17 de Janeiro de 395 – Separação do Império
Romano
Teodósio I, dito o Grande (nascido Flávio Teodósio, em Coca, Hispânia, a 11 de Janeiro de 347 d.C. morreu em Milão a 17 de Janeiro de 395 d.C.). Foi imperador romano desde 379 d.C. até à sua morte. Promovido à dignidade imperial após o Desastre de Adrianopolis, primeiro compartilhou o poder com Graciano e Valentiniano II. Em 392 d.C., Teodósio reuniu as porções oriental e ocidental do império, sendo o último imperador a governar todo o mundo romano. Após a sua morte, as duas partes do Império Romano separaram-se, definitivamente, em Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente.
No que diz
respeito à política religiosa, tomou a transcendental decisão de fazer do
cristianismo niceno ou catolicismo a religião oficial do Império mediante o
Édito de Tessalónica[i] de 380
d.C.
O Império Romano foi o período pós-republicano da
antiga civilização romana, caracterizado por uma forma de governo autocrática
liderada por um imperador e por extensas possessões territoriais em volta do
mar Mediterrâneo na Europa, África e Ásia.
A república
que o antecedeu ao longo de cinco séculos encontrava-se numa situação de
elevada instabilidade, na sequência de diversas guerras civis e conflitos
políticos, durante os quais Júlio César foi nomeado ditador perpétuo e
assassinado em 44 a.C. As guerras civis culminaram na vitória de Otávio, filho
adotivo de César, sobre Marco António e Cleópatra na batalha de Áccio em 31 a.C.
Detentor de uma autoridade inquestionável, em 27 a.C. o senado romano atribuiu
a Otávio poderes absolutos e o novo título Augusto[ii],
assinalando desta forma o fim da república.
O período
imperial prolongou-se por cerca de 500 anos. Os primeiros dois séculos foram
marcados por um período de prosperidade e estabilidade política sem precedentes
denominado Pax Romana. Na sequência da vitória de Augusto e da posterior
anexação do Egito, a dimensão do império aumentou consideravelmente. Após o
assassinato de Calígula em 41 d.C., o senado considerou restaurar a república,
o que levou a guarda pretoriana a proclamar Cláudio imperador. Durante este
período, assistiu-se ao maior alargamento do império desde a época de Augusto.
Após o suicídio de Nero em 68, teve início um breve período de guerra civil,
durante o qual foram proclamados imperadores quatro generais. Em 69, Vespasiano
triunfou sobre os restantes, estabelecendo a dinastia flaviana. O seu filho,
Tito, inaugurou o Coliseu de Roma, pouco após a erupção do Vesúvio. Após o
assassinato de Domiciano, o senado nomeou o primeiro dos cinco bons
imperadores, período durante o qual o império atingiu o seu apogeu territorial
no reinado de Trajano.
O assassinato
de Cómodo em 192 desencadeou um período de conflito e declínio denominado ano
dos cinco imperadores, do qual Septímio Severo saiu triunfante. O assassinato
de Alexandre Severo, em 235, levou à crise do terceiro século, durante a qual o
senado proclamou 26 imperadores ao longo de cinquenta anos. A imposição de uma
Tetrarquia proporcionou um breve período de estabilidade, embora no final tenha
desencadeado uma guerra civil que só terminou com o triunfo de Constantino em
relação aos rivais. Agora único governante do império, Constantino mudou a
capital para Bizâncio, rebatizada Constantinopla em sua honra, a qual
permaneceu capital do oriente até 1453. Constantino também adotou o
cristianismo, que mais tarde se tornaria a religião oficial do império. A
seguir à morte de Teodósio, o domínio imperial entrou em declínio como
consequência de abusos de poder, guerras civis, migrações e invasões bárbaras,
reformas militares e depressão económica. A deposição de Rómulo Augusto por
Odoacro é o evento geralmente aceite para assinalar o fim do império ocidental[iii].
No entanto, o Império Romano do Oriente prolongou-se por mais um milénio, tendo
sido conquistado pelo Império Otomano em 1453.
O Império
Romano foi uma das mais fortes potências económicas, políticas e militares do
seu tempo. Foi o maior império da antiguidade Clássica e um dos maiores da
História. No apogeu da sua extensão territorial exercia autoridade sobre mais
de cinco milhões de quilómetros quadrados e uma população de mais de 70 milhões
de pessoas, à época 21% da população mundial. A longevidade e extensão do império
proporcionaram uma vasta influência na língua, cultura, religião, técnicas,
arquitetura, filosofia, lei e formas de governo dos estados que lhe sucederam.
Ao longo da Idade Média foram feitas diversas tentativas de estabelecer
sucessores do Império Romano, entre as quais o Império Latino e o Sacro Império
Romano-Germânico. A expansão colonial europeia, entre os séculos XV e XX,
difundiu a cultura romana a uma escala mundial, desempenhando um papel
significativo na construção do mundo contemporâneo.
[i]
O Édito de Tessalônica, também conhecido
como Cunctos Populos ou De Fide Catolica foi decretado pelo
imperador romano Teodósio I a 27 de fevereiro de 380 d.C. pelo qual estabeleceu
que o cristianismo tornar-se-ia, exclusivamente, a religião de estado, no
Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas dentro do império e
fechando templos pagãos.
[ii]
Augusto (Augustus, plural: augusti, Latim para "majestoso," "o
exaltado," ou "venerável") foi um título antigo romano dado
tanto como nome e título para Caio Otávio (frequentemente referido simplesmente
como Augusto), o primeiro imperador de Roma. Com sua morte, tornou-se um título
oficial de seu sucessor, e foi também usado por imperadores romanos daí em
diante
[iii] O Império Romano do Ocidente sofreu invasão dos povos
bárbaros, já enfraquecido internamente, caiu em 476 com a deposição do
imperador Rômulo Augusto. Outros reis estabeleceram-se em Roma, embora não mais
usassem o título de "imperador romano".
O Império Oriental, com capital em Constantinopla,
continuou a existir por quase mil anos, até 1453.
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