De acordo com
alguns antropólogos, um pequeno grupo de caçadores e agricultores já habitava a
ilha de Timor por volta de 12 mil anos a.C. Há documentos que comprovam a
existência de um comércio esporádico entre Timor e a China a partir do século
VII, ainda que esse comércio se baseasse principalmente na venda de escravos,
cera de abelha e sândalo, madeira nobre utilizada na fabricação de móveis de
luxo e na perfumaria, que cobria praticamente toda a ilha. Por volta do século
XIV, os habitantes de Timor pagavam tributo ao reino de Java. O nome Timor
provém do nome dado pelos Malaios à ilha onde está situado o país, Timur, que
significa "Leste".
O primeiro
contato europeu com a ilha terá sido feito pelos Portugueses quando estes lá
chegaram em 1512 em busca do sândalo. Durante quatro séculos, os Portugueses
apenas utilizaram o território timorense para fins comerciais, explorando os
recursos naturais da ilha. Díli, a capital do Timor Português, apenas nos anos
1960 começou a dispor de luz elétrica, e na década seguinte, de água, esgoto,
escolas e hospitais. O resto do país, principalmente em zonas rurais,
continuava atrasado.
Até agosto de
1975, Portugal liderou o processo de autodeterminação de Timor-Leste,
promovendo a formação de partidos políticos, tendo em vista a independência do
território. Quando as forças pró-indonésias atacaram as forças portuguesas no
território, estas foram obrigadas a deixar a ilha de Timor e a refugirem-se em
Ataúro, quando se dá início à Guerra Civil entre a Frente Revolucionária de
Timor-Leste Independente (FRETILIN) e as forças da União Democrática Timorense
(UDT). A FRETILIN saiu vitoriosa da guerra civil e proclamou a independência a
28 de Novembro do mesmo ano, o que não foi reconhecido por Portugal.
A proclamação
da independência por um partido da FRETILIN de tendência marxista levou a que a
Indonésia invadisse Timor-Leste. Em 7 de Dezembro, os militares indonésios
desembarcavam em Díli, ocupando rapidamente toda a parte oriental de Timor,
apesar do repúdio da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança da ONU, que
reconheceram Portugal como potência administradora do território.
A 17 de Julho 1976
a Indonésia anexa Timor, que se torna na 27.ª província daquele país.
A 17 de Julho
de 1976, o Parlamento indonésio aprova, por unanimidade, a Lei 7/76, que
incorpora Timor-Leste como a 27.ª província indonésia. Em Dezembro de 1976, a
Assembleia Geral das ONU, pela Resolução n.º 31/53, rejeita essa integração e
considera que o povo timorense não teve ainda a oportunidade para exercer livremente
o seu direito à autodeterminação. A partir de 1976, no âmbito das NU, a questão
de Timor-Leste começa a perder relevância.
A acção de
Portugal no âmbito das Nações Unidas, de 1976 até meados dos anos 1980, é
reduzida limitando-se a pouco mais do que a pronunciar a intervenção anual no
plenário da Assembleia Geral ou no Comité de Descolonização.
É
essencialmente a liderança timorense no exterior (em que se destacam José
Ramos-Horta, Abílio Araújo, Roque Rodrigues, Mari Alkatiri e José Luís Guterres),
com o apoio activo dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa, que
mantém a questão viva e promove a apresentação de resoluções na Assembleia
Geral das NU.
O factor
determinante dessa mudança foi, antes de mais, o facto de, contrariamente à
expectativa da generalidade dos observadores, a resistência interna à ocupação,
incluindo no plano militar, continuar viva ao fim de tantos anos, apesar de não
ter qualquer apoio exterior.
Não foi a
acção no exterior que gerou a internacionalização da questão de Timor, mas
antes a persistência da resistência no interior que alimentou e possibilitou
essa internacionalização.
Xanana Gusmão,
numa mensagem aos timorenses na diáspora, a 1 de Maio de 1991, dizia
acertadamente: «Tudo o que se desenrola, aí, no exterior, tem sido a resposta à
situação desenvolvida no interior da Pátria.»
A Igreja
Católica timorense veio a desempenhar um papel de grande importância, não só no
apoio espiritual, humano e material que deu ao povo – e mesmo aos membros da
resistência – mas também na legitimação e credibilização internacional da
resistência.
A Igreja
Católica, após a invasão, colocou-se ao lado do povo, que passou a encontrar
nela apoio e local de refúgio. Isso levou a que de igreja com uma influência
reduzida na população no momento da invasão, viesse a registar uma grande
adesão, com baptismos e conversões em grande número. A Igreja Católica resiste
às tentativas de silenciamento que a Indonésia – e mesmo o
Vaticano - tentam impor. Depois de um período de relativo silêncio a Igreja
Católica timorense começa a fazer ouvir a sua voz, denunciando a situação.
A Igreja
Católica denuncia não apenas a situação grave que se vivia, mas também reforça
a ideia de que não estávamos apenas perante uma resistência armada isolada, mas
perante uma rejeição generalizada da ocupação. Por causa dessas denúncias o
bispo D. Martinho da Costa Lopes é afastado, sendo nomeado seu sucessor, em
1983, D. Ximenes Belo, considerado mais próximo das posições indonésias.
Porém, pouco
depois, D. Ximenes Belo acaba por surpreender, ao assumir claramente a defesa
do povo timorense e a necessidade da realização de um referendo, o que faz
nomeadamente em carta que dirigiu, a 6 de Fevereiro de 1989, ao
secretário-geral das NU e onde diz que o povo timorense estava «morrendo como
povo e como nação».
O massacre de
Santa Cruz, ocorrido a 12 de Novembro de 1991, marca uma mudança de paradigma
no tratamento da questão de Timor-Leste pela comunidade internacional.
Não por ter
ocorrido. Timor já tinha sido palco de muitos e mesmo mais graves massacres.
Mas desta vez, graças à presença de jornalistas estrangeiros, como Max Stahl,
Allain Nairn e Amy Goodman, o massacre foi filmado, o que possibilitou a sua
divulgação nas televisões do mundo inteiro. A Indonésia, que vinha pretendendo
que tudo estava bem em Timor-Leste, é desmentida de forma irrefutável.
Podemos dizer
que Xanana Gusmão na prisão tornou-se uma arma mais eficaz contra a Indonésia
do que se tivesse continuado a dirigir as operações militares na montanha.
A 27 de
Janeiro de 1999, a Indonésia anuncia à imprensa que a proposta de autonomia só
poderia ser uma solução definitiva. Se os timorenses a não aceitassem então a
Indonésia estava pronta para se retirar de Timor.
A Indonésia
admite, pela primeira vez, duas ideias que até aí eram tabu: que a integração
não era irreversível e que seriam os timorenses a decidir o seu futuro.
Para a mudança
de posição indonésia terá contribuído a mudança de posição da Austrália e,
nomeadamente, uma célebre carta que o primeiro-ministro australiano, John
Howard, enviou ao Presidente Habibie, a 19 de Dezembro de 1998.
O Parlamento
indonésio revogou, a 19 de Outubro, por unanimidade, a lei que a 17 de Julho de
1976 tinha anexado Timor-Leste como a 27.ª Província Indonésia.
Timor entrou
assim numa fase de transição, em que foi administrado pelas Nações Unidas
(através da UNTAET, criada pela resolução do CS 1272, de 25 de Outubro de 1999)
até 20 de Maio de 2002, data da declaração de independência como República
Democrática de Timor-Leste.
A 20 de Maio
de 2002, com a conquista de sua independência, Timor-Leste tornou-se o oitavo
país membro da (CPLP), Comunidade de Países de Língua Portuguesa, onde já se
encontravam Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São
Tomé e Príncipe.
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