O termo queda
de Constantinopla refere-se a um acontecimento que ocorreu em 29 de Maio de
1453, quando esta cidade bizantina foi tomada pelos turcos otomanos liderados
pelo sultão Mehmed II.
A queda de
Constantinopla é um facto de extrema importância em termos históricos. Para que
se tenha uma dimensão dessa importância, basta pensarmos que o dia em que ela
ocorreu, 29 de Maio de 1453, foi por muito tempo (e ainda é, em alguns casos)
considerado o marco do fim da Idade Média e início da Idade Moderna. A queda de
Constantinopla foi o símbolo do declínio do Império Romano do Oriente (também
conhecido como Império Bizantino), inaugurado por Constantino – que havia dado
seu nome à cidade – no século IV d.C. Esse mesmo acontecimento marcou também o
triunfo de outro império, o Otomano, que se formou a partir de um sultanato
turco, em 1299, e foi o responsável pela conquista de Constantinopla.
Constantinopla
era a capital do chamado Império Romano do Oriente, também conhecido como Império
Bizantino; ao contrário de sua outra metade do Ocidente, que se desmoronou com
as invasões germânicas, a parte Oriental consolidou-se como uma potência
mediterrânica, principalmente a partir da ascensão do imperador Justiniano (482
– 565) junto com a sua influente consorte Teodora (500 – 548).
Entretanto,
estes êxitos não sobreviveriam por muito tempo ao imperador. Em 636, o processo
de decadência começou quando a região da Síria foi perdida para os muçulmanos,
seguida pela Palestina, Pérsia, Egito e a Península Ibérica. Em 1054, ocorreria
o Grande Cisma religioso que separou a Igreja Católica Romana da Igreja
Ortodoxa, afastando de Constantinopla a amizade dos monarcas europeus. Em 1347,
a cidade seria uma das vítimas da epidemia de Peste Negra, inaugurando os
vários séculos de decadência económica e demográfica. Em 1453, Constantinopla
mal tinha um décimo da população que atingira em seu auge.
O Império
Romano do Oriente representava, na Idade Média, o que ainda havia de mais
poderoso, em termos institucionais, herdado do antigo Império Romano. Por estar
localizada em um lugar estratégico da Anatólia (Ásia Menor), Constantinopla
sempre foi uma cidade cobiçada por diversas civilizações. Muitos tentaram
subjugá-la, desde bárbaros, hunos e até os cavaleiros cruzados cristãos.
Os
ataques frequentes acabaram por deixar as defesas da cidade em péssimas
condições, e o seu território, drasticamente reduzido. Ainda que durante o
século XIV tivessem negociado várias vezes com os bizantinos, na época do
imperador João V Paleólogo, os otomanos, que disputavam espaço na Anatólia, sob
o comando do sultão Mehmed II, deram o golpe fatal contra a cidade. Famosa por
sua muralha que a protegera por séculos, Constantinopla não foi capaz de
resistir ao poder dos canhões otomanos. Com a batalha vencida, Mehmed II logo
se prontificou a estabelecer vínculos simbólicos com a cidade. A principal
referência cristã de Constantinopla, a basílica de Hagia Sofia (Santa
Sabedoria), foi transformada em mesquita no mesmo dia em que os otomanos
conseguiram transpor as muralhas, como narra o historiador Alan Palmer:
Pouco depois a cidade de Constantinopla receberia o nome de
Istambul (nome que significa “na cidade”) e se tornaria a sede do Império
Otomano. Esse Império sobreviveu até o início do século XX, quando ocorreu a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), o que provocou o seu desmembramento dando origem à República
da Turquia.
A queda de
Constantinopla foi um evento profundamente marcante para o século XV, sendo
tradicionalmente utilizado por historiadores para marcar o ponto de transição
entre a Idade Média e a Idade Moderna. Com dificuldade para encontrar passagem
rumo à Ásia, os reinos europeus passariam a procurar outras rotas comerciais,
num processo que eventualmente levaria às Grandes Navegações e à descoberta das
Américas.
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