Efeméride de 25 de Julho – Batalha de Ourique
A Batalha de Ourique teve lugar a
25 de Julho de 1139, num local que as fontes denominam de Ourique, na altura em
território controlado pelos muçulmanos.
Nessa Batalha defrontaram-se as
forças “portuguesas” lideradas por D. Afonso Henriques, que havia partido de
Coimbra, contra cinco “reis” mouros: Sevilha,
Badajoz, Évora, Beja e um quinto de nome Ismar, que alguns autores julgam tratar-se do alcaide de Santarém e outros de Elvas, sendo
apenas esta uma das muitas dúvidas que envolvem esta importante batalha.
Foram as vitórias militares que
asseguraram a D. Afonso Henriques, um território suficientemente vasto para se
afirmar como um Reino, e foram estas também que permitiram que o Reino de
Portugal fosse reconhecido internacionalmente como tal. Destas vitórias,
Ourique é sem dúvida uma das mais importantes, pois foi a partir desta que
Afonso Henriques passou a utilizar o título de Rei.
Os títulos de Afonso HenriquesApós a Batalha de S. Mamede (1128), D. Afonso Henriques assumiu os destinos do Condado Portucalense, mas nunca se faz tratar como Conde. Na realidade, a utilização do título de Conde, indicaria uma clara submissão ao Rei de Leão, Afonso VII, seu primo, na lógica das relações feudo-vassálicas, um Conde tem sempre condição inferior a um Rei. Assim, de forma a marcar cada vez mais a sua autonomia em relação ao Reino de Leão, e arrastando consigo o afirmar da autonomia do território por si governado, Afonso Henriques faz-se conhecer nos documentos oficiais com títulos que confirmam a sua ascendência régia (1), tais como Príncipe ou Infante.
Com a enorme vitória em Ourique, D. Afonso
Henriques passa a ser considerado um importante líder militar, facto que este aproveita
para se passar a intitular como Rei. Esta vitória apenas confirmava o que há
muito se vinha verificando, Afonso Henriques sempre tinha procedido como um
príncipe independente, apesar da sua condição de vassalo. A partir de Ourique,
onde assume o título de Rei, o processo de autonomia de Portugal dava um passo
de gigante. Portugal tornava-se um Reino Independente, reconhecido pelo
Imperador de Leão e Castela, Afonso VII em Zamora, logo a seguir pelos
outros reis da Península Ibérica, e dezenas de anos depois, em 1179 pelo Papa
Alexandre III.
No entanto, não se pode falar
ainda em independência total, pois apesar de ter passado de Condado a Reino,
Portugal, continuava a ser um território integrado numa unidade política maior,
o Império de Leão. D. Afonso Henriques podia ser Rei de Portugal, mas era ainda
vassalo do Imperador de Leão, isto tudo apesar da força política do Imperador,
não se fazer sentir no território administrado por Afonso Henriques.
A batalha de Ourique
Constitui talvez o maior problema da história
de Portugal, o valor desta batalha no que respeita à sua localização, às forças
militares envolvidas e à projecção que esta alcançou na sociedade daquela
época.
Localização
Os primeiros historiadores como Alexandre
Herculano, defenderam sempre que a Batalha teria ocorrido na povoação com o
mesmo nome, no Baixo Alentejo.
Autores recentes apontam outras alternativas como Vila Chã de Ourique (próximo
de Santarém); Campo de Ourique (actualmente em Lisboa); Campo de Ourique (perto
da nascente do Rio Lis, no distrito de Leiria).
A hipótese inicial de Ourique parece estar a
ser abandonada, pois não só não corresponde à lógica dos acontecimentos
anteriores, como parece ser um empreendimento demasiado arriscado. Parece um
pouco ousado, mesmo para D. Afonso Henriques, percorrer mais de 300 km em
território inimigo desde Coimbra, e travar um Batalha da qual, seria
praticamente impossível de retirar em segurança, caso o resultado não lhe fosse
favorável. Tem que se ter ainda em conta, que D. Afonso Henriques, poucos dias
depois estava de volta a Coimbra.
As hipóteses de Vila Chã de Ourique e de Campo de Ourique no Lis estão dentro do
contexto das operações militares que se vinham a desenvolver. Após várias
ofensivas muçulmanas a Coimbra, como resposta, os “portugueses” forçam a linha
de fronteira, fixando-a no eixo Leiria-Ourém-Tomar, onde D. Afonso Henriques
fez importantes doações às Ordens Militares, como forma de suster quaisquer
tentativas de reconquista por parte do inimigo. É assim lógico que a batalha de
Ourique tivesse ocorrido um pouco abaixo dessa linha, já em terreno inimigo.
Quanto à hipótese Lisboa, ela parece ser um
pouco afastada da região onde se costumavam confrontar as forças “portuguesas”
e muçulmanas.
Componente MilitarAs crónicas da época falam de um batalha enorme, com dezenas de milhar de homens envolvidos. No entanto, os historiadores desde Alexandre Herculano, defendem que não se produziu um choque de exércitos, mas um “fossado” (2) ou ataque repentino “português”, que envolveu largas centenas ou talvez poucos milhares de homens.
Milagre de Ourique
Após a morte de D. Afonso Henriques, iniciam-se duas crónicas sobre a sua vida, a Gesta de Afonso Henriques e os Anais de Santa Cruz de Coimbra. Esta última crónica, fala na aparição de Cristo a D. Afonso Henriques de forma a incitar à vitória sobre os infiéis e dando assim protecção divina ao Reino que se estava a formar. Uma lenda deste género, numa época de grande religiosidade como a Idade Média, era a melhor forma de enaltecer a grande vitória “portuguesa”.
As Cinco Quinas
Foi Luís de Camões que eternizou a explicação
do escudo português, onde o número dos reis vencidos era representado pelos
cinco escudetes existentes no brasão de Portugal. No entanto, os selos e moedas
posteriores a 1139 não comprovam essa tradição.Questões que esperam resposta:
1. Quem
eram realmente os 5 Reis Mouros que D. Afonso Henriques combateu?
2. A
que “Ourique” se refere a história?
3. Quantidade
de homens armados envolvidos?
4. Milagre
de Ourique?
5. As
cinco quinas?
___________
Notas:
1. D. Afonso Henriques era neto do Imperador
Afonso VI.
2. Fossado – Guerra organizada e regular que
implicava uma mobilização colectiva dos homens para o exterior das suas
comunidades. O objectivo era saquear riquezas (ouro, cerais, gado, armas) e
desgastar o inimigo, arrasando regiões inteiras.
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