quinta-feira, 26 de março de 2020

Efeméride de 26 de Março 1211 – Morreu Dom Sancho I

Dom Sancho I Nasceu em Coimbra a 11 de Novembro de 1154 – morrendo na mesma cidade a 26 de Março de 1211, apelidado de Sancho, o Povoador, foi o 2º Rei de Portugal de 1185 até à sua morte. Era filho do rei Afonso I (Afonso Henriques) de Portugal e sua esposa Mafalda de Saboia. Promoveu e apadrinhou o povoamento dos territórios do país — destacando-se a fundação da cidade da Guarda, em 1199, e a atribuição de cartas de foral na Beira e em Trás-os-Montes: Gouveia (1186), Covilhã (1186), Viseu (1187), Bragança (1187), São Vicente da Beira (1195) ou Belmonte (1199). Almada (1190). Povoando assim áreas remotas do reino, em particular com imigrantes da Flandres e da Borgonha.

Quinto filho do monarca Afonso Henriques (1109 – 1185), foi batizado com o nome de Martinho, por ter nascido no dia do santo Martinho de Tours[i], e não estaria preparado para reinar, estaria destinado a seguir a vida eclesiástica? No entanto, a morte do seu irmão mais velho, Dom Henrique Afonso (1147-1155), quando Martinho contava apenas três anos de idade, levou à alteração da sua onomástica para um nome mais hispânico, ficando desde então a chamar-se Sancho Afonso.

Em 15 de Agosto de 1170 Dom Sancho foi armado cavaleiro pelo seu pai logo após o acidente de Dom Afonso Henriques em Badajoz[ii] e tornou-se seu braço direito, quer do ponto de vista militar, quer do ponto de vista administrativo. Nestes primeiros tempos de Portugal enquanto país independente, muitos eram os inimigos da coroa, a começar pelo Reino de Leão que havia controlado Portugal até então. Para além do mais, a Santa Sé demorava em consagrar a independência de Portugal com a sua bênção. Para compensar estas falhas, Portugal procurou aliados dentro da Península Ibérica, em particular o reino de Aragão, um inimigo tradicional de Castela, que se tornou no primeiro país a reconhecer Portugal. O acordo foi firmado 1174 pelo casamento de Sancho, então príncipe herdeiro, com a infanta Dulce, irmã mais nova do rei Afonso II de Aragão, tendo como descendentes legítimos: Teresa, Sancho, Afonso (Dom Afonso II),Pedro, Fernando, Henrique, Raimundo, Mafalda, Branca, Berengária.

No ano de 1178, Dom Sancho faz uma importante expedição contra mouros, confrontando-os perto de Sevilha e do rio Guadalquivir, e ganha-lhes a batalha. Com essa ação, expulsa assim a possibilidade deles entrarem em território português.

Com a morte de Dom Afonso Henriques, em 1185, Dom Sancho I torna-se no segundo rei de Portugal. Tendo sido coroado na Sé de Coimbra a 6 de Dezembro de 1185, manteve essa cidade como o centro do seu reino. Dom Sancho rapidamente deu por terminadas as guerras fronteiriças pela posse da Galiza e dedicou todos os seus esforços a combater os Mouros localizados a Sul. Após aproveitar a passagem de alguns cruzados a caminho da Terra Santa conquistou a praça do Alvor, para mais tarde com nova passagem pela costa portuguesa de novos cruzados, terceira cruzada, na primavera de 1189, se seguir a conquista de Silves, um importante centro administrativo e económico do Sul, com população estimada em 20.000 pessoas.

Dom Sancho ordenou então a fortificação da cidade e a construção do castelo que ainda hoje pode ser visitado. A posse de Silves foi efémera já que em 1190 Abu YusufYa'qub al-Mansur cercou a cidade com um exército e com outro atacou Torres Novas, que apenas conseguiu resistir durante dez dias, devido ao rei de Leão e Castela ameaçar de novo o Norte.

Dom Sancho I dedicou muito do seu esforço governativo à organização política, administrativa e económica do seu reino. Acumulou um razoável tesouro real e incentivou e fomentou a criação de indústrias, bem como a classe média de comerciantes e mercadores.

Com as zonas de fronteira pouco povoadas ficando à mercê de possíveis invasores, Dom Sancho I procurou atrair famílias para lá. Com essa intenção concedeu regalias a quem aí se quisesse instalar.

Essas regalias podiam ser, por exemplo, terras para cultivo, pastagens, dispensa de pagamento de alguns impostos, perdão de crimes, etc. Tudo isto era escrito numa Carta de Foral, que também incluía os deveres da população para com o rei. Ao todo Dom Sancho I assinou cinquenta e oito cartas de foral, o que lhe valeu o cognome de “O Povoador”.

O rei é também lembrado pelo seu gosto pelas artes e literatura, tendo deixado ele próprio vários volumes com poemas. Neste reinado sabe-se que alguns portugueses frequentaram universidades estrangeiras e que um grupo de juristas conhecia o Direito que se ministrava na escola de Bolonha. Em 1192 concedeu ao mosteiro de Santa Cruz 400 morabitinos, primeira moeda de ouro a ser cunhada em Portugal já durante o reinado de Dom Sancho I, para que se mantivessem em França os monges que lá quisessem estudar.

Outorgou o seu primeiro testamento em 1188/89 no qual doou a sua esposa os rendimentos de Alenquer, terras do Vouga, Santa Maria da Feira e do Porto. O seu último testamento foi lavrado em Outubro de 1209 quase dois anos antes de sua morte. O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, ao lado do túmulo do pai.



[i] São Martinho, ou Martinho de Tours, nasceu em cerca de 316 na antiga cidade de Savaria na Panónia, uma antiga província na fronteira do Império Romano, na atual Hungria. Filho de um comandante romano, cresceu na região de Pavia, em Itália, no seio de uma família pagã. Criado para seguir a carreira militar, foi convocado para o exército romano quando tinha quinze anos, viajando por todo o Império Romano do Ocidente.
Apesar de ter recebido uma educação pagã, foi em adolescente que Martinho descobriu o Cristianismo. Mas foi só mais tarde, em 356, depois de ter abandonado o exército que foi batizado. Tornou-se discípulo de Santo Hilário, bispo de Poitiers (na zona oeste da atual França), que o ordenou diácono e presbítero, regressando de seguida a Panónia, onde converteu a mãe. Mudou-se depois para Milão, de onde terá sido expulso juntamente com Santo Hilário. Isolado, terá passado algum tempo na ilha da Galinária, ao largo da costa italiana.
[ii]Após um acidente que incapacitou o rei Dom Afonso Henriques, durante a Batalha de Badajoz, por volta de 1170, o segundo filho do monarca D. Afonso Henriques, começou a participar mais activamente nas reuniões da cúria e na administração pública. Com a morte do seu pai em 1185 foi solenemente aclamado rei em Coimbra.


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