Décimo rei de
Portugal (1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo
conhecido pelo cognome "de Boa Memória". Educado por um mestre da
Ordem de Cristo, apesar de ser bastardo, foi nomeado, com apenas seis anos,
Mestre da Ordem de Avis por seu pai, Dom Pedro I e, armado cavaleiro.
Durante o
reinado de D. Fernando[i],
seu meio-irmão, começa a desempenhar papéis com alguma importância, tais como o
da negociação do casamento de sua sobrinha, D. Beatriz (D. Beatriz de Portugal
(ou D. Brites de Portugal, Coimbra, Fevereiro de 1373 - Toro?, após Junho de
1412), que veio a ser rainha consorte de Castela, filha do Rei D. Fernando e de
sua mulher, a rainha D. Leonor Teles, com o rei Dom João I de Castela
A rainha D.
Leonor Teles vê no Mestre de Avis um obstáculo e um adversário na sua
influência sobre Dom Fernando, sendo Dom João considerado o chefe dos que se
opõem à acção de Leonor Teles e do Conde Andeiro.
Após a morte
de Dom Fernando, (22 de Outubro de 1383), entra-se num período de agitação e de
crise na sucessão da Coroa, dado não haver herdeiro varão e D. Beatriz estar
casada com o rei de Castela. Ficando deste modo em causa a independência
nacional.
A partir deste
pressuposto formam-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como
rainha de Portugal, tendo Dom João aceitado a chefia do movimento popular que
luta contra a hipótese de Portugal vir a ter um rei estrangeiro. Este movimento
conta com apoio da burguesia.
A rainha viúva tinha como
conselheiro e amante o Conde Andeiro, situação que causou grande agitação entre
os populares. Para impedir a perda de independência que se adivinhava, Álvaro
Pais planeia uma conspiração para matar o Conde Andeiro e para tal pede a
participação do Mestre de Aviz. Após a morte do conde (6 de Dezembro de 1383),
D. Leonor Teles foi obrigada a sair da cidade e pede ajuda aos reis de Castela.
Prevendo a
invasão do país por Castela, que queria impor os direitos de D. Beatriz, Dom
João começa a preparar a defesa, onde se vai destacar Nuno Álvares Pereira[ii].
Segue-se um período de lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o
Cerco de Lisboa, por terra e mar, em 1384, durante vários meses.
Reunidas as
Cortes em Coimbra, Abril de 1385, onde, pela acção e grande
poder oratório do Dr. João das Regras, Dom João é eleito rei de Portugal. A
luta contra Castela e seus partidários vai continuar, e, em 14
de Agosto de 1385, obtém-se uma grandiosa vitória na Batalha de
Aljubarrota, a que se segue a vitória em Valverde.
Pela vitória
em Aljubarrota e em cumprimento de uma promessa, Dom João I manda construir o
Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gótica. A luta com Castela e seus
partidários vai continuar, mas mais esporadicamente, até que em 1411, mediante
o Tratado de Paz de Ayllon-Segóvia, Castela reconhece Portugal, pondo termo à
crise dinástica de 1383-1385. A morte de Fernando I de Portugal em 1383 fez vir
à tona as tentativas de anexação do reino português pela coroa de Castela.
Apesar de as Cortes de Coimbra terem escolhido, em 1385, um novo rei, João I de
Portugal, o rei João I de Castela não desistiu de tentar conquistar um novo
reino para si e invadiu Portugal.
Entretanto, a
2 de Fevereiro de 1387, Dom João I casa, com D. Filipa de Lencastre, na
sequência do Tratado de Windsor[iii],
celebrado com a Inglaterra. Desta união nascerá a "Ínclita Geração" -
D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando,
o Infante Santo.
Dom João I,
que subiu ao trono com grande apoio das massas populares e da burguesia, quando
as lutas com Castela estabilizaram, começou uma política centralizadora do
poder, reduzindo a influência do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens
dos que eram apoiantes de Castela, espaçando a reunião das Cortes, e procurando
reaver algumas das terras doadas.
É no seu reinado
que têm início as conquistas no Norte de África dando início, pela acção do
Infante D. Henrique, do áureo período dos Descobrimentos. Assim, em 1415 dá-se
a expedição a Ceuta, sendo esta praça conquistada a 21 de Agosto.
Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela praça-forte,
os príncipes Dom Duarte (Futuro Rei), Dom Pedro e Dom Henrique. Entretanto, na
véspera da partida de Lisboa (19 de Julho), falecera a rainha D. Filipa de
Lencastre.
Após o
regresso de Ceuta, o infante Dom Henrique vai dar início à epopeia dos
Descobrimentos. Pela sua acção, no reinado de Dom João I são descobertas as
ilhas de Porto Santo (João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira 1418), da
Madeira (os mesmos acompanhados de Bartolomeu Perestrelo 1419) e dos Açores
(1427), dando-se início à sua colonização. Além de que existem relatos de expedições
às Canárias.
Devido à sua
formação na Ordem de Avis Dom João I era um rei culto. Mandou redigir a Crónica
Breve do Arquivo Nacional, traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e
escreveu o Livro da Montaria.
Em 1412
associou ao governo do reino o seu filho Dom Duarte, que lhe sucederia. Dom João
I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha.
[i]
Dom Fernando, filho de D. Pedro I e da rainha D.
Constança, apelidado de "o Formoso", "o Belo" e "o
Inconstante", foi Rei de Portugal e do Algarve de 1367 até à sua morte (22
de Outubro de 1383), o último monarca português da Casa de Borgonha.
[ii] Beato Nuno de Santa Maria - Nuno Álvares Pereira
nasceu a 24 de Junho de 1360 em Portugal. Filho ilegítimo de fr. Álvaro
Gonçalves Pereira e de D. Iria Gonçalves do Carvalhal, foi legitimado por
decreto real. Aos treze anos tornou-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido
criado na corte.
[iii]
O Tratado de Windsor estabelecido entre Portugal
e a Inglaterra, sendo a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em
vigor. Foi assinado em Maio de 1386 após os ingleses lutarem ao lado da Casa de
Avis na batalha de Aljubarrota e com o sentido de renovar a Aliança
Anglo-Portuguesa estabelecida pelos dois países em 1373.
Saudades dos tempos em que iamos rezar de baixo de uma laranjeira.
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