quinta-feira, 18 de julho de 2019

Efeméride de 18 de Julho – Grande Incêndio de Roma

Na noite de 18 de Julho, no ano 64 DC teve início o grande incêndio de Roma, afectando 10 das 14 zonas da antiga cidade de Roma, três das quais foram completamente destruídas.

O fogo alastrou-se rapidamente pelas áreas mais densamente povoadas da cidade, com as suas ruelas sinuosas. O facto de a maioria dos romanos viverem em insulas, edifícios altamente inflamáveis devido à sua estrutura de madeira, de três, quatro ou cinco andares, ajudou à propagação do incêndio.

Nestas condições, o incêndio prolongou-se por seis dias seguidos até que pudesse ser controlado. Mas por pouco tempo, já que houve focos de reacendimento que fizeram o incêndio durar por mais três dias. O antigo Templo de Júpiter Stator e o lar das Virgens Vestais foram destruídos, bem como dois terços da antiga cidade.

Existem várias versões sobre a causa do incêndio. A versão mais contada é a de que os moradores que habitavam as construções de madeira, usavam o fogo para se aquecer e para cozinhar os alimentos. E por algum acidente, o fogo alastrou. Para piorar a situação, ventos fortes arrastavam o fogo pela cidade.

Outra versão famosa, porém desmentida pelos historiadores, é de que o imperador Nero teria ordenado o incêndio com o propósito de construir um complexo palaciano, já que o senado romano havia indeferido o pedido de desapropriação para a obra. Há ainda a versão , concebida por romancistas cristãos pósteros que, atribuindo ao imperador a condição de demente, pretende que ele provocou o incêndio para inspirar-se, poeticamente, e poder produzir um poema, como Homero ao descrever o incêndio de Tróia.

Segundo algumas fontes, enquanto o fogo consumia a cidade, Nero contemplava o cenário, tocando com sua lira. Esta cena é retratada no romance "Quo Vadis" .

Na verdade, no momento do incêndio, Nero estava em outra cidade e, ao saber do ocorrido, regressou a Roma, esforçando-se para socorrer os desabrigados, inclusive mandando abrir os jardins de seu palácio para os acolher. Todavia, o facto de, posteriormente, ter usado os seus agentes para adquirir, a baixo preço, terrenos nas imediações de seu palácio, com a provável intenção de ampliá-lo, tornou-o suspeito, junto ao povo, de ter responsabilidade no sinistro.

Não se sabe exactamente o momento e as razões que levaram a que os cristãos fossem acusados de responsáveis pelo incêndio. Historiadores cristãos e também romanos (como Tácito e Suetônio, cujas obras denotam acentuada antipatia pelo imperador) sustentam que se tratou de uma manobra de Nero, para desviar as suspeitas de sua pessoa. Uma vez que a tese de "incêndio criminoso" se disseminara, era necessário encontrar os culpados, e os cristãos podem ter-se tornado "bodes expiatórios" ideais, pelo fato de serem mal vistos em Roma. De fato, Suetônio relata que as crenças cristãs eram tidas, na época, como "superstição nova e maléfica" enquanto Tácito, embora acusando Nero de ter injustamente culpado os Cristãos, declara-se convencido de que eles mereciam as mais severas punições porque cometiam "infâmias" e eram "inimigos do gênero humano". Segundo o romancista Pär Lagerkvist, é até possível que alguns cristãos fanáticos, imbuídos de conceitos apocalípticos, tenham proclamado, publicamente, que o incêndio era um castigo divino pelos "pecados" dos romanos, e que prenunciava o novo advento do Cristo, o que teria tornado todos os cristãos suspeitos de implicação naquela calamidade.

Hoje a Igreja Católica celebra a memória desses "Santos Protomártires" todos os anos no dia 30 de Junho. E entre os mais ilustres estavam São Pedro que foi crucificado no circo de Nero, actual Basílica de São Pedro, e São Paulo que foi decapitado junto da estrada de Roma para Óstia.


quarta-feira, 17 de julho de 2019

Efeméride de 17 de Julho – Início da Guerra Civil Espanhola


No dia 18 de Julho de 1936, o General Francisco Franco insurge o Exército contra o governo republicano. Ocorre que nas principais cidades, como a capital Madrid e Barcelona, a capital da Catalunha, o povo saiu as ruas e impediu o sucesso do golpe. Milícias anarquistas e socialistas foram então formadas para resistir o golpe militar. 

A Guerra Civil Espanhola, desencadeada em 1936, foi motivada pelas fortes rivalidades existentes entre as fações políticas de esquerda e de direita. Em 1931, depois do estabelecimento da Segunda República em Espanha, a ala socialista moderada e a classe média liberal republicana uniram-se numa coligação que instituiu um programa de reformas sociais, religiosas e militares. Contudo, esta coligação foi desfeita devido a interferências do setor da direita.

Nas eleições de Novembro de 1933, os socialistas concorreram sozinhos, na esperança de conseguirem organizar um governo unicamente socialista. As suas expectativas foram goradas, porque o sistema favorecia as coligações. Deste modo, com alguma surpresa, a vitória coube à aliança de direita. No ano de 1934, as reformas propostas entre 1931 e 1933 foram totalmente esquecidas.

Neste ano, os socialistas, anarquistas e comunistas juntaram-se em protesto nas cidades mineiras das Astúrias, temendo a entrada do CEDA, um partido católico de direita, no governo, pois este poderia significar o estabelecimento de um estado autoritário.

A repressão deste movimento de contestação foi muito violenta, conduzindo à reunião da esquerda na Frente Popular. Esta aliança esquerdista saiu vitoriosa nas eleições de 1936, apesar de não alcançar uma confortável vantagem sobre os seus diretos opositores. No entanto, a vitória permitiu-lhe retomar as reformas de 1931. A direita não se conformou com a derrota, e prontamente se preparou para a guerra, sob a liderança do "cabecilha" da conspiração, o General Emílio Mola. A Falange, o partido fascista em formação, espalhava o terror e a violência para obrigar à utilização da força militar.

A resposta da ala esquerda acabou por resultar no assassinato do líder monárquico José Calvo Sotelo, a 13 de Julho. Intensificava-se a instabilidade e começava a violência. Os levantamentos conservadores de 18 de Julho nas capitais rurais de província, como Leão e Castela a Velha, tiveram sucesso. Já o mesmo não sucedeu nas grandes cidades industriais do Norte asturiano onde os trabalhadores fabris e mineiros impediram qualquer tentativa de golpe de direita. No Sul, o apoio era dado à esquerda, embora nas grandes cidades, como Cádiz e Sevilha, a resistência das classes trabalhadoras fosse destruída. Nesta fase, os rebeldes falangistas controlavam cerca de um terço de Espanha, incluindo a Galiza, Leão, Castela a Velha, Aragão e parte da Extremadura, em conjunto com Huelva, Sevilha e Córdoba.

De início, os revoltosos confrontaram-se com alguns problemas com as suas milícias mal preparadas e tiveram de recorrer a mercenários. A vantagem dos rebeldes residia no exército mercenário africano, liderado pelo General Franco, que estava bloqueado em Marrocos pelos navios de guerra republicanos, cujas tripulações se tinham amotinado contra os seus dirigentes direitistas. Os falangistas voltaram-se então para o estrangeiro, pedindo auxílio a Hitler e a Mussolini. Os dirigentes alemão e italiano viram então a possibilidade de causar problemas à França, e ambos decidiram providenciar ajuda aerotransportada para tornar possível uma ponte aérea entre Marrocos e Sevilha.

Cerca de 15 000 homens atravessaram para Espanha num prazo de 10 dias. Um falhado golpe de estado tendia assim para uma Guerra Civil. Mais discretamente, Salazar permitia a utilização do território português como base de apoio de retaguarda ou via de entrada de armamento, enquanto encaminhava para a frente de combate os voluntários ("viriatos"), em número indeterminado, talvez de alguns milhares. Por outro lado, a intervenção da Sociedade das Nações, que pretendeu instituir mecanismos de conciliação e arbitragem, fracassou totalmente, criando situações de impasse que desequilibravam ainda mais o balanço de forças, pois manietavam frequentemente o governo eleito de Madrid, enquanto deixavam as mãos livres a Franco. Durante a guerra civil de Espanha o mundo assistiu, pela primeira vez, no nosso século, ao emprego da rádio como meio de propaganda de grande eficácia (aqui ainda, a propaganda franquista, muitas vezes de extrema agressividade, revelou maior eficácia que a sua congénere republicana). A República, ao contrário dos revoltosos, não teve uma grande ajuda quando procurou apoio junto das potências democráticas. O primeiro ministro francês, Léon Blum, inicialmente partidário da fação republicana, esmoreceu a sua posição face à oposição interna e ao receio britânico de provocar uma guerra geral.

A União Soviética parecia ser a última hipótese. No entanto, com muito ou pouco apoio, o conflito internacionalizava-se e despertava paixões por todo o mundo. Os falangistas do mais que provável líder, Franco, já o vimos, receberam forte auxílio por parte da Itália e da Alemanha. Era a ocasião ideal para testar as novas máquinas de guerra - as tropas de Hitler experimentaram os métodos da Blitzkrieg, que lhes iriam dar grandes vitórias nas fases iniciais da Segunda Guerra Mundial e Hitler apressou-se a enviar para o terreno a tristemente célebre legião Condor. As fileiras republicanas apenas engrossaram com o auxílio soviético e com os heróis românticos de todo o mundo, simbolizados por E. Hemingway, correspondente de guerra e soldado. Os rebeldes nacionalistas lançaram então duas bem-sucedidas campanhas. Enquanto Mola atacava a província basca de Guipúzcoa para isolar a França, o exército mercenário africano de Franco avançava sobre Madrid, deixando atrás de si um rasto de morte e destruição. A 10 de Agosto, os dois blocos de nacionalistas faziam a junção, consolidando a sua posição em Agosto e Setembro. As tropas do General José Henrique Varela ligaram Sevilha, Córdoba, Granada e Cádis, numa altura em que os republicanos não tinham possibilidade de igualar os sucessos nacionalistas, somando derrotas sucessivas. A 21 de Setembro, os líderes dos revoltosos escolheram o General Franco, em Salamanca, para comandante em chefe. Nesse dia, este militar dirigiu as suas colunas para o sudeste de Madrid, no sentido de libertar a guarnição de Toledo, o que fez perder uma excelente oportunidade de atacar a capital antes desta preparar a sua defesa.

Então, abrandou o ritmo da guerra para purgar o território capturado. Confirmado como Caudilho e chefe de Estado a 1 de Outubro, Franco controlava a zona central, enquanto os republicanos enfrentavam divisões internas entre comunistas, socialistas e anarquistas. A 7 de Outubro, o exército africano marchava sobre Madrid, uma cidade cheia de refugiados e com graves problemas de subalimentação. O atraso de Franco permitira a reorganização da defesa de Madrid, ajudada pela chegada de armas soviéticas e das colunas de voluntários conhecidas como Brigadas Internacionais. No entanto, a 6 de Novembro, o governo debandou para Valência, deixando Madrid nas mãos do General José Miaja. Apoiado pela Junta de Defesa, dominada pelos comunistas, reuniu a população deixando a planificação militar ao seu chefe de pessoal, o bem-sucedido coronel Vicente Rojo. Embora o general Franco tivesse tido a habilidade para chamar até si as germânicas Legiões Condor, em Novembro teve de aceitar o insucesso do seu assalto. A cidade aguentou-se durante 28 meses. Franco reagiu tentando circundar a capital. Apesar das derrotas nas batalhas de Boadilla (Dezembro de 1936), de Jarama (Fevereiro de 1937), e de Guadalajara (março de 1937), a vantagem era ainda dos nacionalistas, que em Março deram início a um ciclo de batalhas que lhes permitiram capturar o Norte de Espanha nas estações quentes de 1937. O começo desta ofensiva partiu do ataque das tropas de Mola ao país Basco, já de si desmoralizado pelos bombardeamentos da Legião Condor.

A sua capital, Bilbau, caiu a 19 de Junho, depois da destruição de pequenas cidades como Guernica, localidade imortalizada num quadro com o mesmo nome da autoria de Pablo Picasso e onde morreram cerca de 9 000 habitantes massacrados pela aviação alemã.

Em seguida, as forças nacionalistas, bem apetrechadas com tropas e equipamento italiano, capturam Santander a 26 de Agosto e as Astúrias em Setembro e Outubro. A superioridade desta fação do conflito aumentou com a posse da riqueza mineira e da indústria do Norte. O coronel Vicente Rojo tentou então, através de várias ofensivas, suster o avanço nacionalista, em cidades como Brunete (outra localidade cuja população foi massacrada ou deportada), Saragoça e Teruel, mas não cumpriu totalmente os seus objetivos, pois era imparável a máquina de guerra dos nacionalistas. Estes tentaram e conseguiram tirar partido da exaustão dos republicanos desmoralizados com a derrota em Teruel. As tropas de Franco avançaram para o vale do Ebro e a 15 de Abril atingiram o mar. Em Julho, Franco em vez do assalto a Barcelona, dirigiu um maior ataque sobre Valência. Os republicanos tentavam resistir a todo custo às forças do General Franco, que os pretendia aniquilar totalmente. Em Novembro, a República estava quase completamente derrotada. A cidade anarco-esquerdista de Barcelona caía às mãos dos nacionalistas a 26 de Janeiro de 1939 e Madrid a 4 de Março. Entretanto, o comandante do Exército Republicano do Centro, o coronel Segismundo Casado, revoltava-se contra o governo republicano numa tentativa de parar com a violência. A sua tentativa de negociar com os vencedores foi rejeitada por Franco. A pouco e pouco as tropas republicanas foram-se rendendo. A 27 de Março, os nacionalistas entraram na cidade de Madrid e os republicanos foram exilados. Esta vitória de Franco inaugurou, assim, uma ditadura de 38 anos. A Guerra Civil Espanhola saldou-se numa perda de 400 000 mortos em combate, 1 000 000 de presos e cerca de 100 000 execuções, conhecidas num espaço de tempo compreendido entre 1939 e 1943. Não se conhece um número exato para as execuções de civis e fugitivos. Para além das perdas humanas, há que reter que o país ficou praticamente destruído e sofreu danos no seu parque industrial e na rede de comunicações que só começariam a ser reparados durante a década de 60.



Fontes: Variadas

Efeméride de 17 de Julho – Morte de Nicolau II

Em 17 de Julho 1918 – Nicolau II da Rússia e sua família são assassinados pelos bolcheviques em Ecaterimburgo.

Nicolau IINikolái Alieksándrovich Románov, foi o último Imperador da Rússia, Rei da Polônia e Grão-Duque da Finlândia. Nasceu no Palácio de Catarina, em Tsarskoye Selo, próximo de São Petersburgo, em 18 de Maio (6 de Maio no calendário juliano) de 1868. É também conhecido como São Nicolau o Portador da Paixão pela Igreja Ortodoxa Russa. Oficialmente, era chamado Nicolau II, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias.

Filho de Alexandre III, governou desde a morte do pai, em 1 de Novembro de 1894, até ter abdicado em 15 de Março de 1917, quando renunciou em seu nome e no nome de seu herdeiro, passando o trono para seu irmão, o grão-duque Miguel Alexandrovich.

Durante o seu reinado viu a Rússia decair de uma potência do mundo para um desastre económico e militar. Nicolau foi apelidado pelos críticos de "o Sanguinário" por causa da Tragédia de Khodynka, pelo Domingo Sangrento e pelos fatais programas antissemitas que aconteceram na época de seu reinado. Como Chefe de Estado, aprovou a mobilização de Agosto de 1914 que marcou o primeiro passo fatal em direção à Primeira Guerra Mundial, a revolução e consequente queda da dinastia Romanov.

O seu reinado terminou com a Revolução Russa de 1917, quando, regressava do seu quartel-general para a capital, o comboio onde seguia foi detido em Pskov e ele foi obrigado a abdicar. A partir daí, o czar e sua família ficaram prisioneiros, primeiro no Palácio de Alexandre em Tsarskoye Selo, depois na Casa do Governador em Tobolsk e finalmente na Casa Ipatiev em Ecaterimburgo. Nicolau II, a sua mulher, o seu filho, as suas quatro filhas, o médico da família imperial, um servo pessoal, a camareira da imperatriz e o cozinheiro da família foram executados no porão da casa pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17 de Julho de 1918. É conhecido que esse evento foi ordenado de Moscuvo por Lenin e pelo também líder bolchevique Yakov Sverdlov. Mais tarde Nicolau II, sua mulher e seus filhos foram canonizados como neomártires por grupos ligados à Igreja Ortodoxa Russa no exílio.


terça-feira, 16 de julho de 2019

Efeméride de 17 de Julho – Anexação de Timor pela Indonésia


De acordo com alguns antropólogos, um pequeno grupo de caçadores e agricultores já habitava a ilha de Timor por volta de 12 mil anos a.C. Há documentos que comprovam a existência de um comércio esporádico entre Timor e a China a partir do século VII, ainda que esse comércio se baseasse principalmente na venda de escravos, cera de abelha e sândalo, madeira nobre utilizada na fabricação de móveis de luxo e na perfumaria, que cobria praticamente toda a ilha. Por volta do século XIV, os habitantes de Timor pagavam tributo ao reino de Java. O nome Timor provém do nome dado pelos Malaios à ilha onde está situado o país, Timur, que significa "Leste".

O primeiro contato europeu com a ilha terá sido feito pelos Portugueses quando estes lá chegaram em 1512 em busca do sândalo. Durante quatro séculos, os Portugueses apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os recursos naturais da ilha. Díli, a capital do Timor Português, apenas nos anos 1960 começou a dispor de luz elétrica, e na década seguinte, de água, esgoto, escolas e hospitais. O resto do país, principalmente em zonas rurais, continuava atrasado.

Até agosto de 1975, Portugal liderou o processo de autodeterminação de Timor-Leste, promovendo a formação de partidos políticos, tendo em vista a independência do território. Quando as forças pró-indonésias atacaram as forças portuguesas no território, estas foram obrigadas a deixar a ilha de Timor e a refugirem-se em Ataúro, quando se dá início à Guerra Civil entre a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN) e as forças da União Democrática Timorense (UDT). A FRETILIN saiu vitoriosa da guerra civil e proclamou a independência a 28 de Novembro do mesmo ano, o que não foi reconhecido por Portugal.

A proclamação da independência por um partido da FRETILIN de tendência marxista levou a que a Indonésia invadisse Timor-Leste. Em 7 de Dezembro, os militares indonésios desembarcavam em Díli, ocupando rapidamente toda a parte oriental de Timor, apesar do repúdio da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU, que reconheceram Portugal como potência administradora do território.

A 17 de Julho 1976 a Indonésia anexa Timor, que se torna na 27.ª província daquele país.

A 17 de Julho de 1976, o Parlamento indonésio aprova, por unanimidade, a Lei 7/76, que incorpora Timor-Leste como a 27.ª província indonésia. Em Dezembro de 1976, a Assembleia Geral das ONU, pela Resolução n.º 31/53, rejeita essa integração e considera que o povo timorense não teve ainda a oportunidade para exercer livremente o seu direito à autodeterminação. A partir de 1976, no âmbito das NU, a questão de Timor-Leste começa a perder relevância.

A acção de Portugal no âmbito das Nações Unidas, de 1976 até meados dos anos 1980, é reduzida limitando-se a pouco mais do que a pronunciar a intervenção anual no plenário da Assembleia Geral ou no Comité de Descolonização.

É essencialmente a liderança timorense no exterior (em que se destacam José Ramos-Horta, Abílio Araújo, Roque Rodrigues, Mari Alkatiri e José Luís Guterres), com o apoio activo dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa, que mantém a questão viva e promove a apresentação de resoluções na Assembleia Geral das NU.

O factor determinante dessa mudança foi, antes de mais, o facto de, contrariamente à expectativa da generalidade dos observadores, a resistência interna à ocupação, incluindo no plano militar, continuar viva ao fim de tantos anos, apesar de não ter qualquer apoio exterior.

Não foi a acção no exterior que gerou a internacionalização da questão de Timor, mas antes a persistência da resistência no interior que alimentou e possibilitou essa internacionalização.

Xanana Gusmão, numa mensagem aos timorenses na diáspora, a 1 de Maio de 1991, dizia acertadamente: «Tudo o que se desenrola, aí, no exterior, tem sido a resposta à situação desenvolvida no interior da Pátria.»

A Igreja Católica timorense veio a desempenhar um papel de grande importância, não só no apoio espiritual, humano e material que deu ao povo – e mesmo aos membros da resistência – mas também na legitimação e credibilização internacional da resistência.

A Igreja Católica, após a invasão, colocou-se ao lado do povo, que passou a encontrar nela apoio e local de refúgio. Isso levou a que de igreja com uma influência reduzida na população no momento da invasão, viesse a registar uma grande adesão, com baptismos e conversões em grande número. A Igreja Católica resiste às tentativas de silenciamento que a Indonésia – e mesmo o Vaticano - tentam impor. Depois de um período de relativo silêncio a Igreja Católica timorense começa a fazer ouvir a sua voz, denunciando a situação.

A Igreja Católica denuncia não apenas a situação grave que se vivia, mas também reforça a ideia de que não estávamos apenas perante uma resistência armada isolada, mas perante uma rejeição generalizada da ocupação. Por causa dessas denúncias o bispo D. Martinho da Costa Lopes é afastado, sendo nomeado seu sucessor, em 1983, D. Ximenes Belo, considerado mais próximo das posições indonésias.

Porém, pouco depois, D. Ximenes Belo acaba por surpreender, ao assumir claramente a defesa do povo timorense e a necessidade da realização de um referendo, o que faz nomeadamente em carta que dirigiu, a 6 de Fevereiro de 1989, ao secretário-geral das NU e onde diz que o povo timorense estava «morrendo como povo e como nação».

O massacre de Santa Cruz, ocorrido a 12 de Novembro de 1991, marca uma mudança de paradigma no tratamento da questão de Timor-Leste pela comunidade internacional.

Não por ter ocorrido. Timor já tinha sido palco de muitos e mesmo mais graves massacres. Mas desta vez, graças à presença de jornalistas estrangeiros, como Max Stahl, Allain Nairn e Amy Goodman, o massacre foi filmado, o que possibilitou a sua divulgação nas televisões do mundo inteiro. A Indonésia, que vinha pretendendo que tudo estava bem em Timor-Leste, é desmentida de forma irrefutável.

Podemos dizer que Xanana Gusmão na prisão tornou-se uma arma mais eficaz contra a Indonésia do que se tivesse continuado a dirigir as operações militares na montanha.

A 27 de Janeiro de 1999, a Indonésia anuncia à imprensa que a proposta de autonomia só poderia ser uma solução definitiva. Se os timorenses a não aceitassem então a Indonésia estava pronta para se retirar de Timor.

A Indonésia admite, pela primeira vez, duas ideias que até aí eram tabu: que a integração não era irreversível e que seriam os timorenses a decidir o seu futuro.

Para a mudança de posição indonésia terá contribuído a mudança de posição da Austrália e, nomeadamente, uma célebre carta que o primeiro-ministro australiano, John Howard, enviou ao Presidente Habibie, a 19 de Dezembro de 1998.

O Parlamento indonésio revogou, a 19 de Outubro, por unanimidade, a lei que a 17 de Julho de 1976 tinha anexado Timor-Leste como a 27.ª Província Indonésia.

Timor entrou assim numa fase de transição, em que foi administrado pelas Nações Unidas (através da UNTAET, criada pela resolução do CS 1272, de 25 de Outubro de 1999) até 20 de Maio de 2002, data da declaração de independência como República Democrática de Timor-Leste.

A 20 de Maio de 2002, com a conquista de sua independência, Timor-Leste tornou-se o oitavo país membro da (CPLP), Comunidade de Países de Língua Portuguesa, onde já se encontravam Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Efeméride de 16 de Julho – Inicio da Era Nuclear


A 16 de Julho de 1945 – Inicia-se a Era Nuclear: no decurso do Projecto Manhattan, os Estados Unidos realizam a Experiência Trinity, detonando com sucesso uma bomba nuclear de plutónio – acontecia assim a primeira explosão nuclear da história.
O Projecto Manhattan foi um projecto de pesquisa e desenvolvimento que leva à produção das primeiras bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi liderada pelos Estados Unidos, com o apoio do Reino Unido e Canadá. De 1940 a 1946, o projeto esteve sob a direcção do major-general Leslie Groves do Corpo de Engenheiros do Exército.
O Projecto Manhattan começou modestamente em 1939, mas cresceu e empregou mais de 130 000 pessoas e custou cerca de US$ 2 bilhões (equivalente a cerca de 23mil milhões de euros em 2013). Mais de 90% do custo foi para a construção de fábricas e produção de materiais físseis, com menos de 10% para o desenvolvimento e produção das armas. A pesquisa e produção ocorreu em mais de 30 locais nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
O projeto foi acusado de, através da Operação Alsos, ter utilizado espiões para recolher informações sobre o Projeto de energia nuclear alemão que estaria em curso.
O primeiro dispositivo nuclear a ser detonado foi uma bomba de implosão no teste Trinity, realizado em Alamogordo, Novo México em 16 de julho de 1945. As bombas Little Boy e Fat Man, do tipo de implosão, foram utilizadas nos bombardeios atómicos de Hiroshima e Nagasaki, respectivamente. Nos anos pós-guerra, o Projecto Manhattan realizou testes de armas no Atol de Bikini, como parte da Operação Crossroads, desenvolveu novas armas, promoveu o desenvolvimento da rede de laboratórios nacionais.
O Projecto Manhattan foi desenvolvido sob uma cobertura de segurança rígida, mesmo assim os serviços secretos, espiões atómicos soviéticos, conseguiram ter acesso ao programa.
De acordo com a informação veiculada pela Federação Americana de Cientistas, pelo estudo WorldFactbook da CIA e pela organização Nuclear ThreatInitiative são actualmente potências nucleares os EUA, a Rússia, o Reino Unido, a França, a China, a Índia, o Paquistão, a Coreia do Norte?, Israel e o Irão?.






segunda-feira, 15 de julho de 2019

Efeméride de 15 de Julho – Tomada de Jerusalém pelos Cruzados


Em 15 de Julho de 1099  –  Primeira Cruzada: os cristãos conquistam o Santo Sepulcro em Jerusalém e tomam a cidade, pondo fim a um cerco militar.
A Primeira Cruzada foi proclamado em 1095 pelo papa Urbano II com o objectivo duplo de auxiliar os cristãos ortodoxos do leste e libertar Jerusalém e a Terra Santa do jugo muçulmano. Na verdade, não foi um único movimento, mas um conjunto de acções bélicas de inspiração religiosa, que incluiu a Cruzada Popular, a Cruzada dos Nobres e a Cruzada de 1101.

Começou com um apelo do Imperador Bizantino Aleixo I ao papa para o envio de mercenários para combater os turcos selêucidas na Anatólia. Mas a resposta do cristianismo ocidental rapidamente se tornou em uma verdadeira migração de conquista territorial no Levante. Nobreza e povo de várias nações da Europa Ocidental fizeram a  peregrinação armada até à Terra Santa. Existem algumas evidências que Dom Henrique terá participado, por terra e por mar, e tomaram a cidade de Jerusalém em 15 de Julho de 1099, criando o Reino Latino de Jerusalém e outros estados cruzados.

A Primeira Cruzada representou um marco na mentalidade e nas relações de cristãos ocidentais, cristãos orientais e muçulmanos. Apesar das suas conquistas terem eventualmente sido completamente perdidas, também foi o início da expansão do ocidente que, juntamente com a Reconquista da península Ibérica, resultaria na aventura dos descobrimentos e no imperialismo ocidental.


sexta-feira, 12 de julho de 2019

Efeméride de 12 de Julho – Independência de São Tomé e Príncipe

Em 12 de Julho de 1975 – São Tomé e Príncipe declara a sua independência de Portugal.

São Tomé e Príncipe, oficialmente República Democrática de São Tomé e Príncipe, é um estado insular localizado no Golfo da Guiné, composto por duas ilhas principais (Ilha de São Tomé e Ilha do Príncipe) e várias ilhotas, num total de 1001 km², com cerca de 192 mil habitantes. Não tem fronteiras terrestres, mas situa-se relativamente próximo das costas do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e Nigéria.

As ilhas de São Tomé e Príncipe estiveram desabitadas até 1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém e Pedro Escobar as descobriram. Foi, então, uma colónia de Portugal desde o século XV até à sua independência em 12 de Julho de 1975. É um dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

História

As ilhas de São Tomé e Príncipe estiveram desabitadas até 1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém, Pêro Escobar e João de Paiva as descobriram na zona do Golfo da Guiné.

De acordo com fontes históricas, em carta datada de 29 de Julho de 1493, o rei Dom João II, nomeou Álvaro de Caminha donatário da Ilha de São Tomé, em que teve outros privilégios especiais, tais como a compra de escravos Africanos, alguns europeus criminosos, degredados e os chamados cristãos – novos ou sejam os recém Judeus.



As crianças judias, filhas desses cristãos – novos com idades compreendidas entre os 2 e 10 anos, o Rei reservou um destino particular que foi “O Povoamento das Ilhas de São Tomé e Príncipe”. A partir desta etapa histórica, começa o povoamento destas Ilhas próximas ao Equador.



Como narra o escritor da época medieval[i], no embarque no porto de Lisboa cerca de 2000 crianças judias foram separadas e arrancadas a força dos seus pais e postas em navios e barcos rumo a São Tomé e Príncipe.

Numa das várias revoltas internas nas ilhas, um escravo chamado Amador[ii], considerado herói nacional, controlou cerca de dois terços da ilha de São Tomé.

A agricultura só foi estimulada no arquipélago no século XIX, com o cultivo de cacau.

Em 1960, surge um grupo nacionalista opositor ao domínio português. Em 1972, o grupo dá origem ao Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), de orientação marxista. Assim, em 1975, após cerca de 500 anos de controlo de Portugal, o arquipélago é descolonizado.

Após a independência, foi implantado um regime socialista de partido único e as plantações são nacionalizadas sob a alçada do MLSTP. Dez anos após a independência (1985), inicia-se a abertura económica do país. Em 1990, adota-se uma nova constituição, que institui o pluripartidarismo.

As ilhas de São Tomé e do Príncipe ficam situadas junto à linha do Equador (atravessa o Ilhéu das Rolas) e a cerca de 300 km da costa Ocidental de África. Todo o arquipélago está inserido no rifte da linha vulcânica dos Camarões.


São Tomé e Príncipe tem um clima do tipo equatorial, quente e húmido, com temperaturas médias anuais que variam entre os 22 °C e os 30 °C. É um país com uma multiplicidade de microclimas, definidos, principalmente, em função da pluviosidade, da temperatura e da localização. A temperatura varia em função da altitude e do relevo.

Do total da população de São Tomé e Príncipe, cerca de 180 mil vivem na ilha de São Tomé e sete mil e quinhentos na Ilha do Príncipe.

Na década de 1970 houve dois fluxos populacionais significativos — o êxodo da maior parte dos 4000 residentes portugueses e o influxo de várias centenas de refugiados são-tomenses vindos de Angola.

Os ilhéus foram na sua maior parte absorvidos por uma cultura comum luso-africana. Quase todos pertencem às igrejas Católica Romana, Evangélica, Nazarena, Congregação Cristã ou Adventista do Sétimo Dia, que, por sua vez, mantém laços estreitos com as igrejas em Portugal.

O português é a língua oficial de São Tomé e Príncipe, falada por cerca de 98,4% da população do país, uma parte significativa dela como sua língua materna.

Economia

São Tomé e Príncipe tem apostado no turismo para o seu desenvolvimento, mas a recente descoberta de jazidas de petróleo nas suas águas abriu novas, embora ainda mal definidas perspectivas para o futuro. A cultura do Café e do Cacau assim como a actividade pesqueira, continuam a ser as principais fontes económicas do país. O país continua também a manter estreitas relações bilaterais com Portugal.



[i] Samuel Usque, judeu português, relata no seu livro “Os Sofrimentos e Tribulações de Israel” (1553)
[ii] Amador, o líder da grande revolta de escravos de 1595, é uma figura emblemática da história de São Tomé e Príncipe. Desde 1976, quando o escudo português foi substituído pela nova moeda dobra, as notas bancárias do país retratam a efígie de Amador, concebida pelo artista são-tomense Protásio Pina (1960-1999).
Amador foi apresentado como um percursor da luta pela libertação que “libertou uma grande parte do território nacional…. Era um nacionalista que desafiou o sistema colonial.
Sobre a revolta dos escravos em 1595 existem apenas dois documentos históricos considerados fontes primárias. Ambos os relatórios foram escritos por contemporâneos dos acontecimentos, na perspectiva dos colonos brancos de São Tomé. O primeiro documento, em italiano, cujo original está no Arquivo do Vaticano, é anónimo e sem data e intitula-se ‘Relatione uenuta dall’ Isola di S.Tomé’ O segundo é um relatório da revolta integrado no famoso manuscrito do são-tomense padre Manuel do Rosário Pinto (1669-1738?) cujo original se encontra na Biblioteca de Ajuda em Lisboa. Rosário Pinto foi deão da Sé e uma figura proeminente da sua época em São Tomé. O seu manuscrito cobre o período de 1471 a 1734, ano da sua conclusão, e integra um relatório anónimo contemporâneo da revolta do Amador ao qual Rosário Pinto aparentemente teve acesso.
 Este manuscrito foi publicado integralmente pela primeira vez por António Ambrósio, em 1970.