Azamor é uma cidade situada na
margem esquerda do rio Morbeia, a cerca de dez quilómetros da antiga Mazagão,
na costa atlântica do norte de Marrocos. Azamor fica na antiga Azama, um porto
comercial de fenícios e mais tarde do Império Romano.
Ainda hoje podem ser vistos os
restos de um depósito romano de grãos nas chamadas "cisternas
portugueses" da vizinha El Jadida. Alguns historiadores acreditam que
Azama foi a cidade mais austral de Marrocos ao tempo do domínio romano, na
época de Augusto. Embora dependente do rei de Fez, constituía-se numa povoação
comercial bastante dinâmica.
Reputada pela excelência de seu
porto fluvial, em 1486, devido à instabilidade política regional, os seus
habitantes pediram a proteção do rei Dom João II (1481-1495), de quem se
tornaram vassalos e tributários. O tributo anual era de dez mil sáveis, peixe
abundante naquele rio, permitindo o estabelecimento de uma feitoria. Como
primeiro feitor foi escolhido o escudeiro Martim Reinel, que já lá se
encontrava em função da negociação do acordo, cujas funções exerceu até 1501.
Dom Manuel I (1495-1521)
confirmou os termos do contrato em 1497. Mais tarde, surgindo desavenças em
torno do mesmo, Rodrigues Bérrio, um armador de Tavira que costumava ir pescar
sáveis a Azamor, em 1508 deu conhecimento a Dom Manuel das grandes divisões
entre os seus habitantes e do desejo que alguns manifestavam em se tornar
súditos de Portugal. Atendendo a esses motivos, foi enviada uma pequena armada
(50 navios e 2.500 homens), sob o comando de Dom João de Menezes, com o apoio
de um príncipe oatácida que já estivera em Portugal, Muley Zião para conquistar
Azamor. Porém, a expedição fracassou, não só porque o aliado mudara de posição,
mas também porque os meios envolvidos se revelaram insuficientes para tomar a
praça.
As intenções em tomar Azamor
mantiveram-se até que, em 1513, deu-se um levantamento geral em Portugal, num
ambiente de vibração patriótica registado por Gil Vicente, no seu Auto da
Exortação da Guerra.
De acordo com Damião de Góis,
(Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel) os preparativos resultaram na
maior armada organizada no reinado do venturoso; mais de 400 navios e
cerca de 25000 homens, entre soldados, cavaleiros e infantes, comandados por Dom
Jaime, o duque de Bragança. Quando a armada partiu de Lisboa, “foi lançar
âncora na baia do Faram, no regno do Algarue”, onde se lhe juntaram mais navios
com combatentes algarvios.
Assim a 28 de Agosto de 1513, os
portugueses atacaram por terra e pelo rio no primeiro dia de Setembro. Os
defensores de Azamor, impressionados com o poderio do exército português,
acabaram por abandonar a cidade, procurando refúgio nas regiões vizinhas.
Dom João de Menezes ficou por
capitão da praça, com três mil homens para a sua defesa. Entretanto, conforme
informou o soberano ainda no mesmo ano, esse quantitativo era insuficiente, uma
vez que a cidade era praticamente do tamanho de Évora, e as suas defesas eram
muito fracas.
Durante o ano seguinte (1514) ali
atuaram os irmãos Diogo e Francisco de Arruda, responsáveis pelo que é
considerado como a sua obra mais marcante no Norte d'África: dois baluartes
curvilíneos, o de "São Cristóvão", anexo ao Palácio dos Capitães como
uma torre de menagem compacta; e o do "Raio", no extremo da
fortaleza, decorado por quarenta bandeiras e com espaço para mais de sessenta
peças de artilharia fazerem fogo, simultaneamente, em todas as direções.
A Praça-forte
de Azamor foi abandonada em 1541,
por determinação de D. João III (1521-1557), após a queda da Fortaleza de Santa
Cruz do Cabo de Gué (1541).
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