quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Efeméride de 28 de Agosto de 1797 – Criação da Brigada Real da Marinha


A Brigada Real da Marinha (BRM) foi um corpo de tropas da Marinha Portuguesa, vocacionado para guarnecer a artilharia dos navios de guerra, atuar como infantaria de desembarque e manter os apetrechos navais. Criada em 1797 foi extinta em 1832. Constituiu uma das antecessoras dos atuais Corpo de Fuzileiros de Portugal e Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil.

A Brigada Real da Marinha foi criada pelo Alvará com força de Lei de 28 de Agosto de 1797 da Rainha Dona Maria I. Resultou da fusão numa única unidade dos anteriores 1º e 2º regimentos de infantaria da Armada e Regimento de Artilharia da Marinha. A BRM era comandada por um oficial general da Armada e composta pelas divisões de Artilheiros Marinheiros, de Fuzileiros Marinheiros e de Artífices e Lastradores, totalizando aproximadamente 5500 praças. O seu primeiro comandante foi o Marquês de Niza.

Pouco depois da sua criação, em 1798, forças da BRM participaram na Campanha do Mediterrâneo, embarcadas na esquadra portuguesa enviada para auxiliar a Marinha Britânica contra as forças francesas.

Essa esquadra foi comandada pelo Marquês de Niza que havia pouco antes deixado o comando da BRM. No Mediterrâneo, a BRM esteve particularmente envolvida nos bloqueios da ilha de Malta, durante os quais as suas forças de desembarque - constituídas por centenas de fuzileiros e artilheiros - auxiliaram em terra as forças populares maltesas no combate contra os ocupantes franceses.

Na sequência das Invasões Francesas a Portugal, em 1807, uma grande parte BRM embarca na esquadra que transfere a Corte Portuguesa para o Brasil. A partir do Brasil, os fuzileiros marinheiros da BRM, participam ativamente na Invasão da Guiana Francesa em 1809. Em 1816, forças da BRM participam também na invasão portuguesa do Uruguai.

Quando da Independência do Brasil em 1822, o contingente da BRM que ali se encontrava foi transformado no Batalhão de Artilharia Naval da então constituída Marinha do Brasil, antecessor do atual Corpo de Fuzileiros Navais. A BRM mantém-se contudo ao serviço da Marinha Portuguesa até 1832. A 31 de outubro de 1832, a Brigada Real da Marinha foi extinta, dando lugar ao Regimento da Armada, o qual, em 1837, foi transformado no Batalhão Naval.




sábado, 24 de agosto de 2019

Efeméride de 23 de Agosto de 1471 - Dom Afonso V desembarca em Arzila.

A presença dos Portugueses em Arzila, cidade marroquina da costa atlântica, ainda hoje apresenta vários vestígios após a ocupação pelas tropas de Dom Afonso V em 1471.

A conquista de Arzila enquadrou-se na política de expansão ultramarina portuguesa e ocorreu na segunda metade do século XV, após o desastre da operação em Tânger, onde muitos portugueses – entre os quais o infante Dom Fernando – foram feitos prisioneiros.

Julgava-se que a tomada de praças em Marrocos apresentaria uma mais-valia fundamental à progressão marítima e, no caso de Arzila, a tarefa estava facilitada porque existia um conflito entre os muçulmanos que se combatiam entre si. Mesmo assim o combate não foi fácil e causou várias vítimas.

Situada na costa norte de Marrocos, a cidade foi uma possessão dos portugueses entre 1471  e 1550 e, mais tarde, entre 1577 e 1589.

Para povoar / colonizar Arzila, a coroa portuguesa enviou diversas famílias judias espanholas, estabelecendo-se um acordo de paz com os mouros das redondezas pelo período de vinte anos. Apesar de escassos, ainda existem hoje alguns vestígios da presença portuguesa, entre os quais a torre de menagem da fortaleza, cuja recuperação foi apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Afonso V (1432 – 1481), apelidado de "o Africano" pelas suas conquistas em África, foi o Rei de Portugal e dos Algarves de 1438 até sua morte. Era o filho mais velho do rei Duarte I e sua esposa Leonor de Aragão, Casou em 1445 com sua prima Dona Isabel.



Efeméride de 24 de agosto de 1820 - Revolução Liberal


As invasões francesas[i] deixaram o nosso país em muito mau estado. Portugal ficou devastado e arruinado, já que os exércitos invasores praticaram roubos, destruíram casas e ruas e deixaram as actividades económicas (agricultura, indústria e comércio) praticamente paralisadas.

 Para além disto, a população portuguesa estava também descontente porque:

 ·       Os portos brasileiros deixaram de ser exclusivos de Portugal e abriram as portas ao comércio com outros países.



·       Em 1815, o Brasil deixou de ser uma colónia portuguesa e foi elevado à categoria de Reino, tornando-se a cidade do Rio de Janeiro a sua verdadeira capital. (Hoje é Brasília)



·       A família real e a corte portuguesa continuavam no Brasil[ii] (o rei estava fora de Portugal e os ingleses é que estavam a ocupar os principais cargos na governação e no exército em Portugal)



Por estes motivos, o descontentamento da população era geral e associado às novas ideias liberais (que defendiam sobretudo, uma maior participação na vida política) gerou-se um clima favorável a conspirações contra a situação em que o país vivia.



Em 1817, Gomes Freire de Andrade, liderou uma tentativa para mudar o regime, exigir o regresso do rei e expulsar os ingleses do nosso país. Esta tentativa não foi bem-sucedida porque foram descobertos e os seus responsáveis foram presos e condenados à morte.

Em 1817 (no ano seguinte), um grupo de liberais do Porto (constituído por juízes, comerciantes, proprietários e militares) formou uma associação secreta – o Sinédrio – que era liderada por Fernandes Tomás e tinha como objectivo preparar uma revolução.



 A 24 de Agosto de 1820, aproveitando a ausência de Beresford (general inglês nomeado por Dom João VI como marechal do exército português, a quem foram concedidos grandes poderes para acabar com qualquer tipo de conspirações liberais), o Sinédrio fez despoletar (deu início), no Porto, à Revolução Liberal.

Rapidamente, a revolução se estendeu a Lisboa e ao resto do país. Os ingleses foram afastados do governo e os revolucionários criaram um governo provisório (Junta Provisional de Governo do Reino) que, de imediato, tomou medidas para resolver os problemas do reino, sendo as mais importantes:

·       Exigência do regresso do rei D. João VI a Portugal

·       Realização de eleições com o objectivo de escolher deputados às Cortes Constituintes, para elaborar uma Constituição (documento que contem as Leis fundamentais de um país).




As 1ªs eleições realizadas em Portugal aconteceram em Dezembro de 1822.

Esta Constituição[iii] consagrou os princípios da liberdade e de igualdade dos cidadãos perante a lei (fosse qual fosse a sua origem social, acabando-se desta forma com os privilégios do clero e da nobreza) e consagrou a divisão do poder em três poderes.



Dom João VI, com medo de ser afastado do trono pelas Cortes, voltou a Portugal em 1821 e em 1822 jurou (aceitou) a Constituição Portuguesa. Desta forma, Portugal passou de uma monarquia absoluta para uma monarquia liberal (ou constitucional).

 

[i] Incursões militares de tropas francesas sobre o território português levadas a cabo, nos anos de 1807-1808, 1809 e 1810-1811, sob a direcção, respectivamente, dos marechais Junot, Soult e Massena.

[ii] A transferência da corte portuguesa para o Brasil foi o episódio da história de Portugal e da história do Brasil em que a família real portuguesa, a sua corte de nobres e mais servos e demais empregados domésticos (tais como valetes) e inclusive uma biblioteca com mais de 60 000 livros, radicaram-se no Brasil, entre 1808 e 1821. Tendo a leva inicial de 15 000 pessoas. Posteriormente, após 1821, muitos destes voltaram a Portugal.

[iii] A Constituição Política da Monarquia Portuguesa aprovada em 23 de setembro de 1822 foi a primeira lei fundamental portuguesa e o mais antigo texto constitucional português, o qual marcou uma tentativa de pôr fim ao absolutismo e inaugurar em Portugal uma monarquia constitucional. Apesar de ter estado vigente apenas durante dois efémeros períodos - o primeiro entre 1822 e 1823, o segundo de 1836 a 1838, - foi um marco fundamental para a História da democracia em Portugal, e qualquer estudo sobre o constitucionalismo terá que a ter como referência nuclear. Foi substituída pela carta constitucional da monarquia portuguesa de 1826.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Efeméride de 21 de Agosto de 1415 – Tomada de Ceuta

Ao fim da madrugada de 21 de Agosto de 1415, quando o sol começou a raiar, os habitantes de Ceuta puderam ver na linha do horizonte um cenário tão grandioso como assustador.

À vista, perto de costa, mais de 200 naus[i], fustas[ii] e galés[iii] aprontavam-se para desembarcar os primeiros soldados da expedição de uns 20 mil homens que Dom João I, rei de Portugal, tinha armado para conquistar a cidade.

Sabe-se pela Crónica da Tomada de Ceuta escrita por volta de 1450 por Gomes Eanes de Zurara que Dom João I tinha em mente uma operação militar no exterior das suas fronteiras desde 1409.

 O norte de África era por várias razões o destino mais lógico nas conjecturas do rei que, desde cedo encontrou nos seus filhos mais velhos, Dom Duarte, Dom Henrique e Dom Pedro, um incondicional apoio.

O projecto da conquista de Ceuta ter-lhe-á sido apresentado pelo seu vedor da Fazenda, João Afonso de Alenquer (1395-1433), conhecedor das riquezas da cidade.

O rei começa então a fazer contas. Preocupava-se com os gastos da operação e com a sua viabilidade. Receava a necessidade de criar novos impostos e a reação da arraia-miúda.

Com o apoio dos filhos garantido, o rei procura obter a concordância do Condestável, D. Nuno Álvares Pereira, que após a batalha de Aljubarrota se tornara figura muito importante no reino, e da sua mulher, a Rainha Filipa de Lancastre. Após obter o seu assentimento, Dom João manda iniciar os preparativos nos primeiros meses de 1414.

 Até ser dado início à expedição faltava ainda mais de um ano e meio e o seu sucesso só se atingiria se permanecessem em total segredo. Em Julho desse ano, porém, os planos reais saem do círculo estrito dos seus colaboradores e tiveram de ser discutidos com o seu Conselho sendo o plano apoiado.

Dá-se então inicio à criação de uma das maiores forças navais jamais constituídas nessa época. Os historiadores falam entre 190 e 270 barcos, que transportariam perto de 20 mil homens.

 Dom João trata de apaziguar Castela, Fernando de Aragão não fica completamente descansado e envia um espião, Ruy Diaz, para tentar perceber o que estava a acontecer. As informações que recebe dão conta de uma enorme mobilização no país, de mais de 100 barcos já reunidos e da espera de muitos mais.

Pouco faltava para a partida, quando um surto de peste dificulta os planos, vitimando a própria rainha Dona Filipa de Lencastre, que morreu a 19 Julho de 1415. Chegando a ser discutida a possibilidade do adiamento da expedição, num conselho régio realizado em Alhos Vedros.

A peste era um mau prenúncio e uma ameaça para as tropas que se concentravam. O condestável quis adiar a partida. O rei, pressionado pelos filhos, desempatou com o seu voto que qualidade. Por essa altura tinha-se já chegado a um ponto de não retorno.

A frota de Dom Henrique sai do Porto, cidade onde nascera, a 13 ou 14 de Julho.

A frota do Porto junta-se à de Lisboa e em 25 de Julho, dia de Santiago, padroeiro da luta contra os mouros, parte para África. O rei comanda as galés, o infante Dom Pedro as naus. Em Lagos faz-se uma missa e Frei João de Xira revela finalmente o destino da expedição.

De Lagos a frota parte para Faro, onde fica até 9 de Agosto à espera de ventos favoráveis.

As galés, as fustas e os barcos mais pequenos chegam a Ceuta a 12, mas aqui surge um primeiro e grave contratempo. O nevoeiro e as fortes correntes arrastam as naus para as costas de Málaga. A armada ficara partida e, pior, o efeito-surpresa tinha-se perdido.

A 19 de Agosto, um pouco a sul de Algeciras, um novo conselho régio é convocado para decidir o que fazer. Os infantes insistem na continuação da expedição. Há quem defenda o regresso a casa.

No dia seguinte, na Ponta do Carneiro, o rei senta o conselho no chão e anuncia a sua decisão: atacar sem demoras. “Amigos, este dia foi sempre por mim muito desejado”, terá dito, de acordo com Zurara.

É assim que, na noite de 20 para 21 de Agosto os habitantes de Ceuta vêm estupefactos a enorme frota reunida.

Os relatos da conquista que nos chegaram dão conta de uma operação fácil, tão fácil que o castelo de Ceuta Caí praticamente sem resistência o que agrada aos cavaleiros da nobreza ansiosos de obter na cidade a tão desejada “honra” e o não menos importante “acrescentamento” de riquezas aos seus pecúlios.  

Poucas horas antes do desembarque, Dom João instruíra os seus comandantes para uma operação com duas cabeças. A força de assalto comandada pelo infante Dom Henrique lançou-se precipitadamente à praia e iniciou o combate antes de Dom João I o ter determinado.

Com resistência reduzida, pelo entardecer os mouros abandonam o castelo e a Medina. Ceuta mudara de mãos.

O saque das casas e comércios, que se iniciara logo às primeiras horas da batalha, generalizou-se.

Às sete e meia da tarde, a batalha tinha acabado e o pavilhão do rei Dom João I flutuava seguro no castelo de Ceuta. Não se conhecem com rigor os custos humanos da conquista.

Quando todo o perímetro da cidade está sob controlo, seguem-se os momentos de celebração e de festa. Frei João de Xira dirige uma missa. Os infantes são armados cavaleiros após terem provado o seu valor no campo de batalha, na melhor tradição da mentalidade da nobreza medieval.

Como em tantas outras vezes, o rei convoca o seu conselho para decidir. Apesar de todas as hesitações, o rei decide ficar.

Tomada a decisão, era a hora de escolher quem ficaria a governar Ceuta e quem seria o responsável pelo seu comando. Seguindo a ordem hierárquica militar e nobiliárquica, Dom João I convida o condestável Nuno Álvares Pereira, que, velho e cansado recusa o convite. Vários outros nobres também o recusam.

É neste impasse que Dom Pedro de Menezes oferece os seus préstimos e fica durante 22 anos.

No reinado de Dom Duarte tenta-se alargar a base de implantação em África com a conquista de Tânger, em 1437, mas uma desastrada operação militar conduzida por Dom Henrique resulta numa grave derrota sublinhada pelo cativeiro do infante Dom Fernando, que morrerá em Fez. No círculo do rei ou nas Cortes nunca se chegou a acordo sobre se a sua libertação valia a entrega de Ceuta, como era exigido pelos muçulmanos. No imaginário da África portuguesa, Dom Fernando será um mártir.  

Depois de 1640, a sorte das possessões portuguesas em África divide-se. Mazagão aceitou permanecer sob a soberania da casa de Bragança, até que é mandada evacuar por Dom José, em 1769. Tânger hesitou mas seguiu o mesmo caminho – em 1661 foi entregue aos ingleses como dote do casamento de Catarina de Bragança com Carlos II. Ceuta fez uma opção diferente. Em Fevereiro de 1641 o governador Dom Francisco de Almeida garante obediência a Filipe IV. Permanecerá espanhola até hoje, embora ainda conserve na sua bandeira as armas portuguesas desse tempo. 



[i] Nau é denominação genérica dada a navios de grande porte com capacidade de 200 pessoas, até o século XV usados em viagens de grande percurso. Em vários documentos históricos a nau surge com a denominação de nave, termo utilizado quase sempre entre 1211 e 1428

[ii] Fusta, navio de remo de médias dimensões, de catorze a dezoito bancos por bordo, normalmente de dois remadores. Aparelhava com um ou dois mastros que podiam ser abatidos e envergar alternadamente pano latino ou redondo. A postiça era comum. Apenas as fustas de maiores dimensões tinham arrombada de artilharia, como as galés e as galeotas. A ordenança era ligeira, usualmente não indo acima de um punhado de falcões e berços, por regra dispostos à vante

[iii] Em geral, galé ou galera - do grego - podem designar qualquer tipo de navio movido a remos. Algumas variações possuem mastros e velas para auxiliar a propulsão; eram navios muito usados no Mediterrâneo

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Efeméride de 14 de Agosto de 1892 - Os serviços de Faróis foram integrados na Marinha.

Desde os tempos mais remotos que os homens do mar se guiam, no seu regresso a terra, utilizando fogueiras ou grandes luzes de azeite (de oliveira ou de baleia).

As fontes de alimentação da luz foram melhorando, tendo sido o azeite substituído pelo petróleo e pelo gás, e posteriormente pela eletricidade. Paralelamente, foram inventados vários aparelhos ópticos, que conjugavam espelhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e obscuridade, que permitiam distinguir um farol de outro.

O primeiro farol de que se tem registro é o farol de Alexandria, construído em 280 a.C. na ilha de Faros[i]. Os romanos também construíram diversos faróis ao longo do Mar Mediterrâneo, Mar Negro e até o Oceano Atlântico. Mas, com a derrocada do Império Romano do Ocidente, o comércio marítimo diminuiu e os faróis romanos desapareceram. Somente no século XI os faróis passariam a renascer na Europa Ocidental e, com a expansão marítima das grandes navegações, para o novo mundo. Um dos faróis dessa nova era dos faróis era a Lanterna de Gênova, cujo faroleiro era António Colombo, supostamente tio do navegador Cristóvão Colombo, por volta de 1450.

Como bem sabemos, Velejadores Portugueses, lideraram a Idade das Descobertas, e navios Portugueses, encontraram o seu caminho de regresso a casa a partir dos longínquos cantos do mundo desde há cerca de 600 anos. Não surpreende que os faróis tenham desempenhado um papel importante na cultura naval Portuguesa, e que sejam hoje monumentos nacionais muito visitados.

Desde 1892 que está atribuída à Marinha Portuguesa a responsabilidade pela manutenção da rede de faróis na costa de Portugal.

A Direcção de Faróis (DF) foi criada em 1924. É o organismo da Direcção Geral da Autoridade Marítima (DGAM) que tem por missão a direcção técnica das ajudas à navegação, coordenando o estudo, instalação, manutenção e extinção das mesmas a nível nacional.

Também, por protocolo estabelecido no âmbito da Cooperação Técnico Militar entre Portugal e São Tomé e Príncipe, compre à DF o;

1.       Apoio técnico ao Serviço de Apoio à Navegação de São Tomé e Príncipe.

2.       Acompanhamento técnico dos trabalhos de Manutenção Preventiva Anual da Rede de Assinalamento Marítimo, a desenvolver pela parte Santomense.

3.       Apoio técnico à realização de reparações pontuais de reconhecida dificuldade, sob o ponto de vista da execução técnica, na Rede de Assinalamento Marítimo

4.       Apoio em material e equipamento necessário à Manutenção da Rede de Assinalamento, de acordo com as disponibilidades da parte Portuguesa.



[i] Farol de Alexandria foi um farol construído pelo Reino Ptolomaico entre 280 e 247 a.C. na cidade de Alexandria. Ele tinha entre 120 e 137 metros de altura e era uma das sete maravilhas do mundo antigo, sendo que por muitos séculos foi uma das estruturas mais altas no mundo

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Efeméride de 14 de Agosto de 1385 – Batalha de Aljubarrota



 No final da tarde de 14 de Agosto de 1385  decorreu entre tropas portuguesas com aliados ingleses, comandadas por Dom João I de Portugal e o seu condestável Dom  Nuno Álvares Pereira, e o exército castelhano e seus aliados liderados por Dom João I de Castela A Batalha de Aljubarrota . A batalha deu-se no campo de São Jorge, pertencente à freguesia de Calvaria de Cima, concelho de Porto de Mós, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre o referido concelho e Alcobaça. 

No fim do século XIV, a Europa encontrava-se a braços com uma época de crise e revolução. A Guerra dos Cem Anos devastava a França, epidemias de peste negra ceifavam vidas em todo o continente, a instabilidade política dominava e Portugal não era excepção.

Em 1383, Dom Fernando,  (Coimbra, 31 de Outubro de 1345  –  Lisboa, 22 de Outubro de 1383), apelidado de "o Formoso", "o Belo" e "o Inconstante", morreu sem deixar filho varão que herdasse a coroa. A sua única filha legítima era a infanta Dona Beatriz, casada com o rei Dom João I de Castela. A burguesia mostrava-se insatisfeita com a regência da Rainha Dona Leonor Teles e do seu favorito, o conde Andeiro e com a ordem da sucessão, uma vez que isso significaria anexação de Portugal por Castela. As pessoas alvoroçaram-se em Lisboa, o conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de Avis, Dom João, filho natural de Dom Pedro I de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do Reino.

O período de interregno que se seguiu ficou conhecido como crise de 1383-1385. Finalmente a 6 de Abril de 1385, Dom João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei de Portugal pelas cortes reunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não desistiu do direito à coroa Portuguesa, que entendia advir-lhe do casamento.

Perante a revolta da população portuguesa, em vários pontos e cidades do Reino de Portugal, mas principalmente em Lisboa, o Rei de Castela, decide em 1384 entrar em Portugal. Entre Fevereiro e Outubro deste ano monta um cerco a Lisboa, por terra e por mar.

Uma frota portuguesa vinda do Porto enfrenta, a 18 de Julho de 1384, à entrada de Lisboa, a frota castelhana, na batalha do Tejo. Os portugueses perdem três naus e sofrem vários prisioneiros e mortos; no entanto, a frota portuguesa consegue romper a frota castelhana, que era muito superior, e descarregar no porto de Lisboa os alimentos que trazia. Esta ajuda alimentar veio-se a revelar muito importante para a população que defendia Lisboa.

O cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por não resultar, devido à determinação das forças portuguesas em resistir ao cerco, ao facto de Lisboa estar bem murada e defendida, à ajuda dos alimentos trazidos do Porto e devido à epidemia de peste negra que assolou as forças castelhanas acampadas no exterior das muralhas.

Em Junho de 1385, Dom João I de Castela decide invadir novamente Portugal, desta vez à frente da totalidade do seu exército e auxiliado por um forte contingente de cavalaria francesa.

Assim, em 14 de Agosto dá-se a batalha de Aljubarrota, o grande herói desta batalha foi Dom Nuno Álvares Pereira, um grande apoiante de Dom João Mestre de Avis, decidiu não esperar em Lisboa pelos castelhanos mas sim encontrar-se com eles a caminho de Leiria.

Dom Nuno Álvares Pereira organizou um pequeno exército que combateu os castelhanos com besteiros e arqueiros a pé que formavam filas para derrubar os inimigos.

Dom Nuno aproveitou pequenas elevações do terreno, onde colocou arqueiros e besteiros. Mandou cavar fossos (chamados covas-de-lobo) disfarçados com folhas, para que os cavaleiros castelhanos lá caíssem.

Depois, dispôs as suas forças em três alas, sendo que uma delas (maior) ficava de reserva à retaguarda, comandada por Dom João Mestre de Avis.

À frente uma grande linha de soldados comandada pelo Condestável (D. Nuno) enfrentava de frente os castelhanos, dando-lhes a sensação de que estavam em vantagem.

A ala esquerda era a célebre ala dos namorados, que enfrentou bravamente os castelhanos, e a ala direita era conhecida por ala da madressilva, que, enquanto a primeira lutava, fazia chover flechas sobre o exército inimigo.

Quando os cavaleiros do exército castelhano viram avançar os soldados portugueses a pé, recolheram um pouco as suas lanças, julgando que não seria necessário um esforço assim tão grande para os derrotar.

Imagina a sua surpresa quando as várias alas começaram a avançar e os rodearam!

Esta táctica militar, que ficou conhecida como a "táctica do quadrado", foi o segredo para a derrota dos castelhanos. Apesar da batalha sangrenta, as maiores perdas foram do exército castelhano que foi cercado de surpresa pelas tropas portuguesas.

O resultado foi a vitória dos portugueses frente a um exército muito superior, tanto em número como em armas. Os portugueses teriam 1700 lanças, 800 besteiros e 4000 peões; ao todo 6500 homens, por seu turno, os castelhanos teriam 5000 lanças, 2000 cavalos, 8000 besteiros e 15 000 peões, num total de 30 000 homens, com 700 carroças, milhares de animais carregando mantimentos e munições, 8000 cabeças de gado e muitos pajens e outra gente de serventia!

Esta batalha foi um marco muito importante na História de Portugal porque evitou que o País caísse nas mãos de Castela e perdesse a sua independência, coisa que viria a acontecer muitos anos mais tarde (1580-1640), de quando da morte do Rei Dom Sebastião (1554-1578).

Diretamente associada à vitória dos portugueses nesta batalha, celebrizou-se a figura lendária da heroína Brites de Almeida, mais conhecida como "a Padeira de Aljubarrota", que com a sua pá terá morto sete castelhanos que encontrara escondidos no seu forno.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.




terça-feira, 13 de agosto de 2019

Efeméride de 13 de Agosto de 1961 – Início da construção do Muro de Berlim.


A 13 de Agosto de 1961 – Tem início a construção do Muro de Berlim.

Em 13 de Agosto de 1961, guardas da Alemanha Oriental começaram a separar com arame farpado e cimento os lados oriental e ocidental de Berlim, isolando Berlim Ocidental dentro do território da Alemanha Oriental. A construção do muro teve como objetivo separar as duas áreas da cidade de Berlim, à época dividida em um setor capitalista e outro socialista. A construção deste abominável símbolo da Guerra Fria iniciou-se a 13 de Agosto de 1961, estendendo-se por 37 quilómetros dentro da zona urbana da cidade de Berlim com cerca de 3 milhões de habitantes dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental Socialista com ordens de atirar para matar os que tentassem escapar, o que provocou, segundo dados do regime socialista, a morte de 80 pessoas, 112 feridos e milhares aprisionados nas diversas tentativas de fuga para o ocidente capitalista, além de separar, até à sua queda, dezenas de milhares de famílias berlinenses que ficaram divididas e sem contato algum. Os números de mortos, feridos e presos é controverso pois os dados oficiais do fechado regime socialista são contestados por diversos órgãos internacionais de Direitos Humanos.

As origens da construção do muro encontram-se no fim da Segunda Guerra Mundial, com a derrota da Alemanha e sua consequente ocupação pelas forças aliadas. Cada país vencedor "herdou" um setor da cidade de Berlim, e desse modo foram criados 4 sectores, um americano, um inglês, um francês e outro soviético. Os três primeiros sectores uniram-se para formar a área da cidade que adotaria o regime capitalista, Berlim Ocidental, que seria anexada à nascente República Federal da Alemanha (a capitalista Alemanha Ocidental). O lado soviético daria origem a Berlim Oriental, que se tornaria a capital da Alemanha Oriental.

Tal situação gerou uma configuração estranha dentro da Alemanha dividida, pois o sector capitalista de Berlim estava mergulhado em território da Alemanha Oriental, formando assim, um enclave capitalista dentro do país socialista, complicando as comunicações de Berlim Ocidental com seu próprio país.

O funcionário do Serviço de Defesa da Constituição de Berlim que estava de plantão no segundo final de semana de Agosto de 1961 não esperava ocorrências extraordinárias. Mas já na madrugada de sábado para o domingo, dia 13, ele foi surpreendido à 1h54m pela notícia de que o tráfego de comboios entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental fora suspenso.

A abrangência do facto, porém, só ficou clara quando o dia amanheceu. A República Democrática Alemã (RDA) dera início à construção de um muro entre as duas partes de Berlim, cortando o acesso de 16 milhões de alemães ao lado ocidental. "A fronteira em que nos encontramos, com a arma nas mãos, não é apenas uma fronteira entre um país e outro. É a fronteira entre o passado e o presente", era a interpretação ideológica do governo alemão oriental.

Queda após 28 anos

A RDA via com razão ameaçada em sua existência. Cerca de 2 mil fugas diárias haviam sido registradas até aquele 13 de Agosto de 1961, ou seja, 150 mil desde o começo do ano e mais de 2 milhões desde que fora criado o "Estado dos trabalhadores e dos camponeses". O partido SED tentou controlar este êxodo com o auxílio de arame farpado e cimento, levantando um muro de 155 quilómetros de extensão que interrompia estradas e linhas férreas e separava famílias.

Ainda dois meses antes, Walter Ulbricht, chefe de Estado e do partido, desmentira boatos de que o governo estaria a planear fechar a fronteira: "Não tenho conhecimento de um plano desses, já que os operários da construção estão ocupados levantando casas e toda a sua mão-de-obra é necessária para isso. Ninguém tenciona construir um muro".

Nos bastidores, porém, corriam os preparativos, sob a coordenação de Erich Honecker e com a bênção da União Soviética. Guardas da fronteira e batalhões fiéis ao politburo encarregaram-se da tarefa. Honecker não tinha a menor dúvida: "Com a construção da muralha antifascista, a situação na Europa fica estabilizada e a paz, salvaguardada".

As potências ocidentais protestaram, mas nada fizeram. Para os berlinenses de ambos os lados da fronteira, a brutalidade do muro passou a fazer parte do cotidiano. Apenas 11 dias após a construção, morreu pela primeira vez um alemão-oriental abatido a tiro durante uma tentativa de fuga. A última vítima dos guardas da fronteira foi Chris Gueffroy, morto em Fevereiro de 1989.

Reação às fugas

Até 1989, o Muro de Berlim foi o símbolo por excelência da Guerra Fria, da bipolarização do mundo e da divisão da Alemanha.

Ainda no início de 1989, Honecker, no poder desde 1971, manifestava confiança na sua estabilidade: "O muro ainda existirá daqui a 50 ou cem anos, enquanto não forem ultrapassados os motivos que levaram à sua construção".

Apenas dez meses depois, em 9 de Novembro daquele ano, os habitantes de ambas as partes da cidade caíam incrédulos nos braços uns dos outros, festejando o fim da muralha que acabou sendo derrubada pouco a pouco e vendida aos pedaços como suvenir.

Menos de um ano depois, o país dividido desde o fim da Segunda Guerra foi unificado.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Efeméride 12 de Agosto 2000 – Afunda-se o Submarino Russo Kursk


A 12 de Agosto de 2000 -- Afunda-se o submarino nuclear russo Kursk, em exercício no Mar de Barents. Morre a tripulação de 118 homens.

O K-141 Kursk, foi um submarino nuclear da Classe Oscar-II, pertencente à Marinha Russa que se afundou no Mar de Barents em 12 de Agosto de 2000, com uma tripulação de 118 homens. Foi baptizado em homenagem a uma das maiores batalhas da Segunda Guerra Mundial, a Batalha de Kursk, em 1943.

Foi um dos primeiros navios a serem concluídos após a queda da União Soviética. A sua missão principal seria aumentar a capacidade submarina da Frota do Mar do Norte, cuja sede localiza-se em Severomorsk. A sua construção tem inicio 1990 em Severodvinsk, perto de Arkhangelsk, sendo lançado à água em Dezembro de 1994.

Com 154 m de comprimento, 18m de largura, o equivalente a quatro andares de altura ( Peso estimado de 18.000 ton), era considerado o maior submarino de ataque até então construído. Sendo considerado indestrutível pela Marinha Russa, devido ao seu tamanho e aos seus recursos tecnológicos.

De acordo com informações do serviço de sismologia da Noruega, Instituição NORSAR, teria havido duas explosões detectadas aproximadamente nas coordenadas 69°38'N e 37°19'E, durante a manhã de 12 de Agosto de 2000. A primeira explosão foi às 11:29:34 (hora de Moscovo) e teve uma magnitude de 1,5 na escala de Richter, seguido de uma segunda de 3,5, às 11:31:48, correspondendo a cerca de 100/250Kg de explosivos (TNT). Durante a noite de 14 de Agosto,  FrançaAlemanhaGrã- BretanhaIsraelItáliaNoruegaEstados Unidos da América e outros países ofereceram a sua ajuda. Porém como o submarino continha tecnologia classificada como de segredo militar, os russos foram reticentes em aceitar tal ajuda.

Nenhuma autoridade russa admitiu que 23 membros da guarnição terão conseguido sobreviver por um período de dois dias após o acidente. Depois da explosão no compartimento dos mísseis, estes tripulantes terão conseguido refugiar-se no compartimento número nove do submarino, estanque e localizado na proa, daí emitindo sinais de socorro durante 48 horas.

As autoridades da Rússia só aceitaram a ajuda dos noruegueses e britânicos quatro dias depois do acidente. O facto mais constrangedor para o Governo Russo foi ver os homens-rã ocidentais, com roupas especiais e descendo em “sinos” (equipamentos de resgate), realizar a operação de descida e abertura das escotilhas em menos de um dia. A justificativa da Marinha Russa era a necessidade de se preservarem os segredos militares do submarino nuclear.

Na segunda-feira,  21 de Agosto, às 07.45 da manhã, quatro mergulhadores noruegueses da empresa Stolt Comex Seaway conseguiram abrir a primeira escotilha do submarino. Os homens-rã deparam-se com o cenário mais temido. “Todos os compartimentos estão inundados e nenhum membro da tripulação sobreviveu”, declarou o vice-almirante russo Mikhail Motsak.

A hipótese mais coerente para justificar o acidente é a de que no lançamento de um torpedo este tenha explodido, atingindo ainda outros compartimentos do navio. 



domingo, 11 de agosto de 2019

Efeméride de 10 de Agosto de 1519 - Partiu de Sevilha Fernão de Magalhães

Fernão de Magalhães, nasceu em 1480, provavelmente em Trás-os-Montes, ou terá sido no Porto? Filho de Rui (por vezes Rodrigo) de Magalhães, nascido cerca de 1442, Cavaleiro que exerceu cargos da governança do Porto, e de sua primeira mulher Alda de Mesquita, nascida cerca de 1445, e casado segundo vez com Inês Vaz Moutinho, filha de Pedro Vaz Moutinho, cidadão do Porto, cidade onde foi Vereador, e de sua mulher Inês Gonçalves de Mesquita.

Morreu bem longe dali, a mais de 15 000 quilómetros, na ilha de Mactan, no arquipélago das Filipinas, a 27 de Abril de 1521. Sem honra nem glória, durante muito tempo com a sua memória esquecida. O seu diário de bordo e as suas anotações desapareceram depois da sua infeliz ingerência nas guerras tribais na ilha de Mactan, incidente que lhe tirou a vida, às mãos do régulo nativo Lapu-Lapu.

Acabava assim um périplo que cobrira já dois longos oceanos e um sem número de infortúnios, problemas, mortes e revoltas entre os seus subordinados. Chegar às Filipinas foi complicado, quase dois anos depois de ter zarpado de Sanlúcar de Barrameda (Espanha), a 20 de Setembro de 1519. Tinha largado do ancoradouro de Sevilha, descendo o rio Guadalquivir a 10 de Agosto.

Capitaneava uma armada de cinco navios Trinidad, San Antonio, Concepción, Victoria e Santiago), à frente de cerca de 250 homens. Uma armada que se resumiria, no fim da viagem de circum-navegação completa ao mundo, a uma embarcação (Victoria), outro comandante, Sebastian Elcano, e a apenas dezoito homens (incluindo Elcano). Mas esquecidos de Magalhães, com exceção de um italiano que seguiu na armada de 1519, António Pigafetta, que nos deixou relatórios impressionantes mas autênticos das jornadas intercontinentais do navegador português e dos seus últimos dias.

Tudo começou em 1517, quando aquele nobre português, depois de uma carreira de subalternidade, sem brilho nem grandes feitos pessoais, ao serviço de D. Manuel, na Ásia como na África, ofereceu as suas armas e préstimos ao rei de Espanha, Carlos V. Apesar de no anonimato de um subordinado, Magalhães ganhou vasta experiência militar e náutica nas suas andanças pelo Oriente. Em 1505, depois de ter sido educado na corte portuguesa, partiu para a Índia na poderosa armada de D. Francisco de Almeida, 1.º vice-rei da Índia (1505-1509), a qual tinha como missão afastar as frotas turcas dos mares da região – o que se conseguiu, até 1538. Depois da partida do vice-rei, em 1509, sempre animado pelo forte desejo de conhecer as terras a Oriente (percorreu vastos territórios do subcontinente indiano e da África oriental) e principalmente as terras das Especiarias (Molucas, Sunda, Celebes), acompanhou D. Diogo Lopes Sequeira na malograda expedição (naufrágio) a Malaca, ainda naquele ano de 1509.

Permaneceu no Oriente até 1513, tendo-se tornado amigo do feitor das Molucas, Francisco Serrão, junto do qual apurou os seus conhecimentos acerca dessas ilhas, das suas famosas especiarias e das rotas adjacentes. Na sua estada no Extremo Oriente, participou ainda na tomada de Malaca por D. Afonso de Albuquerque, em 1511, um ano depois de ter sido promovido a capitão. Em 1513 regressou a Portugal, tendo sido destacado para Marrocos, onde participou em várias expedições, numa das quais, a Azamor, em 1514, foi ferido num joelho, regressando a Lisboa. Atrás de si vinha uma fama menos consentânea com a sua posição, acusado de ganância e poucos escrúpulos. Não se sabe se por tal motivo ou se por outro que desconhecemos, o certo é que D. Manuel I lhe recusou um aumento de 100 reais na tença anual que lhe pagava.

Com uma imagem não muito boa junto do monarca português, afigurava-se difícil a sua anuência para outro projeto que há muito acalentava: o de atingir as Molucas por Ocidente, solução que considerava mais rentável e segura que a rota do oriente via Índia-Malaca, repleta de muçulmanos e piratas hostis aos Portugueses e seus interesses.

Depois de várias recusas de D. Manuel I (também de uma nau para a Índia), Magalhães dirigiu-se a Sevilha para "vender" o seu projeto ao rei de Espanha, Carlos V. Foi acompanhado de Rui Faleiro, português. A Carlos V propôs Magalhães não apenas atingir as Molucas por Ocidente mas acima de tudo provar que aquelas ilhas não estavam dentro da área de jurisdição portuguesa defendida no Tratado de Tordesilhas (1494) mas sim em mares "espanhóis". Além disso, a viagem decorreria sempre em águas espanholas. Apesar de algumas reticências, Carlos V aceitou o projeto, confiando a Magalhães uma frota de cinco navios, mais ou menos 250 homens e 480 toneladas em navegação. Com muitas peripécias e uma rutura de relações com Faleiro, a armada de Magalhães saiu de Sanlúcar de Barrameda a 20 Setembro de 1519, depois de lhe nascer o primeiro filho e de sua mulher esperar outro, que o altivo navegador nunca conheceu.

Sua mulher era D. Beatriz Barbosa, filha de um amigo português de Sevilha, Diogo Barbosa, antigo companheiro no Oriente, muito influente naquela cidade espanhola, pai de Duarte Barbosa, que rumou com Fernão na fatídica viagem, que o seria também para ele (Duarte foi morto em Cebu, Filipinas, uns dias antes de Magalhães).

Realizada sob a égide do Imperador Carlos V, ao serviço da Espanha, é bom salientar que foi com a ciência náutica portuguesa e os seus documentos, roteiros, tabelas e instrumentos que esta façanha, viagem de circum-navegação foi possível.

A viagem de circum-navegação começou bem, atingiu rapidamente a América do Sul (Novembro), depois de escala nas Canárias. Em fevereiro de 1520 passaram no Rio da Prata, chegando a S. Julián, na Patagónia, mais a sul, em Março. Começariam aqui os maiores problemas da viagem, ou melhor, acabaria a bonança da mesma. Seis meses ficaram ali retidos, para passar o inverno. Mas estalaram revoltas e motins, perdendo-se ainda Santiago. Depois vem a procura do estreito, que receberia o nome de Magalhães, no extremo sul da América, região de "mau navegar". Passado este (38 dias) e o desaparecimento de mais uma nau (provando-se que uma rota pelo estreito seria péssima), após motins e tempestades, atingiu-se o Pacífico, assim batizado por Magalhães, pelas suas calmarias. Demorou quatro longos meses a atravessar, com muitas mortes (escorbuto), fome e as célebres "nebulosas de Magalhães", diminuindo-se cada vez mais a tripulação. Depois, chegou-se às ilhas Marianas (ou dos "Ladrões"), depois veio a emboscada de Lapu-Lapu, em Mactan, nas Filipinas. Aí, sobreveio a morte, de um navegador português ao serviço de Espanha.

A viagem foi terminada pelo espanhol Juan Sebastián Elcano, que regressou a Sevilha em 1522, apenas com um navio e dezoito homens, depois de ter dado a primeira volta ao mundo.


sábado, 10 de agosto de 2019

Efeméride de 10 de Agosto de 1511– Conquista de Malaca

A conquista de Malaca, levada a efeito por Afonso de Albuquerque[i], ocorreu em 1511 (10 de Agosto?).

A cidade portuária de Malaca controlava o estratégico estreito de Malaca, por onde todo o comércio de alto-mar entre a China e a Índia estava concentrado. A captura de Malaca resultou de um plano do rei de Dom Manuel I, que em 1505 havia resolvido impedir o comércio muçulmano no Oceano Índico, através da captura de Aden, a fim de bloquear o comércio através de Alexandria, a captura de Ormuz, a fim de bloquear o comércio através de Beirute, e Malaca para controlar o comércio com a China.

Em Fevereiro de 1511 chegou através de um mercador hindu chamado Nina Chatu uma carta de Rui de Araújo, um dos prisioneiros portugueses em Malaca, instando a avançar e dando pormenores sobre os procedimentos.

Albuquerque mostrou-a a Diogo Mendes de Vasconcelos, como argumento para avançar numa frota conjunta. Em Abril de 1511, após fortificar Goa, reuniu uma força de cerca de 900 portugueses e 200 mercenários hindus, e cerca de dezoito navios.

Contrariando as ordens do reino e sob os protestos de Diogo Mendes de Vasconcelos, que reclamava para si o comando da expedição, zarpou de Goa preparado para a conquista e instado a libertar os portugueses. Sob as suas ordens estava Fernão de Magalhães, que participara na embaixada falhada de Diogo Lopes de Sequeira em 1509.

Malaca, era a cidade mais rica que os portugueses tentavam tomar, ponto mais importante a leste da rede onde se encontravam mercadores malaios, guzerates, chineses, japoneses, javaneses, bengaleses, persas e árabes, entre outros, num comércio descrito por Tomé Pires como senso de valores inestimáveis.

Defendida por um poderoso exército de mercenários e artilharia, estimado em 20.000 homens e mais de 2000 peças. Em 24 de Agosto os portugueses atacaram pela segunda vez, mas o sultão e os seus aliados guzerates haviam partido. Sob ordens firmes procedem ao saque da cidade, respeitando as bandeiras, no que seria mesmo assim um saque fabuloso.

Albuquerque permaneceu na cidade, construindo de imediato uma fortaleza, preparando as defesas contra um eventual contra-ataque.

 Em Malaca Albuquerque estabeleceu a administração portuguesa, nomeando Rui de Araújo feitor e designando Nina Chatu para substituir o anterior bendahara, como representante da população "kafir" e conselheiro. Além de auxiliar na governação da cidade e cunhagem de moeda, este forneceu também os juncos onde seguiram diversas missões diplomáticas. Simultaneamente, prendeu e executou impiedosamente o poderoso mercador javanês Utimuta Raja, a quem fora dado o cargo de representante da população javanesa, mas que manteve contactos com a família real no exílio.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.



[i] Afonso de Albuquerque,nasceu em 1453, em Alhandra e morreu em 1515, em Goa




"A Famosa" porta da fortaleza de Malaca mandada construir por Afonso de Albuquerque após a conquista.