António
Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, nasceu em Estarreja, Avanca, Vilarinho do
Bairro a 29 de Novembro de 1874 tendo morrido em Lisboa a 13 de Dezembro de 1955.
Foi médico, neurologista, investigador, professor, político e escritor.
Responsável
pela criação da leucotomia pré-frontal, foi galardoado, como resultado, com o Nobel
de Fisiologia ou Medicina de 1949, partilhado com Walter Rudolf Hess.
Seu tio
paterno e padrinho, o padre Caetano de Pina Resende Abreu e Sá Freire,
insistiria para que ao apelido (sobrenome) fosse adicionado Egas Moniz, em
virtude de a família de Resende descender em linha directa de Egas Moniz, o
mordomo de Dom Afonso Henriques.
Tendo
completado a instrução primária na Escola do Padre José Ramos, em Pardilhó, e o
Curso Liceal no Colégio de S. Fiel, dos Jesuítas, em Louriçal do Campo,
concelho de Castelo Branco. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra,
onde começou por ser lente substituto, leccionando anatomia e fisiologia.
Em 1911
foi transferido para a recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade de
Lisboa onde foi ocupar a cátedra de neurologia como professor catedrático.
Em 1950 é fundado, no Hospital Júlio de Matos, o Centro
de Estudos Egas Moniz, do qual é presidente. O Centro de Estudos é, em 1957
transferido para o serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria onde existe
ainda hoje compreendendo, entre outros, o Museu Egas Moniz (onde se encontra
uma restituição do seu gabinete de trabalho com as peças originais, vários
manuscritos, entre outros).
A sua acção contribuiu decisivamente para o
desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias
do cérebro. A Angiografia Cerebral, que descobriu após longas experiências com raios
X, tornou possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras malformações
no cérebro humano e abriu novos caminhos para a cirurgia cerebral.
A 5 de
Outubro de 1928, as suas descobertas clínicas foram reconhecidas, tendo sido agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de
Benemerência e a 3 de Março de 1945 e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de
Sant'Iago da Espada.
Para além
da sua actividade científica Egas Moniz teve também papel activo na vida
política. Foi fundador do Partido Republicano Centrista, dissidência do Partido
Evolucionista tendo apoiado o breve regime de Sidónio Pais, durante o qual
exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid (1917) e Ministro dos
Negócios Estrangeiros (1918). Entretanto o seu partido fundir-se-ia com o Partido
Sidonista. Foi ainda um notável escritor e autor de uma notável obra literária, de onde se destacam as obras "A nossa casa" e "Confidências de um investigador científico". É também autor de um notável ensaio de crítica literária, "Júlio Dinis e a sua obra" (1924), onde demonstra que o escritor Júlio Dinis se inspirou em personagens reais oriundas de Ovar na criação das figuras principais dos seus romances "A Morgadinha dos Canaviais" e "Pupilas do Senhor Reitor". Egas Moniz também escreveu sobre pintura e reuniu uma notável colecção de pintura naturalista, actualmente aberta ao público na Casa-Museu Egas Moniz, em Estarreja, onde se destacam obras de Silva Porto, José Malhoa e Carlos Reis, além de peças de louça, prata e mobiliário de variada proveniência, testemunho o seu grande interesse e apurado gosto pelas artes plásticas e decorativas.
António Egas Moniz foi proposto cinco vezes (1928, 1933,
1937, 1944 e 1949) ao Nobel de Fisiologia ou Medicina, sendo galardoado em
1949. A primeira delas acontece alguns meses depois de ter publicado o primeiro
artigo sobre a encefalografia arterial e, subsequentemente, ter feito, no
Hospital de Necker, em Paris, uma demonstração da técnica encefalográfica. Este
imediatismo não era uma coisa absolutamente ridícula pois, na verdade, «a
vontade de Alfred Nobel era precisamente a de galardoar trabalhos desenvolvidos
no ano anterior ao da atribuição do Prémio».
A técnica desenvolvida por Egas Moniz, a operação ao
cérebro denominada lobotomia, após forte controvérsia deixou de ser praticada
na década de 1960. Familiares de pacientes que sofreram aquela intervenção
cirúrgica exigiram que fosse anulada a atribuição do Prémio Nobel feita a Egas
Moniz.
Sem comentários:
Enviar um comentário