terça-feira, 11 de junho de 2019

Efeméride de 11 de Junho – Morre Dom João III

Neste dia, em 1557, morre o 15º rei de Portugal Dom João III, O Piedoso, sucede-lhe, seu neto, Dom Sebastião I



Dom João III, apelidado de "o Piedoso" e "o Colonizador", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1521 até sua morte, 11 de Junho de 1557. Era o filho mais velho do rei Dom Manuel I e sua segunda esposa a infanta Maria de Aragão e Castela, tendo ascendido ao trono apenas com dezanove anos de idade.

Teve como mestres algumas figuras notáveis da época, como o humanista Luís Teixeira e o médico Tomás de Torres. A partir de 1514, Dom Manuel começa a introduzi-lo nas matérias do governo e, em 1517, preparava-se o seu casamento com Dona Leonor, irmã de Carlos V. É, porém, Dom Manuel que vem a casar com ela, em virtude da morte da rainha Dona Maria. Com dezanove anos é aclamado rei e mais tarde casa com a irmã de Dona Leonor, Dona Catarina de Áustria.

O governo de Dom João III pode compreender-se à luz de uma vasta política nacional e ultramarina, de que assinalamos os marcos essenciais:

1) Política ultramarina: O vasto império herdado pelo monarca e que se estendia por três continentes, impunha difíceis problemas de administração à distância. No Oriente, após uns primeiros anos de continuação de conquistas, as dificuldades começaram a surgir. Turcos e Árabes ofereciam uma resistência cada vez maior ao monopólio dos Portugueses e os ataques às nossas forças sucediam-se. Em África, as guarnições dos nossos castelos de Marrocos não conheciam vida calma. Homens e armas eram enviados com frequência, como reforço, ocasionando uma despesa enorme sem proveito correspondente, o que em breve se tornou insustentável. Abandonou-se Safim, Azamor, Alcácer Ceguer e Arzila. Como compensação das dificuldades no Oriente e revezes em África, voltou-se Dom João III para o Brasil, realizando a primeira tentativa de povoamento e valorização daquele território, primeiro com o sistema de capitanias e depois instituindo um Governo-geral, sendo Tomé de Sousa primeiro Governador-geral.

2) Relações externas: Em nenhum outro reinado da 2.ª dinastia manteve Portugal uma tão grande actividade diplomática, como no de Dom João III, e com a Espanha, de uma maneira intensa. Com a França, de maneira bastante delicada, devido à guerra de corso movida pelos marinheiros franceses aos navios mercantes de Portugal e consequentes represálias por parte da nossa marinha de guerra. Com a Santa Sé, orientando-se no fortalecimento de relações, conseguindo Dom João III o estabelecimento do tribunal da Inquisição em Portugal e aderindo os bispos portugueses ao espírito da Contra Reforma. Mais dentro do campo económico, são de pôr em realce as relações estabelecidas com os países do Báltico e a Polónia, através da feitoria de Antuérpia.

3) Política interna: A linha absolutista acentua-se nitidamente com Dom João III. Este governa apenas com o auxílio do secretário de Estado, António Carneiro e seus dois filhos Francisco e Pêro de Alcáçova Carneiro. A máquina administrativa foi-se estruturando com centenas de regimentos, alvarás e cartas. Todavia, o seu reinado conheceu gravíssimas crises económicas e recorreu-se aos empréstimos externos. Fomes, epidemias e sismos fizeram também a sua aparição frequente.

4) Política cultural: A protecção à cultura foi uma dominante deste monarca. À sombra da corte viveram homens como Gil Vicente, Garcia de Resende, Damião de Góis. A esta época estão ainda ligados nomes como os de Sá de Miranda, Bernadim Ribeiro, André Resende, Diogo de Teive, Pedro Nunes, Camões, João de Castro, João de Ruão e outros ainda. É feita uma reforma da Universidade portuguesa e cria-se um Colégio das Artes.

5) Sucessão ao trono: Apesar da numerosa prole nascida do casamento régio, é o único neto do tronco varonil, Dom Sebastião, que irá suceder a D. João III. A morte tinha ceifado todos os filhos do monarca.

6) A figura: D. João III tem merecido juízos discordantes na sua acção governativa. Para alguns foi um fanático, para outros um hábil monarca. É certo que recebeu o império no seu apogeu e o deixou no descalabro, mas para além da sua acção pessoal que não foi brilhante, havia outras causas mais profundas que, de qualquer maneira, produziriam os mesmos efeitos.

Dom João III nasceu em Lisboa, a 6 de Junho de 1502 e faleceu na mesma cidade, a 11 de Junho de 1557, tendo sido sepultado no mosteiro de Belém. Casou em 1525 com a infanta Dona Catarina (n. em Torquemada, a 14 de Janeiro de 1507; f. em Xabregas, a 12 de Fevereiro de 1578; sepultada no Mosteiro dos Jerónimos), filha de Joana, a Louca, e de Filipe, o Belo, portanto irmã de Dona Leonor, terceira esposa de Dom Manuel.

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