A 14 de Julho,
de 1099, depois de um cerco começado a 7 de Junho, os Cruzados, que haviam
partido da Europa em Agosto de 1096, finalmente conquistam Jerusalém. Os
excessos foram muitos e a mortandade entre os habitantes da cidade foi muito
grande, a ponto de o Arcebispo Guilherme de Tiro dizer que os próprios
vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento.
Uma das suas
primeiras iniciativas é a criação de um corpo de clérigos que assegurasse o
culto regular na Basílica do Santo Sepulcro: os Cónegos do Santo Sepulcro; e um
corpo de cavaleiros que assegurasse a sua segurança. Nasce a Ordem de Cavalaria
do Santo Sepulcro de Jerusalém.
Godofredo
morreu no ano seguinte e seu irmão e sucessor, Balduíno I, foi coroado Rei de
Jerusalém em Belém na noite de Natal.
Balduíno
expandiu o Reino, capturando as cidades portuárias de Acre, Sídon e Beirute, e
exerceu a sua suserania sobre outros estados cruzados ao norte — o Condado de
Edessa (que ele havia fundado), o Principado de Antioquia e o Condado de
Trípoli. A população de origem europeia ocidental aumentou, com os reforços
recebidos da Cruzada de 1101; um Patriarca Latino foi instalado em Jerusalém.
As Cidades-Estado de Veneza, Pisa e Génova começaram a envolver-se nos assuntos
do Reino, quando as suas frotas passaram a apoiar a captura de portos, onde
foram autorizadas a formar distritos comerciais autónomos.
Balduíno
morreu em 1118, sem deixar herdeiros, e sucedeu-lhe o seu primo, Balduíno de
Bourg, Conde de Edessa. Este também foi um governante capaz e, embora tivesse
sido feito prisioneiro pelos turcos várias vezes, as fronteiras do Reino
continuaram a expandir-se, com a captura da cidade de Tiro em 1124.
Aos poucos, os
habitantes de origem europeia começaram a adoptar modos orientais, aprendendo o
grego e o árabe.
O reino
baseava-se no sistema feudal, à semelhança da Europa à época, embora com
diferenças: o modo de produção agrícola continuou a ter muçulmanos ou cristãos
ortodoxos à frente, os quais reportavam nominalmente aos nobres latinos donos
das terras; estes, porém, preferiam permanecer nos centros urbanos, em geral, e
em Jerusalém, em particular. As comunidades agrícolas eram, portanto,
relativamente autónomas e não deviam serviço militar (ao contrário do que
ocorria com os vassalos na Europa). Com isso, os exércitos cruzados costumavam
ser pequenos e recrutados dentre famílias francesas nas cidades.
O carácter
urbano da região e a presença de mercadores italianos fizeram surgir uma
economia mais comercial do que agrícola; a Palestina sempre fora um entreposto
comercial e, agora, incluía rotas europeias.
Como a nobreza
preferia residir em Jerusalém (e não nas suas respectivas terras), exercia uma
influência grande sobre o rei e formavam a chamada Haute Cour (Alta Corte), uma
forma primitiva de “parlamento”. Dentre as responsabilidades da corte,
destacavam-se a confirmação da eleição do Rei, questões financeiras e o recrutamento
de exércitos.
O problema da
falta de soldados para o exército foi amenizado com a criação das Ordens
Militares. Os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros Hospitalários formaram-se
nos primeiros anos do Reino. Embora os seus quartéis-generais estivessem em
Jerusalém, mantinham guarnecidos vastos castelos e adquiriam terras que outros
nobres não pudessem mais manter. As Ordens Militares estavam sob controlo
directo do Papa, não do Rei: eram basicamente autónomas e não deviam, em tese,
nenhum tipo de serviço militar ao Reino, embora na prática participassem de
todas as grandes batalhas.
Em 1131,
Balduíno II foi sucedido por sua filha, Melisende, que reinou juntamente com o
marido, Fulco. Durante o seu reinado, Jerusalém conheceu o auge da expansão económica
e artística.
A queda de
Jerusalém comoveu a Europa e resultou na Terceira Cruzada. Graças aos esforços
de Ricardo Coração-de-Leão, a maior parte das cidades costeiras da Síria,
especialmente Acre, foi recuperada e o Tratado de Ramalá foi assinado com
Saladino após a Batalha de Arsuf.
Durante os cem
anos seguintes, o Reino de Jerusalém resignou-se a ser um pequeno estado ao
longo da costa da Síria. A sua capital passou a ser Acre e o seu território
incluía poucas cidades de monta (Beirute, Tiro).
Uma Quarta
Cruzada foi organizada após o fracasso da terceira, mas resultou apenas no
saque de Constantinopla, em 1204.
[i]
Godofredo de Bulhão ou Godofredo de Bolhões (Godefroy de Bouillon
em francês; Bolonha-sobre-o-Mar, 1058 - Jerusalém, 18 de Julho de 1100), foi um
nobre e militar franco, duque da Baixa Lorena (1087-1100), senhor de Bulhão (1076-1096),
um dos líderes da Primeira Cruzada e o primeiro soberano do Reino Latino de Jerusalém,
apesar de recusar o título de rei.
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