Dia de Reis –
Celebração do nascimento de Jesus
Último ano em que é celebrado o nascimento de Jesus pelos católicos nesta data, 6 de Janeiro de 353. O nascimento passará a ser comemorado no ano seguinte no solstício de Dezembro (25 de Dezembro). Os ortodoxos continuam a comemorar nesta data. O Imperador romano Constantino procurou resgatar a unidade religiosa do povo que governava. Constantino aproveitou a difusão do cristianismo para controlar o império. Foi ele que estabeleceu os costumes e rituais da Igreja Católica Romana, criada no Concílio de Nicéia em 325.
O Dia de Reis
é celebrado anualmente a 6 de Janeiro. Esta celebração católica está associada
à tradição natalícia, que diz que três reis magos do Oriente, visitaram o
Menino Jesus na noite de 5 para 6 de Janeiro, depois de serem guiados por uma
estrela.
A tradição
manda que neste dia a família se volte a reunir para celebrar o fim dos
festejos de Natal. É também o dia em que se cantam as Janeiras. O cântico das
Janeiras começa no dia após o Natal e prolonga-se até ao Dia de Reis.
Segundo a
tradição, os Reis Magos eram três: Gaspar, cujo nome significa “Aquele que vai
inspecionar”; Melchior, que quer dizer: “Meu Rei é luz”; e Baltasar, que se
traduz por: “Deus manifesta o Rei”.
Os Reis Magos
só são mencionados em apenas um dos quatro evangelhos, o de Mateus. Nos 12
versículos em que trata do assunto, Mateus não especifica o número deles.
Sabe-se apenas que eram mais de um, porque a citação está no plural – e não há
nenhuma menção de que eram reis.
Cerca de 800
anos depois do nascimento de Jesus, eles foram associados a regiões do mundo
antigo: Melchior, rei da Pérsia; Gaspar, rei da Índia; e Baltazar, rei da
Arábia. Em hebreu, esses nomes significavam “rei da luz” (melichior), “o
branco” (gathaspa) e “senhor dos tesouros” (bithisarea).
De qualquer
forma, a tradição permaneceu viva e foi apenas no século III que eles receberam
o título de reis – provavelmente como uma maneira de confirmar a profecia
contida no Salmo 72: “Todos os reis hão de adorá-lo”.
O facto
relevante é que a palavra mago deriva do latim magus e do grego mágos e
significa sábio e sacerdote da Persia. Os Mágoi, ou Magos, faziam parte de uma
casta sacerdotal detentora de todas as ciências, inclusive as ocultas.
Dedicavam-se ao estudo da Astrologia e Astronomia. Tratavam-se de sacerdotes da
religião zoroástrica e teriam ligação com Balaão, contemporâneo de Moisés
(Números 24:17).
Tudo indica
que os Magos eram astrólogos, já que seguiam estrelas e faziam cálculos para
saber dia e local onde ocorreria o nascimento de Jesus, marcando o advento e o
início de uma Nova Era: a Era de Peixes. A Estrela de Belém, tão mencionada nas
escrituras, pode ter sido um alinhamento planetário entre Júpiter, Saturno e
Marte, representando simbolicamente os três povos conhecidos: o branco
(Júpiter) representado por Melchior, o negro (Saturno), representado por
Baltazar, e o amarelo, asiático (Marte), Gaspar.
Esse
alinhamento deve ter acontecido no signo de Peixes, no mesmo período em que
tinha início a Era de Peixes, a era Cristã, marcada pelo nascimento de Jesus e
pelo posicionamento do Equinócio a 0º da constelação de Peixes. Esse fenômeno
celeste aconteceu por volta do ano 6 a.C., já que se sabe que o nascimento de
Jesus pode ter ocorrido de 6 a 7 anos antes do início do nosso calendário, que
passou por várias reformas e ajustes.
A Astrologia
nesse período tinha um papel muito importante no médio oriente, por isso seria
natural associar um evento celeste ao nascimento de Jesus, assim como se
associou um eclipse à morte de Herodes e um cometa ao assassinato de Júlio
César em 44 a.C. Estrelas em movimento ou cadentes pressagiavam a morte de
grandes homens ou nascimento de deuses, como Agni, Buda e Cristo.
Foi Johannes
Kepler, Astrólogo, astrônomo e matemático que, em 17 de Dezembro de 1603, na
cidade de Praga, fez as primeiras associações astronômicas à Estrela de Belém.
Ele estava a observar no seu telescópio a conjunção de Júpiter e Saturno na
constelação de Peixes. Essa conjunção fazia com que os dois planetas somassem os
seus brilhos e se parecessem com uma nova estrela, muito brilhante. Sendo um
homem estudioso e postulante a pastor, Kepler lembrou-se do que havia lido num
texto do Rabino Abravanel (1437-1508): os Astrólogos judeus diziam que quando
Saturno fizesse conjunção com Júpiter em Peixes o Messias viria. Isto porque
sabiam, e os Magos também, que a constelação de Peixes era conhecida como Casa
de Israel, era o signo do Messias e sinal do fim dos tempos. Júpiter era a
estrela real da casa de Davi e do príncipe do mundo e Saturno, a estrela
protetora de Israel, da Palestina no oriente. Assim, eles compreenderam, por
meio dos significados astrológicos da constelação e dos planetas envolvidos,
que o Senhor do final dos tempos havia nascido.
Essa conjunção
durou cinco meses durante o ano 7 a.C. – provável ano efetivo de nascimento de
Jesus – de 29 de Maio a 08 de Junho, de 26 de Setembro a 6 de Outubro e de 05 a
15 de Dezembro e pôde ser vista com grande nitidez e claridade na região do
Mediterrâneo. Kepler julgou ter encontrado a Estrela de Belém, coisa então não confirmada.
Foi apenas em
1925 que esse tema voltou a ser estudado. O estudioso alemão Paul Schnabel
encontrou registos dessa conjunção em tabuinhas de argila datadas da antiga
Babilônia e do período neo-babilônico. Essas pequenas tábuas estão em escrita
cuneiforme e são registos astrológicos da antiga Escola de Astrologia de Sippar
(Zimbir em sumério, Sippar em assírio-babilônio), atual sítio arqueológico de
duas antigas cidades da baixa Mesopotâmia, separadas por apenas sete
quilômetros na Babilônia, atual Iraque. Escavações realizadas no final do séc.
XIX encontraram ainda os restos de um templo e um zigurate dedicado a Shamash –
deus solar, e Ebabbar – o antigo escriba da Escola de Astrologia. Atualmente,
essas tabuinhas encontram-se no Museu de Berlim, Alemanha.
Chegando ao
local onde estava o menino Jesus, meses depois de seu nascimento, os magos
abriram os cofres que transportavam e entregaram grande quantidade de presentes
aos pais, Maria e José. Em seguida, cada um deles entregou uma moeda de ouro
como presente para Jesus. O primeiro mago ofereceu-lhe ouro, o segundo incenso
e o terceiro, mirra, para reafirmar a natureza nobre, a realeza de Jesus. Desde
o início dos tempos o ouro é um dos artigos mais valiosos para a humanidade. O
incenso aromático era o símbolo da função sacerdotal que Jesus viria a
desempenhar e a mirra simbolizava o alívio das dores que Ele sofreria na sua
crucificação. No ritual da Antiguidade, ouro era o presente para um rei.
Incenso, para um religioso e Mirra, para um profeta. A mirra era usada para
embalsamar corpos e, simbolicamente, representava a imortalidade.
Quem hoje
visitar a Catedral de Colônia, na Alemanha, será informado de que ali repousam
os restos dos 3 Reis Magos. De acordo com uma tradição medieval, os magos
teriam se reencontrado quase 50 anos depois do primeiro Natal, em Sewa, uma
cidade da Turquia, onde viriam a falecer. Mais tarde, seus corpos teriam sido
levados para Milão, na Itália, onde permaneceram até o século 12, quando o
imperador germânico Frederico dominou a cidade e trasladou as urnas mortuárias
para Colônia.
De qualquer
modo os Reis buscavam nas estrelas um caminho para o novo tempo, uma nova era
de esperança e fé.
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