A partir de
1517, com a publicação das famosas 95 teses de Martinho Lutero (31 de Outubro
de 1517) contra a situação em que se encontrava a Igreja Católica, situação
essa que este personagem histórico julgava altamente reprovável e necessitada
de revisões e reformulações, deu-se inico às chamadas Reformas Protestantes. A
reforma empreendida por Lutero, isto é, a Reforma Luterana ou ainda luteranismo,
foi a primeira de uma serie que se seguiu no século XVI. O calvinismo e o anglicanismo
constituem outras correntes reformistas da mesma época que desencadearam
processos de disputas políticas e guerras civis que só se estabilizaram um
século depois.
No meio dessa
situação caótica, a Igreja Católica, na tentativa de remediar os efeitos das
reformas e precaver-se contra a iminência de outros programas reformistas, estabeleceu
algumas diretrizes. Essas diretrizes ficaram conhecidas como Contrarreforma. Um
dos pontos mais importantes da Contrarreforma Católica foi a reunião do Concílio
de Trento.
Um concílio
consiste na reunião das principais autoridades eclesiásticas para deliberar
sobre assuntos doutrinais (isso só sobre os artigos que fundamentam os dogmas
da Igreja católica) e/ou pastorais (isto é, o modo de evangelização,
comportamento e conduta de clérigos e leigos católicos). O Concílio de Trento decorreu
entre os anos de 1545 e 1563 com o objetivo de tomar posições referentes às
críticas dos reformistas protestantes.
Este Concílio foi
o décimo nono conselho ecumênico reconhecido pela Igreja Católica Romana. Foi
convocado pelo papa Paulo III, em 1542, e durou entre 1545 e 1563. Teve este
nome, pois a sua realização ocorreu na cidade de Trento, região norte da
Itália.
O Concílio
tinha como objetivo estreitar a união da Igreja e reprimir os abusos. Neste concílio,
os teólogos mais famosos da época elaboraram os decretos, que depois foram
discutidos pelos bispos em sessões privadas. Interrompido diversas vezes, o concílio
decorreu ao longo de 18 anos tendo os seus trabalhos sido concluídos somente em
1562, tendo sido realizadas 25 sessões plenárias em três períodos diferentes
(1545 a 1547; 1551 a 1552; 1562 a 1563).
Todo o corpo
das doutrinas católicas foi discutido à luz das críticas da doutrina
protestante. O concílio condenou a doutrina protestante da justificação pela
fé, proibiu a intervenção dos príncipes nos negócios eclesiásticos e a
acumulação de benefícios; também definiu o pecado original e declarou, como
texto bíblico autêntico a tradução de São Jerônimo denominada
"vulgata" (popular, ou de uso popular, em latim) (Fim do Século IV
inicio do Século V).
Os sete sacramentos, Batismo, Crisma
ou Confirmação, Eucaristia, Reconciliação ou Penitência, Unção dos enfermos, Ordem,
Matrimônio, foram
mantidos, assim como o celibato clerical, indissolubilidade do
matrimônio, o culto dos santos e relíquias, a doutrina do purgatório e as indulgências, da hierarquia do clero e da crença na imagem da
Igreja Católica como o “corpo místico de Cristo na Terra”, que depende da graça
divina, alimentada pelos sacramentos, sobretudo pela confissão e comunhão. Como
está destacado em uma das decisões do concílio: “Se alguém disser que o homem se pode
justificar para com Deus por suas próprias obras […] ou pela doutrina da lei,
sem a divina Graça adquirida por Jesus Cristo, seja excomungado.”
Foi também recomendando a criação de escolas para a
preparação dos que quisessem ingressar no clero, denominando-as seminários.
Outra
instituição do Concílio de Trento foi o Index
Librorum Proibitorum, isto é, o livro com os livros proibidos pela Igreja.
Obras como O Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, e Decameron, de
Boccaccio, foram inclusos no referido índice.
Ao contrário
dos concílios anteriores, foi estabelecida neste a supremacia dos papas, tendo
o papa Pio IV que ratificar suas decisões.
As primeiras
nações a aceitarem incondicionalmente as resoluções do concílio foram Portugal,
Espanha, Polônia e os estados italianos. A França, dividida pelas lutas entre
católicos e protestantes demorou mais de meio século para aceitar oficialmente
as normas e dogmas estatuídos pelo concílio, sendo mesmo o último estado
europeu a fazê-lo.
Na altura da
promulgação das decisões do Concílio de Trento, as ideias protestantes já
haviam se espalhado por toda a Europa Ocidental e Setentrional, e o propósito deste
concílio, de reafirmar as doutrinas tradicionais e reorganizar o predomínio
católico foram seguidas de reações distintas: uma na área teológica e outra na
área vivencial. Um dos papas teria confessado que Deus permitiu a revolta
protestante por causa dos pecados dos homens, "especialmente dos
sacerdotes e prelados". A cristandade a partir daí permaneceria
definitivamente dividida entre católicos e protestantes, sem mencionar a
divisão anterior, ocorrida em 1054 entre Igreja Cristã e Igreja Ortodoxa Grega.
Outras decisões do
Concílio de Trento:
a.
Condenação
à venda de indulgências (um dos principais motivos da Reforma Protestante, que
foi duramente questionada por Martinho Lutero).
b.
Confirmação
do princípio da salvação pelas obras e pela fé.
c.
Ressaltou
a importância da missa dentro da liturgia católica.
d.
Confirmou
o culto aos santos e à Virgem Maria.
e.
Reativação
da Inquisição (Tribunal do Santo Ofício).
f.
Reafirmou
a doutrina da infalibilidade papal.
g.
Confirmação
dos sete sacramentos.
h.
Proibição
do casamento para os membros clero (celibato clerical).
i.
Medidas
e decretos visando à unidade católica e o fortalecimento da hierarquia
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