Nasce Oliveira e Carmo –
Efeméride de 26 de Setembro
Jorge Manuel Catalão de Oliveira
e Carmo nasceu em Santo Estêvão, Concelho de Alenquer, no dia 25 de Setembro de
1936.
Tendo concluído o curso no Liceu
Pedro Nunes no fim de Julho de 1954, assentou praça como cadete da Escola do
Exército em 20 de Outubro do mesmo ano, para efectuar os estudos preparatórios
do ingresso na Escola Naval. Foi aumentado ao efectivo do Corpo de Alunos da
Armada a 1 de Outubro do ano seguinte.
Promovido a guarda-marinha em 1
de Maio de 1958, embarcou em vários navios, tendo ainda passado pela
Superintendência dos Serviços da Armada e pelo Comando da Flotilha de
Patrulhas. Seria promovido a Segundo-Tenente no último dia daquele ano, data em
que foi abatido ao Corpo de Alunos da Escola Naval.
Nomeado comandante da lancha de
fiscalização “Vega”, a prestar serviço em Diu, para ali partiu no Verão de
1961. Naquele território, à semelhança dos restantes que faziam parte da Índia
Portuguesa, pairava, desde há muito, a ameaça de anexação pela poderosa União
Indiana.
A temida invasão acabaria por se
concretizar, de forma esmagadora, na madrugada de 18 de Dezembro de 1961. O
combate extremamente desigual que se desenrolou constituiu o ponto culminante
da curta carreira de Oliveira e Carmo, que no seu abnegado heroísmo viria a
escrever uma das mais gloriosas páginas da nossa História Naval.
Tendo saído de Diu em 17 de
Dezembro, a “Vega” fundeou frente a Nagoá às 2200 do mesmo dia.
Na madrugada do dia 18, por volta
das 0140, foram ouvidos tiros em terra pela praça de serviço. Alertado por
esta, mandou o Comandante ocupar postos de combate e suspender.
Dirigiu-se, então, a lancha para junto de um contacto radar não identificado que navegava a cerca de 12 milhas da costa. Por volta das 0400, o navio, visualmente identificado como um cruzador, lançou granadas iluminantes e abriu fogo de metralhadora pesada sobre a “Vega”, que retirou para Diu e fundeou.
Dirigiu-se, então, a lancha para junto de um contacto radar não identificado que navegava a cerca de 12 milhas da costa. Por volta das 0400, o navio, visualmente identificado como um cruzador, lançou granadas iluminantes e abriu fogo de metralhadora pesada sobre a “Vega”, que retirou para Diu e fundeou.
Ás 0615 suspendeu e aproximou-se
novamente do cruzador, onde foi vista, içada no mastro, a bandeira da União
Indiana. A lancha regressou ao fundeadouro e Oliveira e Carmo fardou-se de
branco para, segundo afirmou, morrer com mais honra.
Às 0700 foram avistados aviões a
jacto efectuando bombardeamento sobre terra. O Comandante reuniu a guarnição e
leu-lhes as ordens do Estado-Maior da Armada, segundo as quais a lancha deveria
combater até ao último cartucho.
Cerca das 0730 aproximaram-se
dois aviões para bombardear a Fortaleza e Oliveira e Carmo mandou abrir fogo
sobre eles com a peça de 20 mm (um dos aparelhos acabaria por ser atingido e
obrigado a aterrar). Estes, naturalmente, ripostaram. Agilmente manobrada pelo
seu comandante, a “Vega” esquivou-se às primeiras rajadas. No entanto, um novo
ataque, desta vez em fogo cruzado, matou o marinheiro artilheiro António
Ferreira e cortou pelas coxas as pernas de Oliveira e Carmo.
Deflagrara, entretanto, um
violento incêndio, que rapidamente se propagou à casa da máquina e à ponte. A
peça foi abandonada, em virtude do seu reduto se ter tornado intransitável
devido aos buracos causados pelos projécteis inimigos e pelo incêndio, que
atingia, já, o convés.
A guarnição tentou, então, arriar
o bote para evacuar o Comandante, mas um novo ataque aéreo feriu mortalmente
Oliveira e Carmo, tendo também sido atingidos três marinheiros (um deles,
marinheiro artilheiro Fernandes Jardino, com a perna esquerda cortada pela
canela, viria a falecer no trânsito para terra).
Com o bote inutilizado e a lancha
completamente tomada pelas chamas, viram-se os sobreviventes obrigados a nadar
em direcção a terra, agarrando-se os feridos a uma balsa.
Sacudida pelas explosões das suas
próprias munições, a “Vega” acabaria por se afundar, arrastando consigo o corpo
do seu heróico Comandante
Oliveira Carmo foi, a título
póstumo, condecorado com a Medalha de Valor Militar com Palma, agraciado com o
grau de Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada e promovido por distinção
ao posto de Capitão-Tenente.
Fonte: Escola Naval - Facebook
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