Terceiro filho de Dom João I e de D. Filipa de Lencastre, o Infante Dom Henrique nasceu a 4 de Março de 1394 na cidade do Porto tendo morrido a 13 de Novembro, na sua vila de Sagres. Com os irmãos, formou uma das mais brilhantes proles da história portuguesa, celebrada na literatura romântica com o epíteto de Ínclita Geração.
A sua primeira grande façanha terá sido a participação na conquista de Ceuta, em 1415, onde foi armado cavaleiro. Nomeado duque de Viseu nesse mesmo ano, a casa senhorial de Dom Henrique tornou-se, em poucos anos, uma das mais significativas da sua época, consolidada, em 1418, com a administração da Ordem de Cristo.
Gozando de um inegável bem-estar económico o infante foi
impelido a organizar uma armada de corso, primeiro, e, mais tarde, a exploração
do Atlântico: de facto, navios ao seu serviço chegaram pela primeira vez à
Madeira (1419), aos Açores (1427) e às costas norte-africanas, dobrando, em
1434, o Cabo Bojador, e vencendo deste modo os medos ancestrais relacionados
com aquelas paragens longínquas.
Após um breve período de interregno, marcado pela desastrosa
e funesta expedição a Tânger, onde acabou por perdeu a vida o seu irmão, o
infante Dom Fernando, as viagens de exploração retomaram, em 1441, o seu ritmo
inicial, atingindo-se a Guiné e o arquipélago de Cabo Verde.
Animado certamente por um espírito militante e
voluntarioso de missionação, o infante Dom Henrique buscava também o
alargamento dos seus proventos e de novos mercados, uma estratégia que tanto
agradava à pequena nobreza senhorial como à burguesia emergente.
Os seus interesses científicos, muito discutidos, não
foram meramente instrumentais, tendo, parece, patrocinado a introdução de estudos
de Astronomia na Universidade de Lisboa e diversa produção cartográfica de
apoio às navegações, embora não com o espírito sistemático que lhe atribuiu a
tradição. Em Sagres, onde se recolhia regularmente e onde foi escrito o seu
derradeiro testamento veio a morrer a 13 de Novembro de 1460.
Em 1414, convenceu seu pai a montar a campanha para a
conquista de Ceuta, na costa norte-africana junto ao estreito de Gibraltar. A
cidade foi conquistada em Agosto de 1415, assegurando ao reino de Portugal o
controlo das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante. Na
ocasião foi armado cavaleiro e recebeu os títulos de Senhor da Covilhã e duque
de Viseu.
A 18 de
Fevereiro de 1416, foi encarregado do governo de Ceuta. Cabia-lhe organizar, no
reino, a manutenção daquela praça-forte em Marrocos.
Em 1418,
regressou a Ceuta na companhia de D. João, seu irmão mais novo. Os infantes
comandavam uma expedição de socorro à cidade, que sofreu nesse ano o primeiro
grande cerco, imposto conjuntamente pelas forças dos reis de Fez e de Granada.
O cerco foi levantado, e D. Henrique tentou de imediato atacar Gibraltar, mas o
mau tempo impediu-o de desembarcar: manifestava-se assim uma vez mais a
temeridade e fervor antimuçulmano do Infante.
Ao regressar a Ceuta recebeu ordens de seu pai para não prosseguir tal empreendimento, pelo que regressou ao reino nos primeiros meses de 1419. Preparou por esta época uma armada de corso, que atuava no estreito de Gibraltar a partir de Ceuta. Dispunha assim de mais uma fonte de rendimentos e, desse modo, muitos dos seus homens habituaram-se à vida no mar. Mais tarde, alguns deles seriam utilizados nas viagens dos Descobrimentos.
Os ideais da
expansão cristã reacenderam-se no século XV quando o Grão-Mestre da Ordem de Cristo, Infante D.
Henrique, investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema da
ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas que
exploravam os mares desconhecidos.Ao regressar a Ceuta recebeu ordens de seu pai para não prosseguir tal empreendimento, pelo que regressou ao reino nos primeiros meses de 1419. Preparou por esta época uma armada de corso, que atuava no estreito de Gibraltar a partir de Ceuta. Dispunha assim de mais uma fonte de rendimentos e, desse modo, muitos dos seus homens habituaram-se à vida no mar. Mais tarde, alguns deles seriam utilizados nas viagens dos Descobrimentos.
O resultado disso é que em 1454 e
1456, através de bulas do Papa Nicolau V e do Papa Calisto III respectivamente,
é concedido ou dada obrigação à Ordem de Cristo de estabelecer o direito
espiritual sobre todas as terras descobertas, como territórios nullius
diocesis, sendo sua sede diocesana a Igreja de Santa Maria do Olival, em
Tomar.
Cronologia de
acontecimentos do tempo do Infante
1415: Atingida pela peste, morre D.
Filipa de Lencastre. O Infante D. Henrique distingue-se na batalha da conquista
de Ceuta, no norte de África; nessa mesma praça é armado cavaleiro.
1416: O Infante D. Henrique recebe o
ducado de Viseu e o senhorio da Covilhã.
1418:É descoberta a ilha de Porto
Santo (Madeira).
1420: O Infante D. Henrique é nomeado
regedor da Ordem de Cristo. Por sua indicação, Bartolomeu Perestrelo povoa a
ilha de Porto Santo. O Infante D. Henrique congemina o “Plano das Índias”:
localizar, alcançar e fazer aliança com o misterioso Preste João das Índias
para se atacar a moirama pela retaguarda. Contrata Jaime de Maiorca, famoso
cosmógrafo e cartógrafo catalão.
1424: D. Fernando de Castro comanda
expedição às Canárias.
1426: Gonçalo Velho dobra o Cabo Não
(África ocidental).
1433: Morre D. João I e D. Duarte, seu
filho, sobe ao trono. O novo monarca doa ao Infante D. Henrique o arquipélago
da Madeira.
1434: Gil Eanes dobra o Cabo Bojador
(África ocidental), ao sul do qual, diziam as lendas do Mar Tenebroso, era
impossível manter-se a vida.
1436: A 50 léguas ao sul do Bojador,
Afonso Gonçalves Baldaia descobre o Rio do Ouro. É promulgada a bula que
autoriza a guerra contra os Infiéis, em Marrocos. O Papa reconhece o direito de
Castela à posse das Canárias.
1437: Contra o parecer do Infante D.
Pedro, mas aprovada por el-Rei D. Duarte, os Infantes D. Henrique e D. Fernando
chefiam expedição portuguesa para a conquista de Tânger; desastre militar e o
Infante D. Fernando é aprisionado pelos mouros e levado para o cativeiro, onde
acaba por morrer.
1438: Morre D. Duarte, deixando
herdeiro menor de idade, o futuro D. Afonso V; a viúva d’el-Rei, D. Leonor de
Aragão, assume a regência; devido à contestação popular (mulher e
estrangeira...), será depois substituída pelo Infante D. Pedro, irmão de D.
Duarte.
1439: Início do povoamento dos Açores.
1440: Tristão Vaz Teixeira é nomeado
primeiro capitão-donatário da Madeira (Machico).
1441: Por esta data, é projectado e
começa a ser construído no Algarve um novo tipo de navio, a caravela. É
alcançado o Cabo Branco, ao sul do Sahara. São desembarcados no Reino os primeiros
cativos negros caçados em África.
1443: Em Fez, morre no cativeiro D.
Fernando, o Infante Santo. O Infante D. Pedro concede ao seu irmão D. Henrique
o monopólio de navegação, guerra e comércio nas terras ao sul do Bojador. Nuno
Tristão alcança a ilha de Arguim, onde os árabes mantêm um mercador regular de
escravos e produtos ricos; o Infante D. Henrique manda ali construir uma
fortaleza-feitoria.
1444: Álvaro Fernandes dobra o Cabo
Verde (cabo na costa africana, não o arquipélago que virá a ter o mesmo nome).1445: Dinis Dias alcança a foz do rio Senegal. João Fernandes, falando perfeitamente o árabe, percorre o Sudão e alcança Timboctu, centro das caravanas do deserto portadoras das mercadorias preciosas do Oriente e da África. Descoberta do arquipélago dos Bijagós, na costa da Guiné.
1446: O regente Infante D. Pedro
promulga as Ordenações Afonsinas. Nuno Tristão sobe um rio da Guiné (talvez o
Barbaci), sendo atacado e morto pelos indígenas. D. Afonso V alcança a
maioridade. O Infante D. Henrique doa a capitania de Porto Santo a Bartolomeu
Perestrelo.
1448: Em litígio com o regente Infante
D. Pedro, D. Afonso V assume o poder.
1449: Na batalha de Alfarrobeira
(perto de Alverca) o exército de D. Afonso V liquida o Infante D. Pedro e a maioria
dos seus partidários.
1450: Gomes Eanes de Zurara sucede a
Fernão Lopes no cargo de cronista régio e escreve a Crónica da Tomada de Ceuta
(data provável).
1452: Diogo de Teive descobre as ilhas
de Flores e Corvo (grupo ocidental dos Açores).
1453: Os Turcos tomam Constantinopla,
toda a Cristandade sente-se ameaçada com a expansão do Islamismo. Zurara
escreve a Crónica da Conquista da Guiné (data provável).1455: Bula do Papa Nicolau V concedendo aos reis de Portugal a propriedade exclusiva das terras e mares já conquistados ou por conquistar, possuídos ou a possuir. Em Lagos o Infante D. Henrique funda a feitoria de tratos de Arguim.
1456: Cadamosto descobre algumas das
ilhas do arquipélago de Cabo Verde.
1458: Com a participação do Infante D.
Henrique, os portugueses conquistam Alcacer-Ceguer aos mouros.
1459: O Infante D. Henrique entrega a
capitania do Funchal a Gonçalves Zarco.
1460: A 13 de Novembro, na sua vila de
Sagres, morre o Infante D. Henrique.
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