quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Restos mortais de Cristóvão Colombo

A 19 de Janeiro de 1899 chegam a Sevilha os supostos restos mortais de Cristóvão Colombo, transportados pelo trem Giralda.


Os alegados restos mortais de Cristóvão Colombo
O túmulo de Colombo faz parte de uma história intrigante.
Morto em 1506, foi sepultado em Valladolid, na Espanha. Em 1537, os espanhóis transferiram os restos mortais para a ilha Hispaniola, hoje dividida entre o Haiti e a República Dominicana. Quase duzentos anos depois, quando a Espanha perdeu parte desse território para a França, o corpo foi levado para Cuba. Sendo então, em 1899, transferido para Sevilha.

Percurso complexo, não? Para piorar, há um pequeno problema no enredo. A República Dominicana afirma que o corpo nunca deixou o país. No entanto, um teste de DNA determinou que os restos mortais em Sevilha pertencem realmente a Colombo. A República Dominicana reagiu, mostrando outros restos mortais. Mas esses nunca foram testados, o que nos leva a crer que a verdade repousa em Sevilha.
Mas afinal quem foi Cristóvão de Colombo?
Nascido em Génova, entre 22 de Agosto e 31 de Outubro de 1451 vem a morrer em Valladolid, 20 de Maio de 1506. Navegador e explorador, responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central.
O seu nome em italiano é Cristoforo Colombo, em latim Christophorus Columbus e em espanhol, Cristóbal Colón. Este antropónimo inspirou o nome de, pelo menos, um país, Colômbia e duas regiões da América do Norte: a Colúmbia Britânica no Canadá e o Distrito de Colúmbia nos Estados Unidos. Entretanto o Papa Alexandre VI escrevendo em latim sempre chamou ao navegador pelo nome de Christophorum Colon com significado de Membro e nunca pelo latim Columbus com significado de Pombo.

Embora Colombo tenha sempre apresentado a conversão dos não-cristãos como um dos motivos das suas expedições, a sua religiosidade aumentou nos últimos anos de vida. Provavelmente com o apoio do seu filho Diogo e do seu amigo, o monge cartuxo Gaspar Gorricio. Colombo produziu dois livros nos seus últimos anos: o Livro de Privilégios (1502), detalhando e documentando as mercês que havia recebido da Coroa Espanhola, às quais acreditava ele e seus herdeiros terem direito, e um Livro de Profecias (1505), no qual usou passagens da Bíblia para colocar os seus feitos como explorador no contexto da escatologia cristã.
No final da vida, Colombo exigiu que a Coroa Espanhola lhe desse 10% de todos os proveitos obtidos nos territórios descobertos, tal como estipulado nas capitulações de Santa Fé. No entanto, uma vez que Colombo havia sido dispensado das suas obrigações como governador, a Coroa não se sentiu obrigada por esse contrato, e as suas exigências foram rejeitadas. Após a sua morte, os herdeiros de Colombo processaram a Coroa com vista a obter uma parte dos proveitos do comércio com as Américas, assim como outros benefícios. Isto levou a uma longa série de disputas legais conhecidas como pleitos colombinos.

Chegada de Colombo a Hispaniola (Actual Ilha de São Domingos)
Colombo morreu em Valhadolid a 20 de Maio de 1506, com cerca de 55 anos, com uma considerável riqueza proveniente do ouro que os seus homens haviam acumulado em Hispaniola. À data da sua morte, Colombo estava ainda convencido que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da Ásia. De acordo com um estudo publicado em Fevereiro de 2007, realizado por António Rodriguez Cuartero, do Departamento de Medicina Interna da Universidade de Granada, Colombo morreu de paragem cardíaca causada por artrite reactiva. Segundo os seus diários pessoais e anotações deixadas pelos seus contemporâneos, os sintomas desta doença (ardor doloroso quando se urina, dor e inchamento das pernas, e conjuntivite) eram claramente evidentes nos três últimos anos da sua vida.
Os restos mortais de Colombo foram inicialmente sepultados em Valladolid, sendo depois transladados para o Mosteiro da Cartuxa em Sevilha. Em 1542, por desejo expresso pelo seu filho Diogo, que fora governador de Hispaniola, os restos mortais foram transferidos para Santo Domingo, na actual República Dominicana, onde foram depositados na catedral da cidade. Em 1795, quando a França obteve o controlo de toda a ilha de Hispaniola, os restos mortais de Colombo foram transladados para Havana, Cuba, e após a independência cubana, na sequência da Guerra Hispano-Americana de 1898, novamente transferidos para Espanha, para a Catedral de Sevilha, onde se encontram sobre um sumptuoso catafalco.
No entanto, em 1877, uma caixa de chumbo com a inscrição "Ilustre y esclarecido varón Don Cristóbal Colón" e contendo fragmentos de osso e uma bala, foi descoberta na Catedral de Santo Domingo. De modo a pôr fim às alegações de as relíquias erradas haviam sido transferidas para Havana e que os restos mortais de Colombo haviam sido deixados enterrados na Catedral de Santo Domingo, em Junho de 2003 foram recolhidas amostras de ADN dos restos mortais que se encontram em Sevilha, assim como outras amostras de ADN dos restos mortais dos seus filhos Diogo e Fernando. As observações iniciais sugeriram que os ossos não aparentavam pertencer a alguém com o físico e idade associados a Colombo. A extracção de ADN revelou-se difícil; apenas pequenos fragmentos de ADN mitocondrial (ADNmt) puderam ser isolados. Estes fragmentos encontraram uma correspondência exacta com o ADNmt do seu irmão Diogo, sustentando a tese de que ambos terão partilhado a mesma mãe. Tal evidência, juntamente com a análise histórica e antropológica, levou os investigadores a concluir que os restos mortais que se encontram em Sevilha pertencem a Cristóvão Colombo. As autoridades de Santo Domingo nunca permitiram que os restos mortais que aí se encontram fossem exumados, de modo que desconhece-se se algum deles pertence também ao corpo de Colombo. Estas relíquias encontram-se actualmente no "Farol de Colombo" (Faro a Colón), em Santo Domingo.


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