A ocupação da
Península Ibérica pelos povos que professavam a religião islâmica deu-se
inicialmente com a Batalha de Guadalete, ocorrida em 711. Esta batalha opôs as
tropas islâmicas comandadas por Tarik às tropas visigodas comandadas pelo rei
Rodrigo (ou Roderick). A batalha, ganha pelos primeiros, marcou o fim do Reino
Visigótico e o início do domínio muçulmano na Península Ibérica. A ocupação
iniciada com a esta batalha duraria sete séculos, tendo fim apenas em 1492, com
a conquista de Granada pelos reis católicos Fernando e Isabel.
O reino
Visigodo da Hispânia iniciou a sua formação no século V, em decorrência dos
deslocamentos bárbaros em direção ao oeste, nos séculos finais de existência do
Império Romano. O rei Rodrigo[i]
foi provavelmente o último rei do reino. O período de seu reinado foi
caracterizado por um período de divisão entre a nobreza, o que levou a uma
polarização entre Rodrigo e o rei Wytisa, o penúltimo rei dos Visigodos,
entre 702 e 710. Provavelmente os islâmicos aproveitaram-se dessa
divisão para a conquista da região.
Alguns
historiadores afirmam, porém, que os muçulmanos terão vindo em auxílio do rei
Vitiza, e que o conde Julião, de origem bizantina, os auxiliou por simpatia
pelo antigo rei. De qualquer modo, foi encarregado de comandar a invasão o já
citado general TariK,
que foi de facto o primeiro invasor muçulmano da Hispânia tendo desembarcado
sem oposição no Calpe - antiga denominação de Gibraltar, de onde avançou
através da Península, defrontando as hostes visigóticas nas margens do rio Guadalete.
O exército de Rodrigo, muito inferior em número às hostes árabes, não tinha a
menor possibilidade de resistir ao tremendo choque.
A Batalha de
Guadalete travou-se provavelmente entre os dias 19 e 26 de Julho de 711, nas
margens do rio Guadalete, num local próximo à lagoa de Janda na atual província
de Cádiz, na Andaluzia, no sul da actual Espanha,
Estima-se que
Rodrigo tenha conseguido reunir quase 100 mil homens contra as tropas islâmicas
de Tarik, mas não há certeza sobre estes números e poucas fontes existem sobre
o desenrolar da batalha. O que se sabe é que após a travessia do estreito de
Gibraltar pelos islâmicos, a Batalha de Guadalete foi a última tentativa de
conter o avanço islâmico.
Aa batalha, invulgarmente violenta,
inicia a perda definitiva do império. Tarik, o muçulmano, vencedor do primeiro
grande combate travado na Península entre mouros e cristãos, prosseguiu o seu
vitorioso avanço, tomando a cidade de Toledo. Outro chefe mouro, de nome Muça
ibne Noçáir, desembarcou, por seu turno, na costa espanhola e conquistou
Sevilha. Não tardou muito que Mértola, Mérida, Niebla e Ossuna (onde Viriato e os seus lusitanos
haviam derrotado as imensas legiões romanas de Fábio Emiliano) caíssem em poder
dos mouros.
A vitória
sobre as tropas de Rodrigo foi esmagadora. A divisão interna do Reino Visigodo
favoreceu os islâmicos, que em cinco anos conseguiram conquistar quase toda a
Península Ibérica. Não há certeza se Rodrigo foi morto na Batalha ou conseguiu
fugir, refugiando-se na região da Lusitânia, provavelmente próxima a Viseu. Os
grupos que não aceitaram a subjugação aos islâmicos conseguiram refugiar-se no
norte da península, na região das Astúrias, onde iria dar-se início a um lento
processo de reconquista dos territórios administrados pelos islâmicos.
Segundo muitos
historiadores, a razão da fácil entrada das forças muçulmanas na Península,
deveu-se à rejeição dos povos peninsulares ao domínio dos seus senhores
visigodos, um povo germânico que controlava a Península com mão-de-ferro.
Nenhum dos
vários povos peninsulares tinha o direito de ter homens armados, e, quando
foram necessários homens para lutar, eles não tinham armas para o fazer. Mas,
mesmo que as tivessem, não era certo que eles lutassem contra os muçulmanos
invasores, pois os visigodos eram provavelmente vistos como tão ou mais
opressores que os árabes muçulmanos.
A vitória dos
dois chefes muçulmanos, porém, envaideceram-nos e excitaram de tal modo as suas
ambições pessoais que chegaram ao ponto de entre si se combaterem, até que o
califa lhes ordenou que abandonassem a Península, enviando-os para outros
lugares, e nomeou, para os substituir, Adbul-el-Aziz, que foi o segundo
vice-rei mouro na Península Ibérica.
Pensa-se que
Pelágio das Astúrias conseguiu escapar da batalha, indo formar o Reino das
Astúrias e constituindo a única resistência à ocupação árabe da Península
Ibérica.
Os islâmicos
conseguiram após a vitória manter um convívio, em muitos momentos pacíficos,
com os habitantes da Península, cobrando impostos e desenvolvendo um reino
culturalmente rico, o de Al Andaluz.
[i]
Rodrigo (ou Roderick, que derivou para Roderico),
descendente dos reis visigodos da dinastia dos Baltos, subiu ao trono depois de
ter vencido o rei Vitiza, ao qual mandou arrancar os olhos.
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