Sancho I Nasceu em
Coimbra a 11 de Novembro de 1154 – morrendo na mesma cidade a 26 de Março de
1211, apelidado de Sancho, o Povoador, foi o 2º Rei de Portugal de 1185 até à
sua morte. Era filho do rei Afonso I (Afonso Henriques) de Portugal e sua
esposa Mafalda de Saboia. Promoveu e apadrinhou o povoamento dos territórios do
país — destacando-se a fundação da cidade da Guarda, em 1199, e a atribuição de
cartas de foral na Beira e em Trás-os-Montes: Gouveia (1186), Covilhã (1186),
Viseu (1187), Bragança (1187), São Vicente da Beira (1195) ou Belmonte (1199).
Almada (1190). Povoando assim áreas remotas do reino, em particular com
imigrantes da Flandres e da Borgonha.
Quinto filho do monarca Afonso Henriques (1109 – 1185),
foi batizado com o nome de Martinho, por ter nascido no dia do santo
Martinho de Tours[i],
e não estaria preparado para reinar, estaria destinado a seguir a vida
eclesiástica? No entanto, a morte do seu irmão mais velho, D. Henrique Afonso
(1147-1155), quando Martinho contava apenas três anos de idade, levou à
alteração da sua onomástica para um nome mais hispânico, ficando desde então a
chamar-se Sancho Afonso.
Em 15 de Agosto de 1170 Dom Sancho foi armado
cavaleiro pelo seu pai logo após o acidente de Dom Afonso Henriques em
Badajoz[ii]
e tornou-se seu braço direito, quer do ponto de vista militar, quer do ponto de
vista administrativo. Nestes primeiros tempos de Portugal enquanto país
independente, muitos eram os inimigos da coroa, a começar pelo Reino de Leão
que havia controlado Portugal até então. Para além do mais, a Santa Sé demorava
em consagrar a independência de Portugal com a sua bênção. Para compensar estas
falhas, Portugal procurou aliados dentro da Península Ibérica, em particular o
reino de Aragão, um inimigo tradicional de Castela, que se tornou no primeiro
país a reconhecer Portugal. O acordo foi firmado 1174 pelo casamento de Sancho,
então príncipe herdeiro, com a infanta Dulce, irmã mais nova do rei
Afonso II de Aragão, tendo como descendentes legítimos: Teresa, Sancho,
Afonso (Dom Afonso II),Pedro, Fernando, Henrique, Raimundo, Mafalda, Branca,
Berengária.
No ano de 1178, Dom Sancho faz uma importante
expedição contra mouros, confrontando-os perto de Sevilha e do rio
Guadalquivir, e ganha-lhes a batalha. Com essa ação, expulsa assim a
possibilidade deles entrarem em território português.
Com a morte de Dom Afonso
Henriques, em 1185, Dom Sancho I torna-se no segundo rei de Portugal.
Tendo sido coroado na Sé de Coimbra a 6 de Dezembro de 1185, manteve essa
cidade como o centro do seu reino. Dom Sancho rapidamente deu por terminadas as
guerras fronteiriças pela posse da Galiza e dedicou todos os seus esforços a combater
os Mouros localizados a Sul. Após aproveitar a passagem de alguns cruzados a
caminho da Terra Santa conquistou a praça do Alvor, para mais tarde com nova passagem
pela costa portuguesa de novos cruzados, terceira cruzada, na primavera de
1189, se seguir a conquista de Silves, um importante centro administrativo e
económico do Sul, com população estimada em 20.000 pessoas.
Dom Sancho ordenou então
a fortificação da cidade e a construção do castelo que ainda hoje pode ser visitado.
A posse de Silves foi efémera já que em 1190 Abu YusufYa'qub al-Mansur cercou a
cidade com um exército e com outro atacou Torres Novas, que apenas conseguiu
resistir durante dez dias, devido ao rei de Leão e Castela ameaçar de novo o
Norte.
Dom Sancho I
dedicou muito do seu esforço governativo à organização política, administrativa
e económica do seu reino. Acumulou um razoável tesouro real e incentivou e
fomentou a criação de indústrias, bem como a classe média de comerciantes e
mercadores.
Com as zonas de
fronteira pouco povoadas ficando à mercê de possíveis invasores, Dom Sancho I
procurou atrair famílias para lá. Com essa intenção concedeu regalias a quem aí
se quisesse instalar.
Essas regalias podiam ser, por
exemplo, terras para cultivo, pastagens, dispensa de pagamento de alguns
impostos, perdão de crimes, etc. Tudo isto era escrito numa Carta de Foral, que
também incluía os deveres da população para com o rei. Ao todo Dom Sancho I
assinou cinquenta e oito cartas de foral, o que lhe valeu o cognome de “O
Povoador”.
O rei é também
lembrado pelo seu gosto pelas artes e literatura, tendo deixado ele próprio
vários volumes com poemas. Neste reinado sabe-se que alguns portugueses
frequentaram universidades estrangeiras e que um grupo de juristas conhecia o
Direito que se ministrava na escola de Bolonha. Em 1192 concedeu ao mosteiro de
Santa Cruz 400 morabitinos, primeira
moeda de ouro a ser cunhada em Portugal já durante o reinado de Dom Sancho I, para que se mantivessem em França os monges que lá quisessem estudar.
Outorgou o seu
primeiro testamento em 1188/89 no qual doou a sua esposa os rendimentos de
Alenquer, terras do Vouga, Santa Maria da Feira e do Porto. O seu último
testamento foi lavrado em Outubro de 1209 quase dois anos antes de sua morte. O
seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, ao lado do túmulo
do pai.
[i] São Martinho, ou Martinho de Tours, nasceu em cerca
de 316 na antiga cidade de Savaria na Panónia, uma antiga província na
fronteira do Império Romano, na atual Hungria. Filho de um comandante romano,
cresceu na região de Pavia, em Itália, no seio de uma família pagã. Criado para
seguir a carreira militar, foi convocado para o exército romano quando tinha
quinze anos, viajando por todo o Império Romano do Ocidente.
Apesar de ter recebido uma educação
pagã, foi em adolescente que Martinho descobriu o Cristianismo. Mas foi só mais
tarde, em 356, depois de ter abandonado o exército que foi batizado. Tornou-se
discípulo de Santo Hilário, bispo de Poitiers (na zona oeste da atual França),
que o ordenou diácono e presbítero, regressando de seguida a Panónia, onde
converteu a mãe. Mudou-se depois para Milão, de onde terá sido expulso
juntamente com Santo Hilário. Isolado, terá passado algum tempo na ilha da
Galinária, ao largo da costa italiana.
[ii]Após um acidente que incapacitou o rei Dom Afonso Henriques,
durante a Batalha de Badajoz, por volta de 1170, o segundo filho do monarca D.
Afonso Henriques, começou a participar mais activamente nas reuniões da cúria e
na administração pública. Com a morte do seu pai em 1185 foi solenemente aclamado
rei em Coimbra.
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