quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Egas Moniz - Prémio Nobel da Medicina

A 27 de Outubro de 1949 - O médico português Egas Moniz (1874-1955) recebe o Prémio Nobel da Medicina

António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, nasceu em Estarreja, Avanca, Vilarinho do Bairro a 29 de Novembro de 1874 tendo morrido em Lisboa a 13 de Dezembro de 1955. Foi médico, neurologista, investigador, professor, político e escritor.

Responsável pela criação da leucotomia pré-frontal, foi galardoado, como resultado, com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1949, partilhado com Walter Rudolf Hess.

Seu tio paterno e padrinho, o padre Caetano de Pina Resende Abreu e Sá Freire, insistiria para que ao apelido (sobrenome) fosse adicionado Egas Moniz, em virtude de a família de Resende descender em linha directa de Egas Moniz, o mordomo de Dom Afonso Henriques.

Tendo completado a instrução primária na Escola do Padre José Ramos, em Pardilhó, e o Curso Liceal no Colégio de S. Fiel, dos Jesuítas, em Louriçal do Campo, concelho de Castelo Branco. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, onde começou por ser lente substituto, leccionando anatomia e fisiologia.
Em 1911 foi transferido para a recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa onde foi ocupar a cátedra de neurologia como professor catedrático.

Em 1950 é fundado, no Hospital Júlio de Matos, o Centro de Estudos Egas Moniz, do qual é presidente. O Centro de Estudos é, em 1957 transferido para o serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria onde existe ainda hoje compreendendo, entre outros, o Museu Egas Moniz (onde se encontra uma restituição do seu gabinete de trabalho com as peças originais, vários manuscritos, entre outros).
A sua acção contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias do cérebro. A Angiografia Cerebral, que descobriu após longas experiências com raios X, tornou possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras malformações no cérebro humano e abriu novos caminhos para a cirurgia cerebral.

A 5 de Outubro de 1928, as suas descobertas clínicas foram reconhecidas, tendo sido  agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Benemerência e a 3 de Março de 1945 e com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
Para além da sua actividade científica Egas Moniz teve também papel activo na vida política. Foi fundador do Partido Republicano Centrista, dissidência do Partido Evolucionista tendo apoiado o breve regime de Sidónio Pais, durante o qual exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid (1917) e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1918). Entretanto o seu partido fundir-se-ia com o Partido Sidonista.
Foi ainda um notável escritor e autor de uma notável obra literária, de onde se destacam as obras "A nossa casa" e "Confidências de um investigador científico". É também autor de um notável ensaio de crítica literária, "Júlio Dinis e a sua obra" (1924), onde demonstra que o escritor Júlio Dinis se inspirou em personagens reais oriundas de Ovar na criação das figuras principais dos seus romances "A Morgadinha dos Canaviais" e "Pupilas do Senhor Reitor". Egas Moniz também escreveu sobre pintura e reuniu uma notável colecção de pintura naturalista, actualmente aberta ao público na Casa-Museu Egas Moniz, em Estarreja, onde se destacam obras de Silva Porto, José Malhoa e Carlos Reis, além de peças de louça, prata e mobiliário de variada proveniência, testemunho o seu grande interesse e apurado gosto pelas artes plásticas e decorativas.

António Egas Moniz foi proposto cinco vezes (1928, 1933, 1937, 1944 e 1949) ao Nobel de Fisiologia ou Medicina, sendo galardoado em 1949. A primeira delas acontece alguns meses depois de ter publicado o primeiro artigo sobre a encefalografia arterial e, subsequentemente, ter feito, no Hospital de Necker, em Paris, uma demonstração da técnica encefalográfica. Este imediatismo não era uma coisa absolutamente ridícula pois, na verdade, «a vontade de Alfred Nobel era precisamente a de galardoar trabalhos desenvolvidos no ano anterior ao da atribuição do Prémio».
A técnica desenvolvida por Egas Moniz, a operação ao cérebro denominada lobotomia, após forte controvérsia deixou de ser praticada na década de 1960. Familiares de pacientes que sofreram aquela intervenção cirúrgica exigiram que fosse anulada a atribuição do Prémio Nobel feita a Egas Moniz.


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