quinta-feira, 28 de junho de 2018

Efeméride de 28 Junho - Tratado de Versalhes

O Tratado de Versalhes foi um acordo celebrado pelos países envolvidos na Primeira Guerra Mundial, visando pôr fim ao conflito. Foi celebrado em Paris, França, sob os auspícios do presidente norte-americano Woodrow Wilson, do primeiro-ministro britânico David Lloyd George e do primeiro-ministro francês Georges Clemenceau, o Tratado de Versalhes foi concluído em 28 de Junho de 1919, entrando em vigor em 10 de Janeiro de 1920, pondo fim às hostilidades iniciadas em 1914 entre potências europeias, suas colônias e aliados, devolvendo ao continente a paz e determinando as consequências do conflito, assim como a forma de relacionamento no continente e fora dele.

Os ministros alemães Hermann Müller (Exterior) e Johannes Bell (Transportes) assinaram o documento em nome da República de Weimar

As negociações, que duraram seis meses, envolveram 70 delegados de 27 nações.

Ficou de fora o país derrotado, a Alemanha. A Rússia não participou, pois já havia assinado o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha em 1918.

Apesar de ser um dos principais negociadores do Tratado, o Congresso dos Estados Unidos não ratificou o documento e nem aderiram à Liga das Nações.

Deste modo, os EUA preferiram fazer um acordo bilateral com os alemães pelo Tratado de Berlim de 1921.

O Tratado de Versalhes teve como característica o revanchismo francês, a redefinição de fronteiras, o estabelecimento de indenizações e a criação da Liga das Nações.

Como já vimos um dos principais pontos definidos pelo Tratado foi a instituição da “Liga da Nações”, órgão internacional que atuaria como regulador da situação política do mundo, tentando resolver conflitos e disputas da forma mais efectiva, zelando pela manutenção da paz e da prevenção ao uso da força. Esse órgão, idealizado pelo então presidente dos Estados Unidos na América, Thomas Woodrow Wilson, foi essencial para a manutenção da paz por cerca de 20 anos na Europa, ao mesmo tempo que foi responsabilizado por diversos conflitos e disputas surgidos nos anos seguintes e por omissão diante da posterior escalada do partido Nazi ao poder na Alemanha da década de 30.

O Tratado determinava que a Alemanha (antigo Império Alemão, depois República de Weimar) fosse responsabilizada por todos os prejuízos causados pela guerra. De maneira considerada por muitos estudiosos como injusta, o Tratado imputava à Alemanha toda a responsabilidade pelo conflito e pelas suas consequências, principalmente grandes prejuízos econômicos.

A principal cláusula do Tratado, o artigo 231, definia a “culpa de guerra” à Alemanha.

A Alemanha e os seus Aliados são responsáveis, uma vez que os causaram, por todas as perdas e danos sofridos pelos governos aliados e pelos seus associados, bem como pelos cidadãos destes países, em consequência da guerra.
Os alemães acabaram por ter de suportar pesadas indenizações, que foram impostas sobretudo por ingleses e franceses, que visavam pagar os prejuízos às indústrias e agricultura que proviam o desenvolvimento econômico desses países. Essa exigência fragilizou consideravelmente a economia alemã, já baqueada pela própria guerra.

Além disso, a Alemanha também perdeu partes de seu território para os países vizinhos, uma vez que esses territórios acabaram por serem considerados pagamentos de indenizações de Guerra. Territórios disputados e tomados da França desde a unificação alemã foram devolvidos aos franceses, como a Alsácia Lorena. Ainda no oeste e norte, houve concessão de alguns territórios alemães à Bélgica e à Dinamarca. A leste, pedaços do território alemão foram cedidos pelas potências vencedores à Lituânia e à Polônia. Também houve, nesse contexto, a aceitação da independência da Áustria.

Assim sendo, o antigo Império Alemão foi destruído, o Estado, território, diminuiu consideravelmente, o que contribuiu para a formação da chamada República de Weimar, um novo Estado representante do povo alemão. Foram também perdidas as colônias alemãs em África e em outros locais.

Em termos militares, foi determinado o desarmamento alemão, a abolição do serviço militar obrigatório e a redução do exército para cem mil soldados voluntários.

Para impedir o desenvolvimento da indústria bélica na Alemanha, foi proibida a produção de tanques e armamentos de grosso calibre. Seguindo a mesma linha, a margem esquerda do rio Reno deveria ser desmilitarizada.

Na mesma medida, a Marinha foi reduzida a um máximo 15 mil homens e a força aérea extinta. Muitos navios foram entregues aos vencedores.

Foram extintas as Escolas Militares e associações paramilitares. Este foi um duro golpe numa nação que havia feito da vida militar uma das suas marcas principais.

Meses depois, através do Tratado de Saint-Germain-en-Laye, a Áustria também foi obrigada a reduzir seus efetivos militares a 30.000 homens

As indenizações e retaliações ao território alemão causaram severa crise econômica e alimentaram um sentimento de indignação entre os alemães por conta do entendido exagero nas cláusulas do Tratado. Esses exageros foram uma das justificações levantadas, anos depois, por Adolf Hitler para a situação do povo alemão e para o conflito de 1939 - 1945, visto como necessário para reerguer a Alemanha.

Somado a tudo isso, o Tratado de Versalhes, ao redesenhar os mapas do mundo, extinguindo países, criando outros e dividindo ainda outros, causou ainda mais tensões em várias regiões, plantando as sementes para novos conflitos que assolaram todo o século XX, como por exemplo a questão curda (advinda da dissolução do Império Turco Otomano) ou entre Hutus e Tútsis na região dos grandes lagos, no centro da África, ao delegar o domínio da região aos belgas, semeando as crises em Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo.

Em suma, este tratado possui dimensões políticas, econômicas e militares extremamente punitivas e os seus 440 artigos são uma verdadeira condenação à Alemanha.







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