O Tratado de
Versalhes foi um acordo celebrado pelos países envolvidos na Primeira
Guerra Mundial, visando pôr fim ao conflito. Foi celebrado em Paris, França, sob os
auspícios do presidente norte-americano Woodrow Wilson, do primeiro-ministro
britânico David Lloyd George e do primeiro-ministro francês Georges Clemenceau,
o Tratado de Versalhes foi concluído em 28 de Junho de 1919,
entrando em vigor em 10 de Janeiro de 1920, pondo fim às hostilidades iniciadas
em 1914 entre potências europeias, suas colônias e aliados, devolvendo ao
continente a paz e determinando as consequências do
conflito, assim como a forma de relacionamento no continente e fora dele.
Os ministros alemães
Hermann Müller (Exterior) e Johannes Bell (Transportes) assinaram o documento
em nome da República de Weimar
As negociações, que duraram seis meses, envolveram 70 delegados de 27
nações.
Ficou de fora o país
derrotado, a Alemanha. A Rússia não participou, pois já havia assinado o
Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha em 1918.
Apesar de ser um dos
principais negociadores do Tratado, o Congresso dos Estados Unidos não
ratificou o documento e nem aderiram à Liga das Nações.
Deste modo, os EUA
preferiram fazer um acordo bilateral com os alemães pelo Tratado de Berlim de
1921.
O Tratado de Versalhes
teve como característica o revanchismo francês, a redefinição de fronteiras, o
estabelecimento de indenizações e a criação da Liga das Nações.
Como já vimos um dos principais pontos definidos pelo Tratado foi
a instituição da “Liga da Nações”, órgão internacional que atuaria como
regulador da situação política do mundo, tentando resolver conflitos e disputas
da forma mais efectiva, zelando pela manutenção da paz e da prevenção ao uso da
força. Esse órgão, idealizado pelo então presidente dos Estados Unidos na
América, Thomas Woodrow Wilson, foi essencial para a manutenção da paz por cerca
de 20 anos na Europa, ao mesmo tempo que foi responsabilizado por diversos
conflitos e disputas surgidos nos anos seguintes e por omissão diante da
posterior escalada do partido Nazi ao poder na Alemanha da década de 30.
O Tratado
determinava que a Alemanha (antigo Império Alemão, depois República de Weimar) fosse
responsabilizada por todos os prejuízos causados pela guerra. De maneira
considerada por muitos estudiosos como injusta, o Tratado imputava à Alemanha
toda a responsabilidade pelo conflito e pelas suas consequências,
principalmente grandes prejuízos econômicos.
A principal cláusula
do Tratado, o artigo 231, definia a “culpa de guerra” à Alemanha.
A Alemanha e os seus
Aliados são responsáveis, uma vez que os causaram, por todas as perdas e danos
sofridos pelos governos aliados e pelos seus associados, bem como pelos
cidadãos destes países, em consequência da guerra.
Os alemães acabaram por ter de suportar pesadas indenizações, que
foram impostas sobretudo por ingleses e franceses, que visavam pagar os
prejuízos às indústrias e agricultura que proviam o desenvolvimento econômico
desses países. Essa exigência fragilizou consideravelmente a economia alemã, já
baqueada pela própria guerra.
Além disso, a Alemanha também perdeu partes de seu território para os
países vizinhos, uma vez que esses territórios acabaram por serem considerados
pagamentos de indenizações de Guerra. Territórios disputados e tomados da
França desde a unificação alemã foram devolvidos aos franceses, como a Alsácia
Lorena. Ainda no oeste e norte, houve concessão de alguns territórios alemães à
Bélgica e à Dinamarca. A leste, pedaços do território alemão foram cedidos
pelas potências vencedores à Lituânia e à Polônia. Também houve, nesse contexto,
a aceitação da independência da Áustria.
Assim
sendo, o antigo Império Alemão foi destruído, o Estado, território, diminuiu
consideravelmente, o que contribuiu para a formação da chamada República de
Weimar, um novo Estado representante do povo alemão. Foram também perdidas as colônias
alemãs em África e em outros locais.
Em termos militares, foi determinado o desarmamento alemão, a abolição do
serviço militar obrigatório e a redução do exército para cem mil soldados
voluntários.
Para impedir o
desenvolvimento da indústria bélica na Alemanha, foi proibida a produção de
tanques e armamentos de grosso calibre. Seguindo a mesma linha, a margem
esquerda do rio Reno deveria ser desmilitarizada.
Na mesma medida, a
Marinha foi reduzida a um máximo 15 mil homens e a força aérea extinta. Muitos
navios foram entregues aos vencedores.
Foram extintas as
Escolas Militares e associações paramilitares. Este foi um duro golpe numa
nação que havia feito da vida militar uma das suas marcas principais.
Meses depois, através
do Tratado de Saint-Germain-en-Laye, a Áustria também foi obrigada a reduzir
seus efetivos militares a 30.000 homens
As indenizações e retaliações ao território alemão causaram severa
crise econômica e alimentaram um sentimento de indignação entre os alemães por
conta do entendido exagero nas cláusulas do Tratado. Esses exageros foram uma
das justificações levantadas, anos depois, por Adolf Hitler para a situação do
povo alemão e para o conflito de 1939 - 1945, visto como necessário para
reerguer a Alemanha.
Somado
a tudo isso, o Tratado de Versalhes, ao redesenhar os mapas do mundo,
extinguindo países, criando outros e dividindo ainda outros, causou ainda mais
tensões em várias regiões, plantando as sementes para novos conflitos que
assolaram todo o século XX, como por exemplo a questão curda (advinda da
dissolução do Império Turco Otomano) ou entre Hutus e Tútsis na região dos
grandes lagos, no centro da África, ao delegar o domínio da região aos belgas,
semeando as crises em Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo.
Em suma, este tratado
possui dimensões políticas, econômicas e militares extremamente punitivas e os
seus 440 artigos são uma verdadeira condenação à Alemanha.
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