sábado, 12 de novembro de 2016

Massacre de Santa Cruz - Timor-Leste

O Massacre de Santa Cruz em Timor-Leste foi um tiroteio efectuado indiscriminadamente sobre jovens manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Díli, a 12 de Novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia.

 Após a invasão de Timor-Leste pela Indonésia em 1975 (então formalmente ainda Timor Português), muitos timorenses sentiam-se oprimidos e ao manifestar o seu descontentamento pela ocupação por parte da Indonésia foram mortos. Desde então, a resistência timorense combateu o exército indonésio. Em Outubro de 1991 uma delegação com membros do Parlamento Português e 12 jornalistas planeavam visitar o território de Timor Leste durante a visita do Representante Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans.
O governo Indonésio objetou à inclusão na delegação da jornalista australiana Jill Jolliffe, que apoiava e ajudava o movimento independentista Fretilin, e Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegação. O cancelamento desmoralizou os ativistas independentistas em Timor Leste, que esperavam usar a visita para aumentar a visibilidade internacional da sua causa. As tensões entre as autoridades indonésias e a juventude timorense aumentaram após o cancelamento da visita dos deputados de Portugal. Em 28 de Outubro, as tropas indonésias localizaram um grupo de membros da resistência na Igreja de Motael, em Díli. O confronto deu-se entre os ativistas pró-integração e os ativistas independentistas que estavam na Igreja; quando este acabou, um homem de cada lado estava morto. Sebastião Gomes, um apoiante da independência de Timor Leste, foi retirado da Igreja e abatido pela tropa indonésia e o integracionista Afonso Henriques foi atingido e morto durante a luta.

Durante a ocupação a maioria das vítimas foram jovens, por isso, depois da independência, o 12 de Novembro passou a ser um feriado, o Dia Nacional da Juventude em Timor Leste. Nesse dia tinha sido rezada uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense (RENETIL) morto pelas forças de ocupação da Indonésia na Igreja Motael a 28 de Outubro, e planeada uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.
Este foi, no entanto, apenas um dos muitos massacres em Timor que perdeu um terço da população durante os anos de ocupação indonésia. Neste caso encontrava-se no local Max Stahl, um jornalista e documentalista britânico, que filmou os acontecimentos e conseguiu sair do país com as imagens dando assim um precioso contributo para dar a conhecer ao mundo o que tinha acontecido em Díli. Os acontecimentos foram condenados internacionalmente e chamaram atenção para a causa dos timorenses. Em 1992, Rui Veloso, músico português, compôs e interpretou a música Maubere a favor da causa. Não é certo o número de vítimas mortais do massacre, mas os números apontam para 300 a 400 mortos e muitas centenas de feridos.

A emissão das cenas do massacre pelas televisões de todo o mundo, voltou a colocar o caso de Timor nas agendas diplomáticas, e a Indonésia foi obrigada a realizar um referendo na ex-colónia portuguesa. Este terminou com a vitória dos que defendiam a independência, que foi declarada oficialmente a 20 de Maio de 2002 sendo o seu primeiro presidente eleito Xanana Gusmão.

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