Com o Cognome
de "o Justiceiro", foi o oitavo rei de Portugal. Quarto filho de D.
Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, nasceu em Coimbra, a 8 de Abril de 1320,
e morreu em Estremoz a 18 de Janeiro de 1367.
Casou primeiro
com Branca de Castela, a quem repudiou por debilidade física e mental.
Mais tarde, em
1336, casa por procuração com D. Constança Manuel, filha do fidalgo castelhano
D. João Manuel e de D. Constança de Aragão. Contudo, a bênção nupcial apenas
lhes foi dada em 1340, na Sé de Lisboa, depois de D. Afonso XI de Castela ter
deixado D. Constança sair do reino. Com ela veio também para Portugal D. Inês
de Castro, cuja ligação amorosa com o infante viria a provocar forte conflito
entre ele e D. Afonso IV, seu pai e a morte prematura de D. Constança Manuel.
Temendo D.
Afonso IV a nefasta influência dos Castros em seu filho, resolveu condenar à
morte Inês de Castro, Inês acabou assassinada por ordens do rei a 7 de Janeiro
de 1355, o que provocou a rebelião de D. Pedro contra si.
Após o
assassínio de D. Inês de Castro, D. Pedro revoltou-se contra o seu pai, assolou
diversas terras a norte do Douro e chegou mesmo a tentar tomar o Porto. O
acordo de paz entre D. Pedro e seu pai foi assinado em Canaveses em Agosto de
1355, tendo desde logo D. Afonso IV delegado em D. Pedro grande parte do poder.
Ficou o
infante desde esta altura incumbido de, com certas reservas, exercer justiça em
todo o reino. Esta transferência de poderes explica o facto de, ainda infante,
ter D. Pedro promulgado o beneplácito régio. Este importante decreto proibia a
divulgação no reino de quaisquer documentos pontifícios sem prévia autorização
do rei. Esta medida provocou a reação do clero, que, nas cortes de Elvas de
1361, solicitou a revogação do decreto. No entanto, D. Pedro estabeleceu
oficialmente o beneplácito régio, não para agravar as relações com a Igreja mas
para marcar a força do Estado.
D. Pedro I
sobe ao trono em 28 de Maio de 1357, com 37 anos de idade. Distinguiu-se pela
aplicação da justiça, segundo Fernão Lopes "aos modos antigos", tendo
sido extremamente rigoroso na sua aplicação. Segundo o historiador Joel Serrão,
"a sua justiça não conhecia discriminações: julgava de igual modo fidalgos
ou vilãos, amigos ou inimigos." Outros estudiosos, no entanto, como é o
caso de Joaquim Veríssimo Serrão, não partilham da mesma opinião, escrevendo
este último: "É-se levado a crer que o rigor de D. Pedro incidiu em casos
concretos, no desagravo de servidores ou cidadãos prestáveis, e não teve em
conta a equidade que a justiça requer". É de destacar, ainda, um outro
facto no seu reinado, a saber, a execução dos assassinos de D. Inês de Castro, Pêro
Coelho e Álvaro Gonçalves, apesar de lhes ter sido prometido perdão antes da
morte de D. Afonso IV. Uma vez capturados matou-os com as suas próprias mãos
com uma brutalidade tal (a um arrancou o coração pelo peito e a outro pelas
costas) que desse facto nasceram os vários cognomes pelos quais também é
conhecido: O Justiceiro O Cruel, O Cru e O Vingativo
Quando
finalmente chega ao trono, D. Pedro I anuncia o seu casamento, supostamente
realizado em segredo, com D. Inês. Assim, faz saber que é sua intenção que a
sua amada seja lembrada como rainha de Portugal, chegando mesmo a organizar uma
cerimónia em que os nobres da corte foram obrigados a beijar a mão do cadáver
de D. Inês sob ameaça de pena de morte.
D. Pedro
reinou durante dez anos, conseguindo ser extremamente popular, ao ponto de
dizerem as gentes «que taaes dez annos nunca ouve em Purtugal como estes que
reinara elRei Dom Pedro». Os seus restos mortais encontram-se na capela-mor da
igreja do mosteiro de Alcobaça ao lado dos de D. Inês de Castro. Os túmulos,
por si mandados construir, verdadeiras obras de arte do estilo gótico, representam
duas das mais belas peças da escultura portuguesa do século XIV. Colocados nas
alas laterais do Mosteiro da Alcobaça, D. Pedro dá instruções para aí ser
enterrado ao lado de D. Inês para que, no dia do Juízo Final, se pudessem
reencontrar no momento seguinte à ressurreição.
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