Monarca
português, filho do infante D. Fernando, irmão de D. Afonso V, e de D. Brites,
nasceu a 31 de Maio de 1469, em Alcochete e faleceu a13 de Dezembro de 1521 em Lisboa.
Décimo quarto
rei de Portugal (1495-1521), é conhecido pelo cognome de "o
Venturoso". Casou três vezes. Primeiro, em 1497, com D. Isabel, filha dos
Reis Católicos e viúva do príncipe D. Afonso, filho de D. João II. Com a morte
de D. Isabel, de parto, casou pela segunda vez, em 1500, com a infanta D. Maria
de Castela, irmã de D. Isabel. Deste casamento nasceram vários filhos, entre
eles D. João, o futuro rei, e D. Beatriz, duquesa de Saboia. Viúvo novamente,
casou, em 1518, com a infanta D. Leonor, irmã de Carlos V.
D. Manuel
subiu ao trono em 1495, após a morte de D. João II, seu cunhado, de acordo com
o testamento do falecido rei. Tal ficou a dever-se à morte do único filho
legítimo de D. João, o príncipe D. Afonso, e à não-aceitação de legitimação de
um filho bastardo de D. João. Foi ainda possível porque tinham morrido os
outros irmãos mais velhos de D. Manuel.
No plano
interno, D. Manuel I vai continuar a centralização do poder, mas de uma maneira
mais sensata que D. João II. Logo nas Cortes de Montemor-o-Novo (1495), no
início do seu reinado, foram tomadas medidas que vão nesse sentido, como mandar
confirmar as doações feitas, os privilégios e cartas de mercê; reformou os
tribunais superiores. Por outro lado, só reuniu Cortes mais três vezes: em
1498, em 1499 e em 1502.
Em 1496,
obriga todos os judeus e mouros que não quisessem batizar-se a sair do país no
prazo de dez meses, sob pena de confisco dos bens e condenação à morte.
Como as Ordenações
Afonsinas estavam já desatualizadas, o rei mandou proceder a nova compilação
das leis. Assim, entre 1512 e 1531, são publicadas as Ordenações Manuelinas[i]. D. Manuel procede
também à reforma dos forais, bem como da sisa e dos direitos alfandegários.
No que
respeita à política ultramarina, quando sobe ao trono, em 1495, tinha-se
dobrado já o Cabo da Boa Esperança e preparava-se a viagem marítima que levaria
os portugueses até à Índia. D. Manuel deu continuidade a esses preparativos e
em 5 de Julho de 1497 partia de Lisboa uma armada chefiada por Vasco da Gama,
que atingiu Calecute em 20 de Maio de 1498. Estava consumada a descoberta do
caminho marítimo para a Índia.
Em 1500 manda
D. Manuel uma outra armada à Índia, comandada por Pedro Álvares Cabral, que,
desviando a rota mais para sudoeste, acaba por atingir as costas da Terra de
Vera Cruz. Estava descoberto o Brasil, que se encontrava ainda nos nossos
limites do Tratado de Tordesilhas, o que leva a supor que D. João II já tinha
conhecimento destas terras aquando da assinatura do Tratado.
D. Manuel
decide enviar todos os anos uma armada à Índia, não só para consolidar o
domínio português no Oriente como para ajudar na luta contra os inimigos dos
portugueses naquelas paragens. Para poder impor a nossa presença, D. Francisco
de Almeida foi para a Índia como vice-rei, tentando manter o monopólio da
navegação e do comércio português na área, com certos apoios em terra, sendo Cochim
o respetivo centro. Sucede-lhe Afonso de Albuquerque, que conquistou Goa,
transformada então em capital do Estado da Índia, e manda proceder à exploração
de outras terras daquelas paragens, chegando a Timor.
No reinado de
D. Manuel fizeram-se também viagens para ocidente, tendo-se atingido a
Gronelândia e Labrador. No Norte de África prosseguiram algumas conquistas,
como Safim e Azamor.
Nas relações com os outros países, o rei tentou usar da maior habilidade e diplomacia, procurando manter-se neutral e não se envolvendo nas lutas do seu tempo. Ficou célebre, pelo seu fausto, uma comitiva que enviou ao papa Leão X em 1513.
Nas relações com os outros países, o rei tentou usar da maior habilidade e diplomacia, procurando manter-se neutral e não se envolvendo nas lutas do seu tempo. Ficou célebre, pelo seu fausto, uma comitiva que enviou ao papa Leão X em 1513.
A nível
cultural, D. Manuel procedeu à reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos
de estudo e bolsas de estudo. É nesta época que surge o estilo manuelino, com
motivos inspirados no mar e nas grandes viagens, em monumentos como o Mosteiro
dos Jerónimos e a Torre de Belém. É na sua Corte ainda que surge Gil Vicente.
D. Manuel vem
a falecer em 1521, estando sepultado no Mosteiro dos Jerónimos.
[i] As Ordenações
Manuelinas são três diferentes sistemas de preceitos jurídicos que
compilaram a totalidade da legislação portuguesa, de 1512 ou 1513 a 1605.
Fizeram parte do esforço do rei Manuel I de Portugal para adequar a
administração no Reino ao enorme crescimento do Império Português na era dos
descobrimentos. Consideradas como o primeiro corpo legislativo impresso no país,
elas sucederam as pioneiras Ordenações Afonsinas, ainda manuscritas, e
vigoraram até a publicação das Ordenações Filipinas, durante a União Ibérica.
Representam um importante marco na evolução do direito português, consolidado o
papel do rei na administração da Justiça e afirmando a unidade nacional.
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