sexta-feira, 26 de julho de 2019

Efeméride de 26 de Julho 1508 – Tentativa de conquista de Azamor


A 26 de Julho de 1508, Dom João de Menezes zarpa de Lisboa com uma armada de 50 navios destinada à conquista de Azamor.



Azamor é uma cidade situada na margem esquerda do rio Morbeia, a cerca de dez quilómetros da antiga Mazagão, na costa atlântica do norte de Marrocos. Azamor fica na antiga Azama, um porto comercial de fenícios e mais tarde do Império Romano.



Ainda hoje podem ser vistos os restos de um depósito romano de grãos nas chamadas "cisternas portugueses" da vizinha El Jadida. Alguns historiadores acreditam que Azama foi a cidade mais austral de Marrocos ao tempo do domínio romano, na época de Augusto. Embora dependente do rei de Fez, constituía-se numa povoação comercial bastante dinâmica.



Reputada pela excelência de seu porto fluvial, em 1486, devido à instabilidade política regional, os seus habitantes pediram a proteção do rei Dom João II (1481-1495), de quem se tornaram vassalos e tributários. O tributo anual era de dez mil sáveis, peixe abundante naquele rio, permitindo o estabelecimento de uma feitoria. Como primeiro feitor foi escolhido o escudeiro Martim Reinel, que já lá se encontrava em função da negociação do acordo, cujas funções exerceu até 1501.



Dom Manuel I (1495-1521) confirmou os termos do contrato em 1497. Mais tarde, surgindo desavenças em torno do mesmo, Rodrigues Bérrio, um armador de Tavira que costumava ir pescar sáveis a Azamor, em 1508 deu conhecimento a Dom Manuel das grandes divisões entre os seus habitantes e do desejo que alguns manifestavam em se tornar súditos de Portugal. Atendendo a esses motivos, foi enviada uma pequena armada (50 navios e 2.500 homens), sob o comando de Dom João de Menezes, com o apoio de um príncipe oatácida que já estivera em Portugal, Muley Zião para conquistar Azamor. Porém, a expedição fracassou, não só porque o aliado mudara de posição, mas também porque os meios envolvidos se revelaram insuficientes para tomar a praça.



As intenções em tomar Azamor mantiveram-se até que, em 1513, deu-se um levantamento geral em Portugal, num ambiente de vibração patriótica registado por Gil Vicente, no seu Auto da Exortação da Guerra.



De acordo com Damião de Góis, (Chronica do Serenissimo Senhor Rei D. Manoel) os preparativos resultaram na maior armada organizada no reinado do venturoso; mais de 400 navios e cerca de 25000 homens, entre soldados, cavaleiros e infantes, comandados por Dom Jaime, o duque de Bragança. Quando a armada partiu de Lisboa, “foi lançar âncora na baia do Faram, no regno do Algarue”, onde se lhe juntaram mais navios com combatentes algarvios.



Assim a 28 de Agosto de 1513, os portugueses atacaram por terra e pelo rio no primeiro dia de Setembro. Os defensores de Azamor, impressionados com o poderio do exército português, acabaram por abandonar a cidade, procurando refúgio nas regiões vizinhas.



Dom João de Menezes ficou por capitão da praça, com três mil homens para a sua defesa. Entretanto, conforme informou o soberano ainda no mesmo ano, esse quantitativo era insuficiente, uma vez que a cidade era praticamente do tamanho de Évora, e as suas defesas eram muito fracas.



Durante o ano seguinte (1514) ali atuaram os irmãos Diogo e Francisco de Arruda, responsáveis pelo que é considerado como a sua obra mais marcante no Norte d'África: dois baluartes curvilíneos, o de "São Cristóvão", anexo ao Palácio dos Capitães como uma torre de menagem compacta; e o do "Raio", no extremo da fortaleza, decorado por quarenta bandeiras e com espaço para mais de sessenta peças de artilharia fazerem fogo, simultaneamente, em todas as direções.

A Praça-forte de Azamor foi abandonada em 1541, por determinação de Dom João III (1521-1557), após a queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué (1541).

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