Foi a 18 de
Dezembro de 1961, que o então segundo-tenente Oliveira e Carmo ao comando da
lancha Vega, entrou em combate com a força aérea indiana. Conseguiu atingir um
avião, mas foi atingido mortalmente por uma rajada de tiros de outro
avião.
Não podemos esquecer que esta história começou a ser escrita
em 1947, quando os britânicos deram a independência à Índia e Portugal se
recusou a devolver os territórios que tinha sob seu domínio. Teve um segundo
capítulo em 1954, com a perda dos territórios ultramarinos de Dadrá e
Nagar-Haveli.
Jorge Manuel
Catalão de Oliveira e Carmo foi um oficial da Marinha Portuguesa que se
distinguiu pela sua morte em combate depois de uma acção heróica contras as
forças da União Indiana que invadiam a Índia Portuguesa[i].
Oliveira e
Carmo nasceu em Santo Estêvão, concelho de Alenquer, no dia 26 de Setembro de
1936.
Concluindo o ensino
secundário no Liceu Pedro Nunes, ingressou na Escola do Exército em Outubro de
1954, para depois entrar no curso "D. Duarte de Almeida" da Escola
Naval. Em Maio de 1958 foi promovido a guarda-marinha e em Dezembro do mesmo
ano a segundo-tenente.
Prestou serviços na superintendência dos Serviços da Armada e no Comando da flotilha de patrulhas, e foi chefe dos Serviços de Informação de Combate, Navegação e Artilharia em vários navios. Serviu a bordo dos navios patrulha "Boa Vista" e "Porto Santo" e na fragata "Pêro Escobar".
Prestou serviços na superintendência dos Serviços da Armada e no Comando da flotilha de patrulhas, e foi chefe dos Serviços de Informação de Combate, Navegação e Artilharia em vários navios. Serviu a bordo dos navios patrulha "Boa Vista" e "Porto Santo" e na fragata "Pêro Escobar".
Em 1961 foi
nomeado comandante da lancha de fiscalização "Vega" , um
"micro-navio de guerra" composto por uma metralhadora de 20mm e 8
homens de guarnição que devia assegurar a defesa marítima de Diu. Tal como
aconteceu com o aviso "Afonso de Albuquerque", a 17 de Dezembro de
1961 a "Vega" vê-se envolvida em confrontos com a União Indiana, ao
ser sobrevoada por 8 aviões de combate das forças indianas e atacada pelo
cruzador "Delhi". Embora seguindo as ordens do Estado-Maior da
Armada, tratou-se de um combate desigual pois Portugal, na Índia, dispunha de
poucos e fracos meios, tendo sido surpreendido pelo imenso arsenal (e sua
efectiva utilização) dos meios bélicos da União Indiana:
Navegando em
zig-zag, Oliveira e Carmo conseguiu evitar por diversas vezes que o seu navio
fosse atingido. Por fim sucedeu o inevitável. Uma rajada de projécteis
incendiários e explosivos atingiu em cheio a lancha, ferindo-o gravemente,
matando o marinheiro Ferreira e incendiando as munições que estavam no convés.
Pouco depois uma segunda rajada, disparada contra o navio imobilizado,
acabou-lhe com a vida e feriu gravemente mais três marinheiros.
Com a lancha a arder e as munições a explodirem, os seis marinheiros que restavam, três deles gravemente feridos, atiraram-se à água. O marinheiro Cardoso da Silva, que era bom nadador, conseguiu alcançar a balsa e trazê-la para junto dos companheiros, enquanto a Vega era engolida pelas águas. Depois de ter ajudado a subir para ela dois dos feridos graves, o Jardino e o Bagoim, bem como o Freitas que era fraco nadador, amarrou as fitas do seu colete de salvação à balsa e, com o corpo e os olhos cobertos de óleo, começou a rebocá-la, nadando em direcção a terra, que conseguiu alcançar ao fim de sete horas! Durante o trajecto o Jardino morreu.
Com a lancha a arder e as munições a explodirem, os seis marinheiros que restavam, três deles gravemente feridos, atiraram-se à água. O marinheiro Cardoso da Silva, que era bom nadador, conseguiu alcançar a balsa e trazê-la para junto dos companheiros, enquanto a Vega era engolida pelas águas. Depois de ter ajudado a subir para ela dois dos feridos graves, o Jardino e o Bagoim, bem como o Freitas que era fraco nadador, amarrou as fitas do seu colete de salvação à balsa e, com o corpo e os olhos cobertos de óleo, começou a rebocá-la, nadando em direcção a terra, que conseguiu alcançar ao fim de sete horas! Durante o trajecto o Jardino morreu.
O marinheiro Nobre,
pensando que era o último sobrevivente nadou em direcção à costa da União
Indiana que conseguiu alcançar. O grumete Ramos, gravemente ferido nas pernas,
conseguiu chegar a terra junto da fortaleza que, naquele momento, estava a ser
intensamente bombardeada pelo cruzador Delhi.
Fardado de branco
para, segundo afirmou, "morrer com mais honra"[ii],
Oliveira e Carmo morreu heroicamente no dia 18 de Dezembro, vítima de tiros no
peito, após as pernas lhe terem sido cortadas por prévias rajadas de
metralhadora. O seu navio afundou-se, tendo morrido ainda dois dos marinheiros
da guarnição e sobrevivendo cinco outros, três dos quais gravemente feridos.
O Comandante
tornou-se patrono do curso Oliveira e Carmo, 1962 - 1967. Postumamente foi
condecorado com a Ordem Militar da Torre e Espada (O. D. A. Nº172 de 3-2-1962)
e com a Medalha de Valor Militar com Palma, e promovido a capitão-tenente
(Decreto-Lei nº 44972, de 11 de Abril O/A. Nº 9, de 17-4-1963).
Em sua homenagem, a
Marinha Portuguesa baptizou uma das corvetas da Classe Baptista de Andrade com
o seu nome.
Alertado
periodicamente da difícil situação, pelo Governador-Geral, General Vassalo e
Silva, e pelo Arcebispo de Goa, Dom José Vieira Alvernaz o Governo Português continuava insensível e
convencido de que os nossos aliados iriam actuar em nosso favor, alterando as
intenções de Nehru e da Carta das Nações Unidas.
No dia 14 de
Dezembro, Salazar determinava, numa longa mensagem ao Governador-Geral, que a
missão das forças portuguesas era a de manter os “terroristas” em luta até que
chegassem os auxílios externos já solicitados aos nossos aliados. E,
textualmente, escrevia o seguinte excerto: “Não prevejo possibilidade de
tréguas nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois
sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos”. A
falta de realismo de Salazar era inadmissível, dados os condicionalismos da situação
e reflectia a falta de sensibilidade pela vida dos portugueses lá existentes.
No dia 18 de
Dezembro, cerca das 00:00 horas, as forças da União Indiana avançaram por todo
o lado e, no porto de Mormugão, iniciaram a luta. No navio “Afonso de
Albuquerque”, que procurou resistir durante cerca de quatro horas de combate, o
seu comandante, António da Cunha Aragão, foi gravemente ferido. Outros redutos
militares isolados também terão tentado resistir. Registaram-se, sobretudo aí,
alguns mortos e feridos.
No dia 19 de Dezembro, com a
tomada da cidade de Nova Goa, terminava praticamente a ocupação do Estado
Português da Índia. O General Vassalo e Silva – que estava com o seu
Estado-Maior num barracão próximo do porto, juntamente com D. José Vieira
Alvernaz – rendeu-se cerca do meio-dia, depois de ter a percepção que a
ocupação havia terminado. Hasteada a bandeira da União Indiana no Palácio do
Hidalcão, foram feitas as prisões dos jornalistas portugueses. Todavia, noutras
localidades, nomeadamente em Damão e Diu, como as comunicações eram muito
precárias, às 16 horas as tropas portuguesas ainda estavam debaixo de fogo.
Todos os prisioneiros, constituídos por militares, marinheiros, agentes fiscais
e policiais e jornalistas, foram concentrados em Goa até à sua libertação. O
último prisioneiro a sair de Goa, em Maio de 1962, foi o General Vassalo e
Silva, fazendo-o de avião para Karachi, Paquistão na companhia de um ajudante e
de um enfermeiro, com todas as honras e respeito por parte dos militares e
autoridades indianas.
Salazar
recusou-se sempre a aceitar a perda dos territórios na Índia, mantendo-os
representados na Assembleia Nacional. Só após o 25 de Abril de 1974 é que a
soberania indiana foi reconhecida por Portugal.
[i] Forças Portuguesas: Exército - 3300 Solados. Marinha –
Um aviso (NRP Afonso de Albuquerque) Três lanchas Rápidas (NRP ) Vitimas - 31 mortos em combate, 57 feridos em combate, 3306
prisioneiros de guerra.
Forças
Indianas: Exército - 45000 Solados. Marinha – um porta-aviões,
um cruzador,
três contra-torpedeiro e quatro fragatas.
Vitimas - 34 mortos em combate, 51 feridos em combate
[ii] Diz o relatório
elaborado pelos sobreviventes que «foi atingido mortalmente no peito» por
disparos de um avião; antes, já uma rajada lhe havia cortado «as pernas
totalmente pelas coxas». O segundo-tenente, de 25 anos, correu para a morte.
Começou por se fardar «de branco», explicando aos marinheiros «que assim
morreria com mais honra». Exortou-os a lutar até ao fim: «Fazemos parte da
defesa de Diu e da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala se
possível». Já ferido, despediu-se da mulher e do filho, beijando as fotografias
que trazia no bolso.
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