quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Efeméride de 4 de Agosto - Batalha de Alcácer Quibir

 Efeméride de 4 de Agosto - Batalha de Alcácer Quibir

O dia 4 de Agosto de 1578 ficou na nossa memória como o maior desastre da história militar portuguesa, não só pela quantidade de combatentes envolvidos mas também pelas consequências trágicas que daí resultou.

A batalha de Alcácer Quibir (ou batalha dos três reis) marca o inicio do fim da II dinastia portuguesa e do período do império português da Índia e é o prenúncio de um período de 60 anos em que o reino de Portugal foi governado por monarcas estrangeiros.

Após ser tomada a decisão de atacar o norte de África para tentar aliviar a pressão que se fazia sentir sobre as fortalezas portuguesas, deu-se inicio à formação de um grande exército, com um total de 17.000 homens, dos quais 5.000 eram mercenários estrangeiros.

Quando zarpa de Lisboa, a 25 de Junho de 1578 a armada portuguesa é composta por cerca de 800 embarcações e contaria com um valor ligeiramente superior a 20 000 homens, entre os quais 5000 estrangeiros, 12 000 dos terços portugueses, 1400 do esquadrão dos aventureiros e ainda 500 homens do esquadrão castelhano, faz escala em Cadiz e aporta a Tanger, seguindo depois para Arzila.

Aqui toma-se uma decisão, os combatentes são enviados a pé de Arzila para Larache[1], corresponde ao primeiro erro crasso, já que o percurso poderia e deveria ter sido feito por via marítima.

A partir de Larache, a força portuguesa afasta-se da costa em direcção a Alcácer Quibir.

Há que notar que no século XVI, grande parte das vitórias portuguesas dão-se na zona costeira, onde é possível utilizar a enorme vantagem do poder de fogo dos navios de guerra portugueses. Longe dos navios e enfrentando no calor de uma zona quase desértica um exército superior em numero e combatendo no seu território, as cautelas deveriam ter sido muito maiores do que realmente foram.

O rei recusou-se terminantemente a ouvir os conselhos dos capitães mais experientes, que achavam que o exército devia manter-se na proximidade e ao alcance dos canhões dos navios, alguns dos comandantes perante o absurdo da decisão chegam a falar em prender o rei, para o impedir de cometer tal loucura.

As forças muçulmanas, perceberam perfeitamente que não poderiam enfrentar os portugueses próximo da costa, e não avançaram em direcção a norte, preferindo que fossem os portugueses a tomar a iniciativa.

Por decisão do rei, o exército parte finalmente em direcção a sul afastando-se da costa.

Quando a 4 de Agosto as forças portuguesas encontram o exército mouro, encontram-se desgastados pela marcha de sete dias, pelo calor desértico e perante eles está um enorme exército de forças muçulmanas que segundo algumas referências atinge 60.000 homens ultrapassando os portugueses numa proporção de quatro para um.

Na primeira fase dá-se um ataque de arcabuzeiros seguido de uma carga de cavalaria ligeira moura, forçando logo as primeiras linhas portuguesas a recuar de forma desordenada. O exército cansado e extenuado reagiu mal ao um recuo inesperado gerando-se uma enorme confusão quando a primeira linha recua e se funde com as tropas na retaguarda.

A resposta portuguesa foi rápida mas pouco eficiente. No que parece ter sido uma tentativa para desarticular o ímpeto do ataque muçulmano, uma força portuguesa, aparentemente de cavalaria penetra as linhas das forças muçulmanas, mas são subjugados pelos números, e completamente cercados.

Metade do efectivo das forças portuguesas morre na batalha e a outra metade é feita prisioneira. Muito poucos voltam.

O rei, Dom Sebastião, terá alegadamente morrido na batalha, e a sua morte ficou envolvida num mistério que perdura, mesmo passados todos estes séculos.

A morte do rei, sem herdeiros, levou a uma crise dinástica, em que o trono foi ocupado pelo cardeal D. Henrique. Durante o período de dois anos até à morte de D. Henrique, o monarca reinante da Casa de Áustria, o Habsburgo Filipe II, gastou enormes quantias de dinheiro subornando parte da nobreza portuguesa para apoiar as suas pretensões ao trono de Portugal tendo finalmente - em nome dos seus direitos como neto do rei D. Manuel I - sido declarado rei de Portugal pelo colégio de cinco governadores instituído pelo Cardeal-rei após a sua morte em 1580.

Portugal, embora mantendo a sua independência formal dentro dos vários reinos da Casa de Áustria, entregava a sua política externa nas mãos de um rei estrangeiro. A decadência que já se fazia sentir em meados do século XVI não foi interrompida, e em 1640 o reino voltaria a separar-se da dinastia austríaca.

[1] Em Larache será erguida uma fortaleza, cuja construção é iniciada em 1578, utilizando-se o trabalho dos prisioneiros portugueses




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