quinta-feira, 27 de abril de 2017

Morre Fernão de Magalhães



Fernão de Magalhães, nasceu em 1480, provavelmente em Trás-os-Montes, segundo muitos autores em Sabrosa, município do distrito de Vila Real. Filho de Rui (por vezes Rodrigo) de Magalhães, nascido cerca de 1442, Cavaleiro que exerceu cargos da governança do Porto, e de sua primeira mulher Alda de Mesquita, nascida cerca de 1445, e casado segundo vez com Inês Vaz Moutinho, filha de Pedro Vaz Moutinho, cidadão do Porto, cidade onde foi Vereador, e de sua mulher Inês Gonçalves de Mesquita.
Morreu bem longe dali, a mais de 15 000 quilómetros, na ilha de Mactan, no arquipélago das Filipinas, a 27 de Abril de 1521. Sem honra nem glória, durante muito tempo com a sua memória esquecida. O seu diário de bordo e as suas anotações desapareceram depois da sua infeliz ingerência nas guerras tribais na ilha de Mactan, incidente que lhe tirou a vida, às mãos do régulo nativo Lapu-Lapu.

Acabava assim um périplo que cobrira já dois longos oceanos e um sem número de infortúnios, problemas, mortes e revoltas entre os seus subordinados. Chegar às Filipinas foi complicado, quase dois anos depois de ter zarpado de Sanlúcar de Barrameda (Espanha), a 20 de Setembro de 1519. Capitaneava uma armada de cinco navios Trinidad, San Antonio, Concepción, Victoria e Santiago), à frente de cerca de 250 homens. Uma armada que se resumiria, no fim da viagem de circum-navegação completa ao mundo, a uma embarcação (Victoria), outro comandante, Sebastian d´Elcano, e a apenas dezoito homens (incluindo d´Elcano). Mas esquecidos de Magalhães, com exceção de um italiano que seguiu na armada de 1519, António Pigafetta, que nos deixou relatórios impressionantes mas autênticos das jornadas intercontinentais do navegador português e dos seus últimos dias.
Tudo começou em 1517, quando aquele nobre português, depois de uma carreira de subalternidade, sem brilho nem grandes feitos pessoais, ao serviço de D. Manuel, na Ásia como na África, ofereceu as suas armas e préstimos ao rei de Espanha, Carlos V. Apesar de no anonimato de um subordinado, Magalhães ganhou vasta experiência militar e náutica nas suas andanças pelo Oriente. Em 1505, depois de ter sido educado na corte portuguesa, partiu para a Índia na poderosa armada de D. Francisco de Almeida, 1.º vice-rei da Índia (1505-1509), a qual tinha como missão afastar as frotas turcas dos mares da região – o que se conseguiu, até 1538. Depois da partida do vice-rei, em 1509, sempre animado pelo forte desejo de conhecer as terras a Oriente (percorreu vastos territórios do subcontinente indiano e da África oriental) e principalmente as terras das Especiarias (Molucas, Sunda, Celebes), acompanhou D. Diogo Lopes Sequeira na malograda expedição (naufrágio) a Malaca, ainda naquele ano de 1509.

Permaneceu no Oriente até 1513, tendo-se tornado amigo do feitor das Molucas, Francisco Serrão, junto do qual apurou os seus conhecimentos acerca dessas ilhas, das suas famosas especiarias e das rotas adjacentes. Na sua estada no Extremo Oriente, participou ainda na tomada de Malaca por D. Afonso de Albuquerque, em 1511, um ano depois de ter sido promovido a capitão. Em 1513 regressou a Portugal, tendo sido destacado para Marrocos, onde participou em várias expedições, numa das quais, a Azamor, em 1514, foi ferido num joelho, regressando a Lisboa. Atrás de si vinha uma fama menos consentânea com a sua posição, acusado de ganância e poucos escrúpulos. Não se sabe se por tal motivo ou se por outro que desconhecemos, o certo é que D. Manuel I lhe recusou um aumento de 100 reais na tença anual que lhe pagava.
Com uma imagem não muito boa junto do monarca português, afigurava-se difícil a sua anuência para outro projeto que há muito acalentava: o de atingir as Molucas por Ocidente, solução que considerava mais rentável e segura que a rota do oriente via Índia-Malaca, repleta de muçulmanos e piratas hostis aos Portugueses e seus interesses.

Depois de várias recusas de D. Manuel I (também de uma nau para a Índia), Magalhães dirigiu-se a Sevilha para "vender" o seu projeto ao rei de Espanha, Carlos V. Foi acompanhado de Rui Faleiro, português. A Carlos V propôs Magalhães não apenas atingir as Molucas por Ocidente mas acima de tudo provar que aquelas ilhas não estavam dentro da área de jurisdição portuguesa defendida no Tratado de Tordesilhas (1494) mas sim em mares "espanhóis". Além disso, a viagem decorreria sempre em águas espanholas. Apesar de algumas reticências, Carlos V aceitou o projeto, confiando a Magalhães uma frota de cinco navios, mais ou menos 250 homens e 480 toneladas em navegação. Com muitas peripécias e uma rutura de relações com Faleiro, a armada de Magalhães saiu de Sanlúcar de Barrameda a 20 Setembro de 1519, depois de lhe nascer o primeiro filho e de sua mulher esperar outro, que o altivo navegador nunca conheceu.
Sua mulher era D. Beatriz Barbosa, filha de um amigo português de Sevilha, Diogo Barbosa, antigo companheiro no Oriente, muito influente naquela cidade espanhola, pai de Duarte Barbosa, que rumou com Fernão na fatídica viagem, que o seria também para ele (Duarte foi morto em Cebu, Filipinas, uns dias antes de Magalhães).

Realizada sob a égide do Imperador Carlos V, ao serviço da Espanha, é bom salientar que foi com a ciência náutica portuguesa e os seus documentos, roteiros, tabelas e instrumentos que esta façanha, viagem de circum-navegação foi possível.
A viagem de circum-navegação começou bem, atingiu rapidamente a América do Sul (Novembro), depois de escala nas Canárias. Em fevereiro de 1520 passaram no Rio da Prata, chegando a S. Julián, na Patagónia, mais a sul, em Março. Começariam aqui os maiores problemas da viagem, ou melhor, acabaria a bonança da mesma. Seis meses ficaram ali retidos, para passar o inverno. Mas estalaram revoltas e motins, perdendo-se ainda Santiago. Depois vem a procura do estreito, que receberia o nome de Magalhães, no extremo sul da América, região de "mau navegar". Passado este (38 dias) e o desaparecimento de mais uma nau (provando-se que uma rota pelo estreito seria péssima), após motins e tempestades, atingiu-se o Pacífico, assim batizado por Magalhães, pelas suas calmarias. Demorou quatro longos meses a atravessar, com muitas mortes (escorbuto), fome e as célebres "nebulosas de Magalhães", diminuindo-se cada vez mais a tripulação. Depois, chegou-se às ilhas Marianas (ou dos "Ladrões"), depois veio a emboscada de Lapu-Lapu, em Mactan, nas Filipinas. Aí, sobreveio a morte, de um navegador português ao serviço de Espanha.

A viagem foi terminada pelo espanhol Sebastian d´Elcano, que regressou a Sevilha em 1522, apenas com um navio e dezoito homens, depois de ter dado a primeira volta ao mundo.


sábado, 22 de abril de 2017

Tratado de Saragoça – 22 de Abril de 1529

Meridiano de Tordesilhas (rosa) de 1494 e o seu anti meridiano (verde) estabelecido pelo Tratado de Saragoça em 1529.

O Tratado de Saragoça, também referido como Capitulação de Saragoça, foi um tratado de paz assinado entre Portugal e Espanha a 22 de Abril de 1529 por D. João III e pelo imperador Carlos I (Carlos V de Espanha)[i], na cidade Aragonesa de Saragoça.

O tratado delimitava as zonas de influência portuguesa e castelhana na Ásia para solucionar a chamada "Questão das Molucas", em que ambos os reinos reclamavam para si aquelas ilhas, considerando-as dentro da sua zona de exploração estabelecida no Tratado de Tordesilhas de 1494. O conflito nascera em 1520, quando as explorações de ambos os reinos atingiram o Oceano Pacífico, dado que não fora estabelecido um limite a leste.

Antecedentes
Em 1494 Castela e Portugal assinaram o Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo em duas zonas de influência: a castelhana e a portuguesa. Este tratado definia um meridiano no Oceano Atlântico, concedendo a parte ocidental a Castela e a oriental a Portugal.

Em 1511 Afonso de Albuquerque conquistou Malaca para Portugal, então o centro do comércio asiático. Aí, ao saber da localização até então secreta das chamadas "ilhas das especiarias" - as ilhas Banda, nas Molucas, única fonte mundial de noz-moscada e cravinho e objectivo central das viagens no Índico - enviou uma expedição comandada por António de Abreu até Banda, onde foram os primeiros europeus a chegar no início de 1512. Abreu partiu depois para Ambão enquanto o seu vice-comandante Francisco Serrão naufragou junto a Ternate, onde obteve a autorização para construir um forte-feitoria português: o Forte de São João Baptista de Ternate, iniciado em 1522.
Cartas de Serrão a Fernão de Magalhães, seu amigo e possivelmente primo, descrevendo as "Ilhas das Especiarias", ajudaram Magalhães a persuadir a coroa Espanhola a financiar a sua viagem de circum-navegação. Em 1520, as ilhas Molucas, "berço de todas as especiarias", foram visitadas pela frota de Fernão de Magalhães, vinda de oeste, ao serviço da Coroa de Castela ('Espanha'). Antes que os dois pudessem encontrar-se nas Molucas, Serrão morreu na ilha de Ternate, quase ao mesmo tempo em que Magalhães era morto em combate nas Filipinas.

Após a expedição de Magalhães (1519-1522), Carlos V enviou uma expedição comandada por García Jofre de Loaísa, para tomar e colonizar as ilhas, alegando que se encontravam na sua zona de demarcação do meridiano de Tordesilhas. A expedição chegou com dificuldade às Molucas, onde os espanhóis fundariam o forte de Tidore. O conflito com os portugueses já estabelecidos na ilha foi inevitável, resultando na derrota espanhola após um ano, e abrindo quase uma década de escaramuças pela sua posse.
A Junta de Badajoz-Elvas


Em 1524 organizou-se a Junta de Badajoz-Elvas para solucionar a questão. Para determinar a localização correcta do anti-meridiano de Tordesilhas, que dividiria o mundo em dois hemisférios equivalentes, cada coroa nomeou três astrónomos ou cartógrafos, três pilotos e três matemáticos, que se reuniram várias vezes em Badajoz e Elvas, sem chegar a acordo. Lopo Homem, cartógrafo e cosmógrafo português participou na Junta, tal como Diogo Lopes de Sequeira. A representação espanhola incluía o cartógrafo Diogo Ribeiro. Sobre esta Junta existe na Torre do Tombo uma carta de autoria de Lopo Homem, aludindo à querela entre os dois soberanos acerca dos direitos que cada um tinha a determinadas terras e navegações.

Os meios da época eram insuficientes para o cálculo exacto da longitude e cada grupo atribuía as ilhas aos respectivos soberanos. D. João III e Carlos V acordaram em não enviar mais ninguém buscar especiarias às Molucas enquanto não se esclarecesse em que hemisfério se encontravam as ilhas.
Entre 1525 e 1528 foram enviadas várias expedições portuguesas para conhecer o território. Gomes de Sequeira e Diogo da Rocha foram enviados pelo governador de Ternate Jorge de Meneses ao norte das Molucas, sendo os primeiros europeus a chegar às Ilhas Carolinas, que então nomearam "Ilhas de Sequeira". Em 1526 Jorge de Meneses aportou na ilha Waigeo na Papua-Nova Guiné.

A 11 de Março de 1526, Carlos V casou-se com Isabel de Portugal, irmã de Dom João III, reforçando os laços entre as coroas e facilitando o acordo sobre as Molucas. Era do interesse do imperador evitar problemas para poder centrar-se na política europeia. Além disso, os espanhóis ainda não sabiam como transportar as especiarias das Molucas para a Europa navegando para o Oriente (a rota Manila-Acapulco seria descoberta por Andrés de Urdaneta apenas em 1565).
Pelo Tratado de Saragoça definiu-se a continuação do meridiano de Tordesilhas no hemisfério oposto, a 297,5 léguas do leste das ilhas Molucas, cedidas pela Espanha mediante o pagamento, por Portugal, de 350.000 ducados de ouro. Ressalvava-se que em todo o seu tempo se o imperador ou sucessores quisessem restituir aquela avultada quantia, ficaria desfeita a venda e cada um "ficará com o direito e a acção que agora tem".

Como é evidente, tal nunca sucedeu, até porque o imperador precisava desesperadamente do dinheiro português para financiar as suas guerras contra o seu arqui-rival Francisco I de França e a Liga de Cognac que o suportava.
A delegação portuguesa enviada por D. João III incluía entre outros António de Azevedo Coutinho, Diogo Lopes de Sequeira, Lopo Homem e Simão Fernandes. Foram plenipotenciários, por parte de Portugal, António Azevedo Coutinho e, por parte de Espanha, Mercurio de Gatinara, conde Gatinara, Garcia de Loyosa, bispo de Osma, e Garcia de Padilla, comendador de Calatrava.

Medições posteriores comprovaram que, pelo antimeridiano de Tordesilhas, as ilhas Molucas, bem como as Filipinas, encontravam-se em território pertencente a Portugal, o que de pouco adiantou já que durante o século XVII essas disputadas ilhas acabariam em mãos holandesas em troca das capitanias da Nova Holanda (Itamaracá, Paraíba e Pernambuco). A perda das Molucas posteriormente também representaria o início da expansão do poderio holandês no sudeste asiático.


[i] Carlos V & I foi o Imperador Romano-Germânico como Carlos V a partir de 1519 e Rei da Espanha como Carlos I de 1516 até sua abdicação em favor de seu irmão mais novo Fernando I no império e seu filho Filipe II na Espanha. Nasceu a 24 de fevereiro de 1500, Gante, Bélgica e faleceu a 21 de setembro de 1558, Mosteiro de São Jerónimo de Yuste, Espanha. Casou com Isabel de Portugal, Imperatriz Romano-Germânica (de 1526 a 1539)

sábado, 15 de abril de 2017

Quadra Pascal – Desde a Quaresma ao Pentecostes

Para os menos versados nestes assuntos do cristianismo aqui deixo um “pequeno” texto sobre a época Pascál que estamos a atravessar. Quero deixar claro que não foi minha intenção apresentar esta quadra com grande rigor “Cristão” mas somente deixar uma breve explicação das festividades.  


A Páscoa Cristã é uma das festividades mais importantes para o cristianismo, pois representa a ressurreição de Jesus Cristo. Esta quadra começa com a “Quaresma” seguindo-se a “Semana Santa” iniciada com o “Domingo de Ramos”, ultimo domingo da Quarema, “Sexta Feira Santa”, “Domingo de Páscoa”, “Ascenção” e “Pentecostes”.

A data é comemorada anualmente no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera (no Hemisfério Norte) e do outono (no Hemisfério Sul). Desse modo a data ocorre sempre entre os dias 22 de Março e 25 de Abril.

Quaresma é a designação do período de quarenta dias que antecedem a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV.

A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, anterior ao Domingo de Páscoa. Durante os quarenta dias que precedem a Semana Santa e a Páscoa, os cristãos dedicam-se à reflexão, à conversão espiritual e se recolhem em oração e penitência para lembrar os 40 dias passados por Jesus no deserto e os sofrimentos que ele suportou na cruz.

Durante a Quaresma a Igreja veste os seus ministros com vestimentas de cor roxa, que simboliza tristeza e dor. A quarta feira de cinzas é um dia usado para lembrar o fim da própria mortalidade. É costume serem realizadas missas onde os fiéis são marcados na testa com cinzas. Essa marca normalmente permanece na testa até o pôr do sol. Esse simbolismo faz parte da tradição demonstrada na Bíblia, onde vários personagens jogavam cinzas nas suas cabeças como prova de arrependimento.

Na Bíblia, o número quarenta é bastante frequente, para representar períodos de 40 dias ou quarenta anos, que antecedem ou marcaram fatos importantes: 40 dias de dilúvio, quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, 40 dias de Jesus no deserto antes de começar o seu ministério, 40 anos de peregrinação do povo de Israel no deserto.

Cerca de duzentos anos após o nascimento de Jesus, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias e foi assim que surgiu a Quaresma.

A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos, que lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, ocasião em que as pessoas cobriam a estrada com folhas da palmeira, para comemorar a sua chegada.

Domingo de Ramos é uma festa móvel cristã celebrada no domingo antes da Páscoa. A festa comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um evento da vida de Jesus mencionado nos quatro evangelhos canônicos (Marcos 11:1, Mateus 21:1-11, Lucas 19:28-44 e João 12:12-19). Na liturgia romana, este dia é denominado de "Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor".

Em muitas denominações cristãs, o Domingo de Ramos é conhecido pela distribuição de folhas de palmeiras para os fiéis reunidos na igreja. Em lugares onde é difícil consegui-las por causa do clima, ramos de diversas árvores, tais como ramos de oliveira, são utilizados.

A Sexta Feira Santa é o dia em que os cristãos celebram a morte de Jesus na cruz. E por fim, com a chegada do Domingo de Páscoa, os cristãos celebram a Ressurreição de Cristo e a sua primeira aparição entre os seus discípulos.

Sexta-feira Santa ou Sexta-Feira da Paixão é uma data religiosa cristã que relembra a crucificação de Jesus Cristo e sua morte no Calvário. O feriado é observado sempre na sexta-feira que antecede o Domingo de Páscoa, o sexto dia da Semana Santa no cristianismo ocidental e o sétimo no cristianismo oriental (que conta também o Sábado de Lázaro, anterior ao Domingo de Ramos). É o primeiro dia (que começa na noite da celebração da Missa da Ceia do Senhor) do Tríduo Pascal e pode coincidir com a data da Páscoa judaica.

De acordo com os relatos nos evangelhos, os guardas do templo, guiados pelo apóstolo Judas Iscariotes, prenderam Jesus no Getsêmani. Depois de beijar Jesus, o sinal combinado com os guardas para demonstrar que era o líder do grupo, Judas recebeu trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16) como recompensa. Depois da prisão, Jesus foi levado à casa de Anás, o sogro do sumo-sacerdote dos judeus, Caifás. Sem revelar nada durante seu interrogatório, Jesus foi enviado para Caifás, que tinha consigo o Sinédrio reunido (João 18:1-24).

Este dia é considerado um feriado nacional em muitos países pelo mundo todo e em grande parte do ocidente, especialmente as nações de maioria cristã.

A Páscoa já era comemorada antes do surgimento do Cristianismo. Tratava-se da comemoração do povo judeu por terem sido libertados da escravidão no Egipto, por volta do ano de 1400 AC, tendo durado aproximadamente 400 anos.

Domingo de Páscoa ou Domingo da Ressurreição é uma festividade religiosa e um feriado que celebra a ressurreição de Jesus ocorrida três dias depois da sua crucificação no Calvário, conforme o relato do Novo Testamento. É a principal celebração do ano litúrgico cristão e também a mais antiga e importante festa cristã. A data da Páscoa determina todas as demais datas das festas móveis cristãs, exceto as relacionadas ao Advento. O domingo de Páscoa marca o ápice da Paixão de Cristo e é precedido pela Quaresma, um período de quarenta dias de jejum, orações e penitências.

A Ascensão de Jesus foi um evento na vida de Jesus relatado no Novo Testamento de que Jesus ressuscitado foi elevado ao céu com seu corpo físico, na presença de onze de seus apóstolos, ocorrendo no quadragésimo dia da ressurreição (sempre uma quinta-feira) no monte das Oliveiras. Na narrativa bíblica, um anjo informa os discípulos que a segunda vinda de Jesus irá ocorrer da mesma forma que a sua ascensão.

Os evangelhos canônicos incluem duas breves descrições da ascensão de Jesus, em Lucas 24:50-53 e Marcos 16:19. Uma descrição mais detalhada da ascensão corporal de Jesus às nuvens aparece em Atos 1:9-11.

Pentecostes é uma das celebrações mais importantes do calendário cristão e, comemora, segundo esta crença, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo e sobre Maria, sua mãe. O Pentecostes é celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa. O dia de Pentecostes ocorre no sétimo dia depois do dia da Ascensão de Jesus. Isto porque ele ficou quarenta dias após a ressurreição dando os últimos ensinamentos a seus discípulos, somando aos três dias em que ficou na sepultura somam quarenta e três dias, para os cinquenta dias que se completam da páscoa até o último dia da grande festa de Pentecostes, sobram sete dias; e foram estes os dias em que os discípulos permaneceram no cenáculo até a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes.

O Pentecostes é histórica e simbolicamente ligado ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo. Para os católicos, o Pentecostes celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e seguidores de Jesus, através do dom de línguas, como descrito no Novo Testamento, durante aquela celebração judaica do quinquagésimo dia em Jerusalém. Por esta razão o dia de Pentecostes é, às vezes, considerado o dia do nascimento da igreja. O movimento pentecostal tem o seu nome derivado desse evento.

Segundo a Bíblia, supostamente Jesus teria participado de várias celebrações pascais. Quando tinha doze anos de idade foi levado pela primeira vez pelos seus pais, José e Maria, para comemorar a Páscoa, conforme narram algumas das histórias do Novo Testamento da Bíblia.

A mais famosa participação relatada na bíblia foi a "Última Ceia", onde Jesus e os seus discípulos fizeram a "comunhão do corpo e do sangue", simbolizados pelo pão e pelo vinho.


Não podia deixar de me referir às comemorações da Páscoa judaica

A Páscoa instituída entre os judeus - Pessach - é comemorada pela conquista da liberdade dos hebreus, que viviam como escravos no Egito. 

Essa libertação coincidiu com a Primavera, que ocorria no mês hebraico (nissan) que corresponde mais ou menos aos últimos dias de março e meados de abril.

As comemorações fundiram-se com as tradições religiosas de seu povo. A Páscoa foi ampliada pelo cristianismo com um novo sentido.

Os judeus seguem a tradição descrita no livro do Êxodo: “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo” (Êxodo 12.14).

Durante as festividades da Pessach / Pesach, é feito um jantar especial de comemoração chamado "Sêder de Pessach", que tem o objetivo de reunir toda a família. O Pessach judeu é comemorado durante sete dias.

Durante a Semana Santa, vários símbolos fazem parte do ritual das comemorações, entre eles:


Os ramos de palmeira

A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos, que lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, ocasião em que as pessoas cobriam a estrada com folhas de palmeira, para comemorar sua chegada.

Atualmente, as folhas de palmeiras são usadas na decoração das Igrejas durante as comemorações da Semana Santa, como um sinal de “boas-vindas a Cristo”.


Cordeiro

Este é um dos símbolos mais antigos da Páscoa, lembrando a aliança que Deus teria feito com o povo judeu no Antigo Testamento.

Naquela época, a Páscoa era celebrada com o sacrifício de um cordeiro.

Para os cristãos, Jesus Cristo é o “cordeiro de Deus que tirou os pecados do mundo”.


Círio Pascal

O Círio Pascal é uma grande vela, decorada com as letras gregas alfa e ômega, que significam “início” e “fim”, respectivamente, e usada durante as missas da Semana Santa.

Durante a Vigília Pascal é inserido na vela os cinco pontos das chagas de Cristo na cruz.

É acesa no Sábado de Aleluia e sua Luz representa a Ressurreição de Cristo.


O Peixe

O peixe é um símbolo trazido dos apóstolos que eram pescadores.

É um símbolo de vida, usado pelos primeiros cristãos, no acróstico IXTUS - peixe em grego. 

As letras são as iniciais de "Iesus Xristos Theos Huios, Sopter", que significa "Jesus Cristo, Filho de Deus, o Salvador".

Faz parte do ritual da Semana Santa comer peixe na Sexta Feira Santa, para lembrar o ritual dos 40 dias de jejum de carne, seguidos pelos cristãos durante a Quaresma.


Ovo de Páscoa

Por representar o nascimento e a vida, presentear com ovos era um costume antigo entre os povos do Mediterrâneo.

Durante as festividades para comemorar o início da primavera e a época de plantio, os ovos eram cozidos, pintados e presenteados, para representar a fertilidade e a vida.

O costume passou a ser seguido durante as festividades dos cristãos, onde eram pintados com imagens de Jesus e Maria, representando simbolicamente o nascimento do Messias.

Muitas culturas mantêm até hoje esse costume. No mundo moderno, o ovo fabricado com chocolate virou uma tradição de presente no Domingo de Páscoa.


Coelho de Páscoa

O coelho de Páscoa tornou-se o símbolo da fertilidade e da vida, devido a particularidade deste animal de se reproduzir em grandes ninhadas.

Está relacionado com a Páscoa por representar a esperança de vida na Ressurreição de Jesus Cristo.

Vários povos da antiguidade já consideravam o coelho como símbolo da fertilidade, pois com a chegada da primavera, eram os primeiros animais a saírem de suas tocas.

Com o passar dos tempos, os coelhinhos de chocolate entraram para os costumes das festividades da Semana da Páscoa.

Assim como os ovos de chocolate, os coelhinhos viraram tradição de presente no Domingo de Páscoa.


sexta-feira, 14 de abril de 2017

Submarinos em Portugal – A 15 de Abril de 1913, era entregue à Marinha o primeiro submersível português


Submarinos em Portugal – A 15 de Abril de 1913, era entregue à Marinha o primeiro submersível português, de seu nome NRP Espadarte

A 15 de abril de 1913, era entregue à Marinha o primeiro submersível português, de seu nome NRP Espadarte. Tendo largado de Spezia a 22 de Maio de 1913 chegou a Lisboa a 5 de Agosto do mesmo ano.

A 10 de Fevereiro de 1918 chegam ao Tejo os restantes três Submersíveis constituindo desse modo a 1ª Esquadrilha de Submarinos (1913 – 1934).

Nos fins do século XIX inícios do Século XX começaram a surgir um pouco por toda a parte, leia-se, por todos os países ocidentais, os primeiros projectos de submarinos com utilização militar. Em Portugal não se ficou para trás e, nos finais do século XIX o Primeiro-tenente João Fontes Pereira de Melo desenvolve os primeiros planos de um submarino com características e potencial para uso militar. Projecto esse que apresentou aos poderes de então.

Após vários avanços e recuos, o Primeiro-tenente Fontes viu, finalmente, aprovada a possibilidade da construção de um modelo à escala que permitisse avaliar as capacidades do seu projecto principalmente no que dizia respeito às condições de estabilidade e do sistema de visão com que seria equipado e que seria o mesmo a utilizar nos submarinos a construir. 

O modelo foi então construído no Arsenal da Marinha, antigas instalações de manutenção e reparação naval da Marinha Portuguesa localizadas em Lisboa. Estavam implantadas a Poente do Terreiro do Paço, sensivelmente no mesmo local da antiga Ribeira das Naus e da Ópera do Tejo, destruída pelo Terramoto de 1755. Até à implantação da República eram designados por Arsenal Real da Marinha, constituído em ferro tinha um comprimento total de aproximadamente 12 metros.

As várias experiências de avaliação decorreram durante o mês de Outubro de 1893, junto ao dique do Arsenal da Marinha, tendo embarcado o Primeiro-tenente Fontes mais dois operários.

Apesar das experiências terem decorrido como planeado o mesmo não conseguiu convencer as autoridades do interesse para a aquisição e construção do seu submarino.

Só em Junho de 1910, então o Ministro da Marinha, João de Azevedo Coutinho, encomendou aos estaleiros Italianos da Fiat San Giorgio, o primeiro submersível português, o "ESPADARTE". Comandado por Joaquim de Almeida Henriques[i], partiu a 22 de Maio de 1913 de Spezia e chegou a Lisboa a 5 de Agosto do mesmo ano.

Assim, em 1913, Portugal recebeu o seu primeiro submersível, passando a ser um dos poucos países do mundo a potenciar as vantagens desta arma. Esta aposta do então Ministro da Marinha, é de realçar numa época onde os submersíveis eram vistos como uma arma pouco nobre e onde o seu estágio de desenvolvimento era rudimentar.



Com o decorrer da primeira Grande Guerra ressaltou o valor militar desta nova arma e em 1915 o Governo Português encomendava ao mesmo estaleiro mais três submersíveis: os "FOCA", "GOLFINHO" e "HIDRA", que tal como o "ESPADARTE" seriam concebidos pelo famoso engenheiro Laurenti.


Estes quatro submersíveis viriam a constituir a primeira Esquadrilha que teve prolongada vida operacional da qual se destacam as patrulhas de proteção das barras do porto de Lisboa durante o primeiro conflito Mundial, garantindo uma componente dissuasora.



Em princípios de 1927, o envelhecimento do "ESPADARTE" começou a causar preocupações que viriam a culminar com o seu desarmamento em 31 de Maio de 1928, seguindo-se os restantes submersíveis, tendo o Hidra sido abatido ao efetivo da Armada em 1935.


Características dos Navios da 1ª Esquadrilha (1913 a 1934) 

Produzidos nos estaleiro da Fiat – Em San Giorgio, Spezia, Itália, derivaram directamente do Modelo Laurenti, sendo conhecidos como Classe F.  Foi o modelo base de submersível utilizado pela marinha italiana na I Grande Guerra, tendo ganho prestígio e reconhecimento de fiabilidade, tendo sido vendido não só para Portugal, mas também para o Brasil, Espanha, Suécia e Rússia.

Face aos excelentes resultados obtidos com o NRP Espadarte, no final de 1915 o Governo Português encomendou em Itália mais três submersíveis da Classe F: o “Foca”, o “Golfinho” e o “Hidra”, os quais largaram do porto de La Spezia em Dezembro 1917 em direcção a Lisboa.

Com estes quatro Submersíveis dá-se início à arma submarina em Portugal e forma-se a 1ª Esquadrilha (1913 a 1934) 

 Em pleno conflito mundial os três submersíveis cruzaram o Mediterrâneo, em formação com o NRP Patrão Lopes e outras unidades aliadas (primeiro italiana e posteriormente francesas). Num percurso onde encontraram fortes intempéries  e zonas assoladas por submarinos inimigos, chegaram a presenciar o torpedeamento de navios mercantes nas suas proximidades. Após a longa viagem de oito etapas chegaram a Lisboa a 10 de Fevereiro de 1918.

A Base operacional da Esquadrilha ficou instalada na Doca de Belém até ao final da guerra. 

A principal missão táctica dos submersíveis da 1ª Esquadrilha foi a de vigilância costeira e guerra anti-submarina, o que levou à definição de uma zona de operações compreendida entre as Berlengas e Sines.  

A presença dos submersíveis nacionais à entrada do Tejo e o conhecimento deste facto por parte do inimigo, reforçava o poder dissuasor destas unidades navais, obrigando o inimigo a restrições tácticas, como a necessidade de navegarem nas zonas patrulhadas preferencialmente em imersão, diminuindo-lhes o campo de visão e por conseguinte a capacidade de detecção de alvos.

Na época a identificação de um submarino à superfície não era fácil e era impossível em imersão, o que implicava a necessidade de os atacar de imediato após a localização para que estes não tivessem tempo de imergir e fugir. Por isso a regra era ”antes destruir um submarino aliado do que poupar um submarino inimigo”. Aos submarinos cabia-lhes imergir rapidamente em todas as situações, se bem que existiam alguns procedimentos de identificação, como o lançamento de foguetes de cores convencionadas ou a pintura do casco com desenhos pré-convencionados, neste caso para identificação aérea.

A Vida a Bordo

O momento da imersão em muito era parecido com um naufrágio controlado. A capacidade de controlar de forma rigorosa a reserva de flutuabilidade, anular a gravidade e vencer a força de impulsão era parte da arte de navegar. Pela falta de instrumentos e precisão dos existentes havia que acautelar a profundidade, por causa da resistência máxima do casco ou para não chocar com o fundo. Outro factor era a alteração da propulsão que variava da superfície para a imersão, de combustão interna para eléctrica. Por último, e de grande relevância, era a variação da densidade da água podia apresentar grandes variações, principalmente junto à barra do rio com o sentido das marés, por causa da água doce.

Os submersíveis da 1ª Esquadrilha eram máquinas de 45m e totalmente manuais. A navegabilidade em imersão, com toda a necessária gestão de peso entre os tanques de compensação e os tanques externos, tinha ainda por vezes de aproveitar a deslocação da guarnição no sentido longitudinal do navio para aproveitamento do peso humano.

Em imersão era garantido à guarnição uma respiração do ar à pressão atmosférica normal, através de acumuladores de ar comprimido. No entanto o inquinamento do ar tornava-se o maior problema, sendo que uma imersão prolongada poderia provocar uma percentagem anormal de oxigénio, anidrido carbónico, humidade, etc. , no ar respirado e não renovado. Para além do inquinamento do ar, existia o problema da humidade e consequentemente o de temperatura. Depois de algumas horas de imersão a humidade tendia a aproximar-se do estado de saturação e a inevitável subida de temperatura no interior do navio em imersão, provocava a existência de abundante condensação nas paredes frias do casco. A respiração tornava-se difícil o que se reflectia na capacidade física dos homens. A condensação provocava ainda a deterioração do material e interferia com os sistemas eléctricos do submersível. Outro problema grave que poderia surgir, resultaria de uma eventual falta de estanquicidade, que ao juntar água salgada às baterias do submersível provocava a libertação de gases de cloro altamente tóxicos.

Em Missão de Vigilância

Em tempo de guerra os submersíveis eram escoltados por uma unidade de superfície até à zona de patrulha. No regresso eram igualmente escoltados para entrarem na barra. Durante o tempo de patrulha, quando detectados eram tratados como submarinos inimigos e nesse sentido eram lançados alertas por TSF sobre a sua presença a toda a navegação.

Relata-nos uma destas situações o comandante Joaquim de Almeida Henriques, quando foi detectado numa dessas situações de alerta lançado por TSF, em 6 de Setembro de 1918, frente ao Cabo da Roca. O NRP Golfinho encontrava-se em imersão parcial à tona de água, para poupar energia eléctrica e para  ter um campo de observação mais amplo sobre o horizonte, quando foi avistado pelo posto de observação colocado no Farol do Cabo da Roca. A partir deste foi transmitido um alerta de presença de submarino inimigo, tendo os navios que faziam rocega de minas e os patrulhas que se encontravam de prevenção se dirigido para a zona suspeita.

Um dos navios ao aproximar-se abriu fogo sobre o NRP Golfinho, mas este manobrou de imediato e submergiu, aflorando à tona de água momentaneamente para observar através dos seus dois periscópios a posição dos navios que o perseguiam. O NRP Golfinho controlou bem a situação porque tinha a vantagem tecnológica do seu lado, uma vez que os navios não possuíam equipamento de escuta submarina.

Estes seguiram para na direcção de pressuposta progressão do submersível, mas este submerso dirigiu-se na direcção oposta.  Durante as manobras evasivas o NRP Golfinho passou a uma curta distância de um paquete e da sua escolta que regressavam de França sem o detectar. O submersível  regressou mais tarde à base normalmente, escoltado e sem mais imprevistos.

É bom recordar que Portugal é dos poucos países do mundo que mantem submarinos, ininterruptamente desde 1913.

Com o natural envelhecimento os Submersíveis da 1ª Esquadrilha viriam a ser desarmados e abatidos ao efectivo da Armada pela seguinte ordem: Espadarte em 31 de Maio de 1928, o Foca e o Golfinho em 30 de Novembro de 1934 e o Hidra em 31 de Março de 1935, tendo sido substituídos pela 2ª Esquadrilha.

A 2ª Esquadrilha, composta pelos Delfim, Espadarte, e Golfinho, esteve ao serviço desde 1934 até 7 de Dezembro de 1950, data da cerimónia do seu desarmamento e abate.

Em 1948 é constituída a 3ª Esquadrilha composta pelos Narval, Neptuno e o Náutilos. Sendo o Narval o último a ser abatido a 1 de Outubro 1969. Dando origem à 4ª Esquadrilha.

Constituída em 1964, a 4ª Esquadrilha, composta pelo Albacora (1 de Outubro de 1967), Barracuda (4 de Maio de 1968), Cachalote (25 de Maio de 1969) e pelo Delfim (1 de Outubro 1969). Em 1975 o Cachalote viria a ser abatido ao efectivo da Armada e vendido a França que posteriormente o cedeu ao Paquistão.

Com o seu abate a ocorrer ao longo da década de 2000/2010 sucede-lhe, a 5ª e actual Esquadrilha composta pelos Tridente (2009) e pelo Arpão (2010).








[i] Contra-Almirante Joaquim de Almeida Henriques, Nascido a 28 de maio de 1875, em Leiria, ingressou na Escola Naval em novembro de 1893, como aspirante de marinheiro de 2ª classe, e foi promovido a guarda-marinha em Outubro de 1895. Ficou conhecido como o "Pai dos submarinos da Marinha Portuguesa".


terça-feira, 11 de abril de 2017

11 de Abril de 1357  Nasce D. João I, "O de Boa Memória"

Monarca português, filho bastardo de Dom Pedro I e de Teresa Lourenço, dama galega, nasceu  a 11 de Abril de 1357, em Lisboa, onde faleceu a 14 de Agosto de 1433.

Décimo rei de Portugal (1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Memória". Educado por um mestre da Ordem de Cristo, apesar de ser bastardo, foi nomeado, com apenas seis anos, Mestre da Ordem de Avis por seu pai, Dom Pedro I e, armado cavaleiro.
Durante o reinado de D. Fernando[i], seu meio-irmão, começa a desempenhar papéis com alguma importância, tais como o da negociação do casamento de sua sobrinha, D. Beatriz (D. Beatriz de Portugal (ou D. Brites de Portugal, Coimbra, Fevereiro de 1373 - Toro?, após Junho de 1412), que veio a ser rainha consorte de Castela, filha do Rei D. Fernando e de sua mulher, a rainha D. Leonor Teles, com o rei Dom João I de Castela
A rainha D. Leonor Teles vê no Mestre de Avis um obstáculo e um adversário na sua influência sobre Dom Fernando, sendo Dom João considerado o chefe dos que se opõem à  acção de Leonor Teles e do Conde Andeiro.

Após a morte de Dom Fernando, (22 de Outubro de 1383), entra-se num período de agitação e de crise na sucessão da Coroa, dado não haver herdeiro varão e D. Beatriz estar casada com o rei de Castela. Ficando deste modo em causa a independência nacional.
A partir deste pressuposto formam-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como rainha de Portugal, tendo Dom João aceitado a chefia do movimento popular que luta contra a hipótese de Portugal vir a ter um rei estrangeiro. Este movimento conta com apoio da burguesia.

A rainha viúva  tinha como conselheiro e amante o Conde Andeiro, situação que causou grande agitação entre os populares. Para impedir a perda de independência que se adivinhava, Álvaro Pais planeia uma conspiração para matar o Conde Andeiro e para tal pede a participação do Mestre de Aviz. Após a morte do conde (6 de Dezembro de 1383), D. Leonor Teles foi obrigada a sair da cidade e pede ajuda aos reis de Castela.

Prevendo a invasão do país por Castela, que queria impor os direitos de D. Beatriz, Dom João começa a preparar a defesa, onde se vai destacar Nuno Álvares Pereira[ii]. Segue-se um período de lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o Cerco de Lisboa, por terra e mar, em 1384, durante vários meses.

Reunidas as Cortes em Coimbra, Abril de 1385, onde, pela  acção e grande poder oratório do Dr. João das Regras, Dom João é eleito rei de Portugal. A luta contra Castela e seus partidários vai continuar, e, em 14 de  Agosto de 1385, obtém-se uma grandiosa vitória na Batalha de Aljubarrota, a que se segue a vitória em Valverde.
Pela vitória em Aljubarrota e em cumprimento de uma promessa, Dom João I manda construir o Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gótica. A luta com Castela e seus partidários vai continuar, mas mais esporadicamente, até que em 1411, mediante o Tratado de Paz de Ayllon-Segóvia, Castela reconhece Portugal, pondo termo à crise dinástica de 1383-1385. A morte de Fernando I de Portugal em 1383 fez vir à tona as tentativas de anexação do reino português pela coroa de Castela. Apesar de as Cortes de Coimbra terem escolhido, em 1385, um novo rei, João I de Portugal, o rei João I de Castela não desistiu de tentar conquistar um novo reino para si e invadiu Portugal.

Entretanto, a 2 de Fevereiro de 1387, Dom João I casa, com D. Filipa de Lencastre, na sequência do Tratado de Windsor[iii], celebrado com a Inglaterra. Desta união nascerá a "Ínclita Geração" - D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando, o Infante Santo.

Dom João I, que subiu ao trono com grande apoio das massas populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, começou uma política centralizadora do poder, reduzindo a influência do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela, espaçando a reunião das Cortes, e procurando reaver algumas das terras doadas.
É no seu reinado que têm início as conquistas no Norte de África dando início, pela  acção do Infante D. Henrique, do áureo período dos Descobrimentos. Assim, em 1415 dá-se a expedição a Ceuta, sendo esta praça conquistada a 21 de  Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela praça-forte, os príncipes Dom Duarte (Futuro Rei), Dom Pedro e Dom Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa (19 de Julho), falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.

Após o regresso de Ceuta, o infante Dom Henrique vai dar início à epopeia dos Descobrimentos. Pela sua acção, no reinado de Dom João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira 1418), da Madeira (os mesmos acompanhados de Bartolomeu Perestrelo 1419) e dos Açores (1427), dando-se início à sua colonização. Além de que existem relatos de expedições às Canárias.
Devido à sua formação na Ordem de Avis Dom João I era um rei culto. Mandou redigir a Crónica Breve do Arquivo Nacional, traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da Montaria.

Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho Dom Duarte, que lhe sucederia. Dom João I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha.

[i] Dom Fernando, filho de D. Pedro I e da rainha D. Constança, apelidado de "o Formoso", "o Belo" e "o Inconstante", foi Rei de Portugal e do Algarve de 1367 até à sua morte (22 de Outubro de 1383), o último monarca português da Casa de Borgonha.

[ii] Beato Nuno de Santa Maria - Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Junho de 1360 em Portugal. Filho ilegítimo de fr. Álvaro Gonçalves Pereira e de D. Iria Gonçalves do Carvalhal, foi legitimado por decreto real. Aos treze anos tornou-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido criado na corte.

[iii] O Tratado de Windsor estabelecido entre Portugal e a Inglaterra, sendo a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinado em Maio de 1386 após os ingleses lutarem ao lado da Casa de Avis na batalha de Aljubarrota e com o sentido de renovar a Aliança Anglo-Portuguesa estabelecida pelos dois países em 1373.



segunda-feira, 10 de abril de 2017

Igreja Ortodoxa Copta

“O grupo extremista Estado Islâmico (EL) reivindicou hoje os dois atentados no Egito em igrejas coptas, uma minoria cristã no país, e que fizeram pelo menos 33 mortos”.

“Uma bomba explodiu, este domingo, numa igreja copta em Alexandria, Egito, deixando pelo menos onze mortos e 33 feridos, incidente que ocorreu horas depois de uma primeira explosão também numa igreja copta na cidade de Tanta”.
“A visita está prevista para o final deste mês e vai mesmo acontecer. “O que aconteceu provoca confusão e um grande sofrimento, mas não pode impedir o desenvolvimento da missão de paz do Papa”, considera o Vaticano”.

“O Papa tinha previsto, e mantém, a sua viagem ao Egito, a efectuar no final deste mês, apesar dos atentados, no domingo, contra duas igrejas coptas, que mataram 44 pessoas, disse o número três do Vaticano, numa entrevista publicada esta segunda-feira”.
Assim tem sido noticiado nos últimos dias em toda a impressa nacional e internacional.

Mas afinal quem são os Coptas Egípcios?
Para os menos versados nestes assuntos do “Cristianismo” aqui deixo uma breve síntese relacionada com Igreja Ortodoxa Copta que no Egipto representa cerca de 10% da população.

Bíblia escrita na língua Copta
A Igreja Ortodoxa Copta, de acordo com a tradição, foi estabelecida pelo evangelista São Marcos[i] no Egipto por volta do ano de 42 d.C. É uma igreja ortodoxa oriental, isto é, uma igreja cristã que, por não aceitar o Concílio de Calcedónia[ii], não está em comunhão com a Igreja Ortodoxa nem com a Igreja Católica. Pratica o rito alexandrino, a única grande igreja a executá-lo ao lado da Igreja Católica Copta.
É a igreja cristã nacional do Egito (copta significa egípcio) e uma das igrejas da Ortodoxia Oriental mais antigas do mundo. A maior igreja cristã do Norte da África, é governada pelo seu primaz, o Papa Teodoro II[iii] juntamente com o seu Sínodo.

Os primeiros cristãos no Egito eram principalmente judeus de Alexandria, tais como Teófilo, a quem Lucas dirige o capítulo introdutório do seu evangelho. Quando a Igreja foi fundada por São Marcos, durante a época do imperador romano Cláudio[iv], um grande número de egípcios, contrariamente a gregos e judeus, abraçou a fé cristã. Esta espalhou-se pelo Egito em poucas décadas, tal como se pode verificar nos escritos do Novo Testamento encontrados em Bahnasa, no Egito Médio, e que datam de cerca do ano 200, e de um fragmento do Evangelho segundo São João, escrito em língua copta, encontrado no Egito Superior e datado da primeira metade do século II.
No século IV um presbítero vindo do que é hoje a Líbia, Ário, iniciou uma discussão teológica sobre a natureza de Jesus Cristo que se espalhou por toda a Cristandade. O Concílio de Niceia (325), convocado pelo imperador Constantino (306-337 dc) para resolver a questão levou à formulação do Credo de Niceia, ainda hoje recitado por todos os cristãos, e cujo autor é Santo Atanásio.

Um ponto de rotura definitivo da Igreja Copta deu-se no Concílio de Calcedônia, no ano de 451. O Papa Dióscoro de Alexandria, protestando contra o que percebia como uma influência nestoriana na fórmula calcedoniana e contra a influência do Imperador Marciano, glorificado como santo pelos calcedonianos, convocou o Segundo Concílio de Éfeso, protegendo Eutiques como ortodoxo e separando-se do resto da Igreja. Como resultado, a maior parte da Igreja de Alexandria separou-se das restantes igrejas cristãs por causa das suas características miafisistas, com o remanescente diofisista subsistindo hoje na Igreja Ortodoxa Grega de Alexandria. Este cisma, subsistindo na chamada Ortodoxia Oriental, perdura até hoje.
A Igreja Ortodoxa Copta teve hegemonia regional por algum tempo, hegemonia esta que foi mantida mesmo algum tempo após a conquista muçulmana do Egipto no ano de 639.

Gradualmente, no entanto, as conversões ao Islão, largamente influenciadas pelos abusos contra cristãos e pela jizya, transformaram o Egipto num país maioritariamente muçulmano por volta do século XII.
Em 1741, o bispo copta Atanásio de Jerusalém converteu-se ao catolicismo romano, sendo subsequentemente apontado pelo Papa Bento XIV como vigário apostólico de menos de dois mil coptas. Este bispo acabaria por regressar para a Igreja Ortodoxa, mas em 1824 foi estabelecido um Patriarca de Alexandria em união com Roma, que progressivamente construiria igrejas praticando o rito alexandrino até que o Papa Leão XIII fatalmente restabeleceu a Igreja Católica Copta em 1895, hoje com sede no Cairo.

Actualmente o número de cristãos fiéis à Igreja Copta é de cerca de 16 milhões, estando a sua maioria, mais de metade, no Egito.
Os coptas celebram o Natal em 7 de Janeiro, conforme o calendário juliano. Um costume curioso da Igreja Copta é que, em liturgias ordinárias, ainda se usa a copta, um descendente da língua egípcia, original do Antigo Egito. A Igreja funciona como uma das últimas comunidades preservando esta língua, sendo que, com os vários atentados contra a Biblioteca de Alexandria e a influência de outras línguas (principalmente a árabe) na antiguidade, a língua foi sendo esquecida aos poucos e, logo, tornou-se incompreensível, estando definitivamente extinta no máximo pelo século XVII. Porém, a Igreja Copta mantém viva a língua copta graças a seus ritos litúrgicos.

Há também um pequeno número de convertidos por esforços missionários, principalmente ao longo da África. No Brasil, os coptas são representados desde 2001 por uma catedral em Jabaquara, São Paulo, presidida pelo bispo Dom Aghason Anba Paul.
Em Portugal esta comunidade é perfeitamente residual.

Espero que este pequeno relato, pelo menos, vos tenha aguçado a curiosidade de saber mais e mais acerca do mundo que nos rodeia.


[i] Marcos Evangelista (10 a.C. — Alexandria, 25 de abril de 68) foi discípulo do apóstolo Paulo de Tarso e posteriormente de Pedro. É tradicionalmente considerado como o autor de um dos Evangelhos. Ele é também um dos Setenta Discípulos e venerado como santo por várias igrejas cristãs, dentre as quais a católica, a ortodoxa e a copta, a qual o considera propriamente o patriarca, fundador da Igreja de Alexandria, uma das principais sedes do cristianismo primitivo

[ii] O Concílio de Calcedónia foi um concílio ecuménico que se realizou de 8 de Outubro a 1 de Novembro de 451 em Calcedónia, uma cidade da Bitínia, na Ásia Menor, frente a Constantinopla. Foi o quarto dos primeiros sete concílios ecumênicos da história do cristianismo, onde foi repudiada a doutrina de Eutiques relativa ao monofisismo e declarada a dualidade humana e divina de Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade.

[iii] Sua Beatitude Teodoro II, com nome de nascimento Wageeh Sobhy Baky Suleiman é o atual Papa da Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria, o 118.º Patriarca de Alexandria e o Patriarca da África sobre a Santa Sé apostólica. Nasceu a 4 de Novembro de 1952 (64 anos), Almançora, Egito

[iv] Tibério Cláudio César Augusto Germânico foi o quarto imperador romano da dinastia júlio-claudiana, e governou de 24 de Janeiro de 41 d.C. até a sua morte em 54.

domingo, 9 de abril de 2017

Efeméride de 9 de Abril – Batalha de La Lys


Em Março de 1916, a Alemanha declara guerra a Portugal e o nosso país entra formalmente na I Guerra Mundial.
Em Janeiro de 1917, partiram para França os primeiros soldados portugueses - a 1.ª Brigada do Corpo Expedicionário Português, comandada pelo Coronel Gomes da Costa.

1918 - Na I Grande Guerra Mundial 1914-18, o Corpo Expedicionário Português (CEP) é destroçado na Batalha de La Lys, em França.
A Batalha ocorre a 9 de Abril de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, entre as forças da Alemanha e do Império Austro-Húngaro, por um lado, e a coligação de países em que se destacavam a Inglaterra, a França e Portugal, por outro.

A batalha decorreu numa planície pantanosa banhada pelo Rio Lys e seus afluentes. As forças portuguesas assumiram a disposição de um trapézio, cuja face voltada para o inimigo se estendia por 11 km, e dispuseram-se em três linhas de defesa.
O Corpo Expedicionário Português (CEP) viveu dias de terror, no dia 9 para 10 de Abril daquele ano, na já referida, quando a 2ª Divisão do CEP constituída por cerca de 20 000 homens, dos quais somente 15 000 estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general Gomes da Costa, retirava dos campos de batalha para ser substituída, sofre um dos maiores bombardeamentos do exército alemão seguido de um ataque em massa com grande resistência por parte dos portugueses, o CEP acaba por desaparecer.

Este terá sido um dos mais sangrentos confrontos em que esteve envolvido o Corpo Expedicionário Português, tendo sido contabilizadas as seguintes baixas: 1341 mortos, 4626 feridos, 1932 desaparecidos e 7440 prisioneiros.
Esta batalha celebrizou um soldado, Aníbal Augusto Milhais (o chamado soldado Milhões)[i], pelo desempenho heroico ao proteger a retirada dos camaradas a tiros


[i] Aníbal Augusto Milhais (Murça, Valongo, 9 de Julho de 1895 — 3 de Junho de 1970), mais conhecido por Soldado Milhões, foi o soldado mais condecorado Português da I Guerra Mundial e o único soldado português premiado com a mais alta honraria nacional, a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

Fonte: (Batalha de La Lys. In Infopédia)