Neste dia, em 1557,
morre o 15º rei de Portugal Dom João III, O Piedoso, sucede-lhe, seu neto, Dom
Sebastião I
Dom João III, apelidado de "o Piedoso" e "o
Colonizador", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1521 até sua morte, 11
de Junho de 1557. Era o filho mais velho do rei Dom Manuel I e sua segunda
esposa a infanta Maria de Aragão e Castela, tendo ascendido ao trono apenas com
dezanove anos de idade.
Teve como mestres
algumas figuras notáveis da época, como o humanista Luís Teixeira e o médico
Tomás de Torres. A partir de 1514, Dom Manuel começa a introduzi-lo nas
matérias do governo e, em 1517, preparava-se o seu casamento com Dona Leonor,
irmã de Carlos V. É, porém, Dom Manuel que vem a casar com ela, em virtude da
morte da rainha Dona Maria. Com dezanove anos é aclamado rei e mais tarde casa
com a irmã de Dona Leonor, Dona Catarina de Áustria.
O governo de Dom João
III pode compreender-se à luz de uma vasta política nacional e ultramarina, de
que assinalamos os marcos essenciais:
1) Política
ultramarina: O vasto império herdado pelo monarca e que se estendia por
três continentes, impunha difíceis problemas de administração à distância. No
Oriente, após uns primeiros anos de continuação de conquistas, as dificuldades
começaram a surgir. Turcos e Árabes ofereciam uma resistência cada vez maior ao
monopólio dos Portugueses e os ataques às nossas forças sucediam-se. Em África,
as guarnições dos nossos castelos de Marrocos não conheciam vida calma. Homens
e armas eram enviados com frequência, como reforço, ocasionando uma despesa
enorme sem proveito correspondente, o que em breve se tornou insustentável.
Abandonou-se Safim, Azamor, Alcácer Ceguer e Arzila. Como compensação das
dificuldades no Oriente e revezes em África, voltou-se Dom João III para o
Brasil, realizando a primeira tentativa de povoamento e valorização daquele
território, primeiro com o sistema de capitanias e depois instituindo um Governo-geral,
sendo Tomé de Sousa primeiro Governador-geral.
2) Relações
externas: Em nenhum outro reinado da 2.ª dinastia manteve Portugal uma tão
grande actividade diplomática, como no de Dom João III, e com a Espanha, de uma
maneira intensa. Com a França, de maneira bastante delicada, devido à guerra de
corso movida pelos marinheiros franceses aos navios mercantes de Portugal e
consequentes represálias por parte da nossa marinha de guerra. Com a Santa Sé,
orientando-se no fortalecimento de relações, conseguindo Dom João III o
estabelecimento do tribunal da Inquisição em Portugal e aderindo os bispos
portugueses ao espírito da Contra Reforma. Mais dentro do campo económico, são
de pôr em realce as relações estabelecidas com os países do Báltico e a
Polónia, através da feitoria de Antuérpia.
3) Política
interna: A linha absolutista acentua-se nitidamente com Dom João III. Este
governa apenas com o auxílio do secretário de Estado, António Carneiro e seus
dois filhos Francisco e Pêro de Alcáçova Carneiro. A máquina administrativa
foi-se estruturando com centenas de regimentos, alvarás e cartas. Todavia, o
seu reinado conheceu gravíssimas crises económicas e recorreu-se aos
empréstimos externos. Fomes, epidemias e sismos fizeram também a sua aparição
frequente.
4) Política
cultural: A protecção à cultura foi uma dominante deste monarca. À sombra
da corte viveram homens como Gil Vicente, Garcia de Resende, Damião de Góis. A
esta época estão ainda ligados nomes como os de Sá de Miranda, Bernadim
Ribeiro, André Resende, Diogo de Teive, Pedro Nunes, Camões, João de Castro,
João de Ruão e outros ainda. É feita uma reforma da Universidade portuguesa e
cria-se um Colégio das Artes.
5) Sucessão ao
trono: Apesar da numerosa prole nascida do casamento régio, é o único neto
do tronco varonil, Dom Sebastião, que irá suceder a D. João III. A morte tinha
ceifado todos os filhos do monarca.
6) A figura: D.
João III tem merecido juízos discordantes na sua acção governativa. Para alguns
foi um fanático, para outros um hábil monarca. É certo que recebeu o império no
seu apogeu e o deixou no descalabro, mas para além da sua acção pessoal que não
foi brilhante, havia outras causas mais profundas que, de qualquer maneira,
produziriam os mesmos efeitos.
Dom João III nasceu em
Lisboa, a 6 de Junho de 1502 e faleceu na mesma cidade, a 11 de Junho de 1557,
tendo sido sepultado no mosteiro de Belém. Casou em 1525 com a infanta Dona
Catarina (n. em Torquemada, a 14 de Janeiro de 1507; f. em Xabregas, a 12 de Fevereiro
de 1578; sepultada no Mosteiro dos Jerónimos), filha de Joana, a Louca,
e de Filipe, o Belo, portanto irmã de Dona Leonor, terceira esposa de Dom
Manuel.
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