A 6 de Dezembro de 1185, morre, em Coimbra, D. Afonso
Henriques, primeiro rei de Portugal.
Afonso Henriques era filho de D. Henrique de Borgonha e de D.
Teresa, infanta de Leão, filha ilegítima do rei Afonso VI de Leão e Castela, a
quem Afonso VI doara o condado de Portucale pelo casamento. A data e local do
seu nascimento não estão determinados de forma inequívoca.
Terá nascido
em Coimbra, ou mais provavelmente em Viseu em 5 de Agosto de 1109, de acordo
com a tese recente de Armando de Almeida Fernandes, e foi, possivelmente,
criado em Guimarães onde viveu até 1128.
Casou em
1145/1146 com D. Mafalda de Sabóia, que nasceu em data incerta, e morreu em
Coimbra a 4 de Novembro de 1157, ficando sepultada no Convento de Santa Cruz;
filha de Amadeu II, conde de Sabóia e Piemonte, e da condessa Mafalda de Albon.
Tiveram pelo menos 11 filhos dos quais se destaca Dom Sancho I que veio a
suceder a pai como 2º Rei de Portugal.
Em 1120, sob a
direcção do arcebispo de Braga, Dom Paio Mendes, tomou uma posição política
oposta à de sua mãe Dom Teresa que apoiava o partido dos Travas[i] que pretendiam tomar a
soberania do espaço galaico-português.
Forçado a
emigrar leva consigo o infante que em 1122 se arma cavaleiro em Tui ou, segundo
outras fontes, em Zamora. Restabelecida a paz, voltam ao condado. Entretanto
novos incidentes provocam a invasão do condado portucalense pelo seu primo, Dom
Afonso VII, que, em 1127, cerca Guimarães onde se encontrava Dom Afonso
Henriques. Sendo-lhe prometida a lealdade deste, pelo seu aio Egas Moniz, Dom
Afonso VII desiste de conquistar a cidade.
Mas alguns
meses depois, em 1128, as tropas de Teresa de Leão e Fernão Peres de Trava
defrontaram-se com as de Afonso Henriques na batalha de São Mamede, tendo as
tropas do infante saído vitoriosas – o que consagrou a sua autoridade no território
portucalense, levando-o a assumir o governo do condado. Consciente da
importância das forças que ameaçavam o seu poder, concentrou os seus esforços
em negociações junto da Santa Sé com um duplo objectivo: alcançar a plena
autonomia da Igreja portuguesa e obter o reconhecimento do Reino.
Em 1139,
depois de uma estrondosa vitória na batalha de Ourique[ii]
[iii]
contra um forte contingente mouro, D. Afonso Henriques autoproclamou-se rei de
Portugal, com o apoio das suas tropas. Segundo a tradição, a independência foi
confirmada mais tarde, nas míticas cortes de Lamego, quando recebeu a coroa de
Portugal do arcebispo de Braga, D. João Peculiar, se bem que estudos recentes
questionem a reunião destas cortes. Em 1140 Afonso assina pela primeira vez
"Ego Alfonsus portugalensium Rex".
O
reconhecimento surgiu a 5 de Outubro de 1143, através do tratado de Zamora, assinado
por Dom Afonso Henriques e pelo seu primo Dom Afonso VII , Rei de Leão e de
Castela e deve-se ao desejo de Afonso VII de Leão e Castela tomar o título de imperador
de toda a Hispânia e, como tal, necessitar de reis como vassalos. Desde então,
Afonso I procurou consolidar a independência por si declarada levando a cabo
uma política de importantes doações à Igreja e fundando diversos conventos.
Outra vertente
da sua política traduziu-se no início da expansão territorial para sul procurando
conquistar e povoar território então nas mãos dos mouros: Leiria em 1135 (1145,
conquista final) usando a técnica de assalto; Santarém em 1146 (1147, conquista
final), também utilizando a técnica de assalto; Lisboa (onde utilizou o cerco
como táctica de conquista, graças à ajuda dos cruzados), Almada e Palmela em
1147, Alcácer em 1160 e depois quase todo o Alentejo, que posteriormente seria
recuperado pelos mouros, pouco antes de D. Afonso falecer (em 1185).
Em 1179,
finalmente, o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como país independente e
vassalo da Igreja, através da bula Manifestis Probatum.
[i]
A Casa de Trava teve origem numa família
da nobreza do Reino de Galiza que teve grande poder económico e político em
todo o norte da península Ibérica durante o século XI e o século XII. Entre dos
descendentes desta casa encontram muitos monarcas de vários países da Europa.
[iii] A Batalha de
Ourique desenrolou-se muito provavelmente nos campos de Ourique, no
actual Baixo Alentejo (sul de Portugal)
em 25 de Julho de 1139 — significativamente, de
acordo com a tradição, no dia do provável aniversário D. Afonso
Henriques e de São Tiago, que a lenda popular tinha
tornado patrono da luta contra os mouros; um dos nomes populares do santo, era
precisamente "Matamouros".
Foi travada numa das
incursões que os cristãos faziam em terra de mouros para apreenderem gado,
escravos e outros despojos. Nela se defrontaram as tropas cristãs, comandadas
por D. Afonso Henriques, e as muçulmanas, supostamente em número bastante maior.
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