Efeméride de 9 de Maio de 1386 – Tratado de Windsor
O Tratado de Windsor foi estabelecido
entre Portugal e a Inglaterra, sendo a mais
antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinado a 9
de Maio de 1386 após os ingleses lutarem ao lado da Casa de
Avis na batalha de Aljubarrota e com o sentido de renovar
a Aliança Anglo-Portuguesa estabelecida pelos dois países
em 1373[i]. Por
ocasião do casamento de João I, rei de Portugal e Filipa de Lencastre,
filha de João de Gante, o Reino de Portugal foi representado por Lourenço
Anes Fogaça[ii].
A Inglaterra e Portugal estabeleceram
um Tratado de Aliança em 1373, tendo os ingleses lutado juntamente
com a Casa de Avis na batalha de Aljubarrota contra o Reino de
Castela em 1385.
Com a vitória na batalha de Aljubarrota, o exército
castelhano, derrotado e com perdas significativas, vão impedir que João I de
Castela tente nova invasão nos anos seguintes.
O mestre da Avis Dom. João foi reconhecido como rei de
Portugal, pondo um fim à crise de sucessão de 1383-1385 e à anarquia
que grassava no território português.
Apenas em 1411, com a
assinatura do Tratado de Ayllón-Segovia, Castela reconhece Dom João I como
Rei de Portugal.
Portugal e a Inglaterra (D. João
I e Ricardo II, respetivamente) assinaram o Tratado de Windsor, confirmando
formalmente a aliança que haveria de servir de alicerce às relações bilaterais
entre ambos durante mais de 600 anos.
No acto de confirmação de esta
aliança esteve o casamento real entre Filipa de Lencastre, filha de João
de Gante, duque de Lencastre, e D. João I, realizado em 1387. O
comércio entre os dois países desenvolveu-se através dos armazéns ingleses,
entretanto criados no Porto: bacalhau e tecidos eram
trocados por vinho, cortiça, sal e azeite.
Desta união, entre outros, destaca-se o se filho mais novo,
Henrique (Príncipe Henrique, o Navegador), liderou a Época Áurea de Portugal
através das suas viagens de descobertas marítimas.
O tratado de Windsor, ainda válido, com altos e baixos, estabeleceu
um pacto de apoio mútuo entre Portugal e Inglaterra (hoje o Reino Unido),
de que destaca:
a. Durante
a dinastia Filipina, de 1580 a 1 de dezembro de 1640,
dada a união ibérica e a guerra entre Espanha e Inglaterra, o tratado foi
suspenso, permitindo confrontos como o saque da Nau portuguesa Madre de
Deus em 1592.
- O
Reino de Portugal usou-o em 1640, para expulsar os reis de Espanha
(da casa dos Habsburgos).
- No início do século XIX a aliança deu
novamente impulso às relações entre Reino Unido e Portugal quando Napoleão
invadiu Portugal. Em 1807 o exército francês atacou Lisboa e a família
real portuguesa teve de fugir para o Brasil[iii],
ainda colónia portuguesa. O auxílio a Portugal por parte dos britânicos
precipitou a Guerra Peninsular.
- Ainda no século XIX o governo britânico
contornou o tratado ao responder com um ultimato a Portugal
quando este, por ocasião da Conferência de Berlim, apresentou um
projeto — Mapa Cor-de-Rosa[iv] —
em que reivindicava o território entre Angola e Moçambique.
- Já no século XX, o Reino Unido invocou-o por
ocasião da Primeira Guerra Mundial, em maio de 1916, pedindo o
apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude
justificou a declaração oficial de guerra de Portugal em relação à
Alemanha e seus aliados, a 9 de março de 1916 (apesar dos combates em
África desde 1914).
- Voltou novamente a ser invocado na Segunda
Guerra Mundial permitindo o uso da Base das Lajes pelos Aliados.
[i]
O Tratado de Londres, também conhecido como Tratado de Paz, Amizade e Aliança,
foi selado na Catedral de São Paulo, a 16 de Junho de 1373, entre o Rei Eduardo
III de Inglaterra, o Rei Fernando e a Rainha Eleanor de Portugal.
[ii]
Lourenço Anes Fogaça ou Lourenço Eanes Fogaça, cavaleiro e senhor da Quinta de
Morfacém em Almada, foi o diplomata e chanceler-mor português que negociou o
Tratado de Windsor e que foi alcaide-mor de Lisboa. "Foi um homem
discreto, competente, eficaz e genuíno, que muito deu aos seus reis e à sua
Pátria".
[iii]
Em finais de Novembro de 1807 a família real portuguesa realiza uma apressada
saída de Lisboa para escapar aos invasores franceses. A corte muda-se para
o Brasil onde vai ficar até 1821. A família real parte de Lisboa em
Novembro de 1807 e chega ao Brasil em Janeiro do ano seguinte. Foi
uma viagem com alguns perigos.
[iv]
O Mapa Cor-de-Rosa desenhava novas fronteiras no Império africano ligando
Angola e Moçambique. Os ingleses, que sonhavam com um caminho-de-ferro ligando
a África do Sul ao Egipto, impõem um ultimato aos portugueses: Ou esquecem o
mapa ou têm guerra.
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