O Restauro ou Restauração da Independência é
a designação dada ao golpe de estado que ocorreu a 1 de Dezembro de 1640.
Chefiada por um grupo designado de “Os Quarenta Conjurados”, esta revolução
alastrou-se por todo o Reino, mostrando a revolta dos portugueses conta a
tentativa de anulação da independência do Reino de Portugal e pela governação
castelhana com a Dinastia Filipina, que viria a culminar com a instauração da
quarta dinastia portuguesa e com a aclamação de D. João IV.
Em 1578, o rei D. Sebastião
era ainda muito novo (24 anos - Lisboa, 20 de Janeiro de 1554 – Alcácer-Quibir,
4 de Agosto de 1578) e ansiava tornar-se famoso pelos seus feitos de armas.
Decidiu, por isso, preparar um exército para combater os Mouros no Norte de África.
Cansado e mal preparado o exército português sofreu uma pesada derrota na
Batalha de Alcácer Quibir, que levou ao desaparecimento da maior parte nobreza
do reino, incluindo o rei D. Sebastião. O seu sucessor, o Cardeal D. Henrique,
veio a falecer sem descendência dois anos depois. Com o fim da descendência
direta de João III de Portugal, havia quatro hipóteses de sucessão: Catarina de
Portugal ou o seu filho Teodósio, António ou Filipe II de Espanha.
Filipe II de Espanha acabou por
ser reconhecido como rei de Portugal, por ser o parente mais próximo nas Cortes
de Tomar de 1581, e também beneficiou de vários fatores como a força do
exército, a fama de boa administração e os argumentos monetários (e também
alguns subornos e ameaças militares). Não demorou muito a obter o apoio do alto
clero, da maior parte da nobreza, dos intelectuais, dos burocratas e dos
comerciantes. Até o duque de Bragança teve de se submeter e de aceitar a
candidatura filipina.
Iniciou-se assim um período de 60
anos em que Portugal e Espanha foram governados pelo mesmo rei.
Uma união ibérica tornava-se na
altura uma ideia muito viável a nível económico, social e cultural. A nobreza
portuguesa estava segura de que não iria perder as suas regalias, pois o Rei
Filipe II concedeu os direitos pedidos pelos três estados. A nível económico e
social Portugal cresceu pois a troca de bens entre os países era muito mais
facilitado e aliavam-se nas batalhas com os inimigos que possuíam (franceses e
ingleses, e mais tarde os holandeses).
A nível cultural, uma União Ibérica iria completar o crescente processo de castelhanização que Portugal vinha a sofrer, da mesma forma que as influências culturais portuguesas se assinalavam em Castela. Só em finais do século XV e durante todo o século XVI é que a maioria dos autores, cortesões e homens educados portugueses se mostraram aptos para falar e escrever em castelhano, como foi o caso de Gil Vicente, o criador do teatro nacional, que escreveu em castelhano cerca de um quarto das peças que realizou.
A nível cultural, uma União Ibérica iria completar o crescente processo de castelhanização que Portugal vinha a sofrer, da mesma forma que as influências culturais portuguesas se assinalavam em Castela. Só em finais do século XV e durante todo o século XVI é que a maioria dos autores, cortesões e homens educados portugueses se mostraram aptos para falar e escrever em castelhano, como foi o caso de Gil Vicente, o criador do teatro nacional, que escreveu em castelhano cerca de um quarto das peças que realizou.
Depois de deixar Portugal para
não mais voltar em 1583, Filipe II nomeou Alberto, arquiduque de Áustria e o
seu sobrinho favorito, a governar o país em seu nome. As normas específicas do
governo ao país, entregues pelo monarca ao novo governador, confirmavam os
artigos jurados em Tomar.
Depois de mais de dez anos de
descalabro governativo, de atos irresponsáveis e de impostos crescentes, o povo
português parecia aceitar menos mal a perda da independência, pois a boa
administração de Filipe II soube minorar o problema. Em 1593 Alberto é chamado
por Filipe II para Madrid, ficando Portugal novamente sem governador. O
primeiro conselho de regentes durou até 1600, entretanto Filipe II morreria em
1598 e Filipe III foi aclamado Rei. Em 1602 foram nomeados ministros
castelhanos para o conselho de Portugal, violando os direitos de 1581, levando
a uma insatisfação do povo português. Para apaziguar os descontentes, Filipe
III veio para Portugal em 1619 onde esteve poucos meses e voltou para Espanha
dando a regência do país a bispos e arcebispos que governavam na qualidade de
vice-reis.
Filipe III morre em 1621 e o seu
sucessor, Filipe IV, com apenas 16 anos confiou o governo a Gaspar Filipe de
Guzmán, dando início ao declínio do poderio espanhol. Com o fim do tratado de
paz de 12 anos entre a Espanha e a Holanda, estes iniciaram uma dura batalha e,
em 1630, a França alinha forças contra a Espanha. Portugal também era atacado,
sobretudo por holandeses. A insatisfação dos portugueses era cada vez maior:
tinham de dar grandes impostos a Espanha, tinham a necessidade de comprar
recursos para as batalhas e, para além disso, Espanha usava os portugueses para
batalhas espanholas. As modificações introduzidas na regência reflectiram bem
os problemas com que se debatia Guzmán e a sua maneira autoritária de lidar com
eles. Uma vez mais vieram vice-reis para Portugal, ambos portugueses e ambos
sem disposição para apoiar Guzmán nos seus atos. Todos se deram conta do perigo
em que Guzmán estava ao forçar a centralização e sabiam que tinham que fazer
alguma coisa se não queriam que acontecesse uma revolução.
A ideia de recuperar a
independência ganhava cada vez mais adeptos e vários grupos sociais começaram a
aderir. Os burgueses estavam muito desapontados e empobrecidos com os ataques
aos territórios portugueses e aos navios que transportavam os produtos que
vinham dessas regiões. A concorrência dos holandeses, ingleses e franceses
diminuía-lhes o negócio e os lucros. Os nobres descontentes viam os seus cargos
ocupados pelos espanhóis, tinham perdido privilégios, eram obrigados a
alistar-se no exército espanhol e a suportar todas as despesas. Na prática,
Portugal era como se fosse uma província espanhola governada de longe, sem
qualquer preocupação com os interesses e necessidades das pessoas que cá
viviam, servindo-se delas apenas para pagar impostos que ajudavam a pagar as
despesas do Império Espanhol que também já estava em declínio. Foi então que um
grupo de nobres, cerca de 40, se começou a reunir, secretamente, procurando
analisar a melhor forma de organizar uma revolta contra Filipe IV de Espanha.
Os nobres revoltosos convenceram
D. João de Bragança, que vivia no seu palácio de Vila Viçosa, a aderir à
conspiração e, no dia 1 de Dezembro de 1640, cerca de 120 revolucionários
invadiram de surpresa o Palácio Real (Paço da Ribeira), prenderam a Duquesa de
Mântua, representante da coroa espanhola, obrigando-a a dar ordens às suas
tropas para se renderem. Rebuscaram a sala do secretário Miguel de Vasconcelos
e, encontrando-o escondido num grande armário de madeira, assassinaram-no sem
qualquer troca de palavras, tendo depois atirado o corpo pela janela para a
praça.
O duque de Bragança foi para
Lisboa alguns dias depois e foi aclamado como Rei D. João IV a 15 de Dezembro
de 1640. Começava a 4.ª Dinastia Portuguesa (Dinastia de Bragança).
Por todo o país, metropolitano e
ultramarino, as notícias da mudança do regime e do novo juramento de fidelidade
ao Rei D. João IV foram recebidas e obedecidas sem qualquer dúvida. Portugal
era novamente um país independente.
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