domingo, 25 de junho de 2017

Efeméride de 25 de Junho – Independência de Moçambique


Moçambique, oficialmente, República Popular de Moçambique, localizado no sudeste do Continente Africano, banhado pelo Oceano Índico a leste fazendo fronteira com a Tanzânia a norte; Malawi e Zâmbia a noroeste; Zimbabwe a oeste e Suazilândia e África do Sul a sudoeste. A sua actual capital e a maior cidade do país é Maputo (Antiga Lourenço Marques durante o domínio colonial português). Com 801 537 quilómetros quadrados de área territorial, Moçambique é o 34º maior país do mundo em área territorial.

Entre o primeiro e o quinto século d.C., vários povos migraram de regiões do norte e oeste para essa região. Ao longo da sua costa foram sendo implantados vários portos comerciais, principalmente por suaílis e, mais tarde, árabes até à chegada dos Portugueses. A Zona foi reconhecida por Vasco da Gama em 1498 e em 1505 foi anexada pelo Império Português. Depois de mais de quatro séculos de domínio português, Moçambique tornou-se independente em 1975, transformando-se na República Popular de Moçambique pouco tempo depois. Após dois anos de independência, o país mergulhou em uma prolongada guerra civil  que durou de 1977 a 1992. Em 1994, o país realizou as suas primeiras eleições multipartidárias livres e democráticas mantendo-se como uma república presidencial relativamente estável desde então.

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) iniciou uma campanha de guerrilha contra o governo português em setembro de 1964. Do ponto de vista militar, o exército português manteve o controlo dos centros populacionais, enquanto as forças de guerrilha procuraram espalhar a sua influência em áreas rurais no norte e no oeste do país.

Após dez anos de guerra e com a reimplantação da democracia em Portugal, através de um golpe militar, que substituiu o regime do Estado Novo em Portugal por uma junta militar (a Revolução dos Cravos, 25 de Abril de 1974), e na sequência dos Acordos de Lusaka, a FRELIMO assumiu o controlo do território moçambicano. Moçambique tornou-se independente de Portugal em 25 de junho de 1975. Após a independência, a maioria dos 250 mil portugueses que viviam em Moçambique abandonaram o território, retornando grande parte deles a Portugal.

Moçambique é dotado de ricos e extensos recursos naturais. A economia do país é baseada principalmente na agricultura de subsistência, mas o sector industrial, principalmente na produção de alimentos, bebidas, produtos químicos, alumínio e petróleo, está crescendo. O sector de turismo também está em crescimento, principalmente o relacionado com o turismo da natureza (Parque Natural da Gorongosa). A África do Sul é o principal parceiro comercial de Moçambique e a principal fonte de investimento directo. Portugal, Brasil, Espanha e Bélgica também estão entre os mais importantes parceiros económicos do país. Desde 2001, a taxa média de crescimento económico anual do PIB moçambicano tem sido uma das mais altas do mundo, 7,2 em 2015.

A língua oficial de Moçambique é o português, que é falado principalmente como segunda língua por cerca de metade da população. Entre as línguas nativas mais faladas estão o Macua, o Tsonga e a Sena. A população de cerca de 24 milhões de pessoas é composta predominantemente por povos bantos. A religião mais praticada em Moçambique é o cristianismo, mas há uma presença significativa de seguidores do islamismo.

O país é membro da União Africana, da Commonwealth Britânica, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Latina, da Organização da Conferência Islâmica, da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e da Organização Internacional da Francofonia.

O Bloqueio de Berlim – 25 de Junho de 1948

Em reação às ações dos países ocidentais na reconstrução da Alemanha, os soviéticos decretaram em 1948 o Bloqueio de Berlim, impedindo o envio de mantimentos e outros materiais necessários à vida normal na cidade

Quando os aliados venceram a 2ª Guerra Mundial, em 1945, a Alemanha, livre dos nazis, foi repartida em quatro zonas administrativas - controladas pela União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e França.
A capital alemã, Berlim, apesar de estar geograficamente localizada no que então era a zona soviética, também foi subdividida em quatro áreas, o que criou um núcleo capitalista (o território de americanos, franceses e ingleses) no meio do território sob controlo soviético. 

Como o regime de Moscovo não queria ter uma amostra do capitalismo na área por si dominada e em represália à determinação dos Aliados em introduzir o marco alemão como unidade monetária também em Berlim Ocidental, Estaline resolveu fechar o acesso terrestre a essa zona da cidade, o que iria paralisar toda a indústria, e na opinião de Estaline, obrigaria a cidade a aceitar ajuda soviética mais cedo ou mais tarde. Assim, a 24 de Junho de 1948, Estaline decretou o Bloqueio de Berlim, Americanos e Britânicos decidiram então criar uma ponte aérea para abastecer a cidade. Berlim é abastecida via aérea durante os 321 dias do cerco.
Durante 10 meses, dois milhões de toneladas de bens essenciais foram levados de avião para Berlim. A solução encontrada pelo Ocidente para fazer face ao Bloqueio, levou Estaline a suspender o mesmo a 12 de Maio de 1949.

A ponte aérea para Berlim ficou conhecida como Operação Vittles.
Na verdade em 1947, os EUA lançaram o Plano Marshall, que consistia no investimento de enormes quantias de dinheiro nos países da Europa Ocidental, com o objetivo de reconstruir económica e socialmente esses países. Os principais beneficiados pelos investimentos foram a Inglaterra, a França, a Itália e a Alemanha.

https://t.dynad.net/pc/?dc=5550003220;ord=1498391985423Do lado soviético, a URSS lançou o Cominform e o Comecom. O Cominform, também conhecido como Comunismo Internacional Revolucionário, instituído em 1947, tinha por objetivo a coordenação das ações dos países ditos comunistas do Leste Europeu. O Comecom, ou Conselho de Assistência Econômica Mútua, cumpria uma função de iniciar a integração econômica entre os países da esfera de influência da URSS.
Do lado ocidental, essas medidas resultaram na uniformização monetária e administrativa dos territórios alemães sob o controle dos EUA, França e Inglaterra. A uniformização contrariava as decisões realizadas nas conferências de paz ao final da II Guerra Mundial, principalmente as de Yalta e de Potsdam.

Essa medida tornou a Alemanha o cenário do aumento da tensão entre os dois polos da Guerra Fria. A reação da URSS foi cortar todas as vias de comunicação com a cidade de Berlim, pressionando os ocidentais. O Bloqueio de Berlim foi possível em virtude de a cidade estar localizada na parte soviética da Alemanha.
A reação dos países ocidentais foi a implantação de uma ponte aérea, como já foi acima referido, para que a parte ocidental da cidade fosse abastecida. Essa situação trouxe novamente a iminência de um novo conflito armado na Europa. Porém, em 1949, o bloqueio foi suspenso, formando ainda nesse ano dois novos países: A República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental, e a República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental.

A capital da Alemanha Ocidental passou a ser a cidade de Bonn, e a capital da Alemanha Oriental continuou a ser Berlim, mas apenas sua parte oriental. Entretanto, em razão de Berlim ainda estar dividida entre as potências militares, os governantes da Alemanha Oriental decidiram construir o Muro de Berlim, em 1961, separando fisicamente as duas regiões da cidade, tornando ainda o muro o principal símbolo da Guerra Fria.


sábado, 24 de junho de 2017

Batalha de São Mamede – 24 de Junho de 1128

Após a morte de Dom Henrique (Dijon, França 1066-Astoga, Espanha 1112) em 1112, fica Dona Teresa a governar o condado, pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrem, já que lhe tinha sido dado por seu pai (Teresa de Leão nasceu em 1080 filha de uma relação entre Afonso VI, Rei de Leão e Castela, e Ximena Moniz, uma nobre castelhana que frequentava a corte e os aposentos do monarca na altura do casamento). Associou ao governo o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava. Terá até talvez casado em segundas núpcias com Bermudo, do qual terá tido uma filha.

Hoje é dia de São João Baptista. Comemora-se ainda o aniversário do nascimento de Nuno Álvares Pereira, agora São Nuno de Santa Maria. Mas há uma outra efeméride deste dia, até mais esquecida que as anteriormente referidas, contudo absolutamente decisiva para toda a História de Portugal.
Corria o ano de 1128. A 24 de Junho daquele ano, faz hoje justamente 888 anos, travava-se a Batalha de São Mamede entre Dom Afonso Henriques e a sua mãe Dona Teresa. Nesta defrontam-se realmente os exércitos do conde Fernão Peres de Trava e o dos barões portucalenses. Estes últimos quando venceram Fernão Peres pretendiam apenas obriga-lo a ceder o governo do condado portucalense ao príncipe herdeiro. Tendo o primeiro rei de Portugal vencido esta contenda, era dado início ao processo que viria a garantir a independência do Condado Portucalense face ao Reino de Leão. Era – tão-somente – o início de Portugal.

Foi, portanto, em Junho, precisamente no dia 24 de Junho, que, perto do castelo de Guimarães, ocorreu a primeira grande peleja liderada por Afonso Henriques, a batalha de S. Mamede. Porque foi travada contra a sua mãe e seus aliados e porque, como acabámos de referir, alicerçou todo o processo de independência do Condado Portucalense relativamente ao Reino de Leão, acabou por se tornar num dos mais conhecidos e comentados confrontos da nossa história.
Desde 1112, ano da morte do seu esposo, Dona Teresa detinha o governo do condado Portucalense tendo a seu lado fidalgos castelhanos, nomeadamente Fernão Peres de Trava, com quem, pensa-se, terá mantido, inclusive, uma relação marital.

Já desde 1127, o infante Afonso Henriques mantinha discórdias importantes com sua mãe. Não foi, pois, por acaso que tenha tentado a todo o custo apoderar-se do governo do Condado.
As tropas do infante e dos barões portucalenses enfrentaram as de Fernão Peres de Trava e dos seus partidários portugueses e fidalgos galegos no dia de São João Baptista do já referido ano de 1128.

Como a vitória foi para Dom Afonso Henriques, o cronista do mosteiro de Santa Cruz aproveitou a coincidência da data da batalha com a festa religiosa para exaltar o acontecimento, conseguindo colocá-lo ao nível das intervenções divinas. São João tinha sido o anunciador de Jesus Cristo. Como a batalha se deu na data em que se venera esse santo e a vitória ter sorrido a Dom Afonso Henriques, tal facto constitui, segundo aquele cronista, a verdadeira prova de que o infante era, também ele, o anunciador do aparecimento de um novo reinado.
A Batalha de São Mamede foi absolutamente decisiva para a história da nossa nação. Basta lembrar que com ela mudaram os detentores do poder no condado, com expulsão de Dona Teresa.

Para alguns teria sido enclausurada pelo filho Dom Afonso Henriques no Castelo de Lanhoso, onde viria a falecer em 1130. No entanto, há quem defenda que após a derrota de São Mamede, Dona Teresa, acompanhada pelo conde galego Fernão Peres, terá fugido para a Galiza, onde se exilou e onde acabaria por falecer em 1130.
Este grande acontecimento vai mudar ainda as relações das forças sociais para com o próprio poder. Os barões portucalenses, ao escolherem Dom Afonso Henriques para seu chefe, recusavam-se a aceitar a política da alta nobreza galega e do arcebispo de Compostela. Desta forma, estavam basicamente a inviabilizar um reino que englobasse Portugal e a Galiza. Desencadearam então uma forte corrente independentista capaz de subsistir por si só e capaz de resistir a todas as tentativas posteriores de reabsorção.

Afonso VII de Leão, ocupado com as vicissitudes da política leonesa, não atribui importância a esta mudança de poder no condado, e limita-se a aceitar o preito de fidelidade de Dom Afonso Henriques em 1137, tratado de zamora a 5 de Outubro). Porque isso contribuía para engrandecer o prestígio do imperador Afonso VII, a chancelaria leonesa não hesita em atribuir o título de rei ao príncipe português. Podia assim Afonso VII afirmar a sua condição de imperador, o qual tem reis por vassalos.
Entre os principais barões portucalenses que participaram na batalha de São Mamede ao lado de D. Afonso Henriques, estão Soeiro Mendes de Sousa «O Grosso» (1121-1137), Gonçalo Mendes de Sousa «Sousão» (1154-1167), Egas Moniz de Ribadouro «O Aio» (1108-1146), Gonçalo Mendes da Maia «O Lidador» e outros.

A localização exacta do campo de batalha é ainda nos dias de hoje pouco precisa. Sabe-se, no entanto, e isso é ponto assente, que a refrega se deu perto de Guimarães, o que releva para a evocação daquela cidade como o berço de Portugal.


A Exposição do Mundo Português - 23 Junho de 1940


A Exposição do Mundo Português  (23 de Junho — 2 de Dezembro de 1940) foi uma exposição realizada em Lisboa em 1940.
Historicamente coincidente com o primeiro ano da Segunda Guerra Mundial, teve o propósito de comemorar a data da Fundação do Estado Português (1140) e da Restauração da Independência (1640), mas, também (e esse seria o objetivo primordial), de celebrar o Estado Novo, então em fase de consolidação. Foi a maior exposição do seu género realizada no país até à Expo 98  (1998).

Génese
A ideia de celebrar o duplo centenário da Fundação e da Restauração da nacionalidade (1140 e 1640) que esteve na origem da Exposição do Mundo Português foi lançada em 1929 pelo embaixador Alberto de Oliveira; seria assumida em Março de 1938 por Salazar através de uma Nota Oficiosa da Presidência do Conselho onde se fixava, com alguma minúcia, o programa das comemorações. A exposição surgiu na sequência da participação portuguesa nas grandes Exposições Internacionais de Paris (1937), Nova Iorque e S. Francisco (1939).

A mostra teve lugar num período de consolidação do Estado Novo, assumindo então, no que respeita aos recursos materiais e humanos, uma dimensão inédita, tornando-se no acontecimento político-cultural mais marcante do Regime
A opção estética adotada nas comemorações provocou críticas violentas por parte dos artistas académicos, liderados pelo Coronel Arnaldo Ressano Garcia  (presidente da Sociedade Nacional de Belas-Artes), e que ficariam maioritariamente à margem do evento.

Acontecimento nacional, prolongado em congressos, cerimónias e espectáculos vários, a exposição incluiu pavilhões temáticos relacionados com a história de Portugal, suas actividades económicas, cultura, regiões e territórios ultramarinos, e o pavilhão do Brasil  (o único país estrangeiro presente).

A exposição foi visitada por cerca de 3 milhões de pessoas. A maioria foram portugueses, mas por lá passaram também muitos estrangeiros, sendo um grande número deles refugiados de guerra.
A quase totalidade das construções e monumentos erigidos para a exposição foram demolidos após o seu encerramento em Dezembro de 1940. Nos dias de hoje sobrevivem o edifício do Museu de Arte Popular e a Praça do Império. O Padrão dos Descobrimentos, em honra do Infante Dom Henrique, também nasceu nessa época, mas como uma construção efémera. Desmontado em 1958 seria reconstruído, já em betão e pedra, dois anos depois, por altura da evocação dos 500 anos da morte do Infante.

Referências:

1.     A.A.V.V. – Os anos 40 na Arte Portuguesa (tomo 1). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, p. 54-63.

2.     História de Arte em Portugal: o modernismo. Lisboa: Editorial Presença, 2004, p. 81-85

3.     Fernandes, José Manuel – Português Suave: Arquiteturas do Estado Novo. Lisboa: IPPAR, Departamento de Estudos, 2003

quinta-feira, 8 de junho de 2017

O Tratado de Tordesilhas - 7 de Junho de 1494



O Tratado de Tordesilhas, como o próprio nome indica foi assinado na povoação castelhana de Tordesilhas no dia  7 de Junho de 1494, envolvendo os reinos de Portugal e Castela.
Este tratado foi um tratado celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino da Espanha para dividir as terras “descobertas e por descobrir” por ambos os reinos fora da Europa.

Este tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa espanhola resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes chegara ao chamado Novo Mundo, reclamando-o oficialmente para Isabel, a Católica.
O Tratado de Tordesilhas definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a oeste da ilha de Santo Antão no arquipélago de Cabo Verde. Esta linha estava situada a meio caminho entre estas ilhas (então portuguesas) e as ilhas das Caraíbas descobertas por Colombo, no tratado referidas como “Cipango” e Antília.

Os territórios a leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios a oeste, à Espanha. O tratado foi ratificado pela Espanha a 2 de Julho e por Portugal a 5 de Setembro no ano de 1494.
Bastantes anos mais tarde, no resultado daquilo que ficou conhecido como a  “questão das Molucas”, o outro lado da Terra seria dividido, assumindo como linha de demarcação, a leste, o anti meridiano correspondente ao meridiano de Tordesilhas, pelo Tratado de Saragoça assinado em 22 de Abril de 1529.

Assim, no âmbito dos conceitos internacionais europeus, a assinatura do Tratado de Tordesilhas ocorreu num momento de transição entre a hegemonia do Papado, poder até então universalista, e a afirmação do poder singular e secular dos monarcas nacionais – uma das muitas facetas da transição da Idade Média para a Idade Moderna.
Para as negociações do Tratado de Tordesilhas e a sua assinatura, D. João II de Portugal designou como representante nacional a sua prima de Castela (filha de uma infanta portuguesa) e D. Rui de Sousa. Os originais de ambos os tratados estão conservados no Arquivo General de Índias na Espanha e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Portugal,

Contrariando a bula anterior de Alexandre VI, Inter Coetera (1493), que atribuía à Espanha a posse das terras localizadas a partir de uma linha demarcada a 100 léguas de Cabo Verde, o novo tratado foi aprovado pelo Papa Júlio II em 1506.
O meridiano foi fixado, mas persistiam as dificuldades de execução de sua demarcação. Os especialistas divergiam na altura sobre as dimensões da Terra, sobre o ponto de partida para a contagem das léguas e sobre a própria extensão das léguas, que diferia entre os reinos de Castela e de Portugal.

Já se afirmou ainda que os castelhanos cederam porque esperavam, por meio de sua política de casamentos, estabelecer algum dia a união ibérica, incorporando Portugal. O que é mais provável é que os negociadores portugueses, tenham tido melhores e com um maior jogo de cintura do que os castelhanos.
Em princípio, teoricamente o Tratado de Tordesilhas resolvia os conflitos que seguiram à descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo. Muito pouco se sabia das novas terras, que passaram a ser exploradas por Castela.

Na altura em que foi assinado, o Tratado de Tordesilhas garantia a Portugal o domínio das águas do Atlântico Sul, essencial para a manobra náutica então conhecida como volta do mar, empregada para evitar as correntes marítimas que empurravam para o norte as embarcações que navegassem junto à costa sudoeste africana, e permitindo a ultrapassagem do cabo da Boa Esperança.
Nos anos que se seguiram Portugal prosseguiu no seu projecto de alcançar a Índia, o que foi finalmente alcançado pela frota de Vasco da Gama, na sua primeira viagem de 1497-1499.

Com a viagem de Pedro Álvares Cabral à Índia, a costa do Brasil foi atingida (Abril de 1500) pelos Portugueses, o que séculos mais tarde viria a abrir uma polémica historiográfica acerca do “acaso” ou da “intencionalidade” da descoberta.
Observe-se que uma das testemunhas que assinaram o Tratado de Tordesilhas, por Portugal, foi Duarte Pacheco Pereira, um dos nomes ligados a um suposto descobrimento a exploração marítima portuguesa, outras potências marítimas europeias (França, Inglaterra, Países Baixos, Itália) passaram a questionar a exclusividade da partilha do mundo entre as nações ibéricas.

Estas questões e mal-estar foi muito apropriadamente expresso por Francisco I de França, que ironicamente pediu para ver a cláusula no testamento de Adão que legitimava essa divisão de terras.
Por essa razão, desde cedo apareceram na costa do Brasil embarcações que promoviam o comércio clandestino, estabelecendo contacto com os indígenas e aliando-se a eles contra os portugueses.

Floresceram o corso, a pirataria e o contrabando, em busca de pau-brasil fundavam feitorias e saqueavam naus.
Posteriormente, durante a Dinastia Filipina (União Ibérica – 1580-1640), os portugueses expandiram-se de tal forma na América do Sul que, em 1680, visando o comércio com a bacia do rio da Prata e a região andina, fundaram um estabelecimento à margem esquerda do Prata, em frente a Buenos Aires: a Colónia do Sacramento. A fixação portuguesa em território oficialmente espanhol gerou um longo período de conflitos armados, conduzindo à negociação do Tratado de Madrid.

Assim vemos as especificações do Tratado de Tordesilhas, que fez uma importante divisão territorial a nível marítimo. Como foi dito, esta divisão permitiu aos portugueses partir definitivamente para a descoberta marítima.
Por este motivo, existem muitos historiadores que afirmam que Portugal já conhecia a existência do Brasil à data da assinatura, e tentou com esse mesmo tratado legitimar a sua descoberta, que no entanto só seria publicada anos mais tarde.




terça-feira, 6 de junho de 2017

Batalha da Normandia – 6 de Junho de 1944


A Batalha da Normandia foi de grande importância para as Forças Aliadas, marcando o início da vitória sobre os nazis. Oficialmente designada Operação Overlord, teve início com o desembarque das forças Aliados nas praias da região da Normandia, em França, a 6 de Junho de 1944, evento que ficou conhecido como “Dia D”.

Nesse dia, mais de 1 milhão de militares invadiram território francês, ocupado pelas tropas nazis, numa operação coordena utilizando meios navais e aéreos.

O desembarque tão esperado acontece ao alvorecer de 6 de Junho de 1944 no litoral normando, com a surpresa tática mais perfeita. Na noite de 5 para 6 de Junho, 6,5 mil embarcações de todos os tipos, formando 75 comboios, atravessam a Mancha enquanto a aviação aliada despista os sistemas de alerta, destrói os postos de comando ou efetua ataques de despistagem. Aviação e artilharia da marinha cobrem o desembarque da 3ª divisão britânica, da 3ª divisão canadiana, da 51ª britânica e das 1ª e 4ª divisões americanas nas praias Sword, Juno, Gold, Omaha e Utah. Na noite anterior, três divisões aerotransportadas, a 6ª britânica e a 82ª e 101ª americana, foram largadas a leste de Sword e a oeste de Utah.

Além dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, doze países Aliados enviaram unidades militares para participar na invasão, entre eles Austrália, Canadá, Bélgica, França, Grécia, Nova Zelândia e Noruega. A operação era complexa, pois não só era necessário atravessar os 160 km do Canal da Mancha que separavam a Inglaterra da França, algo que desde o século XVII não era feito por um exército invasor, mas cruzar a chamada Muralha do Atlântico, isto é, um conjunto de fortificações construído pelos alemães entre 1942 e 1944 que abrangia também a parte francesa do Canal da Mancha.

Um dos elementos que mais contribuiu para o êxito da operação levada a cabo pelos Aliados foi o factor surpresa e incerteza que foi possível manter até o fim. Os alemães conheciam a intenção das tropas aliadas de entrar em França pelo litoral, a partir do Canal da Mancha. No entanto, o serviço de informações nazis nunca conseguiu informações fidedignas quanto à data e local em que se daria o desembarque.

As informações que circulavam indicavam como local provável de desembarque Pas-de-Calais, mas os Aliados, sob o comando do general Americano Dwight D. Eisenhower[i], tiveram como destino Caen, a mais de 300 km de distância.

Hitler, convencido de que a operação na Normandia é apenas uma preliminar ao desembarque principal esperado no Pas-de-Calais, mantém o 15º Exército ao norte do Sena e hesita em colocar as reservas blindadas à disposição do 7º Exército colocado na primeira linha. Além disso, Rundstedt e Rommel desentendem-se quanto à estratégia a adotar: defesa em profundidade ou defesa junto à costa. Dessas divergências resulta uma flutuação no comando. Os reforços chegam de maneira fragmentada, e uma parte das forças blindadas alemãs é desperdiçada em contra-ataques desordenados.

Por ar, foram utilizadas mais de 11.000 aeronaves, entre aviões bombardeiros e de transporte de paraquedistas. Ao fim daquele dia 6 de Junho, mais de 9.000 militares aliados tinham sido mortos ou feridos, mas outros 100.000 haviam desembarcado e tomado de assalto a região costeira. Em apenas 5 dias, os militares em território francês já eram mais de 320.000.

Os números são proporcionais à magnitude da operação: cerca de 425.000 militares aliados e alemães foram mortos, feridos ou desapareceram durante a batalha. Cerca de 200.000 homens foram capturados e feitos prisioneiros pelos Aliados, que abasteceram os campos de prisioneiros a uma taxa de 30.000 homens por mês do Dia D até o Natal de 1944. Estima-se que entre 15.000 e 20.000 civis franceses tenham sido mortos durante a Batalha. Em Julho de 1944, cerca de um milhão de militares aliados, principalmente Americanos, Britânicos e Canadianos, estavam entrincheirados na Normandia.

A ocupação da Normandia foi crucial para os Países Aliados. A derrota nazi, que já havia começado no leste em 2 de Fevereiro de 1943 com a vitória soviética na Batalha de Stalingrado, aproximava-se também na frente ocidental.



[i] Presidente dos EUA de 1953 a 1961

sábado, 3 de junho de 2017

A Organização de Libertação da Palestina (OLP) fez no passado 28 de Maio 53 anos


Organização política formada em 28 de Maio de 1964 com o objetivo de lutar pela independência da Palestina, território que fora ocupado por Israel. Teve um papel centralizador dos vários movimentos de resistência clandestinos e veio a perseguir os seus intentos tanto pela luta armada como pela via diplomática.

De 1968 a 2004 teve como presidente Yasser Arafat, líder do Al Fatah (uma das forças de libertação da Palestina que se juntaram para criar a OLP, e se tornou o seu braço armado).

Em outubro de 1974 a cúpula da Liga Árabe designou a OLP como o "único representante legítimo do povo palestino" e reafirmou "o seu direito de estabelecer um Estado independente com urgência".

Em Novembro de 1974, a OLP foi reconhecida como a representante do povo palestino pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que também conferiu à entidade o estatuto de observador na ONU como uma "entidade não-estatal" dentro da organização.

Após vários conflitos ocorridos nos anos 70 - foi expulsa da Jordânia e, em 1982, do Líbano -, a OLP organizou o seu quartel-general em Tunes, continuando com a luta contra a ocupação israelita, principalmente em Jericó e na Faixa de Gaza.

Em 1987 tornou-se a principal força por trás da Intifada ("revolta", campanha palestiniana de protestos e manifestações, em grande parte violentas, contra a ocupação dos territórios pelas forças militares israelitas).

No ano seguinte, 15 de Novembro 1988, em Argel, Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina, declara a independência do Estado da Palestina, com sede em Jerusalém. Este acto havia sido previamente aprovado pelo Conselho Nacional Palestino, órgão legislativo da OLP, com 253 votos a favor, 46 contra e 10 abstenções. Depois da declaração, Arafat assumiu o cargo de "presidente da Palestina".

Mas só em 1993 Arafat e Yitzhak Rabin, primeiro-ministro israelita, assinaram o acordo de paz, ”Acordos de Oslo”, que atribuiu o estatuto de autonomia à Palestina. Nesse acordo o governo israelita reconheceu a equipe negociadora da OLP como "representante do povo palestino", com a condição de que a OLP reconhecesse o direito do Estado de Israel de existir em paz, aceitasse as resoluções 242[i] e 338[ii] do Conselho de Segurança da ONU e rejeitasse "a violência e o terrorismo". Como resultado, em 1994 a OLP estabeleceu a administração territorial da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que exerce algumas funções governamentais em partes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Em consequência, foi criada a Autoridade Nacional Palestiniana, com quartel-general em Ramallah e presidida por Arafat (após eleições em 1996, em que saiu vencedora a OLP), com o objetivo de governar o Estado da Palestina, embora com a participação israelita em algumas áreas como a segurança.

Sucessivos conflitos políticos e confrontos entre as tropas israelitas e grupos armados de ação local, como o Hamas, dificultaram a manutenção do acordo de paz, que veio a ser quebrado em 2000 no fracassado encontro em Camp David, EUA, entre Arafat e o então primeiro-ministro israelita Ehud Barak.

Nesse mesmo ano, tropas israelitas invadiram Ramallah, montando o cerco a Yasser Arafat que se tornou prisioneiro domiciliário até à sua morte, em 2004.

Desde a sua criação, a OLP teve como presidente Yasser Arafat, substituído no cargo por Mahmoud Abbas. Seu actual presidente.

O braço legislativo da OLP é o Conselho Nacional Palestino, um parlamento de 669 membros que formula políticas e toma decisões.

Desse grupo, 88 são do Conselho Legislativo da ANP, 98 representam os territórios palestinos e 483 são de exilados palestinos.

São eles que escolhem os 18 membros do Comitê Executivo, que é o órgão que toma todas as decisões e ao qual pertence o presidente.

Em 27 de Setembro de 2013, 134 (69,4%) dos 193 países-membros das Nações Unidas reconheceram a existência do Estado da Palestina. Muitos dos países que não reconheceram o Estado palestino, no entanto, reconhecem a OLP como "representante do povo palestino".



[i] A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi aprovada por unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU em 22 de novembro de 1967, no rescaldo da Guerra dos Seis Dias. Foi aprovado nos termos do Capítulo VI da Carta das Nações Unidas. A resolução foi elaborada pelo embaixador britânico Lord Caradon e foi um dos cinco projetos em causa.


[ii] 22 de outubro 1973.- Resolução 338 (Conselho de Segurança) .- Pede o cessar-fogo aos participantes da Guerra do Yom Kippur (quando Síria e Egito atacaram Israel) e o cumprimento da Resolução 242 do Conselho de Segurança.