terça-feira, 25 de junho de 2019

Efeméride de 25 de Junho – Independência de Moçambique

Moçambique, conhecido oficialmente como República Popular de Moçambique, localizado no sudeste do Continente Africano, banhado pelo Oceano Índico a leste fazendo fronteira com a Tanzânia a norte; Malawi e Zâmbia a noroeste; Zimbabwe a oeste e Suazilândia e África do Sul a sudoeste. A sua actual capital e a maior cidade do país é Maputo (Antiga Lourenço Marques durante o domínio colonial português). Com 801 537 quilómetros quadrados de área territorial, Moçambique é o 34º maior país do mundo em área territorial.

Entre o primeiro e o quinto século d.C., vários povos migraram de regiões do norte e oeste para essa região. Ao longo da sua costa foram sendo implantados vários portos comerciais, principalmente por suaílis e, mais tarde, árabes até à chegada dos Portugueses. A Zona foi reconhecida por Vasco da Gama em 1498 e em 1505 foi anexada pelo Império Português. Depois de mais de quatro séculos de domínio português, Moçambique tornou-se independente em 1975, transformando-se na República Popular de Moçambique pouco tempo depois. Após dois anos de independência, o país mergulhou em uma prolongada guerra civil  que durou de 1977 a 1992. Em 1994, o país realizou as suas primeiras eleições multipartidárias livres e democráticas mantendo-se como uma república presidencial relativamente estável desde então.

A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) iniciou uma campanha de guerrilha contra o governo português em setembro de 1964. Do ponto de vista militar, o exército português manteve o controlo dos centros populacionais, enquanto as forças de guerrilha procuraram espalhar a sua influência em áreas rurais no norte e no oeste do país.

Após dez anos de guerra e com a reimplantação da democracia em Portugal, através de um golpe militar, que substituiu o regime do Estado Novo em Portugal por uma junta militar (a Revolução dos Cravos, 25 de Abril de 1974), e na sequência dos Acordos de Lusaka, a FRELIMO assumiu o controlo do território moçambicano. Moçambique tornou-se independente de Portugal em 25 de Junho de 1975. Após a independência, a maioria dos 250 mil portugueses que viviam em Moçambique abandonaram o território, retornando grande parte deles a Portugal.

Moçambique é dotado de ricos e extensos recursos naturais. A economia do país é baseada principalmente na agricultura de subsistência, mas o sector industrial, principalmente na produção de alimentos, bebidas, produtos químicos, alumínio e petróleo, está crescendo. O sector de turismo também está em crescimento, principalmente o relacionado com o turismo da natureza (Parque Natural da Gorongosa). A África do Sul é o principal parceiro comercial de Moçambique e a principal fonte de investimento directo. Portugal, Brasil, Espanha e Bélgica também estão entre os mais importantes parceiros económicos do país. Desde 2001, a taxa média de crescimento económico anual do PIB moçambicano tem sido uma das mais altas do mundo, 7,2 em 2015.

A língua oficial de Moçambique é o português, que é falado principalmente como segunda língua por cerca de metade da população. Entre as línguas nativas mais faladas estão o Macua, o Tsonga e a Sena. A população de cerca de 24 milhões de pessoas é composta predominantemente por povos bantos. A religião mais praticada em Moçambique é o cristianismo, mas há uma presença significativa de seguidores do islamismo.

O país é membro da União Africana, da Commonwealth Britânica, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Latina, da Organização da Conferência Islâmica, da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e da Organização Internacional da Francofonia.

Efeméride de 25 de Junho - Bloqueio de Berlim - 1948


Em reação às ações dos países ocidentais na reconstrução da Alemanha, os soviéticos decretaram em 1948 o Bloqueio de Berlim, impedindo o envio de mantimentos e outros materiais necessários à vida normal na cidade

Quando os aliados venceram a 2ª Guerra Mundial, em 1945, a Alemanha, livre dos nazis, foi repartida em quatro zonas administrativas - controladas pela União Soviética, Estados Unidos, Reino Unido e França.

A capital alemã, Berlim, apesar de estar geograficamente localizada no que então era a zona soviética, também foi subdividida em quatro áreas, o que criou um núcleo capitalista (o território de americanos, franceses e ingleses) no meio do território sob controlo soviético. 

Como o regime de Moscovo não queria ter uma amostra do capitalismo na área por si dominada e em represália à determinação dos Aliados em introduzir o marco alemão como unidade monetária também em Berlim Ocidental, Estaline resolveu fechar o acesso terrestre a essa zona da cidade, o que iria paralisar toda a indústria, e na opinião de Estaline, obrigaria a cidade a aceitar ajuda soviética mais cedo ou mais tarde. Assim, a 24 de Junho de 1948, Estaline decretou o Bloqueio de Berlim, Americanos e Britânicos decidiram então criar uma ponte aérea para abastecer a cidade. Berlim é abastecida via aérea durante os 321 dias do cerco.

Durante 10 meses, dois milhões de toneladas de bens essenciais foram levados de avião para Berlim. A solução encontrada pelo Ocidente para fazer face ao Bloqueio, levou Estaline a suspender o mesmo a 12 de Maio de 1949.

A ponte aérea para Berlim ficou conhecida como Operação Vittles.

Na verdade em 1947, os EUA lançaram o Plano Marshall, que consistia no investimento de enormes quantias de dinheiro nos países da Europa Ocidental, com o objetivo de reconstruir económica e socialmente esses países. Os principais beneficiados pelos investimentos foram a Inglaterra, a França, a Itália e a Alemanha.

https://t.dynad.net/pc/?dc=5550003220;ord=1498391985423Do lado soviético, a URSS lançou o Cominform e o Comecom. O Cominform, também conhecido como Comunismo Internacional Revolucionário, instituído em 1947, tinha por objetivo a coordenação das ações dos países ditos comunistas do Leste Europeu. O Comecom, ou Conselho de Assistência Econômica Mútua, cumpria uma função de iniciar a integração econômica entre os países da esfera de influência da URSS.

Do lado ocidental, essas medidas resultaram na uniformização monetária e administrativa dos territórios alemães sob o controle dos EUA, França e Inglaterra. A uniformização contrariava as decisões realizadas nas conferências de paz ao final da II Guerra Mundial, principalmente as de Yalta e de Potsdam.

Essa medida tornou a Alemanha o cenário do aumento da tensão entre os dois polos da Guerra Fria. A reação da URSS foi cortar todas as vias de comunicação com a cidade de Berlim, pressionando os ocidentais. O Bloqueio de Berlim foi possível em virtude de a cidade estar localizada na parte soviética da Alemanha.

A reação dos países ocidentais foi a implantação de uma ponte aérea, como já foi acima referido, para que a parte ocidental da cidade fosse abastecida. Essa situação trouxe novamente a iminência de um novo conflito armado na Europa. Porém, em 1949, o bloqueio foi suspenso, formando ainda nesse ano dois novos países: A República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental, e a República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental.

A capital da Alemanha Ocidental passou a ser a cidade de Bonn, e a capital da Alemanha Oriental continuou a ser Berlim, mas apenas sua parte oriental. Entretanto, em razão de Berlim ainda estar dividida entre as potências militares, os governantes da Alemanha Oriental decidiram construir o Muro de Berlim, em 1961, separando fisicamente as duas regiões da cidade, tornando ainda o muro o principal símbolo da Guerra Fria.


segunda-feira, 24 de junho de 2019

Efeméride de 24 de Junho - Batalha São Mamede – 1128

Após a morte de Dom Henrique (Dijon, França 1066-Astoga, Espanha 1112) em 1112, fica Dona Teresa a governar o condado, pois achava que este lhe pertencia por direito, mais do que a outrem, já que lhe tinha sido dado por seu pai (Teresa de Leão nasceu em 1080 filha de uma relação entre Afonso VI, Rei de Leão e Castela, e Ximena Moniz, uma nobre castelhana que frequentava a corte e os aposentos do monarca na altura do casamento). Associou ao governo o conde galego Bermudo Peres de Trava e o seu irmão Fernão Peres de Trava. Terá até talvez casado em segundas núpcias com Bermudo, do qual terá tido uma filha.

Hoje é dia de São João Baptista. Comemora-se ainda o aniversário do nascimento de Nuno Álvares Pereira, agora São Nuno de Santa Maria. Mas há uma outra efeméride deste dia, até mais esquecida que as anteriormente referidas, contudo absolutamente decisiva para toda a História de Portugal.

Corria o ano de 1128. A 24 de Junho daquele ano, faz hoje justamente 891 anos, travava-se a Batalha de São Mamede entre Dom Afonso Henriques e a sua mãe Dona Teresa. Nesta defrontam-se realmente os exércitos do conde Fernão Peres de Trava e o dos barões portucalenses. Estes últimos quando venceram Fernão Peres pretendiam apenas obriga-lo a ceder o governo do condado portucalense ao príncipe herdeiro. Tendo o primeiro rei de Portugal vencido esta contenda, era dado início ao processo que viria a garantir a independência do Condado Portucalense face ao Reino de Leão. Era – tão-somente – o início de Portugal.

Foi, portanto, em Junho, precisamente no dia 24, que, perto do castelo de Guimarães, ocorreu a primeira grande peleja liderada por Afonso Henriques, a batalha de S. Mamede. Porque foi travada contra a sua mãe e seus aliados e porque, como acabámos de referir, alicerçou todo o processo de independência do Condado Portucalense relativamente ao Reino de Leão, acabou por se tornar num dos mais conhecidos e comentados confrontos da nossa história.

Desde 1112, ano da morte do seu esposo, Dona Teresa detinha o governo do condado Portucalense tendo a seu lado fidalgos castelhanos e galegos, nomeadamente Fernão Peres de Trava, com quem, pensa-se, terá mantido, inclusive, uma relação marital.

Já desde 1127, o infante Afonso Henriques mantinha discórdias importantes com sua mãe. Não foi, pois, por acaso que tenha tentado a todo o custo apoderar-se do governo do Condado.

As tropas do infante e dos barões portucalenses enfrentaram as de Fernão Peres de Trava e dos seus partidários portugueses e fidalgos galegos no dia de São João Baptista do já referido ano de 1128.

Como a vitória foi para Dom Afonso Henriques, o cronista do mosteiro de Santa Cruz aproveitou a coincidência da data da batalha com a festa religiosa para exaltar o acontecimento, conseguindo colocá-lo ao nível das intervenções divinas. São João tinha sido o anunciador de Jesus Cristo. Como a batalha se deu na data em que se venera esse santo e a vitória ter sorrido a Dom Afonso Henriques, tal facto constitui, segundo aquele cronista, a verdadeira prova de que o infante era, também ele, o anunciador do aparecimento de um novo reinado.

A Batalha de São Mamede foi absolutamente decisiva para a história da nossa nação. Basta lembrar que com ela mudaram os detentores do poder no condado, com expulsão de Dona Teresa.

Para alguns teria sido enclausurada pelo filho Dom Afonso Henriques no Castelo de Lanhoso, onde viria a falecer em 1130. No entanto, há quem defenda que após a derrota de São Mamede, Dona Teresa, acompanhada pelo conde galego Fernão Peres, terá fugido para a Galiza, onde se exilou e onde acabaria por falecer em 1130.

Este grande acontecimento vai mudar ainda as relações das forças sociais para com o próprio poder. Os barões portucalenses, ao escolherem Dom Afonso Henriques para seu chefe, recusavam-se a aceitar a política da alta nobreza galega e do arcebispo de Compostela. Desta forma, estavam basicamente a inviabilizar um reino que englobasse Portugal e a Galiza. Desencadearam então uma forte corrente independentista capaz de subsistir por si só e capaz de resistir a todas as tentativas posteriores de reabsorção.

Afonso VII de Leão, primo do infante, ocupado com as vicissitudes da política leonesa, não atribui importância a esta mudança de poder no condado, e limita-se a aceitar o preito de fidelidade de Dom Afonso Henriques em 1137, (e no tratado de Zamora a 5 de Outubro de 1143). Porque isso contribuía para engrandecer o prestígio do imperador Afonso VII, a chancelaria leonesa não hesita em atribuir o título de rei ao príncipe português. Podia assim Afonso VII afirmar a sua condição de imperador, o qual tem reis por vassalos.

Entre os principais barões portucalenses que participaram na batalha de São Mamede ao lado de D. Afonso Henriques, estão Soeiro Mendes de Sousa «O Grosso» (1121-1137), Gonçalo Mendes de Sousa «Sousão» (1154-1167), Egas Moniz de Ribadouro «O Aio» (1108-1146), Gonçalo Mendes da Maia «O Lidador» e outros.

A localização exacta do campo de batalha é ainda nos dias de hoje pouco precisa. Sabe-se, no entanto, e isso é ponto assente, que a refrega se deu perto de Guimarães, o que releva para a evocação daquela cidade como o berço de Portugal.


domingo, 23 de junho de 2019

Efeméride de 23 de Junho - Exposição do Mundo Português

A Exposição do Mundo Português  (23 de Junho — 2 de Dezembro de 1940) foi uma exposição realizada em Lisboa em 1940.

Historicamente coincidente com o primeiro ano da Segunda Guerra Mundial, teve o propósito de comemorar a data da Fundação do Estado Português (1140) e da Restauração da Independência (1640), mas, também (e esse seria o objetivo primordial), de celebrar o Estado Novo, então em fase de consolidação. Foi a maior exposição do seu género realizada no país até à Expo 98 (1998).

Génese

A ideia de celebrar o duplo centenário da Fundação e da Restauração da nacionalidade (1140 e 1640) que esteve na origem da Exposição do Mundo Português foi lançada em 1929 pelo embaixador Alberto de Oliveira; seria assumida em Março de 1938 por Salazar através de uma Nota Oficiosa da Presidência do Conselho onde se fixava, com alguma minúcia, o programa das comemorações. A exposição surgiu na sequência da participação portuguesa nas grandes Exposições Internacionais de Paris (1937), Nova Iorque e S. Francisco (1939).

A mostra teve lugar num período de consolidação do Estado Novo, assumindo então, no que respeita aos recursos materiais e humanos, uma dimensão inédita, tornando-se no acontecimento político-cultural mais marcante do Regime

A opção estética adotada nas comemorações provocou críticas violentas por parte dos artistas académicos, liderados pelo Coronel Arnaldo Ressano Garcia (presidente da Sociedade Nacional de Belas-Artes), e que ficariam maioritariamente à margem do evento.

 Acontecimento nacional, prolongado em congressos, cerimónias e espectáculos vários, a exposição incluiu pavilhões temáticos relacionados com a história de Portugal, suas actividades económicas, cultura, regiões e territórios ultramarinos, e o pavilhão do Brasil  (o único país estrangeiro presente).

A exposição foi visitado por cerca de 3 milhões de pessoas. A maioria foram portugueses, mas por lá passaram também muitos estrangeiros, sendo um grande número deles refugiados de guerra.

Tratou-se de uma mostra com vários espaços dedicados a temas como a história de Portugal, as colónias e a etnografia.

Para divulgar a ação do Estado Novo existia também um bairro comercial e industrial, um pavilhão das telecomunicações e outro do caminho-de-ferro.

A quase totalidade das construções e monumentos erigidos para a exposição foram demolidos após o seu encerramento em Dezembro de 1940. Nos dias de hoje sobrevivem o edifício do Museu de Arte Popular e a Praça do Império.

O Padrão dos Descobrimentos, em honra do Infante D. Henrique, também nasceu nessa época, mas como uma construção efémera. Desmontado em 1958 seria reconstruído, já em betão e pedra, dois anos depois, por altura da evocação dos 500 anos da morte do Infante.





sexta-feira, 21 de junho de 2019

Efeméride de 20 de Junho - Solstício de Verão

O solstício de verão de 2019 ocorre a 21 de junho (sexta-feira), mais precisamente às 16h54 em Portugal. Este momento marca oficialmente o início do verão.

No hemisfério norte, o dia do solstício do verão é o dia mais longo do ano.



O que é o Solstício de Verão?



O solstício de verão é o momento em que o Sol atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do Equador, em Junho no hemisfério norte, e em Dezembro no hemisfério sul.

O termo "solstício" vem do Latim sendo composto pelas palavras sol e sistere (que não se mexe). Visto da Terra, o sol parece parado, mantendo uma posição fixa ao nascer e ao se pôr, durante algum tempo.

Os solstícios acontecem duas vezes por ano, uma vez em Junho e outra em Dezembro, o que define as mudanças de estação do ano juntamente com os dois equinócios[i]. Março e Setembro. Em Junho observa-se o solstício de verão, que coincide com o início do verão no hemisfério norte. No hemisfério sul acontece ao mesmo tempo o solstício de inverno.



O que simboliza?


A celebração do solstício de verão é tão antiga como a própria humanidade, trata-se de um dia carregado de poder e magia. Segundo as crenças vindas do paganismo de tempos passados, fadas e divindades da natureza andam soltas pelos campos. Tradicionalmente, os agricultores davam graças pelo verão, pelas culturas, as frutas e por disporem de mais horas para cumprir as suas tarefas e se entregarem à diversão. Também é o momento certo para pedir pela fertilidade da terra e dos homens. Fogueiras e rituais de fogo eram iniciados na véspera do pleno do verão para simbolizar o poder do Deus pai Sol e ajudar a renovar a sua energia. Eram rituais para assegurar o renascimento do Sol.

Como se comemora hoje em dia?


Atualmente, em muitos casos juntam-se as celebrações do solstício com a noite de São João, a 23 de junho (o 24 é o dia que a igreja católica escolheu para celebrar o nascimento de São João Batista, do mesmo modo como escolher o 25 de Dezembro para celebrar o nascimento de Jesus, próximo do solstício de inverno, embora estas festividades sejam anteriores ao natal do cristianismo).

Desta forma, podemos destacar as famosas fogueiras das festas de São João, que acontecem em Portugal e noutros países do hemisfério norte. Durante esta note, as pessoas reúnem se à volta do fogo, dançando à sua volta e saltando por cima da fogueira. Também é um dia de feriado e festival nas ruas de muitas localidades, por exemplo em Espanha na Catalunha e nas ilhas baleares, bem como em Portugal nas cidades do Porto e Figueira da Foz.

Fim do Verão

O verão termina depois em Setembro, dando lugar ao outono. Em 2019 o verão acaba a 23 de setembro, pelas 07h50.



[i] Na astronomia, o equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste).

terça-feira, 18 de junho de 2019

Efeméride 18 de Junho - Bloqueio a Lisboa - 18 Junho 1384


Em 18 de Junho de 1384, houve um combate entre uma armada portuguesa de 17 naus e 17 galés comandada por Rui Pereira, e a armada espanhola que bloqueava Lisboa. Começou o fim do bloqueio espanhol a Lisboa.

Pouco antes de Aljubarrota, naus castelhanas entraram no Tejo e cercaram Lisboa. Alguns navios portugueses com mantimentos para a cidade sitiada ainda conseguiram atravessar o bloqueio, numa batalha em que Portugal perdeu três naus e o comandante da frota, mas o cerco manteve‑se, até os marinheiros de Castela serem derrotados pela peste negra.

Da última vez que Lisboa se vira cercada, um rei português – Afonso Henriques – estava do lado de fora. Mais de 200 anos depois, os portugueses encontravam‑se dentro das muralhas, a tentar resistir ao poderoso invasor castelhano, e o Tejo voltou a ter um papel preponderante, novamente a nosso favor.

O caminho para o ataque ao reino de Portugal começou a ser traçado a 17 de maio de 1383, em Badajoz. Nesse dia, na cidade fronteiriça, D. Fernando, o nono rei português e o último da dinastia dos Borgonha (de Henrique de Borgonha, pai de Afonso Henriques), casou a sua única filha, Beatriz, de dez anos, com o rei D. João I de Castela, dezasseis anos mais velho. Era, obviamente, um casamento de conveniência, muito bem pensado pelas melhores mentes políticas em redor do monarca e que serviria de ponto final às constantes guerras entre os dois países. A opção pelo castelhano em detrimento de um príncipe inglês ou francês, quando os nossos vizinhos mantinham vivas as pretensões à anexação de Portugal, seria compensada pelo Tratado de Salvaterra de Magos: o filho dessa união viria para Lisboa aos três meses de idade e ocuparia o trono com a morte de D. Fernando. Evitava‑se, desse modo, que o soberano unisse os dois estados sob a mesma coroa.

Os tratados, nesse e noutros tempos, não valiam a cera com que eram selados. D. Fernando morreu daí a sete meses, tuberculoso, com apenas 37 anos, e logo João de Castela esfregou as mãos de cobiça. D. Leonor, viúva do monarca português, autoproclamou‑se regente em nome da filha e do genro, com o amante galego conde Andeiro ao seu lado e a contragosto do povo. Um grupo de nobres, apoiado pelos poderosos mercadores de Lisboa, viu aqui uma oportunidade para abrir as hostilidades com Castela e colocar no trono João, mestre da Ordem de Avis e filho bastardo de D. Fernando. O conde Andeiro tornou‑se a primeira vítima do conflito, trespassado pelo mestre de Avis, com a estocada de misericórdia a ser desferida pelo barão Rui Pereira, tio de um militar de 23 anos chamado Nuno Álvares Pereira.

Invasão e cerco

A resposta, previsível, foi a invasão de Portugal. Se Lisboa não se entregasse de boa vontade, seria tomada pela força. A tarefa não se adivinhava fácil, nem mesmo para o maciço exército de João I de Castela. D. Fernando fortificara a capital, alargando as muralhas e erguendo 77 torres defensivas. Só pela fome, cortando o abastecimento de comida, Lisboa cairia. No dia 29 de maio de 1384, as forças estrangeiras fecharam o cerco. Largos milhares de soldados circundaram as fronteiras terrestres da imponente cidade, enquanto uma numerosa frota soltou amarras à porta do Tejo (mas a uma distância segura das perigosas torres defensivas), para impedir a entrada de barcos com provisões. João, mestre de Avis, ficou preso dentro de muros.

Antes do bloqueio, os conselheiros do novo rei anteviram a estratégia naval – ou melhor, fluvial – de Castela. O bispo de Braga, que acompanhava o mestre de Avis, fora então incumbido de reunir todos os navios disponíveis no território aliado e formar uma armada que fosse capaz de enfrentar a frota inimiga. Entre Lisboa e o Algarve, D. Lourenço juntaria 13 galés e sete naus, recheadas por uma tripulação de três mil marinheiros e 800 soldados. Uma força de respeito, mas ainda insuficiente para combater a esquadra castelhana que se aproximava do Tejo. Duas semanas antes de Lisboa se ver sitiada, já os navios zarpavam em direção ao Porto, para tentarem recrutar mais embarcações de guerra e regressar com preciosos mantimentos para a população alfacinha.

Na Cidade Invicta, a armada lusa foi reforçada com mais quatro galés e dez naus, elevando o número de embarcações para 34, incluindo cinco grandes naus de guerra. Os líderes da expedição, Rui Pereira e o alcaide de Coimbra, D. Gonçalo, acreditavam que seria suficiente para desbaratar os castelhanos fundeados no rio de Lisboa e decidiram partir. O jovem condestável Nuno Álvares Pereira, líder das forças portuguesas, bem enviou mensagens ao tio, a implorar‑lhe que esperasse por ele e pelo exército que o acompanhava, no caminho para o Porto, para encher as embarcações com mais umas centenas de homens armados. Em vão. Rui Pereira não estava muito animado com a possibilidade de ser liderado por um rapazola e apressou‑se a levantar vela. Pagaria cara a soberba. No Tejo, entre Belém e Santos, aguardavam‑no 53 barcos de guerra: 13 galés e 40 naus castelhanas apinhadas de besteiros, arqueiros e lanceiros. O comandante era o experiente e genial almirante Fernando Sánchez de Tovar, veterano da Guerra dos Cem Anos e que até já derrotara uma esquadra portuguesa ao largo de Huelva, três anos antes – e em inferioridade numérica.

D. João de Castela ainda pensou em abandonar o rio e intercetar os navios lusos ao largo das Berlengas, mas um dos seus capitães convenceu‑o a não arriscar: a nortada poderia arrastar as naus para sul da foz do Tejo, e as galés, movidas a remos, ficariam por sua conta, o que conduziria inevitavelmente a uma derrota naval. Não. A batalha lutar‑se‑ia em pleno estuário.

Furar o bloqueio

A frota portuguesa chegou a Cascais a 17 de julho, e aí fundeou, a preparar‑se para o combate. Entretanto, chegou aos ouvidos do mestre de Avis (com 26 anos, na altura) que o seu amigo Nuno Álvares Pereira e respetivo exército não haviam embarcado, e que os barcos estavam muito longe da força de braços necessária para um embate com a armada inimiga. D. João ordenou, assim, que a esquadra se limitasse a furar o bloqueio para entregar os víveres à cidade, evitando, tanto quando possível, engrenar em refregas.

Eram nove da manhã de 18 de julho quando a frota lusa virou a ponta de São Julião da Barra, o local onde se edificaria o grande forte, 180 anos mais tarde. A hora foi bem escolhida: a maré enchia e o vento bafejava de oeste, facilitando a navegação para montante. Na coluna da esquerda, mais perto da margem de Lisboa, vinham as cinco maiores naus, capitaneadas por Rui Pereira, a proteger as outras duas colunas, formadas pelas galés e pelas naus mais pequenas.

Os barcos de guerra castelhanos logo saíram no seu encalço, procurando abalroar as embarcações portuguesas. Algumas naus portuguesas afrontaram‑nas e as outras fintaram‑nas. Seguiu‑se um furioso combate de estratégia e de navegação milimétrica. Um jogo de xadrez flutuante. Gorados os abalroamentos, a batalha alicerçou‑se nas flechas e lanças arremessadas entre conveses e em tentativas de abordagem. Nada de guerra de fogo. Os canhões ainda estavam na sua aurora e não eram suficientemente fiáveis para fazer deles peças decisivas numa batalha. Montar estas peças de artilharia precárias e traiçoeiras num navio mais depressa levaria a contenda a inclinar‑se para o lado errado, tão comuns eram as explosões.

Paulatinamente, os navios que pelejavam foram empurrados para a zona de Cacilhas e Almada, afastando‑se de Lisboa. No pico da batalha, as maiores naus lusas – com os curiosos nomes de Milheira, Estrela, Farinheira e Sangrenta – viram‑se rodeadas pelas espanholas. Três delas não escaparam e foram capturadas pelos castelhanos. Na brutal troca de flechas, Rui Pereira acabou por ser atingido com um tiro de besta na testa. No calor do momento, talvez impelido pela fogosidade da juventude, o rei D. João de Portugal seguiu para as docas, meteu‑se numa nau, na companhia de 400 homens e mais alguns barcos de apoio, e tentou descer o rio para auxiliar os compatriotas. Acabou arrastado pelo vento e pela maré rumo ao mar da Palha, e só com muita destreza os seus marinheiros conseguiram voltar à cidade.

O sacrifício de algumas peças resultou, se não num xeque‑mate, pelo menos num empate técnico que poucos julgariam ser possível face ao poderio castelhano. Os 31 barcos que atravessaram o bloqueio aproximaram‑se o suficiente das muralhas – inundadas de besteiros e lanceiros – para obrigar as naus e galés perseguidoras a recuarem para o Restelo. As embarcações lusas carregadas de mantimentos aportaram em segurança nas docas da capital. Os castelhanos, frustrados, regressaram aos seus postos.

Vencidos pela peste

O êxito português significava que a cidade conseguiria sobreviver mais algum tempo do que o esperado ao cerco, mas não muito. A comida transportada não era tanta como se previa e, além disso, os navios vinham cheios de bocas que também teriam de ser alimentadas. O mestre de Avis concluiu que a única saída era enfrentar de novo os castelhanos numa batalha naval, depois de descansados os tripulantes. Entretanto, chegaram ao Tejo mais 21 naus e três galés inimigas, que obrigaram o monarca português a abandonar de vez os intentos bélicos.

O almirante Fernando Sánchez de Tovar, por seu lado, acreditou que o reforço seria suficiente para atacar as muralhas pelo rio. Nove dias depois do conflito fluvial, lançou a sua impressionante armada contra Lisboa, mas as fortificações tinham fama de inexpugnáveis por alguma razão. Sánchez de Tovar foi impiedosamente derrotado. Para lavar o orgulho, atirou‑se contra a fortaleza de Almada, conquistando a cidade da outra banda.

O cerco à capital não durou muito mais tempo. Um aliado inesperado veio salvar D. João e os alfacinhas: a peste negra. Os soldados forasteiros morriam às dúzias, diariamente, até que João de Castela teve de ordenar a retirada, mantendo apenas a esquadra ancorada no Tejo. A situação dos invasores tornou‑se desesperadamente definitiva quando a epidemia se alastrou aos marinheiros – matando o próprio almirante castelhano. A 3 de setembro de 1384, os últimos navios inimigos dobraram a ponta de São Julião para não mais voltarem.

Menos de um ano depois, o exército dos nossos vizinhos seria dizimado na batalha de Aljubarrota, terminando de uma vez por todas com as aspirações de João de Castela ao trono português.

Salvação tripeira

O Porto foi o grande salvador de Lisboa durante o duro cerco de quatro meses e 27 dias, entregando quase todos os seus mantimentos guardados à armada portuguesa que se dirigia ao Tejo. Um sacrifício que deixou a Invicta à míngua, sem um singelo pedaço de carne para alimentar os seus. Diz-se que a necessidade faz o engenho – e, juram algumas crónicas, dessa carência nasceu um dos mais famosos pratos portugueses. Como só restavam na cidade miudezas, como intestinos e estômago de vaca, os portuenses puxaram pela imaginação e inventaram as tripas à moda do Porto. Ainda hoje os naturais da cidade são conhecidos popularmente por "tripeiros".

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Efeméride - 17 Junho - Primeira travessia aérea do Atlântico Sul

A primeira travessia aérea do Atlântico Sul, teve início a 30 de Março de 1922,em Lisboa, na qual os Comandantes Sacadura Cabral que exercia funções de piloto e Gago Coutinho que exercia funções de navegador, partiram para uma viagem com destino ao Brasil. A viagem terminou a 17 de Junh
o com a chegada do hidroavião monomotor ao Rio de Janeiro.

Apesar de a viagem ter durado 72 dias, o tempo de voo foi de 62h e 26m. De Lisboa ao Rio de Janeiro foram percorridas 4527 milhas.

 A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 7:00h de 30 de Março de 1922, empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Gago Coutinho havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época.

A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias.

No dia 5 de Abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Por lá ficaram até 17 de Abril para pequenas reparações no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento. O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo voo de 1.700 quilómetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento, com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho.

Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria, a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou no dia 6 de Maio. Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e testado, a 11 de Maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma avaria no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na região.

Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de Junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz. Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de Junho de 1922 amarou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.

Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras onde amararam, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.




sexta-feira, 14 de junho de 2019

Efeméride de 14 de Junho - abolição do Index Librorum Prohibitorum


A 14 de Junho de 1966 o Vaticano anuncia a abolição do Index Librorum Prohibitorum, que fora originalmente instituído em 1557.

O Index Librorum Prohibitorum[i] (em latim: Lista de Livros Proibidos) era uma lista de publicações consideradas heréticas, anti-clericais ou lascivas e, portanto, proibidas pela Igreja Católica. 

O objetivo do Index Librorum Prohibitorum inicialmente era reagir contra o avanço do protestantismo, sendo criado em 1559 no Concílio de Trento (1545-1563), e ficando sob a administração da Inquisição ou Santo Ofício. Esta lista continha os títulos de livros ou de obras que se opusessem à doutrina da Igreja Católica e deste modo tinha o objetivo de prevenir a corrupção dos fiéis assim como proteger a fé e a moral, impedindo a leitura de livros heréticos e imorais, a vigilância e a censura da produção e difusão de conhecimento. Os livros que continham essas imoralidades, segundo a Igreja católica, incluíam obras de astrónomos como Copérnico e de Kepler, e filósofos, como Immanuel Kant.

As várias edições do Índex também continham as regras da Igreja relativas à leitura, venda e censura preventiva de livros – edições e traduções da Bíblia que não tinham sido aprovadas pela Igreja poderiam ser banidas. Algumas das teorias científicas em obras que estavam proibidas pelo Índex foram rotineiramente ensinadas em universidades católicas em todo o mundo; por exemplo, a proibição dos livros que defendiam o heliocentrismo[ii] foi removida do Índex em 1758.



O contexto histórico em que o Índex apareceu envolveu as primeiras restrições à impressão na Europa. O refinamento e a agilidade da impressão, e a própria imprensa de Johannes Gutenberg em torno de 1440, alteraram a natureza da publicação de livros e o mecanismo pelo qual a informação poderia ser divulgada ao público. Livros, uma vez raros e mantidos cuidadosamente em um pequeno número de bibliotecas, poderiam ser produzidos em massa e amplamente disseminados.



No século XVI, tanto as igrejas como os governos da maioria dos países europeus tentaram regular e controlar as impressões, pois estas permitiram uma circulação rápida e generalizada de novas ideias e informações. A Reforma Protestante gerou grande quantidade de novos documentos polémicos tanto do lado católico como protestante, sendo a matéria religiosa a área tipicamente mais sujeita a controlo.



O Índex incluiu vários autores e intelectuais cujas obras são amplamente lidas hoje na maioria das universidades e são agora considerados como os fundamentos da ciência, por exemplo Kepler, e Copérnico. Outros personagens notáveis incluem Nicolas Malebranche, Jean-Paul Sartre, Montaigne, Voltaire, Denis Diderot, Victor Hugo, Jean-Jacques Rousseau, André Gide, Nikos Kazantzakis, Emanuel Swedenborg, Baruch Spinoza, Immanuel Kant, David Hume, René Descartes, Francis Bacon, Thomas Browne, John Milton, John Locke, Nicolaus Copernicus, Galileo Galilei, Blaise Pascal e Hugo Grotius. As obras de Charles Darwin nunca foram incluídas.

O índice foi abolido em 1966 pelo Papa Paulo VI, sendo anunciado formalmente a 15 de Junho de 1966 no jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, através de um documento chamado de “Notificação”, escrito no dia anterior.



Apesar da abolição do Index, a Igreja Católica sempre considerou algumas publicações perigosas. Para elas, o clero emite um “admonitum”, ou advertência sobre os riscos da obra. Isto aconteceu, por exemplo, com O Código Da Vinci, romance de Dan Brown que critica a Opus Dei, lançado em 2003 e com os livros do personagem Harry Potter, de J. K. Rowling, acusados de promover a bruxaria entre as crianças.



[i] A primeira versão do Index foi promulgada pelo Papa Paulo IV em 1559 e uma versão revista desse foi autorizada pelo Concílio de Trento. A última edição do índice foi publicada em 1948 e o Index só foi abolido pela Igreja Católica em 1966 pelo Papa Paulo VI.
[ii] Na astronomia, heliocentrismo é a teoria que coloca o Sol, em sua apresentação inicial, estacionário no centro do universo; ou em sentido estrito, situado aproximadamente no centro do Sistema Solar, no caso do heliocentrismo renascentista. A palavra vem do grego.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Efeméride 13 de Junho – Assinatura da Aliança Luso-Britânica


A 13 de Junho de 1373Portugal assina com a Inglaterra a Aliança Luso-Britânica, a mais antiga aliança entre nações em vigor.

A Aliança Luso-Britânica, em Portugal conhecida vulgarmente como Aliança Inglesa, entre Inglaterra e o Reino de Portugal é a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi instituída pelo Tratado Anglo-Português de 1373, durante a Idade Média[i]. A aliança já não é invocada, ainda que se mantenha. Ao longo da história de Portugal teve importantes consequências, ao colocar o país frente às tropas napoleónicas, devido à rejeição lusa do Bloqueio Continental[ii], incompatível com os termos desta aliança. No período pós-guerra, a Inglaterra manteve um largo contingente militar e determinados privilégios em território português.

É com o casamento de Dom João I com Filipa de Lencastre que é dado início à mais antiga aliança diplomática entre dois países, actualmente em vigor.

A ajuda inglesa à Casa de Avis foi o primeiro patamar de um conjunto de acções de cooperação com Inglaterra que viriam a ser de extrema importância na política externa portuguesa por mais de 500 anos. Em 12 de Maio de 1386, o Tratado de Windsor[iii] afirmava uma aliança que já tivera o seu gérmen em 1294, e que fora confirmada em Aljubarrota com um pacto de amizade perpétua entre os dois países. João de Gant duque de Lencastre, filho de Eduardo III de Inglaterra, e teve o apoio português nas suas tentativas de ascender ao trono de Castela, apesar de Dom Fernando I também o reclamar para si. Pelo Tratado de Tagilde de 10 de julho de 1372, os dois pretendentes decidem unir esforços contra o mesmo rival, deixando para depois qualquer decisão quanto às pretensões ao trono. Contudo, desta união resultou apenas uma derrota, que se viria a repetir em 1385, com compensação financeira para João de Gante por parte do seu rival, Henrique da Trastâmara. Portugal tinha reafirmado a aliança pelo Tratado de Londres de 16 de Junho de 1373, considerado por alguns autores como o seu fundamento jurídico, mas ratificado em Windsor.

João de Gant deu, entretanto, a mão de sua filha, Filipa de Lencastre, a Dom João I - acto que selou a aliança política. A influência de Filipa de Lencastre foi notável, tanto no ponto de vista da sua descendência (a Ínclita Geração) bem como pela sua intervenção no que diz respeito às relações comerciais entre Portugal e Inglaterra, incentivando as importações de bacalhau e vestuário de Inglaterra e a exportação de cortiça, sal, vinho e azeite, a partir dos armazéns do Porto.

Do século XVII ao século XIX, Após a Restauração, o tratado de 1642 reafirmou a amizade recíproca entre os dois reinos, e concedeu liberdade de comércio aos ingleses nos domínios de Portugal. Em 1661, foi assinado o tratado de Paz e Aliança entre Portugal e a Grã-Bretanha, marcando o início da predominância económica inglesa sobre Portugal e suas colónias. Ficou acordado o casamento de Carlos II de Inglaterra com D. Catarina de Bragança, entregando-se aos ingleses as cidades de Tânger em Marrocos e Bombaim e Colombo na Índia.

O Tratado de Methuen, em 1703, deu livre entrada aos lanifícios ingleses em Portugal e redução das tarifas impostas à importação de vinhos portugueses em Inglaterra.

Outros episódios que marcaram a aliança foram, por exemplo, a Guerra da Sucessão Espanhola em que Portugal começou por estar ao lado de França, em conjunto com o Duque de Saboia, mas voltando a reunir-se ao seu aliado depois da Batalha de Blenheim. Para Portugal, contudo, teve maior importância as implicações da aliança para o desencadear das Invasões francesas e para a resposta militar que permitiria conservar a independência com a ajuda militar inglesa, cuja frota acompanhou a família real para o Brasil.

Em consequência da divisão de África pelas potências europeias, as relações entre Portugal e o Reino Unido entraram em crise, agravada pelo Ultimato, que gerou uma forte reacção patriótica contra os Britânicos.

Durante o século XX, o tratado voltou a ser invocado por diversas vezes:

·       As tropas portuguesas participaram na Campanha de França, na Primeira Guerra Mundial, depois da solicitação, por parte da Grã-Bretanha, da requisição de todos os navios alemães em portos portugueses - o que motivou a declaração de Guerra da Alemanha a Portugal em 9 de Março de 1916.

·       Durante a Segunda Guerra Mundial, apesar da neutralidade portuguesa, a aliança foi invocada para o estabelecimento de bases militares nos Açores.

·       Em 1961, durante a ocupação da Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu) pela União Indiana, o Reino Unido limitou-se a mediar o conflito, o que levou Salazar a considerar a aliança numa crise insanável.

·       Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, as bases militares nos Açores estiveram de novo à disposição da Marinha Real Britânica.

Hoje em dia, como os dois países são, ainda, membros da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), as suas relações são coordenadas mais por tais instituições que pelos pontos previstos nos diversos tratados que formam a totalidade da Aliança.



[i] A Idade Média é um período da história da Europa entre os séculos V e XV. Inicia-se com a Queda do Império Romano do Ocidente e termina durante a transição para a Idade Moderna.

[ii] O Bloqueio Continental foi a proibição imposta pelo imperador Napoleão Bonaparte, com a emanação, a 21 de Novembro de 1806, do decreto de Berlim, que consistia em impedir o acesso a portos dos países então submetidos ao domínio do Primeiro Império Francês a navios do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.
[iii] O Tratado de Windsor estabelecido entre Portugal e a Inglaterra, sendo a mais antiga aliança diplomática do mundo ainda em vigor. Foi assinado em Maio de 1386 após os ingleses lutarem ao lado da Casa de Avis na batalha de Aljubarrota e com o sentido de renovar a Aliança Anglo-Portuguesa estabelecida pelos dois países em 1373.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Efeméride de 12 de Junho – Adesão de Portugal à CEE

Neste dia, 12 de Junho de 1985, Portugal e Espanha assinam o tratado de adesão à CEE

A 12 de Junho de 1985, Mário Soares assina, nos Jerónimos, o Tratado de Adesão de Portugal à CEE.

A União Europeia (UE) é uma união económica e política de 28 Estados-membros[i] independentes situados principalmente na Europa. A UE tem as suas origens na Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e na Comunidade Económica Europeia (CEE), formadas por seis países em 1957[ii]. Nos anos que se seguiram, o território da UE foi aumentando de dimensão através da adesão de novos Estados-membros, ao mesmo tempo que aumentava a sua esfera de influência através da inclusão de novas competências políticas. O Tratado de Maastricht instituiu a União Europeia com o nome atual em 1993. A última revisão significativa aos princípios constitucionais da UE, o Tratado de Lisboa, entrou em vigor em 2009. Bruxelas é a capital de facto da União Europeia.

A UE atua através de um sistema de instituições supranacionais independentes e de decisões intergovernamentais negociadas entre os Estados-membros. As instituições da UE mais importantes são a Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia, o Conselho Europeu, o Tribunal de Justiça da União Europeia e o Banco Central Europeu. O Parlamento Europeu é eleito a cada cinco anos pelos cidadãos da UE.

A UE instituiu um mercado comum através de um sistema harmonizado de leis aplicáveis a todos os Estados-membros. No Espaço Schengen (que inclui 22 estados-membros e 4 estados não membros da UE) foram abolidos os controlos de passaporte. As políticas da UE têm por objetivo assegurar a livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais, legislar assuntos comuns na justiça e manter políticas comuns de comércio, agricultura, pesca e desenvolvimento regional. A Zona Euro, a união monetária, foi criada em 1999 e é atualmente composta por 19 Estados-membros[iii]. Através da Política Externa e de Segurança Comum, a UE exerce um papel nas relações externas e de defesa. A UE tem em todo o mundo missões diplomáticas permanentes, estando representada nas Nações Unidas, na Organização Mundial do Comércio (OMC), no G8 e no G-20. Com uma população total de mais de 500 milhões de pessoas, o que representa 7,3% da população mundial, a UE gerou um produto interno bruto (PIB) de 15,2 triliões de euros em 2016, o que representa cerca de 20% do PIB global, medido em termos de paridade do poder de compra.

Em 2012, a União Europeia foi laureada com o Nobel da Paz, entregue pelo Comité Nobel "por ter contribuído ao longo de mais de seis décadas para o avanço da paz e da reconciliação, democracia e direitos humanos na Europa". No anúncio do prémio, o Comité referiu que "o terrível sofrimento durante a Segunda Guerra Mundial provou a necessidade de uma nova Europa. (...) Hoje, uma guerra entre a França e a Alemanha é impensável. Isto mostra que, através da boa vontade e construção de confiança mútua, inimigos históricos podem transformar-se em aliados."



[i] Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia

[ii] Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo.

[iii] Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Portugal.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Efeméride de 11 de Junho – Morre Dom João III

Neste dia, em 1557, morre o 15º rei de Portugal Dom João III, O Piedoso, sucede-lhe, seu neto, Dom Sebastião I



Dom João III, apelidado de "o Piedoso" e "o Colonizador", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1521 até sua morte, 11 de Junho de 1557. Era o filho mais velho do rei Dom Manuel I e sua segunda esposa a infanta Maria de Aragão e Castela, tendo ascendido ao trono apenas com dezanove anos de idade.

Teve como mestres algumas figuras notáveis da época, como o humanista Luís Teixeira e o médico Tomás de Torres. A partir de 1514, Dom Manuel começa a introduzi-lo nas matérias do governo e, em 1517, preparava-se o seu casamento com Dona Leonor, irmã de Carlos V. É, porém, Dom Manuel que vem a casar com ela, em virtude da morte da rainha Dona Maria. Com dezanove anos é aclamado rei e mais tarde casa com a irmã de Dona Leonor, Dona Catarina de Áustria.

O governo de Dom João III pode compreender-se à luz de uma vasta política nacional e ultramarina, de que assinalamos os marcos essenciais:

1) Política ultramarina: O vasto império herdado pelo monarca e que se estendia por três continentes, impunha difíceis problemas de administração à distância. No Oriente, após uns primeiros anos de continuação de conquistas, as dificuldades começaram a surgir. Turcos e Árabes ofereciam uma resistência cada vez maior ao monopólio dos Portugueses e os ataques às nossas forças sucediam-se. Em África, as guarnições dos nossos castelos de Marrocos não conheciam vida calma. Homens e armas eram enviados com frequência, como reforço, ocasionando uma despesa enorme sem proveito correspondente, o que em breve se tornou insustentável. Abandonou-se Safim, Azamor, Alcácer Ceguer e Arzila. Como compensação das dificuldades no Oriente e revezes em África, voltou-se Dom João III para o Brasil, realizando a primeira tentativa de povoamento e valorização daquele território, primeiro com o sistema de capitanias e depois instituindo um Governo-geral, sendo Tomé de Sousa primeiro Governador-geral.

2) Relações externas: Em nenhum outro reinado da 2.ª dinastia manteve Portugal uma tão grande actividade diplomática, como no de Dom João III, e com a Espanha, de uma maneira intensa. Com a França, de maneira bastante delicada, devido à guerra de corso movida pelos marinheiros franceses aos navios mercantes de Portugal e consequentes represálias por parte da nossa marinha de guerra. Com a Santa Sé, orientando-se no fortalecimento de relações, conseguindo Dom João III o estabelecimento do tribunal da Inquisição em Portugal e aderindo os bispos portugueses ao espírito da Contra Reforma. Mais dentro do campo económico, são de pôr em realce as relações estabelecidas com os países do Báltico e a Polónia, através da feitoria de Antuérpia.

3) Política interna: A linha absolutista acentua-se nitidamente com Dom João III. Este governa apenas com o auxílio do secretário de Estado, António Carneiro e seus dois filhos Francisco e Pêro de Alcáçova Carneiro. A máquina administrativa foi-se estruturando com centenas de regimentos, alvarás e cartas. Todavia, o seu reinado conheceu gravíssimas crises económicas e recorreu-se aos empréstimos externos. Fomes, epidemias e sismos fizeram também a sua aparição frequente.

4) Política cultural: A protecção à cultura foi uma dominante deste monarca. À sombra da corte viveram homens como Gil Vicente, Garcia de Resende, Damião de Góis. A esta época estão ainda ligados nomes como os de Sá de Miranda, Bernadim Ribeiro, André Resende, Diogo de Teive, Pedro Nunes, Camões, João de Castro, João de Ruão e outros ainda. É feita uma reforma da Universidade portuguesa e cria-se um Colégio das Artes.

5) Sucessão ao trono: Apesar da numerosa prole nascida do casamento régio, é o único neto do tronco varonil, Dom Sebastião, que irá suceder a D. João III. A morte tinha ceifado todos os filhos do monarca.

6) A figura: D. João III tem merecido juízos discordantes na sua acção governativa. Para alguns foi um fanático, para outros um hábil monarca. É certo que recebeu o império no seu apogeu e o deixou no descalabro, mas para além da sua acção pessoal que não foi brilhante, havia outras causas mais profundas que, de qualquer maneira, produziriam os mesmos efeitos.

Dom João III nasceu em Lisboa, a 6 de Junho de 1502 e faleceu na mesma cidade, a 11 de Junho de 1557, tendo sido sepultado no mosteiro de Belém. Casou em 1525 com a infanta Dona Catarina (n. em Torquemada, a 14 de Janeiro de 1507; f. em Xabregas, a 12 de Fevereiro de 1578; sepultada no Mosteiro dos Jerónimos), filha de Joana, a Louca, e de Filipe, o Belo, portanto irmã de Dona Leonor, terceira esposa de Dom Manuel.