A primeira travessia
aérea do Atlântico Sul, teve início a 30 de Março de 1922,em Lisboa, na
qual os Comandantes Sacadura Cabral que exercia funções de piloto e Gago
Coutinho que exercia funções de navegador, partiram para uma viagem com destino
ao Brasil. A viagem terminou a 17 de Junh
o com a chegada do hidroavião
monomotor ao Rio de Janeiro.
Apesar de a viagem ter
durado 72 dias, o tempo de voo foi de 62h e 26m. De Lisboa ao Rio de Janeiro
foram percorridas 4527 milhas.
A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 7:00h de
30 de Março de 1922, empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII,
especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e
batizado Lusitânia. Gago Coutinho havia criado, e empregaria durante a
viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura
dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época.
A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem
incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias.
No dia 5 de Abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no
Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Por lá ficaram até 17 de Abril
para pequenas reparações no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -,
tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao
Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem
o auxílio do vento. O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia,
que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador
da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos
pelo voo de 1.700 quilómetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento,
com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do
método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho.
Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito,
o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria,
a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou
no dia 6 de Maio. Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e testado, a 11
de Maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os
aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e
São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma avaria no motor obrigou-os
a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem
resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na
região.
Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de Junho,
quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa
do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz.
Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do
Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife,
fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de
Janeiro, então Capital Federal, onde, a 17 de Junho de 1922 amarou em frente à
Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.
Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades
brasileiras onde amararam, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas
a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da
Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação
astronômica a partir do aeroplano.
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