segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Efeméride de 4 de Fevereiro – Inicio da Luta Armada em Angola

A 4 de Fevereiro de 1961, a comunicação social portuguesa recebe, através do Secretariado Nacional de Informação, um comunicado oficial do Governo-Geral de Angola, informando que, na noite anterior, «três grupos de indivíduos armados pretenderam assaltar a Casa de Reclusão Militar da Polícia de Segurança Pública e as Cadeias Civis de Luanda». O Diário de Lisboa, assim como outros jornais, publica esta notícia na primeira página. Ao lê-la, os portugueses estariam muito longe de imaginar que essa revolta, levada a cabo por elementos do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), marcaria, historicamente, o início da luta armada contra a administração colonial portuguesa ao longo de 13 anos, envolvendo movimentos de libertação de Angola, Moçambique e Guiné.

Na Madrugada do dia 4 de Fevereiro de 1961, grupos de guerrilheiros angolanos, comandados por Neves Bendinha, Paiva Domingos da Silva, Domingos Manuel Mateus e Imperial Santana, num total de cerca de duzentos homens, armados com catanas, desencadearam uma série de acções na cidade de Luanda.

Um desses grupos montou uma emboscada a uma patrulha da Polícia Militar, neutralizando os quatro soldados, apoderando-se das suas armas e das munições. Com o objectivo de libertar os presos políticos, assaltaram a Casa da Reclusão Militar, não conseguindo os seus objectivos.

Outros alvos foram a cadeia da PIDE, no Bairro de São Paulo e a cadeia da 7ª Esquadra da PSP, onde havia também presos políticos. Tentaram igualmente ocupar a «Emissora Oficial de Angola», estação de rádio ao serviço da propaganda do Estado.

Nestas acções, morreram quarenta guerrilheiros, seis agentes da polícia e um cabo do Exército Português, junto da Casa da Reclusão.

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), considera o 4 de Fevereiro como data do início da luta armada em Angola. No entanto, na origem desta rebelião esteve o cónego Manuel Joaquim Mendes das Neves (1896-1966), mestiço, natural da vila do Golungo-Alto, missionário secular da arquidiocese de Luanda, o qual não estava ligado ao MPLA.



(Fontes; BRANDÃO, José, «Cronologia da Guerra Colonial», Prefácio Editora).

Diário de Lisboa nº 13702, de 04-02-1961, p. 1

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