Efeméride de 29 de Julho –
Derrota da Armada Invencível
Decorria o ano de 1588,no dia 29
de Julho, quando na Batalha de Gravelines, a Invencível Armada é derrotada
pelos ingleses,
próximo à costa de Gravelines, em França.
A Armada Invencível, também
referida como "la Armada Invencible" (castelhano) foi uma esquadra
reunida pelo rei Filipe II de Espanha em 1588 para invadir a Inglaterra. A Batalha
Naval de Gravelines foi o maior combate da não declarada Guerra Anglo-Espanhola
e a tentativa de Filipe II (rei de Espanha, de Nápoles, da Sicília e dos Países
Baixos. E, também, de Portugal, país que a Espanha dominou no período
compreendido entre 1580 e 1640, como consequência do desastre militar lusitano
em Alcácer Quibir, Norte de África, em 1578) de neutralizar a influência
inglesa sobre a política dos Países Baixos Espanhóis e reafirmar hegemonia na
guerra nos mares.
A armada era composta por 130
navios bem artilhados, tripulados por 8 000 marinheiros, transportando 18 000
soldados e estava destinada a embarcar mais um exército de 30 000 infantes. No
comando, o Duque de Medina-Sidônia seguia num galeão português, o São Martinho.
No combate no Canal da Mancha, os ingleses impediram o embarque das tropas em
terra, frustraram os planos de invasão e obrigaram a Armada a regressar
contornando as Ilhas Britânicas. Na viagem de volta, devido às tempestades,
cerca de metade dos navios perdeu-se. O episódio da armada foi uma grave
derrota política e estratégica para a coroa espanhola e teve grande impacto
positivo para a identidade nacional inglesa.
A ordem de partida foi dada para o
dia 25 de Abril, mas a armada saiu de Lisboa a 28 de maio de 1588, com 130
barcos, 8 mil marinheiros e 18 mil soldados. O plano era destruir a frota
inglesa que guardava o Canal da Mancha e ao mesmo tempo desembarcar próximo a
Londres o exército do Duque de Parma, de 30 mil soldados, que aguardava nos Países Baixos Espanhóis. (foi a designação
dada aos territórios do noroeste europeu que permaneceram sob o domínio do ramo
espanhol da casa de Habsburgo).
Só após 15 dias os espanhóis
conseguiram avistar a Inglaterra. Durante este tempo, a falta de vento na costa
portuguesa e uma tempestade junto ao cabo Finisterra dispersaram os navios.
Durante alguns dias, em pleno Canal da Mancha, as frotas estudaram-se uma à
outra sem atacar. Apesar de ter tido oportunidade de atacar a frota inglesa,
imobilizada em Plymouth pela ação da maré, o comando espanhol parece ter sido
expressamente ordenado por Filipe II para dar prioridade à operação de embarque
de tropas e não correr riscos de perda de navios antes da hora.
Contrariando conselhos dos seus
capitães, que consideravam o ataque viável, Medina Sidonia decidiu seguir ruma
à ilha de Wight, com destino à costa continental. Os ingleses, comandados pelo
célebre corsário sir Francis Drake, mantinham-se imediatamente atrás deles, a
pouca distância. Depois de escaramuças inconclusivas entre as duas frotas, dois
navios Espanhóis colidiram e foram abandonados. Tal fato ajudou Drake a
conhecer vulnerabilidades dos navios do inimigo que lhe serviriam mais tarde. A
operação de embarque de tropas se revelou mal planejada. O porto de Dunquerque,
escolhido para reunir e embarcar as tropas sofreu bloqueio por navios
holandeses e a armada teve de aportar em Calais.
Por fim, vários navios mercantes
adaptados, necessários para o transporte das tropas invasoras, foram gravemente
danificados ou capturados. A esquadra via-se reduzida e incapaz de cumprir sua
tarefa, ao mesmo tempo impedida de voltar pelo sul devido ao bloqueio inglês, o
que levou o Duque de Medina Sidnonia a decidir contornar as Ilhas Britânicas.
Nas costas da Escócia e Irlanda, uma atribulada viagem que sofreu as
tempestades de setembro, típicas na região, resultou na maior parte dos
naufrágios, sobretudo dos navios mercantes improvisados como naves de guerra.
Dos cerca de 130 navios que chegaram a compor a esquadra, cinco foram
efetivamente afundados em combate em Gravelinas, diversos sofreram danos graves
e perderam condições de batalha e outros cinquenta foram perdidos na viagem de
volta em tempestades, sobretudo navios mercantes. Enquanto circundava o
arquipélago britânico, a armada não atacou nem foi atacada e manteve os
ingleses em permanente tensão, apesar da grande euforia inicial com o desfecho
do combate no canal.
Com o retorno à península
Ibérica, atracando a maioria dos galeões de primeira classe na costa cantábrica
para reparos, ficou evidente a extensão do revés para a coroa espanhola. O
prejuízo financeiro e político fora grave. Teria na época Filipe II exclamado:
"Não mandei meus navios para combater aos elementos!". Pareceu
impossível qualquer novo plano de ataque à Inglaterra e mais ameaçadora a força
de sua marinha. Esta humilhante derrota teria também grandes repercussões para
Portugal.
Consumado o desastre espanhol e o
triunfo inglês, ambas as partes invocaram, à sua maneira, a intervenção divina.
Os católicos
espanhóis lamentaram-se: “Não foram os homens que nos venceram, foi Deus!”.
Os protestantes
ingleses, por sua vez, vangloriaram-se: A nossa causa é justa, Deus está
connosco!
De qualquer
modo, a ambição de Filipe II saldou-se num rude golpe para o seu prestígio, ao
passo que a Inglaterra viu aumentar a sua importância como potência marítima,
abrindo-se-lhe mares antes vedados e podendo atacar de futuro, com diferentes
perspectivas de êxito, os domínios ultramarinos espanhóis e portugueses.
Quanto a
Portugal, particularmente, faltando ainda 52 anos para recuperar a sua
independência, o que aconteceu constituiu um gravíssimo desaire. Muitos dos
navios da Invencible eram portugueses, como o eram também centenas de
marinheiros e soldados. O País sofreu as consequências de uma catástrofe que
não havia provocado.
Sem comentários:
Enviar um comentário