Para os não especialistas vamos falar do Domingo de Ramos
Domingo de Ramos é uma festa móvel
cristã celebrada no domingo antes da Páscoa[i].
A festa comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um evento da vida de
Jesus mencionado nos quatro evangelhos canônicos (Marcos 11:1, Mateus 21:1-11, Lucas
19:28-44 e João 12:12-19). Na liturgia romana, este dia é denominado de
"Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor".
Em muitas denominações
cristãs, o Domingo de Ramos é conhecido pela distribuição de folhas de palmeiras
aos fiéis reunidos na igreja. Em lugares onde é difícil consegui-las por causa
do clima, são utilizados ramos de diversas árvores. Em Portugal é costume
comemorar o dia de Ramos com ramos de oliveira.
Nos relatos
evangélicos, a entrada triunfal de Jesus ocorre por volta de uma semana antes de
sua ressurreição.
De acordo com
os evangelhos, antes de entrar em Jerusalém, Jesus ficou hospedado em Betânia,
junto a Jerusalém, em casa dos seus amigos Maria e Lázaro. O Evangelho de João
afirma que ele ficou ali nos seis dias antes da Pessach (a Páscoa judaica). De
lá, enviou dois discípulos a uma aldeia que "está em frente de vós" (Betfagé?)
para que buscassem um jumento que estaria ali amarrado e que nunca fora
montado. Se questionados, deveriam responder que o Senhor precisava do animal,
mas que ele seria devolvido.
Jesus então
montou no jumento e se dirigiu a Jerusalém, com os três evangelhos sinóticos em
acordo de que os discípulos forraram o animal com as suas capas para tornar a
montaria mais confortável. Em Marcos e João, a entrada ocorre num domingo, com Mateus
e Lucas não especificando a data. Em Lucas 19:41, conforme Jesus se aproxima de
Jerusalém, ele olha para a cidade e chora por ela (no evento conhecido como em latim:
Flevit super illam), já prevendo o
sofrimento a que passará a cidade.
O simbolismo
do jumento pode ser uma referência à tradição oriental de que este é um animal
da paz, ao contrário do cavalo, que seria um animal de guerra. Segundo esta
tradição, um rei chegava montado num cavalo quando queria a guerra e num
jumento quando procurava a paz. Portanto, a entrada de Jesus em Jerusalém
simbolizaria a sua entrada como um "príncipe da paz" e não um rei
guerreiro.
Em muitos
lugares no Médio Oriente, era costume cobrir de alguma forma o caminho à frente
de alguém que merecesse grandes honras. A Bíblia hebraica (II Reis 9:13)
relatam que Jeú, filho de Josafá, recebeu este tratamento. Tanto nos evangelhos
sinóticos quanto o Evangelho de João reportam que a multidão conferiu a Jesus
esta honraria. Porém, nos sinóticos, o povo aparece lançando as suas vestes e juncos
cortados na rua, enquanto que em João, mais especificamente, menciona ramos de
palmeira. Estes eram símbolos de triunfo e vitória na tradição judaica e
aparecem em outros lugares da Bíblia (Levítico 23:40 e Apocalipse 7:9, por
ex.). Por causa disto, a cena do povo recebendo Jesus com as palmas e cobrindo
seu caminho com elas e com suas vestes se torna simbólica e importante.
[i]
A Páscoa é uma festa móvel, o que significa que
sua data não é fixa em relação ao calendário civil. O Primeiro Concílio de
Niceia (325) estabeleceu a data da Páscoa como sendo o primeiro domingo depois
da lua cheia após o início do equinócio vernal (a chamada lua cheia pascal). Do
ponto de vista eclesiástico, o equinócio vernal acontece em 21 de março (embora
ocorra no dia 20 de março na maioria dos anos do ponto de vista astronômico) e
a "lua cheia" não ocorre necessariamente na data correta astronômica.
Por isso, a data da Páscoa varia entre 22 de março e 25 de abril (inclusive).
Os cristãos orientais baseiam seus cálculos no calendário juliano, cuja data de
21 de março corresponde, no século XXI, ao dia 3 de abril no calendário
gregoriano utilizado no ocidente. Por conseguinte, a Páscoa no oriente varia
entre 4 de abril e 8 de maio inclusive.
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