28 De Abril de 711. Invasão islâmica da Península Ibérica
A 28 de Abril de 711 as tropas mouras lideradas por Tariq
ibn Ziyad desembarcam em Gibraltar dando início á invasão da Península Ibérica
(Al-Andalus).
A invasão
islâmica da Península Ibérica, também referida como invasão muçulmana,
conquista árabe ou expansão muçulmana, refere-se a uma série de
deslocamentos militares e populares ocorridos a partir de 711, e até 726,
quando tropas islâmicas oriundas do Norte de África, sob o comando do general
berbere Tárique, cruzaram o estreito de Gibraltar, penetraram na península Ibérica,
e venceram Rodrigo, o último rei dos Visigodos[i]
da Hispânia, na batalha de Guadalete[ii].
Após a vitória, termina o Reino Visigótico.
Nos anos
seguintes, os muçulmanos foram alargando as suas conquistas na Península,
assenhoreando-se do território designado em língua árabe como Al-Andalus,
que governaram por cerca de oitocentos anos.
A conquista Omíada da Hispânia foi a expansão inicial do Califado
Omíada sobre a Hispânia, estendendo-se em grande parte de 711 a 788. A
conquista resultou na destruição do Reino visigótico e no estabelecimento do
Emirado independente de Córdoba Abd ar-Rahman I, que completou a unificação da Ibéria
governada por muçulmanos, ou Al-Andalus (711 – 1492). A conquista marca a
expansão ocidental tanto do Califado Omíada como do governo muçulmano na
Europa.
Boa parte do
território da Península era então dominada pelos visigodos. A monarquia dos
visigodos era eletiva. Com a morte do rei Vitiza em 710, as cortes reuniram-se
para eleger o seu sucessor, constituindo-se duas facções em disputa pela
eleição: o grupo de Ágila II e o de Rodrigo, o último rei visigodo de Toledo.
Os partidários de Ágila II solicitaram apoio ao governador muçulmano de África,
Muça Ibne Noçair, abrindo-lhe as portas de Ceuta e incitando-o a enviar uma
expedição militar à Península. Quando se deu a invasão em 711, os judeus
auxiliaram o exército árabe, muitas vezes guarnecendo cidades capturadas - isso
aconteceu em Córdoba, Granada, Toledo e Sevilha. Isto porque sob o reino
Visigodo, tinha sido seguida uma política de sistemático anti-semitismo,
inclusivé com baptismos forçados e proibição de ritos judaicos. Ao longo do
século VII, os judeus tinham sido submetidos a espancamentos, executados,
tiveram os seus bens confiscados, taxados, proibidos de comerciar e alguns
obrigados a converter-se ao Cristianismo. Os judeus sabiam ser melhor tratados
pelos invasores, apesar do estatuto de dhimmis, e apesar também do que está
escrito no próprio Alcorãoː Ó fiéis, não tomeis por amigos os judeus nem os
cristãos; que sejam amigos entre si. Porém, quem dentre vós os tomar por
amigos, certamente será um deles; e Alá não encaminha os iníquos.
Abdalazize ibne Muça subjugou a Lusitânia e a Cartaginense,
saqueando as cidades do Norte que lhe abriam as portas e atacando aqueles que
lhe tentaram resistir.
Às suas investidas escapou, porém, uma parte das Astúrias, no
Norte, onde se refugiou um grupo de visigodos sob o comando de Pelágio. Uma
caverna nas montanhas servia simultaneamente de paço ao rei e de templo de
Jesus Cristo. Por vezes, Pelágio e seus companheiros desciam das montanhas em
surtidas para atacar os acampamentos islâmicos ou as aldeias despovoadas de
cristãos. Um desses ataques, historiograficamente designado de batalha de
Covadonga (722), marcou, segundo muitos historiadores, o início do longo
processo de retomada dos territórios ocupados, ao qual se deu o nome de
Reconquista.
A partir do pequeno território, que Pelágio designou como Reino
das Astúrias, os cristãos (hispano-godos e lusitano-suevos), acantonados nas
serranias do Norte e Noroeste da Península, foram gradualmente formando novos
reinos, que se estenderam para o Sul. Surgiram os reinos de Castela, Leão (de
onde derivou mais tarde o Condado Portucalense e, subsequentemente, Portugal),
Pamplona e Aragão.
O reino das Astúrias durou de 718 a 925, quando Fruela II ascendeu
ao trono do Reino de Leão.
A Reconquista durou toda a Idade Média e só terminou no início da
Idade Moderna, em 1492, quando os muçulmanos foram definitivamente expulsos
pelos Reis Católicos, Fernando e Isabel.
A influência
deixada pelos muçulmanos ainda pode ser percebida nas inúmeras palavras do
português e do castelhano que vieram do árabe, como "açúcar" (azúcar),
"alcaide", "almirante". Segundo o dicionário Houaiss,
existem na língua portuguesa cerca de 700 palavras de origem árabe.
[i] O Reino Visigótico foi um Estado germânico fundado
pelos visigodos que ocupou o sudoeste da Gália (atual França) e a Península
Ibérica dos séculos V-VIII. Sucessor do Império
Romano do Ocidente, foi criado quando os romanos
assentaram os visigodos sob Vália (r.
415–419) na província da Aquitânia, e estes
começaram a se expandir em direção à Península Ibérica. O reino manteve-se
independente do Império Bizantino, que
tentou restabelecer no século VI a autoridade romana na Hispânia
[ii]
A Batalha de Guadalete ou Guadibeca foi uma
batalha travada em 31 de Julho de 711 às margens do rio Guadalete, na atual província
de Cádiz, na Andaluzia, no sul da actual Espanha,
entre árabes e visigodos. A batalha, que foi ganha pelos primeiros, marcou o fim
do Reino Visigótico e o início do domínio
muçulmano na Península Ibérica, que se estenderia
por vários séculos, até à Reconquista Cristã.