São Tomé e Príncipe,
oficialmente República Democrática de São Tomé e Príncipe, é um estado
insular localizado no Golfo da Guiné, composto por duas ilhas principais (Ilha
de São Tomé e Ilha do Príncipe) e várias ilhotas, num total de 1001 km²,
com cerca de 192 mil habitantes. Não tem fronteiras terrestres, mas situa-se
relativamente próximo das costas do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e
Nigéria.
As ilhas de São Tomé e Príncipe estiveram desabitadas até
1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém e Pedro Escobar as
descobriram. Foi, então, uma colónia de Portugal desde o século XV até à sua
independência em 12 de Julho de 1975. É um dos membros da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP).
História
As ilhas de São Tomé e Príncipe estiveram desabitadas
até 1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém, Pêro Escobar e
João de Paiva as descobriram na zona do Golfo da Guiné.
De acordo com fontes históricas, em carta datada de 29 de Julho de
1493, o rei Dom João II, nomeou Álvaro de Caminha donatário
da Ilha de São Tomé, em que teve outros privilégios especiais, tais como a
compra de escravos Africanos, alguns europeus criminosos, degredados e os
chamados cristãos – novos ou sejam os recém Judeus.
As crianças judias, filhas desses cristãos – novos com idades compreendidas
entre os 2 e 10 anos, o Rei reservou um destino particular que foi “O
Povoamento das Ilhas de São Tomé e Príncipe”. A partir desta etapa
histórica, começa o povoamento destas Ilhas próximas ao Equador.
Como narra o escritor da época medieval[i],
no embarque no porto de Lisboa cerca de 2000 crianças judias foram separadas e
arrancadas a força dos seus pais e postas em navios e barcos rumo a São Tomé e
Príncipe.
Numa das várias revoltas internas nas ilhas, um escravo chamado Amador[ii],
considerado herói nacional, controlou cerca de dois terços da ilha de São Tomé.
A agricultura só foi estimulada no arquipélago no século XIX, com o cultivo
de cacau.
Em 1960, surge um grupo nacionalista opositor ao domínio português. Em
1972, o grupo dá origem ao Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe
(MLSTP), de orientação marxista. Assim, em 1975, após cerca de 500 anos de controlo
de Portugal, o arquipélago é descolonizado.
Após a independência, foi implantado um regime socialista de partido único
e as plantações são nacionalizadas sob a alçada do MLSTP. Dez anos após a
independência (1985), inicia-se a abertura económica do país. Em 1990, adota-se
uma nova constituição, que institui o pluripartidarismo.
As ilhas de São Tomé e do Príncipe ficam situadas junto à linha do Equador (atravessa o Ilhéu das Rolas) e a cerca de 300 km da costa Ocidental de África. Todo o arquipélago está inserido no rifte da linha vulcânica dos Camarões.
São Tomé e Príncipe tem um clima do tipo equatorial, quente
e húmido, com temperaturas médias anuais que variam entre os 22 °C e os
30 °C. É um país com uma multiplicidade de microclimas, definidos, principalmente,
em função da pluviosidade, da temperatura e da localização. A temperatura varia
em função da altitude e do relevo.
Do total da população de São Tomé e Príncipe, cerca de 180
mil vivem na ilha de São Tomé e sete mil e quinhentos na Ilha do Príncipe.
Na década de 1970 houve dois fluxos populacionais
significativos — o êxodo da maior parte dos 4000 residentes portugueses e o
influxo de várias centenas de refugiados são-tomenses vindos de Angola.
Os ilhéus foram na sua maior parte absorvidos por uma
cultura comum luso-africana. Quase todos pertencem às igrejas Católica Romana,
Evangélica, Nazarena, Congregação Cristã ou Adventista do Sétimo Dia, que, por
sua vez, mantém laços estreitos com as igrejas em Portugal.
O português é a língua oficial de São Tomé e Príncipe,
falada por cerca de 98,4% da população do país, uma parte significativa dela
como sua língua materna.
Economia
São Tomé e Príncipe tem apostado no turismo para o seu desenvolvimento, mas
a recente descoberta de jazidas de petróleo nas suas águas abriu novas, embora
ainda mal definidas perspectivas para o futuro. A cultura do Café e do Cacau
assim como a actividade pesqueira, continuam a ser as principais fontes económicas
do país. O país continua também a manter estreitas relações bilaterais com
Portugal.
[i] Samuel Usque, judeu português, relata no seu livro “Os
Sofrimentos e Tribulações de Israel” (1553)
[ii]
Amador, o líder da grande revolta de escravos de 1595, é uma
figura emblemática da história de São Tomé e Príncipe. Desde 1976, quando o
escudo português foi substituído pela nova moeda dobra, as notas
bancárias do país retratam a efígie de Amador, concebida pelo artista
são-tomense Protásio Pina (1960-1999).
Amador foi apresentado como um percursor da luta pela libertação
que “libertou uma grande parte do território nacional…. Era um nacionalista que
desafiou o sistema colonial.
Sobre a revolta dos
escravos em 1595 existem apenas dois documentos históricos considerados fontes
primárias. Ambos os relatórios foram escritos por contemporâneos dos
acontecimentos, na perspectiva dos colonos brancos de São Tomé. O primeiro
documento, em italiano, cujo original está no Arquivo do Vaticano, é anónimo e
sem data e intitula-se ‘Relatione uenuta dall’ Isola di S.Tomé’ O segundo é um
relatório da revolta integrado no famoso manuscrito do são-tomense padre Manuel
do Rosário Pinto (1669-1738?) cujo original se encontra na Biblioteca de Ajuda
em Lisboa. Rosário Pinto foi deão da Sé e uma figura proeminente da sua época
em São Tomé. O seu manuscrito cobre o período de 1471 a 1734, ano da sua
conclusão, e integra um relatório anónimo contemporâneo da revolta do Amador ao
qual Rosário Pinto aparentemente teve acesso.
Este manuscrito foi publicado integralmente
pela primeira vez por António Ambrósio, em 1970.
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