Em março de 1989, Tim Berners-Lee, físico britânico, cientista da computação e
professor do MIT, que trabalhava então para o CERN - Organização
Europeia para a Pesquisa Nuclear - estabeleceu os princípios fundamentais da
World Wide Web “W3C”. A Internet como ainda hoje a conhecemos.
Faz 30 anos que Tim Berners-Lee enviou
um documento ao seu chefe na altura no CERN, Mike Sendall, sobre um sistema de
gestão de informação. Na prática, essa proposta criava a World Wide Web.
A resposta, ao tempo, do chefe de Tim
Berners-Lee à proposta que tinha recebido é, no mínimo, curiosa. Escreveu Mike
Sendall: "Vago mas excitante...".
E realmente assim tem sido, esta
aventura com início nos anos 60, ainda antes da Web. 30 anos da World Wide
Web... não da Internet.
É comum a confusão entre uma e outra
coisa. Aliás, nos dias de hoje, não é fácil explicar que apesar de intimamente ligadas,
a Web aparece uns anos depois, cerca de 30, da Internet. Para quem está
habituado a navegar pelo mundo digital... é tudo a mesma coisa.
A verdade é que a Internet nasce de
uma necessidade militar norte-americana - em plena Guerra Fria - de trocar
documentos entre computadores de maneira que se de um lado fossem apagados,
continuassem a existir noutro local.
Por exemplo, se o Pentágono fosse
atacado, os militares não queriam que os documentos que estavam lá armazenados
ficassem para sempre perdidos. Era por isso necessário arranjar forma de os
transferir para outros espaços, outros computadores.
Nesta altura, a organização militar
norte-americana ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada) era pioneira na
inovação computacional. A ARPA colocou em prática a teoria de um estudante
do MIT - Leonard Kleinrock - que desenvolveu a ideia de que os computadores
poderiam comunicar entre si se conseguissem colocar informação em
"pacotes" pequenos e transferíveis.
Foi então criada a ARPANET, na
prática a primeira rede de computadores, a base daquilo que é hoje a
Internet.
Algum tempo depois, Bob Kahn and Vint
Cerf criaram os protocolos de internet para partilha de informação que ainda
hoje são utilizados.
Então e
a WEB?
Primeiro é preciso tentar explicar a
diferença. Simplificando, a Internet é uma rede gigante de computadores que
conseguem comunicar entre si. Quando estamos "online", na prática
estamos a fazer com que o nosso computador entre nessa rede, entre na Internet.
A World Wide Web foi uma ideia criada
por Tim Berners-Lee para permitir o acesso universal à Internet.
Está a ficar Confuso? Então vamos ver as
coisas doutra forma. A Internet é a auto-estrada que permite a ligação entre
vários locais. Cidades, vilas, etc. A World Wide Web é o meio de transporte, automóvel,
que hoje em dia mais se assemelha a um estonteante tapete voador, que nos
permite a navegação por todas essas auto-estradas ao mesmo tempo que temos
acesso a tudo por onde passamos.
"Vago mas deveras estimulante...".
A ideia de Tim Berners-Lee, quando enviou o documento ao seu chefe, era criar
um sistema que permitisse a partilha e troca de pesquisas e documentos entre os
investigadores do CERN. Um modelo descentralizado e de acesso rápido e fácil.
Não nos podemos esquecer que os
computadores nesta altura já comunicavam entre si há já algum tempo. O e-mail,
por exemplo, já existia.
O que ainda não existia , e o que
Berners-Lee criou, era um sistema integrado para que, de forma simples,
fosse possível escrever, transmitir, partilhar, arquivar informação através de
vários computadores e de forma organizada. Não existia na altura um sistema
que permitisse colocar a informação num local, servidor, para que outros
computadores pudessem lá ir e aceder.
Foi isso que Tim Berners-Lee fez ao escrever
o tal documento "vago mas excitante" que enviou no dia 12 de Março de
1989 ao seu chefe do CERN.
Verdade
é que 30 anos depois, 2019
ficará para a história como o ano em que metade da população mundial estará
online, ligada á Internet. Mas também o ano em que metade da população ainda não
terá acesso a essa tecnologia.
O alerta foi dado pelo próprio Tim
Berners-Lee, que esteve na última edição da Web Summit em Portugal.
O sonho era criar uma plataforma aberta
e gratuita para servir a Humanidade. Ligar o mundo através de uma
extraordinária rede. Até certo ponto, esse objetivo, esse sonho de Tim
Berners-Lee, concretizou-se, sendo que, em particular nos últimos tempos,
parece também ter ido muito além do que ele imaginava. Pelos piores motivos.
Tim Berners-Lee tem estado por isso por estes dias a defender a sua ideia de um “Contrato para a web”.
Tim Berners-Lee tem estado por isso por estes dias a defender a sua ideia de um “Contrato para a web”.
“Princípios e valores que sentimos que são importantes”, afirmou na Web Sumiit. A ideia é tornar todos, indivíduos, empresas, governos, “responsáveis por tornar a web” um espaço melhor.
"Considerando o quanto a 'web' mudou nos
últimos 30 anos, seria derrotista e pouco imaginativo supor que a web como a
conhecemos não pode ser modificada para melhor nos próximos 30 anos",
disse.
Identificando
problemas como o uso indevido, ataques por estados hostis ou criminosos, o
assédio online e o sistema de financiamento baseado em publicidade, Tim
Berners-Lee defende na carta aberta uma maior regulamentação e a mudança do
sistema de remuneração pelo tráfego para retirar incentivos ao uso de
informação sensacionalista ou falsa.
"Não
é possível culpar apenas um governo, uma rede social ou a natureza humana.
Narrativas simplistas correm o risco de esgotar a nossa energia à medida que
perseguimos os sintomas desses problemas, em vez de nos concentrarmos nas suas
causas. Para fazemos isto bem, precisamos nos unir como uma comunidade global
da web", vincou.
Como será daqui a 30 anos?
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