Confirmação da Companhia de Jesus – 27 de
Setembro de 1540
A 27 de Setembro de 1540 –
O Papa Paulo III confirma
a criação da Companhia de Jesus pela
bula "Regimini militantis Ecclesiae".
Em 1534, o cavaleiro espanhol Inácio de Loyola criou a Companhia de Jesus, com o objectivo principal de combater o protestantismo através do ensino religioso dirigido, e a influência crescente das reformas que cada vez mais preocupava a Igreja católica e a aristocracia europeia.
A Companhia de
Jesus não era uma ordem religiosa como as outras, os seus combativos
integrantes tinha uma organização quase militar.
Consideravam-se
soldados da Igreja e achavam que deviam infiltrar-se em todas as actividades
sociais e culturais, a fim de eliminar aqueles que pusessem em risco os
princípios do catolicismo, e no dia 27 de Setembro de 1540, a Companhia de
Jesus recebeu a aprovação oficial do Papa Paulo III, na bula Regimini
Militantis ecclesiae, onde os seus membros deviam prezar voto especial de
obediência ao sumo pontífice e dependiam directamente dele, a companhia era
dividida, em províncias que, agrupadas de acordo com critérios geográficos e
linguísticos, aonde os superiores de cada província governavam todas as casas,
que tinha seu próprio superior, que nos colégios denominava-se como
reitor, e o supremo poder da companhia pertencia ao Superior-geral eleito pela
congregação geral que era formada pelos delegados das diversas províncias, e da
formação dos jesuítas fazem parte estudos de religião, línguas, humanidades,
leis e medicina.
Mas a divisão
da Companhia — Ad Majorem Dei Gloriam (Para a Maior Glória de Deus) — mostra a
intensidade de seu apostolado.
Além de sua
intensa actividade na Inquisição e na luta contra o protestantismo, sobretudo
na Itália e na Espanha, tinham o ensino em colégios (o curso secundário autónomo
foi criado pelos jesuítas) e universidades, aonde os religiosos consagravam-se
pelas pregações, direcção de retiros espirituais, pesquisas exegéticas e
teológicas, missões, etc. mais a principal tarefa dos religiosos foi
evangelizar os indígenas das regiões recém- descobertas.
A vinda dos
jesuítas para Portugal deve-se à iniciativa de D. João III a quem o Doutor
Diogo de Gouveia, responsável pelo Colégio de Santa Bárbara em Paris, indicara
a existência de um novo grupo de clérigos que considerava "aptos para
converter toda a Índia". Sto. Inácio de Loiola acedeu ao convite do rei
português e enviou para Portugal, em 1540, dois dos seus primeiros
companheiros: o navarro Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues. O
primeiro partiu no ano seguinte para a Índia, enquanto o segundo ficou na
Europa, lançando as bases da Província de Portugal, erecta como primeira
província de toda a Ordem em 1546.
A Companhia de
Jesus, chegou ao Brasil em Março de 1549 com o primeiro contingente de
Jesuítas, formado pelos padres Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes, João de
Azpilcueta Navarro, António Pires e mais os irmãos Vicente Rodrigues e Diogo
Jácome, que acompanhando Tomé de Sousa, primeiro Governador-geral do Brasil,
que aportaram na Baia, onde se fundaria a nova cidade, chamada do Salvador… e
fundaram a Província do Brasil da Companhia de Jesus, que passou a ser a sede e
cabeça da Ordem Inaciana na América Portuguesa e perto da Câmara Municipal os
padres da Companhia escolheram um lugar para construir seu colégio, em um
terreiro, que por causa deles, passou a ser chamado de Terreiro de Jesus, nome
que até hoje conserva e que passou a ser o ponto central da antiga cidade e
fundaram uma igreja de taipa coberta de palha que dedicaram a Nossa Senhora da
Ajuda, além de outras precárias instalações iniciais, as quais foram
sucessivamente sendo reconstruídas e ampliadas, esta igreja, a primeira dos
Jesuítas no Brasil, foi cedida posteriormente ao clero secular. A igreja actual
foi construída no mesmo local, em 1914 e nela esta o púlpito onde o Padre António
Vieira pregou o famoso Sermão contra a Holanda.
Finalmente em
1572, o então Governador Geral, Mem de Sá , inaugurou a igreja, de pedra e cal,
que foi concluída em 1585.
O objectivo
dos Jesuítas no Brasil era a catequese de adultos e através da educação, a
catequese das crianças e jovens, e no primeiro século de colonização apenas
três colégios foram criados no Brasil que foram o colégio da Baia, que dispunha
de uma notável biblioteca, que mesmo tendo sido desfalcada pelos holandeses, no
final do século XVII contava com cerca de 3000 livros o colégio do Rio de
Janeiro e o de Pernambuco, nos colégios, além das dependências internas de uso
privativo possuíam celas, cozinha, copa, refeitório, oficinas também havia
horta e pomar, e ainda farmácia (botica), biblioteca e enfermaria, que atendiam
também ao público externo, os colégios da Companhia transmitiam uma cultura
humanística de carácter acentuadamente retórico, que, se de um lado atendia aos
interesses da Igreja, atendia também, às exigências do patriarcado de cana de
açúcar, assim, os mais importantes intelectuais da Colónia estudaram nestes
colégios como Bento Teixeira, Frei Vicente do Salvador, Gregório de Matos
Guerra, Basílio da Gama, Alvarenga Peixoto e outros mais, e a grande
importância que a Companhia de Jesus dava para a cultura colonial foi a causa
da fundação dos colégios de São Vicente, por Leonardo Nunes, e o de Salvador,
por Nóbrega.
Logo,
acompanhando a expansão dos trabalhos de catequese entre 1548 e 1604 quando
cerca de 28 expedições de missionários foram enviadas à colónia, uma vasta rede
de colégios espraiou-se pelo nosso litoral:
São Paulo
(1554), Rio de Janeiro (1568), Olinda (1576), Ilhéus (1604), Recife (1655), São
Luís, Paraíba, Santos, Belém, Alcântara (1716), Vigia (1731), Paranaguá (1738),
Desterro (1750), “Nas aldeias, vilas e cidades, as escolas intitulavam-se ‘de
ler, escrever, e contar’; e nos colégios, o mestre ora se chamava
‘Alphabetarius’ (1615), ora ‘Ludi-Magister’ (mestre-escola), e umas vezes se
dizia ‘Escola de Rudimentos’, outras ‘Escola Elementar’, estava aberta durante
cinco horas diárias, repartidas em duas partes iguais, metade de manhã, metade
de tarde.” A organização do ensino jesuítico baseava-se no Ratio Studiorum,
que, ao mesmo tempo em que era um estatuto e o nome de seu sistema de ensino,
estabelecia o currículo, a orientação e a administração.
O currículo
dividia-se em duas secções distintas (inferiores e superiores), chamadas
classes, de onde derivou a denominação “clássico” a tudo o que dissesse respeito
à cultura de autores greco-latinos. As classes inferiores, com duração de 6
anos, compunham-se de Retórica, Humanidades, Gramática. Já as superiores, com
duração de 3 anos, compreendiam os estudos gerais de Filosofia, para a época,
abrangendo Lógica, Moral, Física, Metafísica e Matemática. Tanto num grau
como no outro todo estudo era vazado no Latim e Grego e no Vernáculo. O ensino
jesuítico, tanto em Portugal quanto no Brasil, era público e gratuito.
A Companhia
tinha mesmo como dever o cumprimento do voto de pobreza, que foi reafirmado por
uma determinação oficial de 1556, proibindo aos padres acrescentar qualquer
forma de poder material ao religioso. No Brasil, porém, dado não haver um
amparo directo da Coroa, como acontecia em Portugal, impôs-se a necessidade de
encontrar fontes de recursos para a manutenção de suas instituições.
Já o Padre
Manuel da Nóbrega utilizara-se deste pretexto perante o delegado da Companhia
no Brasil, Luís da Grã, a fim de permitir o estabelecimento de propriedades
territoriais, inclusive com a utilização do braço escravo, em contradição com o
voto de pobreza. Isso não se restringiu à Companhia de Jesus; o interesse pela
propriedade, escravos e bens materiais foi comum às outras ordens religiosas
que para cá vieram. Tal fato não deixou de preocupar a Coroa, e neste sentido
foi que D. Sebastião, a fim de melhorar a situação, instituiu, em 1564, uma
taxa especial para a Companhia, a rediziam, descontada sobre todos os dízimos e
direitos da Coroa.
Mesmo assim,
isso não era suficiente para arcar com as despesas, sustentadas, sem dúvida,
através das fontes próprias de subsistência: as missões, verdadeiras empresas
agro-extrativas da Companhia, os colégios ou suas próprias propriedades
particulares, e menos de cinquenta anos depois da chegada ao Brasil os jesuítas
já haviam se espalhado pelo litoral, de norte a sul, com muitas incursões, não
ficavam apenas nas cidades ou vilas principais, ao contrário, embrenhavam-se
pelos sertões, desbravando os matos em busca dos índios, que eram então
reunidos em aldeias de três tipos: as dos Colégios, as de El-Rei e as de
Repartição, as quais forneciam índios para a própria Companhia, para o Rei e
para particulares, respectivamente. Havia também as Missões, ou grandes
aldeamentos, situadas em terras mais distantes, nos “sertões, nas brenhas e nas
selvas”. De onde saíram as levas de soldados para seus exércitos e após
duzentos e dez anos no Brasil e ao longo deste período expandiram seus
estabelecimentos e seus trabalhos desde o Amazonas até aos limites extremos do
sul do Brasil quando acabaram sendo banidos dos territórios portugueses em
1759.
Do ponto de
vista arquitetônico, as principais cidades coloniais brasileiras os religioso
estabeleceram suas igrejas, conventos, mosteiros e colégios que ocuparam o
lugar de maior destaque, e suas obras entre todas, são as mais significativas
nos núcleos primitivos das cidades. E no contexto urbano da Cidade de Salvador,
o conjunto arquitectónico dos estabelecimentos da Companhia de Jesus – Igreja,
Colégio e Convento – impõe-se e ultrapassa as dimensões das demais construções
religiosas, quer dos Franciscanos, dos Carmelitas ou dos Beneditinos, e por sua
grandeza, hoje a antiga Igreja dos Jesuítas é a Catedral Basílica da Cidade do
Salvador, e o antigo colégio e a maior parte das dependências restantes das
antigas construções inacianas abrigam museus e estão sob a guarda da
Universidade Federal da Baia. E por meio dessas imponentes expressões arquitectónicas,
e também através das casas, das aldeias e das missões jesuíticas, irradiava-se
toda a vida cultural da colónia, e foi a ideologia dos inacianos a responsável,
de maneira absolutamente marcante, pela formação e produção intelectual do
Brasil nos primeiros séculos, quer na literatura, na poesia, na escultura, na arquitectura,
no teatro quer na música.
Por volta do
século XVIII, o prestígio da Ordem de Jesus estremeceu em face aos interesses
políticos da época e o desenvolvimento de algumas questões teológicas. No ano
de 1759 (reinado Dom José I), o governo de Portugal ordenou a expulsão dos
jesuítas de todos os seus territórios. Algumas décadas mais tarde, o papa
Clemente V ordenou que a ordem de Jesus fosse extinta. Contando actualmente com
mais de 20 mil membros, a Ordem seria restabelecida somente na segunda metade
século XIX.
Fonte: Site de História de
Portugal
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