"Proclamo
diante de Africa e o Mundo a Independência de Angola".
O MPLA que
controlava a capital, Luanda, proclamou a Independência da República Popular de
Angola às 23:00 horas do dia 11 de Novembro de 1975, pela voz de Agostinho Neto
dizendo, "diante de África e do mundo proclamo a Independência de Angola”,
culminando assim o périplo independentista, iniciado no dia 4 de Fevereiro de 1961,
com a luta de libertação nacional, estabelecendo o governo em Luanda com a
Presidência entregue ao líder do movimento.
Holden Roberto,
líder da FNLA, proclamava a Independência da República Popular e Democrática de
Angola à meia-noite do dia 11 de Novembro, no Ambriz.
Nesse mesmo
dia, a independência foi também proclamada em Nova Lisboa (Huambo), por Jonas
Savimbi, líder da UNITA.
Logo depois da
declaração da independência teve inicio um longo período de Guerra Civil entre
os três movimentos, uma vez que a FNLA e, sobretudo, a UNITA não se conformaram
nem com a sua derrota militar nem com a sua exclusão do sistema político.
Quase 30 anos
de guerra, durou até 2002, e terminou com a morte, em combate, do líder
histórico da UNITA, Jonas Savimbi. Assumindo raramente o carácter de guerra
"regular", ela consistiu no essencial uma guerra de guerrilha que nos
anos 1990 envolveu praticamente todo o país. Esta guerra acabou por causar milhares
de mortos e feridos e a destruições de aldeias, cidades e infraestruturas
(estradas, caminhos de ferro, pontes). Uma parte considerável da população
rural, especialmente a do Planalto Central e de algumas regiões do Leste, fugiu
para as cidades ou para outras regiões, inclusive países vizinhos.
No fim dos
anos 1990, o MPLA decidiu abandonar a doutrina marxista-leninista e mudar o
regime para um sistema de democracia multipartidária e uma economia de mercado.
UNITA e FNLA aceitaram participar no regime novo e concorreram às primeiras
eleições realizadas em Angola, em 1992, das quais o MPLA saiu como vencedor.
Não aceitando os resultados destas eleições, a UNITA retomou de imediato a
guerra, mas participou ao mesmo tempo no sistema político.
Logo a seguir à morte de Jonas Savimbi, 22 de Fevereiro de
2002, seu líder histórico, a UNITA abandonou as armas, sendo os seus militares
desmobilizados ou integrados nas Forças Armadas Angolanas. Tal como a FNLA,
passou a concentrar-se na participação, como partido, no parlamento e outras
instâncias políticas.
No final do ano de 1974 os três movimentos de libertação haviam estabelecido acordos entre eles para negociarem com Portugal. A preocupação dos movimentos era a de, dada a sua fraqueza militar e política, ser organizada uma resistência branca em Angola que os impedisse de aceder diretamente ao poder. O acordo entre os três movimentos para negociarem com o governo português foi feito em Mombaça, em 5 de Janeiro. Logo a seguir realizam-se as conversações de Alvor que conduzem a um acordo entre Portugal e os três movimentos de libertação.
O processo de transição de Angola
para a independência inicia então uma nova fase, com o regresso do almirante
Rosa Coutinho a Portugal e a nomeação do brigadeiro Silva Cardoso para alto-
comissário e presidente do governo de transição em Angola.
O Acordo de Alvor define um
modelo de transferência de poderes e cria os instrumentos-base do esforço comum
para que Angola se venha a tornar um estado independente a 11 de Novembro de
1975.
Contudo, os interesses brevemente
silenciados, não tardarão a fazer ouvir a sua voz, desfazendo em migalhas as
esperanças de Alvor. Sem que a data da independência viesse a ser posta em
causa, o edifício constitucional laboriosamente construído durante as
conversações acabará rapidamente por ruir e o Acordo será suspenso, depois de
sistematicamente posto em causa, a partir de Setembro de 1975.
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