do século IV. No mesmo lugar, foram também descobertas imagens dos apóstolos Paulo, André e João.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Efeméride de 28 Junho - Tratado de Versalhes

O Tratado de Versalhes foi um acordo celebrado pelos países envolvidos na Primeira Guerra Mundial, visando pôr fim ao conflito. Foi celebrado em Paris, França, sob os auspícios do presidente norte-americano Woodrow Wilson, do primeiro-ministro britânico David Lloyd George e do primeiro-ministro francês Georges Clemenceau, o Tratado de Versalhes foi concluído em 28 de Junho de 1919, entrando em vigor em 10 de Janeiro de 1920, pondo fim às hostilidades iniciadas em 1914 entre potências europeias, suas colônias e aliados, devolvendo ao continente a paz e determinando as consequências do conflito, assim como a forma de relacionamento no continente e fora dele.

Os ministros alemães Hermann Müller (Exterior) e Johannes Bell (Transportes) assinaram o documento em nome da República de Weimar

As negociações, que duraram seis meses, envolveram 70 delegados de 27 nações.

Ficou de fora o país derrotado, a Alemanha. A Rússia não participou, pois já havia assinado o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha em 1918.

Apesar de ser um dos principais negociadores do Tratado, o Congresso dos Estados Unidos não ratificou o documento e nem aderiram à Liga das Nações.

Deste modo, os EUA preferiram fazer um acordo bilateral com os alemães pelo Tratado de Berlim de 1921.

O Tratado de Versalhes teve como característica o revanchismo francês, a redefinição de fronteiras, o estabelecimento de indenizações e a criação da Liga das Nações.

Como já vimos um dos principais pontos definidos pelo Tratado foi a instituição da “Liga da Nações”, órgão internacional que atuaria como regulador da situação política do mundo, tentando resolver conflitos e disputas da forma mais efectiva, zelando pela manutenção da paz e da prevenção ao uso da força. Esse órgão, idealizado pelo então presidente dos Estados Unidos na América, Thomas Woodrow Wilson, foi essencial para a manutenção da paz por cerca de 20 anos na Europa, ao mesmo tempo que foi responsabilizado por diversos conflitos e disputas surgidos nos anos seguintes e por omissão diante da posterior escalada do partido Nazi ao poder na Alemanha da década de 30.

O Tratado determinava que a Alemanha (antigo Império Alemão, depois República de Weimar) fosse responsabilizada por todos os prejuízos causados pela guerra. De maneira considerada por muitos estudiosos como injusta, o Tratado imputava à Alemanha toda a responsabilidade pelo conflito e pelas suas consequências, principalmente grandes prejuízos econômicos.

A principal cláusula do Tratado, o artigo 231, definia a “culpa de guerra” à Alemanha.

A Alemanha e os seus Aliados são responsáveis, uma vez que os causaram, por todas as perdas e danos sofridos pelos governos aliados e pelos seus associados, bem como pelos cidadãos destes países, em consequência da guerra.
Os alemães acabaram por ter de suportar pesadas indenizações, que foram impostas sobretudo por ingleses e franceses, que visavam pagar os prejuízos às indústrias e agricultura que proviam o desenvolvimento econômico desses países. Essa exigência fragilizou consideravelmente a economia alemã, já baqueada pela própria guerra.

Além disso, a Alemanha também perdeu partes de seu território para os países vizinhos, uma vez que esses territórios acabaram por serem considerados pagamentos de indenizações de Guerra. Territórios disputados e tomados da França desde a unificação alemã foram devolvidos aos franceses, como a Alsácia Lorena. Ainda no oeste e norte, houve concessão de alguns territórios alemães à Bélgica e à Dinamarca. A leste, pedaços do território alemão foram cedidos pelas potências vencedores à Lituânia e à Polônia. Também houve, nesse contexto, a aceitação da independência da Áustria.

Assim sendo, o antigo Império Alemão foi destruído, o Estado, território, diminuiu consideravelmente, o que contribuiu para a formação da chamada República de Weimar, um novo Estado representante do povo alemão. Foram também perdidas as colônias alemãs em África e em outros locais.

Em termos militares, foi determinado o desarmamento alemão, a abolição do serviço militar obrigatório e a redução do exército para cem mil soldados voluntários.

Para impedir o desenvolvimento da indústria bélica na Alemanha, foi proibida a produção de tanques e armamentos de grosso calibre. Seguindo a mesma linha, a margem esquerda do rio Reno deveria ser desmilitarizada.

Na mesma medida, a Marinha foi reduzida a um máximo 15 mil homens e a força aérea extinta. Muitos navios foram entregues aos vencedores.

Foram extintas as Escolas Militares e associações paramilitares. Este foi um duro golpe numa nação que havia feito da vida militar uma das suas marcas principais.

Meses depois, através do Tratado de Saint-Germain-en-Laye, a Áustria também foi obrigada a reduzir seus efetivos militares a 30.000 homens

As indenizações e retaliações ao território alemão causaram severa crise econômica e alimentaram um sentimento de indignação entre os alemães por conta do entendido exagero nas cláusulas do Tratado. Esses exageros foram uma das justificações levantadas, anos depois, por Adolf Hitler para a situação do povo alemão e para o conflito de 1939 - 1945, visto como necessário para reerguer a Alemanha.

Somado a tudo isso, o Tratado de Versalhes, ao redesenhar os mapas do mundo, extinguindo países, criando outros e dividindo ainda outros, causou ainda mais tensões em várias regiões, plantando as sementes para novos conflitos que assolaram todo o século XX, como por exemplo a questão curda (advinda da dissolução do Império Turco Otomano) ou entre Hutus e Tútsis na região dos grandes lagos, no centro da África, ao delegar o domínio da região aos belgas, semeando as crises em Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo.

Em suma, este tratado possui dimensões políticas, econômicas e militares extremamente punitivas e os seus 440 artigos são uma verdadeira condenação à Alemanha.







segunda-feira, 31 de julho de 2017

Efeméride de 31 de Julho - Retorno da Índia de Pedro Álvares Cabral.


 
A 31 de Julho de 1501 chega a Portugal de retorno da Índia, Pedro Álvares Cabral.

Após chegar á India Cabral forjou uma aliança com o governante de Cochim, e com líderes de outras cidades-estados, sendo capaz de estabelecer uma feitoria. Por fim, carregada de especiarias preciosas, a frota foi para Cananor, a fim de comerciar uma vez mais antes de partir em sua viagem de retorno a Portugal em 16 de Janeiro de 1501 onde chegaria a 31 de Julho.

A expedição dirigiu-se para a costa leste da África. Um dos navios encalhou em um banco de areia e começou a afundar. Como não havia espaço nos demais navios, a carga foi abandonada e Cabral ordenou que a nau fosse incendiada. Em seguida, a frota prosseguiu em direção à Ilha de Moçambique (a nordeste de Sofala), a fim de se prover de mantimentos para que os navios estivessem prontos para a agitada passagem em torno do Cabo da Boa Esperança. Uma caravela foi enviada para Sofala — outro dos objetivos da expedição. Uma segunda caravela, considerada o navio mais veloz da frota e capitaneada por Nicolau Coelho, foi enviada à frente das demais para dar ao rei o aviso prévio sobre o sucesso da viagem. Um terceiro navio, comandado por Pedro de Ataíde, separou-se da frota após partir de Moçambique.

A 22 de Maio, a frota — agora reduzida a apenas dois navios — passou pelo Cabo da Boa Esperança. Chegaram a Bezeguiche (atual cidade de Dakar, localizada perto de Cabo Verde), em 2 de Junho. Ali, encontraram não só a caravela de Nicolau Coelho como também a nau comandada por Diogo Dias — que se encontrava perdida há mais de um ano após o desastre no Atlântico Sul. A nau havia passado por várias aventuras e estava em péssimas condições, sendo que apenas sete homens doentes e malnutridos estavam a bordo — um dos quais estava tão fraco que morreu de felicidade ao ver seus companheiros novamente. Outra frota portuguesa também foi encontrada ancorada em Bezeguiche. Após D. Manuel I ter sido informado da descoberta do Brasil, enviou uma frota menor para explorá-lo. Um de seus navegadores era Américo Vespúcio (explorador italiano cujo nome designaria a América), que contou a Cabral detalhes de sua exploração, confirmando-lhe que havia de fato desembarcado num continente inteiro e não apenas numa ilha.

A caravela de Nicolau Coelho partiu primeiro de Bezeguiche e chegou a Portugal em 23 de Junho de 1501. O navio de Cabral ficou para trás, à espera do navio desaparecido de Pedro de Ataíde e da caravela que havia sido enviada para Sofala. Ambos os navios acabaram por aparecer e Cabral chegou a Portugal a 31 de Julho de 1501.

Ao todo, dois navios voltaram vazios, cinco estavam completamente carregados e seis foram perdidos. No entanto, as cargas transportadas pela frota geraram lucros de até 800% para a Coroa Portuguesa. Após as especiarias serem vendidas, as receitas cobriram os custos de equipamento da frota e dos navios que foram perdidos, gerando um lucro que por si só excedia a soma total desses custos.




quarta-feira, 26 de julho de 2017

Efeméride de 26 de Julho – Tentativa de conquista de Azamor

A 26 de Julho de 1508, Dom João de Menezes zarpa de Lisboa com uma armada de 50 navios destinada à conquista de Azamor.

Azamor é uma cidade situada na margem esquerda do rio Morbeia, a cerca de dez quilómetros da antiga Mazagão, na costa atlântica do norte de Marrocos. Azamor fica na antiga Azama, um porto comercial de fenícios e mais tarde do Império Romano.

Ainda hoje podem ser vistos os restos de um depósito romano de grãos nas chamadas "cisternas portugueses" da vizinha El Jadida. Alguns historiadores acreditam que Azama foi a cidade mais austral de Marrocos ao tempo do domínio romano, na época de Augusto. Embora dependente do rei de Fez, constituía-se numa povoação comercial bastante dinâmica.

Reputada pela excelência de seu porto fluvial, em 1486, devido à instabilidade política regional, os seus habitantes pediram a proteção do rei Dom João II (1481-1495), de quem se tornaram vassalos e tributários. O tributo anual era de dez mil sáveis, peixe abundante naquele rio, permitindo o estabelecimento de uma feitoria. Como primeiro feitor foi escolhido o escudeiro Martim Reinel, que já lá se encontrava em função da negociação do acordo, cujas funções exerceu até 1501.

Dom Manuel I (1495-1521) confirmou os termos do contrato em 1497. Mais tarde, surgindo desavenças em torno do mesmo, Rodrigues Bérrio, um armador de Tavira que costumava ir pescar sáveis a Azamor, em 1508 deu conhecimento a Dom Manuel das grandes divisões entre os seus habitantes e do desejo que alguns manifestavam em se tornar súditos de Portugal. Atendendo a esses motivos, foi enviada uma pequena armada (50 navios e 2.500 homens), sob o comando de Dom João de Menezes, com o apoio de um príncipe oatácida que já estivera em Portugal, Muley Zião para conquistar Azamor. Porém, a expedição fracassou, não só porque o aliado mudara de posição, mas também porque os meios envolvidos se revelaram insuficientes para tomar a praça.

As intenções em tomar Azamor mantiveram-se até que, em 1513, deu-se um levantamento geral em Portugal, num ambiente de vibração patriótica registado por Gil Vicente, no seu Auto da Exortação da Guerra.

De acordo com Damião de Góis, (Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel) os preparativos resultaram na maior armada organizada no reinado do venturoso; mais de 400 navios e cerca de 25000 homens, entre soldados, cavaleiros e infantes, comandados por Dom Jaime, o duque de Bragança. Quando a armada partiu de Lisboa, “foi lançar âncora na baia do Faram, no regno do Algarue”, onde se lhe juntaram mais navios com combatentes algarvios.

Assim a 28 de Agosto de 1513, os portugueses atacaram por terra e pelo rio no primeiro dia de Setembro. Os defensores de Azamor, impressionados com o poderio do exército português, acabaram por abandonar a cidade, procurando refúgio nas regiões vizinhas.

Dom João de Menezes ficou por capitão da praça, com três mil homens para a sua defesa. Entretanto, conforme informou o soberano ainda no mesmo ano, esse quantitativo era insuficiente, uma vez que a cidade era praticamente do tamanho de Évora, e as suas defesas eram muito fracas.

Durante o ano seguinte (1514) ali atuaram os irmãos Diogo e Francisco de Arruda, responsáveis pelo que é considerado como a sua obra mais marcante no Norte d'África: dois baluartes curvilíneos, o de "São Cristóvão", anexo ao Palácio dos Capitães como uma torre de menagem compacta; e o do "Raio", no extremo da fortaleza, decorado por quarenta bandeiras e com espaço para mais de sessenta peças de artilharia fazerem fogo, simultaneamente, em todas as direções.

A Praça-forte de Azamor foi abandonada em 1541, por determinação de D. João III (1521-1557), após a queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (1541).

terça-feira, 25 de julho de 2017

Nasce Dom Afonso Henriques, 25 de Julho? de 1109


Dom Afonso Henriques, (O Conquistador O Fundador ou O Grande), primeiro Rei de Portugal, nasce em 1109, o seu local de nascimento não é certo, sendo que os historiadores dividem-se entre Guimarães (25 de Julho), Viseu (15 de Agosto) ou Coimbra e faleceu em Coimbra (ou terá sido na Galiza? a 8 de Dezembro de 1185.

Filho do Conde Henrique de Borgonha e de Dona Teresa, filha ilegítima do rei Afonso VI de Leão e Castela, criado por Soeiro Mendes de Sousa e sua mulher no Condado Portucalense teve uma nobre educação no aspeto político, com isto se tornou um elemento congregado e legitimador, no ano de 1120 junto com Dom Paio Arcebispo de Braga assumiu uma posição política contraria a de sua mãe, que apoiava os Travas, e em virtude de sua posição foi obrigado a emigrar junto com Dom Paio

Decorria o ano de 1122 quando se armou cavaleiro na Catedral de Zamora ou em Tui, segundo outras fontes.

No seu retorno ao Condado, em 1128, defrontou e venceu as tropas de sua mãe, Dona Teresa e de Fernão Peres de Trava na Batalha de São Mamede e assumiu o governo do condado com o objetivo de firmar a independência, para tal definiu uma política baseada na defesa de seu condado contra Leão e Castela ao norte e Leste e contra os Mouros ao sul, negociou com a Santa Sé no sentido de ver reconhecido a independência de seu reino e de conseguir a autonomia plena da igreja portuguesa.

Dom Afonso Henriques fundou o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, no ano de 1131 erigiu diversos castelos onde se destaca o de Leiria em 1135 sendo um dos pontos estratégico para o desenvolvimento da reconquista, em 1137 venceu os leoneses em Cerneja, e no ano de 1139 venceu a Batalha de Ourique contra os Mouros.

Em 1139, depois de uma estrondosa vitória na batalha de Ourique, por curiosidade a 25 de Julho, contra um forte contingente mouro, D. Afonso Henriques autoproclamou-se rei de Portugal, com o apoio das suas tropas. Segundo a tradição, a independência foi confirmada mais tarde, nas míticas cortes de Lamego, quando recebeu a coroa de Portugal do arcebispo de Braga, Dom João Peculiar, se bem que estudos recentes questionem a reunião destas cortes. Em 1140 Afonso assina pela primeira vez "Ego Alfonsus portugalensium Rex.

Em 1143 presta vassalagem à Santa Sé e na reunião de Zamora é reconhecida a sua realeza por Dom Afonso VII de Leão e Castela, seu primo. Porém só em 1179 com a Bula Manifesto Probatório do Papa Alexandre III designou Dom Afonso Henriques como rei concedendo-lhe o direito de conquistar territórios Mouros para alargamento do seu território. Em 1147, Dom Afonso Henriques conquistou a Cidade de Santarém e Lisboa com a ajuda de cruzados, tendo tambem tomado as cidades de Almada e Palmela que se entregaram sem lutar.

Em 1159 Dom Afonso Henriques tomou Évora e Beja a qual perderia pouco depois a favor dos Mouros, a reconquista de Beja e Évora por Dom Afonso Henriques deu-se em 1162 com a ajuda de Geraldo Sem Pavor, lenda ou realidade? tendo de quando de sua morte deixado para seu filho, Dom Sancho I, um território perfeitamente definido e independente.

Dom Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, ou seja, aquele infante que, em dado momento do séc. XII, decidiu intitular-se a si próprio rei e obteve pouco a pouco, habilmente, o reconhecimento da independência do condado que governava e que, até então, dependia do reino de Leão – Afonso Henriques, filho de Henrique de Borgonha e de Teresa, por sua vez filha bastarda de Afonso VI, o famoso rei de Leão e de Castela que reconquistou Toledo aos mouros – é um personagem cuja história e feitos impressionaram visivelmente a imaginação dos seus contemporâneos e sobretudo a imaginação das gerações que se seguiram.

Em 1139-1140, como já vimos, decidia adotar o título de rei dos Portugueses e, em 1143, obtinha que o imperador Afonso VII de Leão e Castela reconhecesse o seu direito a assim se intitular. Entre 1140 e 1169, a sua história é a de toda uma série de vitórias sobre os mouros, que lhe permitiram deslocar a fronteira da reconquista da linha do rio Mondego até ao interior da província do Alentejo, ou seja até bastante ao Sul da linha do Tejo. Ainda que os contra-ataques dos mouros, no fim do seu reinado, lhe tenham feito perder uma parte do território meridional já reconquistado, a linha do Tejo nunca mais foi atravessada pelos mouros.

As duas grandes cidades de Lisboa e Santarém ficaram sempre portuguesas, a partir do momento em que Dom Afonso Henriques as reconquistou em 1147. Toda esta sucessão de vitórias não podia deixar de impressionar os seus contemporâneos. Mas a sua imaginação não foi menos abalada pelo acidente inesperado que provocou, em 1169, em Badajoz, a prisão do rei de Portugal pelo seu genro, o rei Fernando de Leão, com o qual ele se encontrava em guerra. Afonso foi feito prisioneiro, depois de o ferrolho de uma das portas da cidade lhe partir a perna direita, quando ele saía, a correr, montado no seu cavalo. Este desastre, de que este rei sempre vitorioso foi vítima, encontra-se aludido até nas fórmulas que servem para datar alguns documentos leoneses.

Neles se fala do “ano em que o rei de Portugal foi feito prisioneiro em Badajoz”. Rapidamente posto em liberdade pelo seu genro, em troca de algumas cidades que ainda possuía na Galiza, Afonso I reinou até ao ano de 1185, quanto tinha atingido a idade de cerca de 76 anos. Tinha governado durante 57 anos.

sábado, 22 de julho de 2017

Godofredo de Bulhão primeiro soberano do Reino Latino de Jerusalém

A 22 de Julho de 1099, Godofredo de Bulhão[i] foi eleito em concílio na Basílica do Santo Sepulcro Advocatus Sancti Sepulchri (Protector do Santo Sepulcro), recusando o título de Rei, pois não aceitaria ser coroado na cidade onde o Salvador fora corado de espinhos.

A 14 de Julho, de 1099, depois de um cerco começado a 7 de Junho, os Cruzados, que haviam partido da Europa em Agosto de 1096, finalmente conquistam Jerusalém. Os excessos foram muitos e a mortandade entre os habitantes da cidade foi muito grande, a ponto de o Arcebispo Guilherme de Tiro dizer que os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.
Uma das suas primeiras iniciativas é a criação de um corpo de clérigos que assegurasse o culto regular na Basílica do Santo Sepulcro: os Cónegos do Santo Sepulcro; e um corpo de cavaleiros que assegurasse a sua segurança. Nasce a Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém.

Godofredo morreu no ano seguinte e seu irmão e sucessor, Balduíno I, foi coroado Rei de Jerusalém em Belém na noite de Natal.
Balduíno expandiu o Reino, capturando as cidades portuárias de Acre, Sídon e Beirute, e exerceu a sua suzerania sobre outros estados cruzados ao norte — o Condade de Edessa (que ele havia fundado), o Principado de Antioquia e o Condado de Trípoli. A população de origem europeia ocidental aumentou, com os reforços recebidos da Cruzada de 1101; um Patriarca Latino foi instalado em Jerusalém. As Cidades-Estado de Veneza, Pisa e Génova começaram a envolver-se nos assuntos do Reino, quando as suas frotas passaram a apoiar a captura de portos, onde foram autorizadas a formar distritos comerciais autónomos.

Balduíno morreu em 1118, sem deixar herdeiros, e sucedeu-lhe o seu primo, Balduíno de Bourg, Conde de Edessa. Este também foi um governante capaz e, embora tivesse sido feito prisioneiro pelos turcos várias vezes, as fronteiras do Reino continuaram a expandir-se, com a captura da cidade de Tiro em 1124.
Aos poucos, os habitantes de origem europeia começaram a adoptar modos orientais, aprendendo o grego e o árabe.

O reino baseava-se no sistema feudal, à semelhança da Europa à época, embora com diferenças: o modo de produção agrícola continuou a ter muçulmanos ou cristãos ortodoxos à frente, os quais reportavam nominalmente aos nobres latinos donos das terras; estes, porém, preferiam permanecer nos centros urbanos, em geral, e em Jerusalém, em particular. As comunidades agrícolas eram, portanto, relativamente autónomas e não deviam serviço militar (ao contrário do que ocorria com os vassalos na Europa). Com isso, os exércitos cruzados costumavam ser pequenos e recrutados dentre famílias francesas nas cidades.
O carácter urbano da região e a presença de mercadores italianos fizeram surgir uma economia mais comercial do que agrícola; a Palestina sempre fora um entreposto comercial e, agora, incluía rotas europeias.

Como a nobreza preferia residir em Jerusalém (e não nas suas respectivas terras), exercia uma influência grande sobre o rei e formavam a chamada Haute Cour (Alta Corte), uma forma primitiva de “parlamento”. Dentre as responsabilidades da corte, destacavam-se a confirmação da eleição do Rei, questões financeiras e o recrutamento de exércitos.
O problema da falta de soldados para o exército foi amenizado com a criação das Ordens Militares. Os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Hospitalários formaram-se nos primeiros anos do Reino. Embora os seus quartéis-generais estivessem em Jerusalém, mantinham guarnecidos vastos castelos e adquiriam terras que outros nobres não pudessem mais manter. As Ordens Militares estavam sob controlo directo do Papa, não do Rei: eram basicamente autónomas e não deviam, em tese, nenhum tipo de serviço militar ao Reino, embora na prática participassem de todas as grandes batalhas.

Em 1131, Balduíno II foi sucedido por sua filha, Melisende, que reinou juntamente com o marido, Fulco. Durante o seu reinado, Jerusalém conheceu o auge da expansão económica e artística.
A queda de Jerusalém comoveu a Europa e resultou na Terceira Cruzada. Graças aos esforços de Ricardo Coração-de-Leão, a maior parte das cidades costeiras da Síria, especialmente Acre, foi recuperada e o Tratado de Ramalá foi assinado com Saladino após a Batalha de Arsuf.

Durante os cem anos seguintes, o Reino de Jerusalém resignou-se a ser um pequeno estado ao longo da costa da Síria. A sua capital passou a ser Acre e o seu território incluía poucas cidades de monta (Beirute, Tiro).
Uma Quarta Cruzada foi organizada após o fracasso da terceira, mas resultou apenas no saque de Constantinopla, em 1204.




[i] Godofredo de Bulhão ou Godofredo de Bolhões (Godefroy de Bouillon em francês; Bolonha-sobre-o-Mar, 1058 - Jerusalém, 18 de Julho de 1100), foi um nobre e militar franco, duque da Baixa Lorena (1087-1100), senhor de Bulhão (1076-1096), um dos líderes da Primeira Cruzada e o primeiro soberano do Reino Latino de Jerusalém, apesar de recusar o título de rei.