segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Martinho Lutero publica as 95 teses da sua Reforma.


A 31 de Outubro de 1517 – Martinho Lutero publica as 95 teses da sua Reforma.
Martinho Lutero, em alemão: Martin Luther (Nasceu em Eisleben, a10 de Novembro de 1483 — e faleceu na mesma cidade, a 18 de Fevereiro de 1546), monge agostiniano e professor de teologia tornou-se uma das figuras centrais da Reforma Protestante. Tendo-se levantado veementemente contra diversos dogmas[i] do catolicismo romano, contestando sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências.
Essa discordância inicial resultou na publicação das suas famosas 95 Teses[ii] em 1517, num contexto de conflito aberto contra o vendedor de indulgências Johann Tetzel. Ao recusar retratar-se dos seus escritos, a pedido do Papa Leão X[iii] em 1520 e do imperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521, resultou em sua excomunhão da Igreja Romana e na sua condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico.

Lutero propôs, com base na sua interpretação das Sagradas Escrituras, especialmente da Epístola de Paulo aos Romanos, que a salvação não poderia ser alcançada pelas boas obras ou por quaisquer méritos humanos, mas tão-somente pela fé em Cristo Jesus (sola fide), único salvador dos homens, sendo gratuitamente oferecida por Deus aos homens.
A sua teologia desafiou a infalibilidade papal em termos doutrinários, pois defendia que apenas as Escrituras (sola scriptura) seriam fonte confiável de conhecimento da verdade revelada por Deus. Opôs-se ao sacerdotalismo romano (isto é, à consagrada divisão católica entre clérigos e leigos), por considerar todos os cristãos batizados como sacerdotes e santos. Aqueles que se identificaram com os ensinamentos de Lutero acabaram sendo chamados de luteranos.

Nos seus últimos anos, Lutero mostrou-se radical em suas propostas contrárias aos judeus alemães, tendo sido inclusive considerado posteriormente um antissemita. Essas e outras de suas afirmações fizeram de Lutero uma figura bastante controversa entre muitos historiadores e estudiosos. Além disso, muito do que foi escrito a seu respeito sofre da reconhecida parcialidade resultante de paixões religiosas.
Como prova de grande abertura e compreensão o Papa Francisco está na Suécia. É uma visita histórica. Pela primeira vez, um Papa está presente nas comemorações do aniversário da Reforma Protestante, que este ano assinala os quinhentos anos.


[i] Dogma é uma crença ou doutrina estabelecida de uma religião, ideologia ou qualquer tipo de organização, considerada um ponto fundamental e indiscutível de uma crença. O termo deriva do grego δόγμα, que significa "aquilo que aparenta; opinião ou crença", por sua vez derivada do verbo δοκέω (dokeo), que significa "pensar, supor, imaginar".

[iii] Papa Leão X, nascido João de Lourenço de Médici foi papa de 1513 até sua morte. Foi o último não-sacerdote a ser eleito Papa. Nasceu a 11 de Dezembro de 1475, Florença, Itália e faleceu a 1 de Dezembro de 1521, Roma, Itália
Saiba mais: https://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero

sábado, 29 de outubro de 2016

Batalha do Salado -  30 de Outubro de 1340


A Batalha do Salado foi travada a 30 de outubro de 1340, entre Cristãos e Mouros, junto da ribeira do Salado, na província de Cádis (sul de Espanha), pela defesa da Península Ibérica da invasão dos mouros.
Abul-Hassan, rei de Fez e de Marrocos, aliado ao emir de Granada, decidira reapossar-se a qualquer preço dos domínios cristãos, tendo as forças muçulmanas já entrado em acção contra Castela. A frota do prior de S. João do Hospital[i], almirante castelhano, que tentara opor-se ao desembarque dos mouros, foi completamente destroçada por uma tempestade, e esse desastre obrigou Afonso XI de Castela a humilhar-se, mandando pedir à esposa, Dona Maria - a quem tanto desrespeitara com os seus escandalosos casos amorosos com Leonor de Gusmão - que interviesse junto de seu pai, o rei português Afonso IV de Portugal (1325-1357), para que este enviasse uma esquadra de socorro.

Dona Maria, recolhida num convento em Sevilha e, apesar dos agravos que sofrera, acedeu ao pedido. Todavia, Afonso IV, no intuito de humilhar ainda mais o genro, respondeu ao apelo dizendo, verbalmente, ao enviado da filha, que se o rei de Castela precisava de socorro o pedisse directamente. Vergando o seu orgulho ao peso das circunstâncias, Afonso XI de Castela repetiu pessoalmente - por carta - o pedido foi feito, e o soberano português enviou-lhe imediatamente uma frota comandada pelo almirante genovês Manuel Pessanha (ou Pezagno) e por seu filho Carlos. Mas era cada vez mais desesperada a situação de Afonso XI, a quem o papa censurava asperamente.
Além da frota portuguesa, Castela recebeu um reforço de doze galés cedidas pelo rei de Aragão, Dom Pedro IV (1336-1387) mas tudo isto nada era em comparação com o avassalador número dos contingentes mouros. O rei de Granada, Yusef-Abul-Hagiag, ocupou em Setembro de 1340, o comando das tropas, às quais pouco depois se juntou, em Algeciras, um formidável exército sob as ordens de Abul-Hassan. A ameaça muçulmana era apavorante. Os mouros, embora repelidos nas primeiras tentativas de ataque a Tarifa, na província de Cádis, não deixavam prever a possibilidade de vantagens futuras para as hostes cristãs.
Reconhecendo a premente necessidade da ajuda efectiva do rei de Portugal, Afonso XI de novo solicitou a intervenção de D. Maria. Esta acedeu uma vez mais e foi-se encontrar com seu pai, Dom Afonso IV, em Évora. O soberano português atendeu as súplicas de sua filha, e logo esta foi dar a boa notícia a seu marido, que ansioso, a fora esperar a Juromenha.

Dom Afonso IV reuniu então em Elvas junto com D. Martim Peres de Soveral, o maior número possível de cavaleiros e peões, e à frente do exército, que ia aumentando durante o caminho com os contingentes formados em vários pontos, dirigiu-se a Castela, onde por ordens do genro foi recebido com todas as honras. Em Sevilha, o próprio Afonso XI acolheu festivamente o rei de Portugal e sua filha, a rainha Dona Maria. Ali se desfizeram quanto menos momentaneamente, os ressentimentos de passadas discórdias.
Acordado entre os dois monarcas o plano estratégico, não se demoraram em sair de Sevilha a caminho de Tarifa, tendo chegado oito dias depois a Pena del Ciervo avistava-se o extensíssimo arraial muçulmano.

Em 29 de Outubro, reunido o conselho de guerra, foi decidido que Afonso XI de Castela combateria o rei de Marrocos, e Afonso IV de Portugal enfrentaria o de Granada. Afonso XI designou D. João Manuel para a vanguarda das hostes castelhanas, onde iam também D. João Nunes de Lara e o novo mestre de Sant'Iago, irmão de Leonor de Gusmão. Com D. Afonso IV viam-se o arcebispo de Braga Gonçalo Pereira, o prior do Crato, Álvaro Gonçalves Pereira (Pai de Nuno Álvares Pereira), o mestre da Ordem de Avis (Dom Martim Martins de Avelar?) e muitos denotados cavaleiros.
No campo dos cristãos e dos muçulmanos tudo se dispunha para a batalha, que devia travar-se ao amanhecer do dia seguinte. A cavalaria castelhana, atravessando o Salado, iniciou a peleja. Logo saiu, a fazer-lhe frente, o escol da cavalaria muçulmana, não conseguindo deter o ataque. Quase em seguida avançou Afonso XI, com o grosso das suas tropas, defrontando então as inumeráveis forças dos mouros. Estava travada, naquele sector, a ferocíssima luta. O rei de Castela, cuja bravura não comportava hesitações, acudia aos pontos onde o perigo era maior, carregando furiosamente sobre os bandos árabes até os pôr em debandada.

Após forte peleja não tardou muito que, numa fuga desordenada, africanos e granadinos abandonassem a batalha, largando tudo para salvar a vida. O campo estava juncado de corpos de mouros, vítimas da espantosa mortandade.
O arraial, enorme, dos reis de Fez e de Granada, com todos os seus despojos valiosíssimos em armas e bagagens, caiu finalmente em poder dos cristãos, que ali encontraram ouro e prata em abundância, constituindo tesouros de valor incalculável. Ao fazer-se a partilha destes despojos, assim como dos prisioneiros, quis Afonso XI agradecer ao sogro, pedindo-lhe que escolhesse quanto lhe agradasse, tanto em quantidade como em qualidade.

Afonso IV, porém num dos raros gestos de desinteresse que praticou em toda a sua vida, só depois de muito instado pelo genro escolheu, como recordação, uma cimitarra cravejada de pedras preciosas e, entre os prisioneiros, um sobrinho do rei Abul-Hassan. A 1 de Novembro ao princípio da tarde, os exércitos vencedores abandonaram finalmente o campo de batalha, dirigindo-se para Sevilha onde o rei de Portugal pouco tempo se demorou, regressando logo a casa.
Pode imaginar-se sem custo a impressão desmoralizadora que a vitória dos cristãos, na Batalha do Salado, causou em todo o mundo muçulmano, e o entusiasmo que se espalhou entre o cristianismo europeu. Era ao cabo de seis séculos, uma renovação da vitória de Carlos Martel em Poitiers.

Afonso XI para exteriorizar o seu regozijo, apressou-se a enviar ao Papa Bento XII uma pomposa embaixada portadora de valiosíssimos presentes, constituídos por uma parte das riquezas tomadas aos mouros, vinte e quatro prisioneiros portadores de bandeiras que haviam caído em poder dos vencedores, muitos cavalos árabes ricamente ajaezados e com magníficas espadas e adagas pendentes dos arções, e ainda o soberbo corcel em que o rei castelhano pelejara.
Quanto ao auxílio prestado por Portugal, que sem dúvida fora bastante importante para decidir a vitória dos exércitos cristãos, deixou-o o Papa Bento XII excluído dos louvores que, em resposta, endereçou a Afonso XI em consequência da opulenta «lembrança» enviada pelo rei de Castela. Dom Afonso IV, que durante o seu reinado praticou as maiores crueldades, ficaria na História com o cognome de «o Bravo», em consequência da sua acção na Batalha do Salado.


[i] Fundada em Jerusalém, a Ordem de São João do Hospital conheceu, ao longo dos séculos, mercê da sorte das armas na luta entre a Fé de Cristo e a Fé de Maomé, vários locais onde instalou a sua Casa-Mãe. Primeiro Jerusalém, depois Margat, S. João de Acre (1206-1290), Chipre (1290-1309), Rodes (1309-1310), onde adquiriu uma feição “insular”, no dizer de Fr. Lucas de Santa Catharina, e se manteve até 1522, quando a ilha foi tomada pelos turcos. Finalmente, instituíram-se na ilha de Malta.
            Esta é, em síntese, a origem da Ordem dos Hospitalários, ou de São João de Jerusalém, de Rodes ou ainda designada de Malta, a partir de 1530, quando os freires, como referimos, se instalaram na ilha assim chamada, que lhes foi doada pelo Imperador Carlos V.




quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Egas Moniz - Prémio Nobel da Medicina

A 27 de Outubro de 1949 - O médico português Egas Moniz (1874-1955) recebe o Prémio Nobel da Medicina

António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, nasceu em Estarreja, Avanca, Vilarinho do Bairro a 29 de Novembro de 1874 tendo morrido em Lisboa a 13 de Dezembro de 1955. Foi médico, neurologista, investigador, professor, político e escritor.

Responsável pela criação da leucotomia pré-frontal, foi galardoado, como resultado, com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1949, partilhado com Walter Rudolf Hess.

Seu tio paterno e padrinho, o padre Caetano de Pina Resende Abreu e Sá Freire, insistiria para que ao apelido (sobrenome) fosse adicionado Egas Moniz, em virtude de a família de Resende descender em linha directa de Egas Moniz, o mordomo de Dom Afonso Henriques.

Tendo completado a instrução primária na Escola do Padre José Ramos, em Pardilhó, e o Curso Liceal no Colégio de S. Fiel, dos Jesuítas, em Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, onde começou por ser lente substituto, leccionando anatomia e fisiologia.
Em 1911 foi transferido para a recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa onde foi ocupar a cátedra de neurologia como professor catedrático.

Em 1950 é fundado, no Hospital Júlio de Matos, o Centro de Estudos Egas Moniz, do qual é presidente. O Centro de Estudos é, em 1957 transferido para o serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria onde existe ainda hoje compreendendo, entre outros, o Museu Egas Moniz (onde se encontra uma restituição do seu gabinete de trabalho com as peças originais, vários manuscritos, entre outros).
A sua acção contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias do cérebro. A Angiografia Cerebral, que descobriu após longas experiências com raios X, tornou possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras malformações no cérebro humano e abriu novos caminhos para a cirurgia cerebral.

A 5 de Outubro de 1928, as suas descobertas clínicas foram reconhecidas, tendo sido  agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Benemerência e a 3 de Março de 1945 e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Para além da sua actividade científica Egas Moniz teve também papel activo na vida política. Foi fundador do Partido Republicano Centrista, dissidência do Partido Evolucionista tendo apoiado o breve regime de Sidónio Pais, durante o qual exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid (1917) e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1918). Entretanto o seu partido fundir-se-ia com o Partido Sidonista.
Foi ainda um notável escritor e autor de uma notável obra literária, de onde se destacam as obras "A nossa casa" e "Confidências de um investigador científico". É também autor de um notável ensaio de crítica literária, "Júlio Dinis e a sua obra" (1924), onde demonstra que o escritor Júlio Dinis se inspirou em personagens reais oriundas de Ovar na criação das figuras principais dos seus romances "A Morgadinha dos Canaviais" e "Pupilas do Senhor Reitor". Egas Moniz também escreveu sobre pintura e reuniu uma notável colecção de pintura naturalista, actualmente aberta ao público na Casa-Museu Egas Moniz, em Estarreja, onde se destacam obras de Silva Porto, José Malhoa e Carlos Reis, além de peças de louça, prata e mobiliário de variada proveniência, testemunho o seu grande interesse e apurado gosto pelas artes plásticas e decorativas.

António Egas Moniz foi proposto cinco vezes (1928, 1933, 1937, 1944 e 1949) ao Nobel de Fisiologia ou Medicina, sendo galardoado em 1949. A primeira delas acontece alguns meses depois de ter publicado o primeiro artigo sobre a encefalografia arterial e, subsequentemente, ter feito, no Hospital de Necker, em Paris, uma demonstração da técnica encefalográfica. Este imediatismo não era uma coisa absolutamente ridícula pois, na verdade, «a vontade de Alfred Nobel era precisamente a de galardoar trabalhos desenvolvidos no ano anterior ao da atribuição do Prémio».
A técnica desenvolvida por Egas Moniz, a operação ao cérebro denominada lobotomia, após forte controvérsia deixou de ser praticada na década de 1960. Familiares de pacientes que sofreram aquela intervenção cirúrgica exigiram que fosse anulada a atribuição do Prémio Nobel feita a Egas Moniz.


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Criação da ONU – 24 de Outubro de 1945

Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Unidas, é uma organização intergovernamental criada para promover a cooperação internacional.

Em substituição à ineficiente Liga das Nações[i], a organização foi estabelecida em 24 de Outubro de 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial, com a intenção de impedir a ocorrência de um novo conflito á mesma escala.

Na altura de sua fundação, a ONU era composta por 51 estados-membros contatando hoje com 193. Com a sua sede localizada em, Nova Iorque, (EUA) possui extraterritorialidade[ii]. A organização possui ainda escritórios em Genebra, Nairobi e Viena. A ONU é financiada com contribuições avaliadas e voluntárias dos países-membros.

Os seus objetivos, de acordo com a Carta das Nações Unidas, incluem manter a segurança e a paz mundial, promover os direitos humanos, auxiliar no desenvolvimento econômico e no progresso social, proteger o meio ambiente e prover ajuda humanitária em casos de fome, desastres naturais e conflitos armados.

Ainda durante a Segunda Guerra, o presidente Americano, Franklin D. Roosevelt, iniciou a discussão que levaria à criação de uma agência que sucederia à Liga das Nações.

Dessa discussão surgiu a Carta das Nações Unidas elaborada numa conferência[iii] ocorrida em Abril–Junho de 1945. Com a sua entrada em vigor, a 24 de Outubro de 1945, dá-se o início da operacionalidade da ONU.

A sua missão de promover a paz foi complicada nas suas primeiras décadas de existência, muito por culpa da Guerra Fria, entre Estados Unidos, União Soviética e seus respectivos aliados. Teve participação em ações importantes na Coreia e no Congo-Léopoldville, além de ter aprovado a criação do estado de Israel em 1947.

O número de integrantes cresceu bastante após o grande processo de descolonização na década de 1960, ocorrido principalmente na África, na Ásia e na Oceânia.

Na década seguinte, o seu orçamento para programas de desenvolvimento social e económico ultrapassou em muito os seus gastos com a manutenção da paz.

Após o fim da Guerra Fria, a ONU assumiu as principais missões militares e de paz no mundo, com diferentes níveis de sucesso.

A organização foi agraciada com o Nobel da Paz em 200, ("em partes iguais à Organização da Nações Unidas e ao seu secretário-geral Kofi Annan, pelo seu trabalho em favor de um mundo mais organizado e mais pacífico".

As Nações Unidas são compostas, para além de outros, de seis órgãos principais: a Assembleia Geral; o Conselho de Segurança (resoluções de paz e segurança); o Conselho Económico e Social (promoção da cooperação económica e social internacional e desenvolvimento); o Conselho de Direitos Humanos (promover e fiscalizar a proteção dos direitos humanos e propor tratados internacionais sobre esse tema); o Secretariado (fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), e o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão judicial principal).

Além desses, há órgãos complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O mais alto funcionário da Organização é o seu secretário-geral, cargo ocupado pelo Sul-Coreano  Ban Ki-moon desde 2007. Cargo que será ocupada a partir de 1 de Janeiro de 2017, pela primeira vez na sua história, por um Português, António Guterres.



[i] A Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações, foi uma organização internacional, idealizada em 28 de Abril de 1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um acordo de paz. Sua última reunião ocorreu em Abril de 1946.
[ii] Extraterritorialidade em direito internacional é o estado de ser isento da jurisdição da lei local, geralmente como resultado de negociações diplomáticas. A extraterritorialidade também pode ser aplicada a lugares físicos, tais como embaixadas estrangeiras, bases militares de países estrangeiros ou escritórios das Nações Unidas.

[iii] A Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional  (UNCIO - sigla em inglês) foi uma convenção de delegados de 51 nações aliadas que aconteceu de 25 de abril de 1945 a 26 de Junho de 1945 em São Francisco, Estados Unidos. Nessa convenção, os delegados revisaram e reescreveram os acordos de Dumbarton Oaks. A Convenção resultou na criação da Carta das Nações Unidas, que foi aberta à assinatura em 26 de Junho.



domingo, 23 de outubro de 2016

Conquista de Lisboa aos Mouros

A 24 de Outubro de 1147 termina, com a victória das tropas de Dom Afonso Henriques, auxiliado pelos cruzados, o cerco à cidade de Lisboa que durava desde o dia 1 de Julho.

A 19 ou 23 de Maio de 1147 partem os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth, Inglaterra, constituídos por flamengos, normandos, ingleses, escoceses e alguns cruzados germanos. Segundo documentos da época totalizariam um total 164 navios — valor este provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal. Durante esta parte da cruzada, não foram comandados por nenhum príncipe ou rei; a Inglaterra estava em pleno período de  Anarquia. Assim, a frota era dirigida por Arnold III de Aerschot (sobrinho de Godofredo de Louvaina), Christian de Ghistelles, Henry Glanville (condestável de Suffolk), Simon de Dover, Andrew de Londres, e Saher de Archelle.

Esta enorme armada terá chegou ao Porto a 16 de Junho, sendo, provavelmente, convencidos pelo bispo do Porto, Pedro II Pitões, a tomarem parte na operação de reconquista de Lisboa.
Após a conquista de Santarém (1147), sabendo da provável disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de D. Afonso Henriques prosseguiram para o Sul, investindo sobre Lisboa.

As forças cristãs, segundo relatos, eram constituídas por mais de 160 navios e 20.000 homens (7.000 Portugueses, 6.000 Ingleses, 5.000 Alemães e 2.000 Flamengos).
Após as tentativas fracassadas de rendição pacífica, iniciaram-se as hostilidades no dia 1 de Julho de 1147 depois dos atacantes se terem disposto em 3 frentes: os Alemães e os Flamengos a oriente, os Ingleses e Normandos a ocidente e os Portugueses a norte.

Algumas querelas anteriores tinham acontecido, logo na chegada dos diversos grupos quer de cruzados, quer de Portugueses, atingindo populações que viviam fora das muralhas, que morreram ou nas refregas que foram acontecendo ou no fogo que os cruzados puseram às casas logo no primeiro dia de combate.
Das primeiras construções edificadas destacam-se duas igrejas para servir as tropas sitiantes e para dar guarida a sepultura dos mortos que fossem ocorrendo.
Uma delas a que foi construída junto à localização dos cruzados Ingleses e Normandos, seria a primeira implantação da Igreja dos Mártires, hoje Igreja de Nossa Senhora dos Mártires, a outra junto ao acampamento alemão, foi o local onde se estabeleceu o mosteiro de São Vicente de Fora.
Com o intuito de atacar a zona muralhada preparam-se máquinas de guerra, aproveitando a presença dum engenheiro de Pisa que acompanhava as forças germânicas. Algumas mais pequenas de simples protecção à aproximação militar às muralhas, outras de maior porte, montadas em carros, que permitiam atendendo à sua grande altura que se atirassem projecteis à altura das muralhas.
Outro dos objectivos conseguido com êxito foi a conquista do castelo de Almada, contando-se centenas de mortos e grande saque, muito embora o mesmo se não pudesse dizer do castelo de Sintra atendendo a sua localização em local inexpugnável.
Recomenda-se a leitura dum documento escrito pelo cruzado R.(aul) a Osberto de Bawdsey,
Carta do cruzado R. com base nas traduções referenciadas na lista de fontes. Com a pregação da segunda cruzada por São Bernardo de Claraval, em 1146 na basílica de Vézelay, com intenção de enviar um grande exército para defesa dos territórios francos na Palestina atacados pelos turcos seljúcidas, uma parte das forças de cruzados, que do Nordeste da Europa se dirigiam por mar para o Médio Oriente, foram aliciados a ajudarem o mais recente rei da Cristandade, D. Afonso Henriques, a combater os infiéis. Este é o relatório que o cruzado R[aul] mandou a Osb[erto] de Baldr[eseia] (Bawssey) , que é a interpretação mais recente, ou que Osb[erto] de Baldr[eseia] mandou a R. Como escreveu Alfredo Pimenta, «o autor, fosse Osberno ou fosse R., parece ter sido padre; era inglês ou normando; e entrou com certeza na conquista de Lisboa. E isso é o que importa acima de tudo .»

É preciso não esquecer que antes de marchar sobre Lisboa as tropas portuguesas tinham testado a sua capacidade de empurrar para sul o ocupante mouro. Após a conquista de Santarém, Dom Afonso Henriques retira para Coimbra, mas por certo a sua preocupação, o seu objectivo concentrava-se em Lisboa, cidade que já tentara em 1142 conquistar, mas em vão, atendendo às dificuldades que a sua localização geográfica e a guarnição estimada em cerca de 15 000 homens, representavam.
O enquadramento perfeito para a tentativa, conciliava-se com a ajuda que poderia significar para as forças portuguesas o desembarque dum frota de mais de 164 navios transportando 12 a 13 mil cruzados que atracou no Porto.

A pregação de São Bernardo em várias cidades europeias, havia colhido frutos, na organização duma cruzada de libertação na Terra Santa, cuja frota havia partido de Inglaterra a 19 ou a 23 de Maio de 1147.
Fortes temporais haveriam de desviar a rota das embarcações que aportaram primeiramente na costa asturiana, depois em porto galegos e finalmente no Porto onde desembarcaram a 16 de Junho.

Nessa altura o bispo do Porto D. Pedro Pitões, exortou-os a ajudar Dom Afonso na conquista de Lisboa, prometendo-lhes recompensas em dinheiro, dando-se como penhor em garantia a essa promessa régia, seguindo instruções que o Rei lhe havia feito chegar.
Foram acordadas as condições prévias e, a 29 de Junho a frota de alemães, ingleses, normandos e galeses, entre outros, reuniu-se com Dom Afonso Henriques para as negociações mais detalhadas, que foram demoradas e difíceis, tendo estado muitas vezes em perigo de ruptura. O acordo finalmente conseguido não foi fácil para o lado português, naturalmente quem mais estava interessado nele mais teve que ceder para o obter, acabando por se basear em 3 questões importantes.

Os bens do inimigo pertenceriam aos cruzados; que o saque da cidade seria todos para eles, incluindo prisioneiros e seus resgates
Aqueles que quisessem ficar a viver em Portugal, poderiam guardar aqui as liberdades, usos e costumes dos seus países.

Gozar de imunidade fiscal, digamos assim, isentados de pagamento de portagens e peagens para os seus navios e mercadorias.
Antes de se iniciarem as hostilidades, os cristãos tentaram convencer os mouros a renderem-se argumentando que a terra da Hispânia, pertencia de direito aos cristãos, como era de prever os anciãos dos sitiados, responderam que não se rendiam, pois o destino dos homens está nas mãos de Deus.

Ao fim de algum tempo de cerco os alimentos começaram a faltar. Um ataque mais impetuoso após a construção duma terceira torre pelos anglo-normandos, permitiu um assalto que levou os sitiados a pedir tréguas.
Os mouros consideraram-se perdidos e pediram tréguas de 24 horas para se poder negociar a capitulação. Fernão Peres Cativo e Herven de Glanville o comandante inglês, foram os negociadores pelo lado cristão, exigindo como garantia, da sua rendição que os mouros entregassem 5 reféns, que foram postos sob a guarda do Rei de Portugal.

Muitos Cruzados se insurgiam contra esta situação, considerando que deviam ser eles a guardar os reféns, porque temiam uma traição do Rei português (pelos vistos a sua fama não era a melhor).
Dom Afonso Henriques decidiu então negociar a rendição, passando para segundo plano esta questão vinda principalmente dos alemães e flamengos.
A rendição foi então negociada neste termos " a cidade render-se-ia ao Rei, ficando o alcaide e um seu genro com tudo o que lhes pertencesse e os demais habitantes só com as vitualhas que tivessem".
De novo a confusão se instalou, pois este novo acordo contrairia o que fora previsto no contrato inicial entre o Rei e os Cruzados.

Acusavam Dom Afonso de favorecimento aos mouros, chegando a amotinar-se e a criar grande confusão.
Esta atitude exigiu um endurecimento da posição do Rei de Portugal, ameaçando abandonar o cerco por "preferir a própria honra ao senhorio de Lisboa".
A 23 de Outubro finalmente o acordo, com a aceitação pelos Cruzados, das condições acordadas pelo Rei de Portugal.

Primeiro entrou no castelo uma guarda avançada composta por 140 anglo-normandos e 160 alemães e flamengos, para os mouros lhes entregarem os seus haveres, enquanto inspeccionavam a cidade.
Em 25 de Outubro finalmente precedido pelos chefes militares estrangeiros e pelos bispos portugueses, Dom Afonso Henriques entrou no Castelo, e na torre mais elevada colocou uma cruz de Cristo.

Algumas escaramuças foram acontecendo, as atrocidades foram mínimas em especial atribuídas aos cruzados alemães e flamengos e nesse mesmo dia os mouros começaram a abandonar a cidade.
A vitória estava consumada e Lisboa o principal porto da Península Ibérica, não mais voltaria a ser dominado pelo mouros. Ao mesmo tempo os castelos dos arredores de Lisboa como Sintra, Palmela e Almada de imediato se submeteram ao Rei de Portugal







sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Martim Moniz morre entalado numa das portas do Castelo de Lisboa


A 21 de outubro de 1147 - Martim Moniz morre entalado numa das portas do Castelo de Lisboa
Em 1147, D. Afonso Henriques, ajudado por cruzados vindos do Norte a caminho da Terra Santa, inicia um cerco ao Castelo de Lisboa, com o objectivo de conquistar esta fortificação aos mouros. Durante uma das investidas, concretizada a 21 de Outubro de 1147, teria existido um tal Martim Moniz que se deixou entalar numa das portas do castelo para permitir a entrada dos sitiantes. Os historiadores não conseguem comprovar a existência real de tal personagem por não ter sido encontrado até agora qualquer documento da época que a ela faça referência. Citam-na, no entanto, como figura lendária da história de Portugal.

Quem terá sido Martim Moniz? A lenda
 De acordo com a lenda, terá sido um nobre cavaleiro que lutou com heroísmo durante aquele cerco, ao lado das forças cristãs sob o comando do rei D. Afonso Henriques (1109-1185).

Ao perceber que uma das portas do Castelo se encontrava entreaberta, atacou-a individualmente, sacrificando a própria vida ao atravessar o seu corpo no vão da mesma, como forma de impedir o seu encerramento pelos defensores.
Esse gesto heróico permitiu a chegada e o acesso dos restantes combatentes, que assim conseguiram conquistar o castelo. Em sua homenagem, esse acesso ficou conhecido como Porta de Martim Moniz.
Os dois únicos testemunhos coevos da conquista de Lisboa aos mouros são as cartas dos cruzados Osberno ("De expugnatione Lyxbonensi") e Arnulfo, que, em suas narrativas, não citam nem este personagem e nem este episódio.

Alexandre Herculano considerou como lendário o episódio narrado pela tradição, embora pareça plausível no contexto, à época.
Embora existam controvérsias a nível de pesquisa genealógica, alguns autores acreditam que o personagem na realidade tenha sido filho de D. Mónio Osores de Cabreira e de Maria Nunes de Grijó, casado com Teresa Afonso (que alguns apontam como filha bastarda de D. Afonso Henriques) com quem gerou três filhos:

Pedro Martins da Torre (1160-1???), senhor da Torre de Vasconcelos (do qual provém a importante linhagem dos Vasconcelos);
João Martins de Cabreira Salsa (1???-1???);
Martim Martins de Cabreira (1???-12??) (Arcediago da Sé de Braga), que deixou testamento posterior a 1256, em que nomeou por herdeiro o seu sobrinho-neto, Estêvão Anes de Vasconcelos.

Os genealogistas apontam um outro personagem com o nome de Martim Moniz, que teria existido em 1149, casado com Ouroana Rodrigues. Filho de Moninho Viegas, senhor com possessões em Arouca, de onde era abadessa Mór Martins, filha (ou descendente) deste Martim.
Uma terceira versão, atribuída pelos genealogistas a Maria Moniz de Cabreira, irmã do herói de Lisboa, reporta que este teve um filho batizado, mas que nunca soube quem foi o pai.

Alfredo Pimenta, na obra A façanha de Martim Moniz de 1940, comenta a existência de documentos datados desde 1258 que fazem referência ao portão de Martim Moniz.
O monumento
Próximo à Porta de Martim Moniz, na antiga cerca moura de Lisboa, ergue-se um busto do herói. Nma placa epigráfica de mármore, sobre a porta, colocada por um descendente da família Vasconcelos em meados do século XVII, lê-se:


"El-Rei dõ Afonso Henriques mandou aqui colocar esta statua e cabeça de pedra em memória da gloriosa morte que dõ Marti Muniz progenitor da família dos Vasconcelos recebeu nesta porta quando atravessando-se nela franqueou aos seus a entrada com que se ganhou aos mouros esta cidade no ano de 1147."
"João Roiz de Vasconcelos e Sousa Conde de Castel Melhor seu décimo quarto neto por baronia fes aqui por esta inscrição no ano de 1646."

Martim Moniz é igualmente o nome de uma grande praça no sopé do Castelo de Lisboa (no coração da freguesia do Socorro), bem como da estação de metropolitano que a serve.
 in Wikipedia


terça-feira, 18 de outubro de 2016

Desterrados para o Tarrafal


A 18 de Outubro de 1936 Parte de Lisboa o paquete Luanda com os primeiros prisioneiros políticos destinados ao campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde). Atingirá a ilha de Santiago, a 29 de Outubro com 152 condenados.
A Colónia Penal do Tarrafal, situada no lugar de Chão Bom do concelho do Tarrafal, na ilha de Santiago (Cabo Verde), foi criada pelo Governo do Estado Novo ao abrigo do Decreto-Lei n.º 26 539, de 23 de Abril de 1936.

Em 18 de Outubro de 1936 partiram de Lisboa, embarcados no paquete Luanda, os primeiros 152 detidos, entre os quais se contavam participantes do 18 de Janeiro de 1934 na Marinha Grande[i] (37) e alguns dos marinheiros que tinham participado na Revolta dos Marinheiros[ii] ocorrida a bordo de navios de guerra no Tejo em 8 de Setembro daquele ano de 1936.

O Campo do Tarrafal, ou Campo de Concentração do Tarrafal, como ficou conhecido, começou a funcionar em 29 de Outubro de 1936, com a chegada dos primeiros prisioneiros.

[i] Preparado inicialmente como uma greve, as acções previstas para o dia 18 de Janeiro nos centros fabris de Silves, Barreiro e na Marinha Grande, foram acções descoordenadas, mal preparadas que condenaram ao fracasso a contestação que os anarcossindicalistas, até à altura a principal força junto do operariado português, queriam transformar num grande braço de ferro com o Estado Novo, e abrir caminho para a ascensão do PCP como principal força de contestação junto da população trabalhadora

[ii] A Revolta dos Marinheiros, ou Motim dos Barcos do Tejo, foi um levantamento militar ocorrido a 8 de Setembro de 1936 a bordo dos navios Armada Portuguesa NRP Dão, NRP Bartolomeu Dias e NRP Afonso de Albuquerque. O levantamento foi organizada pela Organização Revolucionária da Armada, uma estrutura ligada ao Partido Comunista Português que visava a solidariedade com as forças republicanas em Espanha. A rebelião foi esmagada, resultando na morte de 10 marinheiros e na deportação de outros 60 para o Campo de Concentração do Tarrafal. Foram demitidos diversos oficiais e sargentos. Foi o último desafio militar ao Estado Novo até 1974.




sábado, 15 de outubro de 2016

Calendário Gregoriano – Efeméride de 15 de Outubro


Decorria o ano de 1582 quando a 15 de Outubro entrou em vigor o calendário gregoriano, introduzido pelo Papa Gregório XIII.
Provavelmente já se interrogou sobre a origem do calendário que hoje utilizamos no mundo ocidental. Qual será realmente sua origem? Como era calculado? De seguida tentarei apresentar uma pequena resenha histórica do calendário que hoje em dia é utilizado na maior parte do mundo, o calendário gregoriano,

O calendário gregoriano surgiu em virtude de uma modificação no calendário juliano, realizada em 1582, para ajustar o ano civil, o do calendário, ao ano solar, decorrente do movimento de elipse realizado pela Terra em torno do Sol. Antes de Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.), o calendário que vigorava em Roma era dividido em 355 dias e 12 meses, o que originava um grande desajustamento ao longo do tempo, originando com isso que as estações do ano passavam a ocorrer em datas diferentes. Quando se tornou ditador da República romana, Júlio César decidiu reformar o calendário para o adequar novamente ao tempo natural.
Com esse objectivo, foi criado, em 46 a.C., um ano com 15 meses e 455 dias para compensar esse desfasamento, este ano ficou conhecido como o “ano da confusão”.

A reforma de Júlio César, depois de 45 a.C., instituiu o ano com 365 dias e seis horas, divididos em 12 meses, o que permitiu resolver o problema durante um tempo. As seis horas que sobravam de cada ano seriam compensadas a cada quatro anos com a inclusão de mais um dia em fevereiro, os dias bissextos.
No entanto, ainda persistiu o desajustamento entre o ano do calendário e o ano natural, sendo que durante a Idade Média foram várias as tentativas de resolvê-la. O Concílio de Trento, realizado em 1545, decidiu pelas alterações no calendário da Igreja, cabendo a Gregório XIII instituir o novo calendário, que passaria a se chamar calendário gregoriano em sua homenagem.

Para adequar a data da Páscoa com o equinócio da primavera no Hemisfério Norte, o papa Gregório XIII ordenou que o dia seguinte a 4 de Outubro de 1582 passasse a ser o dia 15 de outubro. Um salto de 11 dias! Para diminuir a desfasamento, os dias bissextos não ocorreriam nos anos centenários (terminados em 00), a não ser que fossem divisíveis de forma exata por 400.
A maior parte do mundo católico aceitou a mudança, mas foram vários os países que rejeitaram a alteração, fazendo com que mais de um calendário existisse no mundo cristão. Os últimos países a adotarem o calendário gregoriano na Europa foram a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926.









quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Dom Pedro Imperador do Brasil


A 13 de Outubro de 1824 Dom Pedro I foi coroado imperador do Brasil

No próprio dia do seu aniversário, D. Pedro I, com 26 anos, foi coroado imperador do Brasil decorria o ano de 1824, faz hoje precisamente 192
anos. Neste mesmo ano, no mês de Março, ele tinha saído vencedor na guerra contra todos os exércitos leais a Portugal. Nascido em Queluz a 12 de Outubro de 1798, D. Pedro I foi o primeiro fundador e primeiro monarca do Império do Brasil.

Quarto filho do rei Dom João VI com a rainha Carlota Joaquina, veio para o Brasil, 1807, a quando da transferência da família real para aquela colônia quando Portugal foi invadido pelas tropas francesas. O início da Revolução liberal do Porto, em 1820, em Lisboa, obrigou D. João VI a regressar a Portugal em abril de 1821. Por esse facto, D. Pedro I ficou como príncipe-regente do império do Brasil iniciando-se uma lutar contra ameaças de revolucionários e insubordinação de tropas portuguesas.

Perante a tentativa do governo português de retirar a autonomia política do Brasil, Pedro I optou por declarar a independência do Brasil de Portugal em 7 de setembro de 1822.

 Ficando no poder até 7 de abril de 1831, quando, incapaz de lidar com os problemas do Brasil e de Portugal ao mesmo tempo, abdicou do trono em favor do seu filho Dom Pedro II, regressando à Europa. De volta a Portugal, viu-se no meio a uma guerra, que envolveu toda a península ibérica, numa luta entre defensores do liberalismo e do absolutismo. Pedro I morreu de tuberculose, em Lisboa, no dia 24 de Setembro de 1834, poucos meses após ele e os liberais obterem a vitória. Morreu no palácio de Queluz, no mesmo quarto e na mesma cama onde nascera 35 anos antes.

 


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Gripe Espanhola - Efeméride de 12 de Outubro


A 12 Outubro de 1918 são diagnosticados no Brasil os primeiros casos da Gripe Espanhola. Vários jornais são censurados, para não causar "pânico".

A Gripe de 1918 (frequentemente citada como Gripe Espanhola) foi uma pandemia do vírus influenza que se espalhou por quase toda parte do mundo. Terá sido causada por uma virulência incomum e frequentemente mortal de uma estirpe do vírus Influenza A do subtipo H1N1.

A origem geográfica da pandemia de gripe de 1918-1919 (espanhola) é desconhecida. Foi designada de gripe espanhola, gripe pneumónica, peste pneumónica ou, simplesmente, pneumónica.

A designação "gripe espanhola" deu origem a algum debate na literatura médica da época, e talvez se deva ao fato de a imprensa na Espanha, não participando na guerra, ter noticiado livremente que civis em muitos lugares adoeciam e morriam em números alarmantes.

A doença foi observada pela primeira vez em Fort Riley, Kansas, Estados Unidos, em 4 de Março de 1918, e em Queens, Nova Iorque em 11 de Março do mesmo ano.

Os primeiros casos conhecidos da gripe na Europa ocorreram em Abril de 1918 com tropas francesas, britânicas e americanas, estacionadas nos portos de embarque na França durante a Primeira Guerra Mundial. Em Maio, a doença atingiu a Grécia, Portugal e Espanha. Em Junho, a Dinamarca e a Noruega. Em Agosto, os Países Baixos e a Suécia. Todos os exércitos estacionados na Europa foram severamente afectados pela doença, calculando-se que cerca de 80% das mortes da marinha dos Estados Unidos se deveram à gripe.

Estima-se que a gripe espanhola tenha vitimado entre 50 e 100 milhões de pessoas em todo o mundo, tornando-se um dos desastres naturais mais letais da história da humanidade.

Esta gripe chegou a Portugal na primavera de 1918. Os primeiros casos de pneumónica ocorreram no final de Maio de 1918, em Vila Viçosa e terão provocado mais de 60 mil mortos.


terça-feira, 11 de outubro de 2016

Concílio Vaticano II - Efeméride de 11 de Outubro

Passados dois anos de difíceis preparativos, numa cerimónia carregada de pompa e circunstância foi inaugurado oficialmente, no dia 11 de Outubro de 1962, o Concílio Vaticano II, a tão esperada assembleia religiosa que iria discutir os rumos da Igreja Católica nas décadas que antecedem o terceiro milênio da Era Cristã.

O idealizador do encontro, o extraordinário Papa João XXIII[i], inscreveu para sempre o seu nome na história. O inédito debate convocado pelo Papa apresentava como grande objectivo aproximar o Vaticano do homem moderno e até das outras religiões – o que marcaria uma verdadeira revolução na Igreja.

A assembleia, inicialmente prevista para durar alguns anos, também refletiu sobre o papel e o poder dos episcopados nacionais. Acredita-se que o Papa João XXIII gostaria de ver mais padres envolvidos na condução dos assuntos da Igreja.

Nas palavras do próprio papa, o Concílio serviria apenas para tornar mais transparente a Igreja, para permitir que uma brisa fresca envolva uma instituição que parece manchada de bolor: "Abri as janelas para que os ventos da História soprassem a poeira do Trono de Pedro".

Na véspera da cerimônia solene de abertura, com a humildade que o caracterizava, João XXIII agradeceu a Deus por ter conseguido inaugurar o Concílio. Consciente da idade avançada (80 anos) e da sua saúde frágil, contudo, entregou-se à vontade divina e afirmou estar pronto para deixar a conclusão da assembleia nas mãos de um sucessor.

Apesar de alguma debilidade física que deixa transparecer em algumas aparições – e de alguns cancelamentos de audiências, que indiciam algumas preocupações nunca impediu João XXIII  fosse o grande motor e condutor desta assembleia ecumênica.

Aos que acreditavam que ele não estaria à frente dos trabalhos nas alturas mais agudas, é necessário lembrar que o pontífice adorava criar surpresas. E a maior delas foi justamente a convocação do Concílio, em Janeiro de 1959, apenas três meses depois do início de seu pontificado – e menos de um século depois do conturbado primeiro Concílio, bruscamente interrompido pela captura de Roma (2ª guerra da Unificação) e, oficialmente fechado somente de quando dos preparativos para o Vaticano II, pelo próprio João XXIII.

A sua eleição, aos 77 anos, depois de onze votações no conclave cardinalício, indiciava que ele seria apenas um "papa de transição", de mandato breve, sem grandes perspetivas ou ambições – do então arcebispo de Veneza (1953 a 28 Outubro de 1858) esperava-se no máximo algum reparo no funcionamento da Cúria, desgastada nos últimos anos do longo pontificado de Pio XII (1939-1958). O anúncio do Concílio deixou os membros da Igreja pasmados. Os mais atônitos foram os que viam no italiano Angelo Giuseppe Roncalli um cardeal intelectualmente limitado, um bonacheirão que subiu os degraus do Vaticano mais pela brilhante atividade pastoral do que pelos conhecimentos teológicos ou pelo talento na política clerical.

Nascido numa cidadezinha próxima ao Lago de Como, Itália, filho de lavradores, sargento do Exército na I Guerra e padre apaixonado pela missão pastoral, acabou sendo afastado do rebanho pelo papa Bento XV, que o nomeou presidente da Sociedade para a Propagação da Fé, dedicada ao trabalho missionário em países não-católicos.

Com o passar dos anos, tornou-se um diplomata da Igreja, servindo na Bulgária, Turquia, Grécia e, durante a II Guerra, em Paris, onde era núncio apostólico.

Essa biografia certamente explica alguns dos aspectos mais significativos do novo Concílio. O contato com outras ramificações da fé, por exemplo, teria convencido Roncalli da necessidade urgente de estender uma ponte e estabelecer algum diálogo entre as diferentes religiões.

A reforma nas estruturas e engrenagens do Vaticano, outro pilar importante do Concílio, também parece ser fruto da trajetória pessoal do Papa. Ele sempre adorou o contato com os fiéis: dizia que a sua maior diversão era sentar-se numa cozinha de família italiana, conversando com as mulheres, brincando com as crianças e trocando piadas com os homens.

No meio de tantas promessas de modernização na doutrina, os católicos já se perguntavam se a prática cotidiana da religião também seria transformada. Tudo indica que sim. Na abertura do Concílio, João XXIII disse que a Igreja precisa falar a "todos os homens do nosso tempo, levando em conta os desvios, as exigências e as necessidades da vida moderna". Além de atenuar o papel inquisitório da Igreja, a assembleia ecumênica deve procurar ampliar a dimensão pastoral da instituição, alcançando ainda mais fiéis – sem, é claro, mudar a essência da mensagem. Estava prevista a discussão de vários aspectos da prática litúrgica, incluindo o roteiro para a celebração de missas. O latim (que, segundo as más línguas, nunca foi o forte do Papa) pode até deixar de ser obrigatório. Também podem mudar os rituais do batismo e do exorcismo – esse último ainda carregado das superstições inexplicáveis do século XVII.

A expectativa geral em Roma era de um longo e acalorado embate durante as sessões da assembleia. Numa discussão interna sem precedentes na história do Vaticano, conservadores e progressistas deviam debater pela primazia no coração da Igreja.

A ala reformista é reforçada por jovens teólogos dispostos a colocar ainda mais lenha na fogueira. Alguns, como Karl Rahner e John Courtney Murray, defendem a convergência da experiência humana moderna com os dogmas cristãos; outros, como o francês Yves Congar e principalmente o alemão Joseph Ratzinger, (mais tarde Papa Bento XVI) consultor convidado pelo cardeal Josef Frings, de Colônia, procuram caminhos para as reformas através de um novo entendimento das próprias escrituras sagradas. Antes mesmo que o jogo de poder na cúpula da Igreja se iniciasse, o Vaticano já tinha dedicado dois anos à preparação da grande assembleia.

Dez comissões especializadas, além de uma comissão central de integrantes da Cúria, instruíram 987 decretos que foram examinados pelo Concílio. O trâmite foi demorado e cauteloso, para impedir qualquer tipo de precipitação. Novas comissões foram entretanto formadas dentro da assembleia para discutir à exaustão cada minúsculo detalhe e consequência das decisões que então seriam tomadas. No fim, as propostas foram redigidas, revistas e apresentadas ao Concílio. As sessões – realizadas na Basílica de São Pedro, sempre em latim – foram fechadas e secretas, assim como nos conclaves para escolher um papa. Cada intervenção ou discurso durou o máximo de dez minutos.

Na cerimônia pública de abertura 2.540 dos 2.908 prelados com direito a participar do Concílio foram à basílica. Estavam representados todos os escalões da hierarquia católica, desde os cardeais e patriarcas mais poderosos até padres e monges das aldeias mais humildes.

Enviados de 86 países e organismos internacionais também compareceram, acompanhados de dezenas de observadores das igrejas ortodoxas, protestantes e de outras denominações cristãs.
O objetivo central do Concílio não foi a discussão dos artigos fundamentais da Igreja, mas sim a defesa e a ilustração da verdade.
O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou, três anos depois, no dia 8 de Dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.



[i] Nascido Angelo Giuseppe Roncalli (Sotto Il Monte, 25 de novembro de 1881 — Vaticano, 3 de junho de 1963) foi Papa de 28 de outubro de 1958 até à data da sua morte. Pertencia à Ordem Franciscana Secular (OFS) e escolheu como lema papal: Obediência e Paz.