Efeméride de 10 de Maio de 1293 – Criação da Bolsa dos Mercadores
Frequentemente somos acusados de
sermos bons a agir, mas não muito virados para o longo prazo e o planeamento.
Não há dúvida que a nossa capacidade de desenrascanço nos
tornou peritos em explorar novos mundos, onde se tem de tomar decisões rápidas
e corajosas.
Mas também é verdade que ao longo
da História isso foi muito potenciado por alguns bons estrategas que viram o
plano geral. E um deles foi claramente Dom Dinis.
Além da centralização que Dom
Dinis promoveu em todo o território nacional foi também posto em prática um
programa de apoio e incentivo à produção. Acabando com isso mesmo a colocar
Portugal numa posição de produção de excedentes alimentares.
Tendo, durante grande parte do
seu Reinado, conseguido manter Portugal em paz, numa altura em que as guerras
grassavam pela Europa, conseguiu-se a oportunidade ideal para fomentar o
comércio externo.
Esta é a primeira vez na história portuguesa em que olhamos
para o mar como mercadores de longa distância. E todo o apoio estatal a toda
actividade, desde a produção à exportação, é muito relevante no processo.
Bolsa dos Mercadores[i]: Associação
de mercadores confirmada por Carta Régia de D. Dinis em 1293.
Aí depositavam um determinado valor monetário por cada navio que saísse do
Reino para mercadejar no Norte da Europa. Servia esse fundo para cobrir os
prejuízos nas embarcações dos segurados, no seu ou noutro país
Foi por este decreto que Dom
Dinis aprovou a Bolsa dos Mercadores, que também ele tinha fomentado a criação.
Fundada oficialmente a 10 de Maio de 1293 no Porto
Dom Dinis, pela graça de Deus,
rei de Portugal e do Algarve. A quantos esta carta virem faço saber que como os
mercadores do meu Reino entendessem fazer uma postura entre si que era de muito
serviço de Deus e meu aproveitamento da minha terra (…) que todas as barcas
acima de cem tonéis que carregassem nos portos dos meus Reinos para a Flandres,
Inglaterra, Lombardia, Bretanha ou La Rochelle, que paguem 20 soldos no frete.
E as outras barcas abaixo de cem tonéis pagassem 10 soldos. E outrossim que se
alguma barca for fretada aos mercadores da minha terra para além-mar, para
Sevilha ou lugares acima ditos, cada barca pague o que é costume.
E (do pagamento desses fretes)
devem esses mercadores ter na Flandres [um depósito] de cem marcos [de prata]
(…) e outro em minha terra naqueles lugares que acharem convenientes. E isto
fazem esses mercadores para as despesas dos negócios que tiverem ou entenderem
vir a possuir na Flandres como em cada uma das outras terras, preitos e seus
negócios (…) e outrossim para aquelas coisas que considerem para aproveitamento
e honra da terra. E esses mercadores pediram-me por mercê que lhes confirmasse
e outorgasse esta postura (…) e eu entendo que (…) é serviço de Deus e meu e
grande aproveitamento da minha terra e querendo-lhes fazer graça e mercê, mando
e outorgo e confirmo-lhes esta postura (…). Dada em Lisboa aos dez dias do mês
de Maio (…) era de mil trezentos e trinta e um ano [1293
Com isto quem apostava na promovida expansão comercial por
via naval passava a ter uma forma primitiva de seguro. O que permitia apostas
mais ousadas na busca por rotas de comércio marítimo.
[i]
Associação de mercadores confirmada por Carta Régia de D.
Dinis em 1293. Aí depositavam um determinado valor monetário por cada navio que
saísse do Reino para mercadejar no Norte da Europa. Servia esse fundo para
cobrir os prejuízos nas embarcações dos segurados, no seu ou noutro país
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