A 24 de
Outubro de 1147 termina, com a victória das tropas de Dom Afonso Henriques,
auxiliado pelos cruzados, o cerco à cidade de Lisboa que durava desde o dia 1
de Julho.
A 19 ou 23 de Maio de 1147 partem os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth, Inglaterra, constituídos por flamengos, normandos, ingleses, escoceses e alguns cruzados germanos. Segundo documentos da época totalizariam um total 164 navios — valor este provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal. Durante esta parte da cruzada, não foram comandados por nenhum príncipe ou rei; a Inglaterra estava em pleno período de Anarquia. Assim, a frota era dirigida por Arnold III de Aerschot (sobrinho de Godofredo de Louvaina), Christian de Ghistelles, Henry Glanville (condestável de Suffolk), Simon de Dover, Andrew de Londres, e Saher de Archelle.
Esta enorme armada
terá chegou ao Porto
a 16 de
Junho, sendo, provavelmente, convencidos pelo bispo
do Porto, Pedro II Pitões, a tomarem parte na operação de
reconquista de Lisboa.
Após a
conquista de Santarém (1147), sabendo da provável
disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de D. Afonso Henriques
prosseguiram para o Sul, investindo sobre Lisboa.
As forças cristãs,
segundo relatos, eram constituídas por mais de 160 navios e 20.000 homens
(7.000 Portugueses, 6.000 Ingleses, 5.000 Alemães e 2.000 Flamengos).
Após as
tentativas fracassadas de rendição pacífica, iniciaram-se as hostilidades no
dia 1 de Julho de 1147 depois dos atacantes se terem disposto em 3 frentes: os
Alemães e os Flamengos a oriente, os Ingleses e Normandos a ocidente e os
Portugueses a norte.
Algumas
querelas anteriores tinham acontecido, logo na chegada dos diversos grupos quer
de cruzados, quer de Portugueses, atingindo populações que viviam fora das
muralhas, que morreram ou nas refregas que foram acontecendo ou no fogo que os
cruzados puseram às casas logo no primeiro dia de combate.
Das primeiras construções
edificadas destacam-se duas igrejas para servir as tropas sitiantes e para dar
guarida a sepultura dos mortos que fossem ocorrendo.
Uma delas a
que foi construída junto à localização dos cruzados Ingleses e Normandos, seria
a primeira implantação da Igreja dos Mártires, hoje Igreja de Nossa Senhora dos
Mártires, a outra junto ao acampamento alemão, foi o local onde se estabeleceu
o mosteiro de São Vicente de Fora.
Com o intuito de atacar a zona muralhada preparam-se máquinas de guerra, aproveitando a presença dum engenheiro de Pisa que acompanhava as forças germânicas. Algumas mais pequenas de simples protecção à aproximação militar às muralhas, outras de maior porte, montadas em carros, que permitiam atendendo à sua grande altura que se atirassem projecteis à altura das muralhas.
Com o intuito de atacar a zona muralhada preparam-se máquinas de guerra, aproveitando a presença dum engenheiro de Pisa que acompanhava as forças germânicas. Algumas mais pequenas de simples protecção à aproximação militar às muralhas, outras de maior porte, montadas em carros, que permitiam atendendo à sua grande altura que se atirassem projecteis à altura das muralhas.
Outro dos
objectivos conseguido com êxito foi a conquista do castelo de Almada,
contando-se centenas de mortos e grande saque, muito embora o mesmo se não
pudesse dizer do castelo de Sintra atendendo a sua localização em local
inexpugnável.
Recomenda-se a
leitura dum documento escrito pelo cruzado R.(aul) a Osberto de Bawdsey,
Carta do cruzado R. com base nas traduções referenciadas na lista de fontes. Com a pregação da segunda cruzada por São Bernardo de Claraval, em 1146 na basílica de Vézelay, com intenção de enviar um grande exército para defesa dos territórios francos na Palestina atacados pelos turcos seljúcidas, uma parte das forças de cruzados, que do Nordeste da Europa se dirigiam por mar para o Médio Oriente, foram aliciados a ajudarem o mais recente rei da Cristandade, D. Afonso Henriques, a combater os infiéis. Este é o relatório que o cruzado R[aul] mandou a Osb[erto] de Baldr[eseia] (Bawssey) , que é a interpretação mais recente, ou que Osb[erto] de Baldr[eseia] mandou a R. Como escreveu Alfredo Pimenta, «o autor, fosse Osberno ou fosse R., parece ter sido padre; era inglês ou normando; e entrou com certeza na conquista de Lisboa. E isso é o que importa acima de tudo .»
Carta do cruzado R. com base nas traduções referenciadas na lista de fontes. Com a pregação da segunda cruzada por São Bernardo de Claraval, em 1146 na basílica de Vézelay, com intenção de enviar um grande exército para defesa dos territórios francos na Palestina atacados pelos turcos seljúcidas, uma parte das forças de cruzados, que do Nordeste da Europa se dirigiam por mar para o Médio Oriente, foram aliciados a ajudarem o mais recente rei da Cristandade, D. Afonso Henriques, a combater os infiéis. Este é o relatório que o cruzado R[aul] mandou a Osb[erto] de Baldr[eseia] (Bawssey) , que é a interpretação mais recente, ou que Osb[erto] de Baldr[eseia] mandou a R. Como escreveu Alfredo Pimenta, «o autor, fosse Osberno ou fosse R., parece ter sido padre; era inglês ou normando; e entrou com certeza na conquista de Lisboa. E isso é o que importa acima de tudo .»
É preciso não
esquecer que antes de marchar sobre Lisboa as tropas portuguesas tinham testado
a sua capacidade de empurrar para sul o ocupante mouro. Após a conquista de
Santarém, Dom Afonso Henriques retira para Coimbra, mas por certo a sua
preocupação, o seu objectivo concentrava-se em Lisboa, cidade que já tentara em
1142 conquistar, mas em vão, atendendo às dificuldades que a sua localização
geográfica e a guarnição estimada em cerca de 15 000 homens, representavam.
O
enquadramento perfeito para a tentativa, conciliava-se com a ajuda que poderia
significar para as forças portuguesas o desembarque dum frota de mais de 164
navios transportando 12 a 13 mil cruzados que atracou no Porto.
A pregação de
São Bernardo em várias cidades europeias, havia colhido frutos, na organização
duma cruzada de libertação na Terra Santa, cuja frota havia partido de
Inglaterra a 19 ou a 23 de Maio de 1147.
Fortes
temporais haveriam de desviar a rota das embarcações que aportaram
primeiramente na costa asturiana, depois em porto galegos e finalmente no Porto
onde desembarcaram a 16 de Junho.
Nessa altura o
bispo do Porto D. Pedro Pitões, exortou-os a ajudar Dom Afonso na conquista de
Lisboa, prometendo-lhes recompensas em dinheiro, dando-se como penhor em
garantia a essa promessa régia, seguindo instruções que o Rei lhe havia feito
chegar.
Foram
acordadas as condições prévias e, a 29 de Junho a frota de alemães, ingleses,
normandos e galeses, entre outros, reuniu-se com Dom Afonso Henriques para as
negociações mais detalhadas, que foram demoradas e difíceis, tendo estado
muitas vezes em perigo de ruptura. O acordo finalmente conseguido não foi fácil
para o lado português, naturalmente quem mais estava interessado nele mais teve
que ceder para o obter, acabando por se basear em 3 questões importantes.
Os bens do
inimigo pertenceriam aos cruzados; que o saque da cidade seria todos para eles,
incluindo prisioneiros e seus resgates
Aqueles que
quisessem ficar a viver em Portugal, poderiam guardar aqui as liberdades, usos
e costumes dos seus países.
Gozar de
imunidade fiscal, digamos assim, isentados de pagamento de portagens e peagens
para os seus navios e mercadorias.
Antes de se
iniciarem as hostilidades, os cristãos tentaram convencer os mouros a
renderem-se argumentando que a terra da Hispânia, pertencia de direito aos
cristãos, como era de prever os anciãos dos sitiados, responderam que não se
rendiam, pois o destino dos homens está nas mãos de Deus.
Ao fim de
algum tempo de cerco os alimentos começaram a faltar. Um ataque mais impetuoso
após a construção duma terceira torre pelos anglo-normandos, permitiu um
assalto que levou os sitiados a pedir tréguas.
Os mouros
consideraram-se perdidos e pediram tréguas de 24 horas para se poder negociar a
capitulação. Fernão Peres Cativo e Herven de Glanville o comandante inglês,
foram os negociadores pelo lado cristão, exigindo como garantia, da sua
rendição que os mouros entregassem 5 reféns, que foram postos sob a guarda do
Rei de Portugal.
Muitos
Cruzados se insurgiam contra esta situação, considerando que deviam ser eles a
guardar os reféns, porque temiam uma traição do Rei português (pelos vistos a
sua fama não era a melhor).
Dom Afonso Henriques decidiu então negociar a rendição, passando para segundo plano esta questão vinda principalmente dos alemães e flamengos.
Dom Afonso Henriques decidiu então negociar a rendição, passando para segundo plano esta questão vinda principalmente dos alemães e flamengos.
A rendição foi
então negociada neste termos " a cidade render-se-ia ao Rei, ficando o
alcaide e um seu genro com tudo o que lhes pertencesse e os demais habitantes
só com as vitualhas que tivessem".
De novo a confusão se instalou, pois este novo acordo contrairia o que fora previsto no contrato inicial entre o Rei e os Cruzados.
De novo a confusão se instalou, pois este novo acordo contrairia o que fora previsto no contrato inicial entre o Rei e os Cruzados.
Acusavam Dom Afonso
de favorecimento aos mouros, chegando a amotinar-se e a criar grande confusão.
Esta atitude exigiu um endurecimento da posição do Rei de Portugal, ameaçando abandonar o cerco por "preferir a própria honra ao senhorio de Lisboa".
Esta atitude exigiu um endurecimento da posição do Rei de Portugal, ameaçando abandonar o cerco por "preferir a própria honra ao senhorio de Lisboa".
A 23 de
Outubro finalmente o acordo, com a aceitação pelos Cruzados, das condições
acordadas pelo Rei de Portugal.
Primeiro entrou
no castelo uma guarda avançada composta por 140 anglo-normandos e 160 alemães e
flamengos, para os mouros lhes entregarem os seus haveres, enquanto
inspeccionavam a cidade.
Em 25 de
Outubro finalmente precedido pelos chefes militares estrangeiros e pelos bispos
portugueses, Dom Afonso Henriques entrou no Castelo, e na torre mais elevada
colocou uma cruz de Cristo.
Algumas
escaramuças foram acontecendo, as atrocidades foram mínimas em especial
atribuídas aos cruzados alemães e flamengos e nesse mesmo dia os mouros
começaram a abandonar a cidade.
A vitória estava consumada e Lisboa o principal porto da Península Ibérica, não mais voltaria a ser dominado pelo mouros. Ao mesmo tempo os castelos dos arredores de Lisboa como Sintra, Palmela e Almada de imediato se submeteram ao Rei de Portugal
A vitória estava consumada e Lisboa o principal porto da Península Ibérica, não mais voltaria a ser dominado pelo mouros. Ao mesmo tempo os castelos dos arredores de Lisboa como Sintra, Palmela e Almada de imediato se submeteram ao Rei de Portugal
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