terça-feira, 30 de maio de 2017

Queda de Constantinopla - 1453


O termo queda de Constantinopla refere-se a um acontecimento que ocorreu em 29 de Maio de 1453, quando esta cidade bizantina foi tomada pelos turcos otomanos liderados pelo sultão Mehmed II.

A queda de Constantinopla é um facto de extrema importância em termos históricos. Para que se tenha uma dimensão dessa importância, basta pensarmos que o dia em que ela ocorreu, 29 de Maio de 1453, foi por muito tempo (e ainda é, em alguns casos) considerado o marco do fim da Idade Média e início da Idade Moderna. A queda de Constantinopla foi o símbolo do declínio do Império Romano do Oriente (também conhecido como Império Bizantino), inaugurado por Constantino – que havia dado seu nome à cidade – no século IV d.C. Esse mesmo acontecimento marcou também o triunfo de outro império, o Otomano, que se formou a partir de um sultanato turco, em 1299, e foi o responsável pela conquista de Constantinopla.

Constantinopla era a capital do chamado Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino; ao contrário de sua outra metade do Ocidente, que se desmoronou com as invasões germânicas, a parte Oriental consolidou-se como uma potência mediterrânica, principalmente a partir da ascensão do imperador Justiniano (482 – 565) junto com a sua influente consorte Teodora (500 – 548).

Entretanto, estes êxitos não sobreviveriam por muito tempo ao imperador. Em 636, o processo de decadência começou quando a região da Síria foi perdida para os muçulmanos, seguida pela Palestina, Pérsia, Egito e a Península Ibérica. Em 1054, ocorreria o Grande Cisma religioso que separou a Igreja Católica Romana da Igreja Ortodoxa, afastando de Constantinopla a amizade dos monarcas europeus. Em 1347, a cidade seria uma das vítimas da epidemia de Peste Negra, inaugurando os vários séculos de decadência económica e demográfica. Em 1453, Constantinopla mal tinha um décimo da população que atingira em seu auge.

O Império Romano do Oriente representava, na Idade Média, o que ainda havia de mais poderoso, em termos institucionais, herdado do antigo Império Romano. Por estar localizada em um lugar estratégico da Anatólia (Ásia Menor), Constantinopla sempre foi uma cidade cobiçada por diversas civilizações. Muitos tentaram subjugá-la, desde bárbaros, hunos e até os cavaleiros cruzados cristãos.

https://t.dynad.net/pc/?dc=5550003218;ord=1496168998825Os ataques frequentes acabaram por deixar as defesas da cidade em péssimas condições, e o seu território, drasticamente reduzido. Ainda que durante o século XIV tivessem negociado várias vezes com os bizantinos, na época do imperador João V Paleólogo, os otomanos, que disputavam espaço na Anatólia, sob o comando do sultão Mehmed II, deram o golpe fatal contra a cidade. Famosa por sua muralha que a protegera por séculos, Constantinopla não foi capaz de resistir ao poder dos canhões otomanos. Com a batalha vencida, Mehmed II logo se prontificou a estabelecer vínculos simbólicos com a cidade. A principal referência cristã de Constantinopla, a basílica de Hagia Sofia (Santa Sabedoria), foi transformada em mesquita no mesmo dia em que os otomanos conseguiram transpor as muralhas, como narra o historiador Alan Palmer:

Pouco depois  a cidade de Constantinopla receberia o nome de Istambul (nome que significa “na cidade”) e se tornaria a sede do Império Otomano. Esse Império sobreviveu até o início do século XX, quando ocorreu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o que provocou o seu desmembramento dando origem à República da Turquia.

A queda de Constantinopla foi um evento profundamente marcante para o século XV, sendo tradicionalmente utilizado por historiadores para marcar o ponto de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. Com dificuldade para encontrar passagem rumo à Ásia, os reinos europeus passariam a procurar outras rotas comerciais, num processo que eventualmente levaria às Grandes Navegações e à descoberta das Américas.


1 comentário: