domingo, 28 de abril de 2019

28 De Abril de 711. Invasão islâmica da Península Ibérica

A 28 de Abril de 711 as tropas mouras lideradas por Tariq ibn Ziyad desembarcam em Gibraltar dando início á invasão da Península Ibérica (Al-Andalus).

A invasão islâmica da Península Ibérica, também referida como invasão muçulmana, conquista árabe ou expansão muçulmana, refere-se a uma série de deslocamentos militares e populares ocorridos a partir de 711, e até 726, quando tropas islâmicas oriundas do Norte de África, sob o comando do general berbere Tárique, cruzaram o estreito de Gibraltar, penetraram na península Ibérica, e venceram Rodrigo, o último rei dos Visigodos[i] da Hispânia, na batalha de Guadalete[ii]. Após a vitória, termina o Reino Visigótico.

Nos anos seguintes, os muçulmanos foram alargando as suas conquistas na Península, assenhoreando-se do território designado em língua árabe como Al-Andalus, que governaram por cerca de oitocentos anos.

A conquista Omíada da Hispânia foi a expansão inicial do Califado Omíada sobre a Hispânia, estendendo-se em grande parte de 711 a 788. A conquista resultou na destruição do Reino visigótico e no estabelecimento do Emirado independente de Córdoba Abd ar-Rahman I, que completou a unificação da Ibéria governada por muçulmanos, ou Al-Andalus (711 – 1492). A conquista marca a expansão ocidental tanto do Califado Omíada como do governo muçulmano na Europa.
Boa parte do território da Península era então dominada pelos visigodos. A monarquia dos visigodos era eletiva. Com a morte do rei Vitiza em 710, as cortes reuniram-se para eleger o seu sucessor, constituindo-se duas facções em disputa pela eleição: o grupo de Ágila II e o de Rodrigo, o último rei visigodo de Toledo.

Os partidários de Ágila II solicitaram apoio ao governador muçulmano de África, Muça Ibne Noçair, abrindo-lhe as portas de Ceuta e incitando-o a enviar uma expedição militar à Península. Quando se deu a invasão em 711, os judeus auxiliaram o exército árabe, muitas vezes guarnecendo cidades capturadas - isso aconteceu em Córdoba, Granada, Toledo e Sevilha. Isto porque sob o reino Visigodo, tinha sido seguida uma política de sistemático anti-semitismo, inclusivé com baptismos forçados e proibição de ritos judaicos. Ao longo do século VII, os judeus tinham sido submetidos a espancamentos, executados, tiveram os seus bens confiscados, taxados, proibidos de comerciar e alguns obrigados a converter-se ao Cristianismo. Os judeus sabiam ser melhor tratados pelos invasores, apesar do estatuto de dhimmis, e apesar também do que está escrito no próprio Alcorãoː Ó fiéis, não tomeis por amigos os judeus nem os cristãos; que sejam amigos entre si. Porém, quem dentre vós os tomar por amigos, certamente será um deles; e Alá não encaminha os iníquos.

Abdalazize ibne Muça subjugou a Lusitânia e a Cartaginense, saqueando as cidades do Norte que lhe abriam as portas e atacando aqueles que lhe tentaram resistir. 

Às suas investidas escapou, porém, uma parte das Astúrias, no Norte, onde se refugiou um grupo de visigodos sob o comando de Pelágio. Uma caverna nas montanhas servia simultaneamente de paço ao rei e de templo de Jesus Cristo. Por vezes, Pelágio e seus companheiros desciam das montanhas em surtidas para atacar os acampamentos islâmicos ou as aldeias despovoadas de cristãos. Um desses ataques, historiograficamente designado de batalha de Covadonga (722), marcou, segundo muitos historiadores, o início do longo processo de retomada dos territórios ocupados, ao qual se deu o nome de Reconquista.

A partir do pequeno território, que Pelágio designou como Reino das Astúrias, os cristãos (hispano-godos e lusitano-suevos), acantonados nas serranias do Norte e Noroeste da Península, foram gradualmente formando novos reinos, que se estenderam para o Sul. Surgiram os reinos de Castela, Leão (de onde derivou mais tarde o Condado Portucalense e, subsequentemente, Portugal), Pamplona e Aragão.
O reino das Astúrias durou de 718 a 925, quando Fruela II ascendeu ao trono do Reino de Leão.

A Reconquista durou toda a Idade Média e só terminou no início da Idade Moderna, em 1492, quando os muçulmanos foram definitivamente expulsos pelos Reis Católicos, Fernando e Isabel.
A influência deixada pelos muçulmanos ainda pode ser percebida nas inúmeras palavras do português e do castelhano que vieram do árabe, como "açúcar" (azúcar), "alcaide", "almirante". Segundo o dicionário Houaiss, existem na língua portuguesa cerca de 700 palavras de origem árabe.


[i] O Reino Visigótico foi um Estado germânico fundado pelos visigodos que ocupou o sudoeste da Gália (atual França) e a Península Ibérica dos séculos V-VIII. Sucessor do Império Romano do Ocidente, foi criado quando os romanos assentaram os visigodos sob Vália (r. 415–419) na província da Aquitânia, e estes começaram a se expandir em direção à Península Ibérica. O reino manteve-se independente do Império Bizantino, que tentou restabelecer no século VI a autoridade romana na Hispânia

[ii] A Batalha de Guadalete ou Guadibeca foi uma batalha travada em 31 de Julho de 711 às margens do rio Guadalete, na atual província de Cádiz, na Andaluzia, no sul da actual Espanha, entre árabes e visigodos. A batalha, que foi ganha pelos primeiros, marcou o fim do Reino Visigótico e o início do domínio muçulmano na Península Ibérica, que se estenderia por vários séculos, até à Reconquista Cristã.

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