terça-feira, 11 de abril de 2017

11 de Abril de 1357  Nasce D. João I, "O de Boa Memória"

Monarca português, filho bastardo de Dom Pedro I e de Teresa Lourenço, dama galega, nasceu  a 11 de Abril de 1357, em Lisboa, onde faleceu a 14 de Agosto de 1433.

Décimo rei de Portugal (1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Memória". Educado por um mestre da Ordem de Cristo, apesar de ser bastardo, foi nomeado, com apenas seis anos, Mestre da Ordem de Avis por seu pai, Dom Pedro I e, armado cavaleiro.
Durante o reinado de D. Fernando[i], seu meio-irmão, começa a desempenhar papéis com alguma importância, tais como o da negociação do casamento de sua sobrinha, D. Beatriz (D. Beatriz de Portugal (ou D. Brites de Portugal, Coimbra, Fevereiro de 1373 - Toro?, após Junho de 1412), que veio a ser rainha consorte de Castela, filha do Rei D. Fernando e de sua mulher, a rainha D. Leonor Teles, com o rei Dom João I de Castela
A rainha D. Leonor Teles vê no Mestre de Avis um obstáculo e um adversário na sua influência sobre Dom Fernando, sendo Dom João considerado o chefe dos que se opõem à  acção de Leonor Teles e do Conde Andeiro.

Após a morte de Dom Fernando, (22 de Outubro de 1383), entra-se num período de agitação e de crise na sucessão da Coroa, dado não haver herdeiro varão e D. Beatriz estar casada com o rei de Castela. Ficando deste modo em causa a independência nacional.
A partir deste pressuposto formam-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como rainha de Portugal, tendo Dom João aceitado a chefia do movimento popular que luta contra a hipótese de Portugal vir a ter um rei estrangeiro. Este movimento conta com apoio da burguesia.

A rainha viúva  tinha como conselheiro e amante o Conde Andeiro, situação que causou grande agitação entre os populares. Para impedir a perda de independência que se adivinhava, Álvaro Pais planeia uma conspiração para matar o Conde Andeiro e para tal pede a participação do Mestre de Aviz. Após a morte do conde (6 de Dezembro de 1383), D. Leonor Teles foi obrigada a sair da cidade e pede ajuda aos reis de Castela.

Prevendo a invasão do país por Castela, que queria impor os direitos de D. Beatriz, Dom João começa a preparar a defesa, onde se vai destacar Nuno Álvares Pereira[ii]. Segue-se um período de lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o Cerco de Lisboa, por terra e mar, em 1384, durante vários meses.

Reunidas as Cortes em Coimbra, Abril de 1385, onde, pela  acção e grande poder oratório do Dr. João das Regras, Dom João é eleito rei de Portugal. A luta contra Castela e seus partidários vai continuar, e, em 14 de  Agosto de 1385, obtém-se uma grandiosa vitória na Batalha de Aljubarrota, a que se segue a vitória em Valverde.
Pela vitória em Aljubarrota e em cumprimento de uma promessa, Dom João I manda construir o Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gótica. A luta com Castela e seus partidários vai continuar, mas mais esporadicamente, até que em 1411, mediante o Tratado de Paz de Ayllon-Segóvia, Castela reconhece Portugal, pondo termo à crise dinástica de 1383-1385. A morte de Fernando I de Portugal em 1383 fez vir à tona as tentativas de anexação do reino português pela coroa de Castela. Apesar de as Cortes de Coimbra terem escolhido, em 1385, um novo rei, João I de Portugal, o rei João I de Castela não desistiu de tentar conquistar um novo reino para si e invadiu Portugal.

Entretanto, a 2 de Fevereiro de 1387, Dom João I casa, com D. Filipa de Lencastre, na sequência do Tratado de Windsor[iii], celebrado com a Inglaterra. Desta união nascerá a "Ínclita Geração" - D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando, o Infante Santo.

Dom João I, que subiu ao trono com grande apoio das massas populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, começou uma política centralizadora do poder, reduzindo a influência do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela, espaçando a reunião das Cortes, e procurando reaver algumas das terras doadas.
É no seu reinado que têm início as conquistas no Norte de África dando início, pela  acção do Infante D. Henrique, do áureo período dos Descobrimentos. Assim, em 1415 dá-se a expedição a Ceuta, sendo esta praça conquistada a 21 de  Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela praça-forte, os príncipes Dom Duarte (Futuro Rei), Dom Pedro e Dom Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa (19 de Julho), falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.

Após o regresso de Ceuta, o infante Dom Henrique vai dar início à epopeia dos Descobrimentos. Pela sua acção, no reinado de Dom João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira 1418), da Madeira (os mesmos acompanhados de Bartolomeu Perestrelo 1419) e dos Açores (1427), dando-se início à sua colonização. Além de que existem relatos de expedições às Canárias.
Devido à sua formação na Ordem de Avis Dom João I era um rei culto. Mandou redigir a Crónica Breve do Arquivo Nacional, traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da Montaria.

Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho Dom Duarte, que lhe sucederia. Dom João I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha.

[i] Dom Fernando, filho de D. Pedro I e da rainha D. Constança, apelidado de "o Formoso", "o Belo" e "o Inconstante", foi Rei de Portugal e do Algarve de 1367 até à sua morte (22 de Outubro de 1383), o último monarca português da Casa de Borgonha.

[ii] Beato Nuno de Santa Maria - Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Junho de 1360 em Portugal. Filho ilegítimo de fr. Álvaro Gonçalves Pereira e de D. Iria Gonçalves do Carvalhal, foi legitimado por decreto real. Aos treze anos tornou-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido criado na corte.

[iii] O Tratado de Windsor estabelecido entre Portugal e a Inglaterra, sendo a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinado em Maio de 1386 após os ingleses lutarem ao lado da Casa de Avis na batalha de Aljubarrota e com o sentido de renovar a Aliança Anglo-Portuguesa estabelecida pelos dois países em 1373.



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